quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7225: Contraponto (Alberto Branquinho) (17): Vão cuidar dos netos

1. Mensagem de Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), com data de 17 de Outubro de 2010:

Caro Carlos Vinhal
Aí vai a "transcrição" de um ponto de vista para o CONTRAPONTO (17).
Há milhentos "pontos de vista" àcerca de tudo o que seja actividade humana (e não só).

Com um abraço do
Alberto Branquinho



CONTRAPONTO (17)

Vão cuidar dos netos

Senhores Editores do Blog “luisgraca&camaradasdaguine”

Dirijo-me a V. Exªs. na qualidade das funções que desempenham, tal como vai endereçado, funções que, creio, implicarão, por certo, também a recepção, coordenação, escolha/triagem dos textos que vos são remetidos para postagem.
Ora, com o devido respeito, os textos publicados são, na sua grande maioria, de muito duvidosa qualidade e falta de gosto.

Talvez devido à minha provecta idade, não consigo compreender como é que tanta gente tem tanto para escrever, sempre à volta do mesmo tema, depois de quarenta anos volvidos sobre os acontecimentos. E, além disso, parece resultar dos escritos que não há, nunca houve outra guerra. Esquecem, até, as outras Províncias Ultramarinas que passaram por idêntico transe como o da vossa... guerra na Guiné.
Guerra, guerra… mais correcto seria designá-la de operações militares de contra-insurreição.

Em guerra esteve o Povo Português em 1914-1918, com mortos, feridos, estropiados, gaseados… E alguém fala disso?

Os textos que os Senhores publicam são, com o devido respeito, repetitivos, lamechas, por vezes quase infantis ou, então, falando de “heroicidades” próprias, revelado egocentrismos, seguindo, outras vezes, a via da vitimização. Por outro, encontro demasiado diletantismo, intelectualismo barato, literatice barata e até… poesia. Poesia…

Pavoneiam-se pelos seus escritos como se fossem o centro do Universo. Outros aplaudem os posts em comentários boçais e, mesmo quando discordam, não demonstram bom gosto, inteligência e educação.
Mas o mais caricato é que entendem que estão a fazer História ou que são fonte para ser feita História.
Haja decoro!

Ponham os olhos na modéstia do antigo alferes médico e laureado escritor António Lobo Antunes, que, nos seus livros, aborda muitas vezes a temática dessa “guerra” chamada “colonial”. “En passant”, repito, simplesmente “en passant”, ele conta-nos que, durante as colunas militares, seguia sentado nos garda-lamas das viaturas “rebenta-minas”. Que coragem, lição e desprendimento de si! Claro que os vossos escreventes vão considerar que se tratava de “temeridade gratuita” ou coisa assim. Não se esqueçam, meus senhores, que ele era um médico, a prestar serviço militar. Que desprendimento e doação de si mesmo!

Eu também cumpri as minhas obrigações de serviço militar (já não sou uma criança), embora nunca tenha tido a honra de servir em África.

Meus senhores, se me permitem, termino dando-vos um conselho. Na vossa idade deviam ter outras preocupações e actividades – por exemplo cuidar dos netos e, em alguns casos, dos bisnetos. Mas não lhes falem, por favor, dessas vossas guerras óptimas e únicas, dessas vossas sempre repetidas experiências africanas.

Apresento os meus respeitosos cumprimentos.
(Remetente devidamente identificado)

*********
Alberto Branquinho
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7144: Contraponto (Alberto Branquinho) (16): Assinatura ilegível

33 comentários:

Torcato Mendonca disse...

Ora toma. E esta heim??? Será que o Branquinho, Alberto, terá razão?

Um dia, sentado, em manhã de frio lá fora e soalheira e quentinha cá dentro, escrevi...vejo os traços rectilíneos dos aviões passarem a...e comentou o Branquinho,Alberto,...Vêm de outras guerras, de outras guerras T...e, só agora vejo de onde. Como nunca em guerra estive ainda á procura de uma vou...se um avião me der boleia. Se calhar sigo o conselho, aqui neste concelho calmo e onde nada se passa,e vou tratar do meu Neto -com N...
Agora mando um abraço e digo que gostei...umbigos e contrapontos.Heim!!!
Abraço do T.

Anónimo disse...

Esta parece uma chamada de atenção a ter muito seriamente em conta.

Exceptuando, obviamente, a referência à inexistente modéstia do sr Lob'antunes bem como ao seu arrojo -esse sim, bacoco, a ter acontecido em deslocamento táctico...- de andar sentado no guarda lamas do rebenta minas.

SNogueira

Hélder Valério disse...

Caros amigos e camaradas

Quando comecei a ler vi logo que não se tratava do anterior correspondente 'básico', só por causa da escrita...
Depois interroguei-me se não seria mesmo o A. Branquinho que estava a escrever o 'recado'.
Acabei por concluir tratar-se de um outro correspondente que escolheu o Branquinho para, através dele, nos chamar a atenção para o que aqui se escreve e comenta...
Como o 'recado' ficou dado, resta-me a mim, aqui e agora, ser comedido nas palavras e nas idéias e, por isso, por aqui me fico, mas atento ao que se irá desenrolar.

Um abraço
Hélder S.

Anónimo disse...

..."Guerra, guerra… mais correcto seria designá-la de operações militares de contra-insurreição".

Onde é que ouvimos isso antes?

Aquela é a única verdade possível de ser contada ao neto...que nos queira ouvir.

Pela parte que me toca, reaprendi. Agradeço!

Um abraço amigo,
José Câmara

Luís Graça disse...

Saudavelmente provocatório, provocatoriamente saudável(lido às cinco da manhã, em noite de insónias...) é um exercício de autocrítica e de crítica à "corporação"...

Rapazes (e raparigas), faz-nos bem uma chamada à realidade, através do humor, mesmo quando este raia o aparente "non-sense" (como é o caso do Jorge Cabral ou do Branquinho).

Já agora deixem-se transcrever um excerto de um mail recente de um camarada, ex-pára, do BCP 12, que me dá um nega ao meu convite para "engrossar" a Tabanca Grande (não tenho autorização para o identificar, por razões óbvias):

(...) "Ontem, na pressa da conversa, não cheguei a felicitá-lo pelo blogue. Faço-o agora.
Se bem que ele tenha muita 'palha' e por vezes 'heroísmo a metro', está ali um acervo importantíssimo para os historiadores mais tarde, e descontados muitos exageros e excessos de auto-estima, escreverem a História daquela guerra. Penso aliás que, expurgados esses excessos, é a fonte mais valiosa de informação que existe para aquele efeito. Dali os historiadores serão alertados para determinados acontecimentos e tirarão a verdade deles através dos documentos autênticos.

"Tudo o mais que tem sido publicado sobre o tema é fautor de enganos, principalmente por virem enroupados com um manto de respeitabilidade, que não merecem.

"Perguntar-me-à porque então não participo no blogue, porque é que apenas leio. É que não posso! Ocupei funções e tomei decisões que é impossível justificar e outras que eu próprio não gostei de tomar, mas que tinham de ser tomadas. Que, se não fosse assim, teria sido muito pior...Quem não está dentro da situação e não conhece todas as premissas da questão, não pode avaliar. O problema está em toda a gente pensa saber tudo de tudo. É o problema dos treinadores de bancada! Outras, poderá mesmo ter sido erro, mas quem é que não erra? Só quem não faz! Por outro lado, já fui ofendido na imprensa de papel e televisiva por pessoas que não faziam a mínima ideia do que se passara; num dos casos com má fé e para se auto-promover, no outro por exibicionismo puro. Não posso pois dar azo a situações dessas, para mais num sítio onde nunca pode haver atribição de responsabilidades. (...)

"Já me esquecia de dizer que se não fosse o seu (ainda é ???) blogue, ninguém neste País saberia que o BCP12 existiu e que fez na Guiné bom trabalho. É o único sítio onde posso ver elogios à actuação dos Páras na Guiné, o que muito me agrada. Até por essa razão aprecio muito o seu blogue" (...).

Como vêem, ainda há gente com pachorra para nos ler ou visitar... mas não para nos aturar sob o famoso poilão da Tabanca Grande. Terá razão o anónimo leitor trazido por mão do Branquinho quando nos manda para ir para casa tratar dos netos ?! Como quem diz: Tenham maneiras, seus velhadas! Já não são nenhumas crianças!...

Joaquim Mexia Alves disse...

Ora bolas, o Branquinho lixou-me!

Agora que eu estava para contar a história verdadeira, (juro por estes dois que a terra há-de comer!), de quando entrei no Morés, armado até aos dentes, (por isso é que agora tenho dentadura), sozinho, e dei cabo dedois bigrupos inteirinhos do PAIGC!

Aliás foi de tal modo que o General, (ai não me lembro do nome, o comandante chefe da Guiné!!!), me enviou uma mensagem a ordenar que parasse imediatamente com a operação, pois estava em risco a sua carreira militar, e a continuação da própria guerra.

Houve até, ao que sei, insistência junto da ONU, por parte do PAIGC, para que eu fosse retirado do “teatro de guerra”, (isto que conto não tem nada a ver com teatro, percebem?), pois não era legitimo que uma arma de guerra tão letal como eu, fosse usada por Portugal.

Que usássemos o Napalm, as minas, os bombardeamentos, tudo enfim, mas aquele gajo alto, (diziam eles), era contra todas as convenções internacionais de guerra.

Bem, vocês conhecem o depois da história, o nosso país cedeu, eu fui enviado para o Mato Cão contar os barcos que passavam no Geba, e assim se perdeu a oportunidade de ganharmos a guerra, apenas com o meu esforço.

Mas, “prontos”, não ganhei rancor a ninguém e afinal até aceitei a coisa bastante bem!!!

E agora vou tomar conta dos meus netos que não fazem ideia do avô “herói” que têm, nem eu lhes vou contar, não vão eles com a narração ficarem com stress pos-traumático, ou lá como é que se diz acoisa!

É tudo verdade, tudo, tudo, tudo!!!

Um grande abraço camarigo para todos, deste que assina
Super-hiper-magnifico Rambo prétuguês

Ah, já me esquecia, no seguimento da minha carreira de armas tão bruscamente interrompida, tenho agora uma loja de venda de artigos de Carnaval entre eles “potentíssimas” pistolas de água!

Joaquim Mexia Alves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Joaquim Mexia Alves disse...

Ora bolas, o Branquinho lixou-me!a

Agora que eu estava para contar a história verdadeira, (juro por estes dois que a terra há-de comer!), de quando entrei no Morés, armado até aos dentes, (por isso é que agora tenho dentadura), sozinho, e dei cabo dedois bigrupos inteirinhos do PAIGC!

Aliás foi de tal modo que o General, (ai não me lembro do nome, o comandante chefe da Guiné!!!), me enviou uma mensagem a ordenar que parasse imediatamente com a operação, pois estava em risco a sua carreira militar, e a continuação da própria guerra.

Houve até, ao que sei, insistência junto da ONU, por parte do PAIGC, para que eu fosse retirado do “teatro de guerra”, (isto que conto não tem nada a ver com teatro, percebem?), pois não era legitimo que uma arma de guerra tão letal como eu, fosse usada por Portugal.

Que usássemos o Napalm, as minas, os bombardeamentos, tudo enfim, mas aquele gajo alto, (diziam eles), era contra todas as convenções internacionais de guerra.

Bem, vocês conhecem o depois da história, o nosso país cedeu, eu fui enviado para o Mato Cão contar os barcos que passavam no Geba, e assim se perdeu a oportunidade de ganharmos a guerra, apenas com o meu esforço.

Mas, “prontos”, não ganhei rancor a ninguém e afinal até aceitei a coisa bastante bem!!!

E agora vou tomar conta dos meus netos que não fazem ideia do avô “herói” que têm, nem eu lhes vou contar, não vão eles com a narração ficarem com stress pos-traumático, ou lá como é que se diz acoisa!

É tudo verdade, tudo, tudo, tudo!!!

Um grande abraço camarigo para todos, deste que assina
Super-hiper-magnifico Rambo prétuguês

Ah, já me esquecia, no seguimento da minha carreira de armas tão bruscamente interrompida, tenho agora uma loja de venda de artigos de Carnaval entre eles “potentíssimas” pistolas de água!

Anónimo disse...

Caros camaradas

Não me suscita grande apreensão e admiração, o alvitre sobre o conteúdo da matéria que é escrita e comentada no nosso blogue, pois é mais o parecer de um “anónimo que nunca prestou serviço militar em África”.
Como diz o Alberto Branquinho” - Há milhentos "pontos de vista" acerca de tudo o que seja actividade humana (e não só).”

Aplicando o mesmo princípio, também os pontos de vista sobre as virtudes e utilidades do blogue, serão tantas quantas sejam as presenças que analisem a substância em discussão.

Portanto, merece-me tão-somente reflexão e respeito, o artigo mandado postar pelo camarada Alberto Branquinho, como sendo mais um juízo de opinião, que em certa medida até poderá contribuir para uma maior maturidade e consciencialização dos membros do blogue, e por arrastamento maior riqueza nos seus artigos postados.

Um bom dia para todos e um abraço.

José Corceiro

Anónimo disse...

como tudo isto é verdade e o seu contrário também!
não sei porquê (talvez que o Luís saiba porque é do ofício) a sensação que sempre tive foi de que a história deste País está repleta destes heróis.
e as histórias dos outros países, não estão?
Na primeira vez que entrei no blogue para ler, aconselhado por camarada, tive esta estranheza ao descobrir os guerreiros que não havia conhecido (salvo excepções) na estrada Medjo-Guledje-Gadamael nem nas picadas entre Aldeia Formosa a a "margem" norte do corredor, oo nas da "margem" sul e Guiledje.
Ao ver tanto exemplo de heroicidade e de patriota, nos "agricultores e pedreiros" (citando o poste do alf. Ranger), jovens imaturos, mal alimentados e escassamente treinados, cheios de dúvidas porque a formação sobre o social não dava para ter certezas, a primeira coisa que me passou pela cabeça, foi "não! Não entro nisto.!
Depois, pensando melhor e contrastando isto com a experiência acumulada no contacto com as questões reais do "stress", acabei aceitando a participação e alguns exageros, quer de combate, quer das fotos com macaquinho ao colo, porque a ideia do Luís, me pareceu uma magnifica saída para tanta angústia, tanto heroísmo falhado, tanto remorso também, tanta dúvida que por aí circula ainda.
De modo que...
Sentindo-me grato e emocionado com as palavras e com a mensagem (esta coisa da mensagem!)do Alberto, me confesso ainda mais grato com a existência do blogue e mesmo com verdades e exageros; com coisas sérias e fanfarronadas, com a expressão das necessidades colectivas e individuais que por aqui vão passando...porque o mundo é assim mesmo e, provavelmente, seria pior se cada um de nós fosse um santo.
Além disso, é minha convicção que em cada um de nós mora um santo e um diabo.
Boa Alberto
José Brás

Joaquim Luís Monteiro Mendes Gomes disse...

HEI! Branquinho. Alto e pára o baile. Li o teu post. Susti a respiração. Senti-me atingido. Esta carapuça não a enfio. Tens uma visão das coisas que me deixou preocupado. Estás com problemas. Deprimido. Arranja um bom médico. Que te reponha a visão. É que ninguém de bom senso admite o que descarrgaste. Tens essa liberdade. Mas também tens a sujeição de ouvir o que eu penso. Sexagenáriocomo tu. Avô. Gosto muito deles. Mas ainda tenho gosto por me dedicar a outras coisas: ler, escrever, poesia, atentar contra a doente situação política em que nos mergulharam Vá, Branquinho. Aparece nas termas de Monte Real. Fala e desabafa. Estamos prontos a ajudar-te.

Não te ofendas. Não enfio a carapuça.
Fica bem.
Um abraço dum camarada de todas as guerras da Guiné, Angola e Moçambique. Iguais à de 1914/18 e 39/45...
Joaquim Luís Mendes Gomes

Anónimo disse...

Claro que o meu comentário anterior nada tem a ver com as tiradas dos camaradas que se opõem a uma certa forma de colocar as questões, dita ficcional, ainda que nessa ficção se espelhe o real acontecido a quem fala, a outros próximos de quem fala ou mesmo a ninguém identificado objectivamente, porque ficção fincada de facto no real e no verosímil.
Bem sei que há camaradas que fazem ficção em pretensos relatos reais. Uma ficção mal construída porque ficção, para parecer o real que quer relatar, tem linguagem diferente da do relatório, ritmos, códigos e brilho próprio.
E é mau que ainda assim tais camaradas falem?
Por mim, antes ao contrário, me parece bom para eles e para mim que os oiço.
Abraços a todos
José Brás

Anónimo disse...

Este escrito do Branquinho, carregado de ironia,classificaria eu como um desempoeirado "Aviso à Navegação". E acrescento: A brincar a brincar,foi o macaco à mâe. Ou,com a verdade me enganas!
Abraços,
Vitor Junqueira

Torcato Mendonca disse...

PORRA e nada mais

O meu Neto sai do trabalho ás 17H30, trabalha no Infantário com os seus 17 meses,e devido a tudo e algo mais vou ver se hoje brinco com ele.

Da-se mas que açorda.

AB do T

Anónimo disse...

A brincar? Ou a sério?
Não me preocupa nada.
Não têm os textos publicados, qualidade. E daí?
Todos heróis? E porque não? Qualquer leitor jovem, não ficará a perceber nada da Guerra, pela leitura do Blogue, mas certamente poderá entender uma Geração (a nossa).
Não somos uma Tertúlia de escritores. Nem uma Associação de historiadores.
Na memória guardamos alguns episódios. O resto, completamos…
Abraço
Jorge Cabral

Juvenal Amado disse...

Caro Branquinho

Se pensarmos ao que equivale este teu escrito em termos de fogo real, não será exagero dizer, que é fogo de canhão sem recuo.

Bem a granada espalhou estilhaços por todo o lado, mas ainda não sabemos se matou alguém.

Haverá quem diga que não foi atingido, outros esconderão as feridas superficiais. Haverá os que vão guardar um estilhaço maiorzinho, que até ficou bem bonito em Arte Nova e com algum jeito fará uma base de candeeiro lá para a sala de estar, junto daquela garrafa de whisck que guardamos por esperamos a altura certa para a abrir.
Como a idade vai avançando o nosso médico dirá, que nem pense prová-la sobre pena de nos dar um treco.

Será a isto que se chama fogo amigo?
Bem entre mortos e feridos alguém há-de escapar.
Um abraço
Juvenal Amado

Anónimo disse...

Caro Alberto Branquinho,

Esqueçamos as histórias faladas sobre Cabolol.

Se tudo o que aconteceu na Guiné, naqueles anos.
Mais umbigo menos umbigo.
Tivesse por de trás uns EUA, que filmes não teriamos? E heróis Rambos etc. etc...
Mas haveria uma coisa que os americanos do Vietnam tiveram o respeito por toda a Nação Americana.
E nós? Como somos tratados? Quem conhece as nossas histórias?
Apenas estes avós, "velhos cotas" que neste canto da Tabanca grande, vão passando algum tempo, não recorrendo ao sofá ou à sueca debaixo do poilão no Campo Grande.

Peço autorização ao Jorge Cabral para subscrever o seu comentário.

E aí vai o abraço longo como o nosso, é verdade não é! Cumbijã,

Mário Fitas

jose almeida disse...

Amigo Alberto Branqinho
Mandar-me tomar conta dos netos é forte,sou daqueles que foram recrutados,mal treinados,mal preparados e após dar duas recrutas ou uma especialidade foram enviados para um "Teatro de Guerra ".Chamei-lhe o que quiserem.Defender a Pátria numa Companhia de Aficanos que nem Português falavam, aos quais foi necessário conquistar a confiança e o Respeito a fim de operar em qualquer condição(sem condições).Não somos Heróis, escritores,ou idiotas a armar o heroi,mas se aos combatentes da
1ª Grande Guerra só se lembram deles Aquando celébram o Armestício. Será proventura que envolve os E.U.E, a Inglaterra e a dona do "Teatro " Das operações se quizer outro Palavrão temos de procurar no dicionário de Português, em que ainda nos entendemos.Herois Doutores na Guiné não conheci nenhum. Conheci Doutores cacimbados que não arriscavam a sua vida gratuitamente. Pois serviam a população que os procurava e os camaradas que deles precisavam.De Poetas e de Loucos todos temos um pouco.Água Benta e presunção cada um toma a que quer.Agora mandar-me fazer isto ou aquilo,tenham santa paciência mas vão pregar para outra Freguesia

Anónimo disse...

Como te enganas meu bom amigo Mário Fitas!
Falo da comparação do nosso caso com o do Vietnam, no que se refere a respeito e reconhecimento das nações.
Antes de entrar para a TAP, vivi dois anos com uma cidadã americana (que hoje está na m...porque perdeu o emprego e o subsídio é pior do que aqui) no tempo das duas guerras, a nossa e a deles, e conheci razoavelmente o ambiente que lá se vivia.
Voei 30 anos e um tempo significativo desses anos passei-os em Nova Iorque e em Boston, com este meu espírito de meter o nariz e conhecer as coisas por dentro das pessoas.
Sei do pouco respeito do Estado aos seus veteranos, da desgraça em que vivem muitos e muito milhares deles e do esforço de organizações civis para colmatar tal falta de respeito.
Já disse aqui uma vez que tenho um irmão ex-paraquedista que perdeu uma perna em combate e nunca vi que o Estado o tivesse abandonado alguma vez, apoiando e garantindo a sua sobrevivência digna dentro das possibilidades públicas. O meu irmão não estava à espera que lhe erguessem uma estátua.
Muitas vezes confundimos o espectáculo de cinema que uma industria poderosa monta, por um lado como produto de consumo e lucro como batatas ou automóveis, e por outro lado com catarse capaz de camuflar derrotas e elevar sentimentos que suportarão nova aventura quando os interesses americanos estiverem em causa, seja o petróleo do Iraque ou outro qualquer, confundimos isso com respeito e reconhecimento que de facto não existe.
Abraço
José Brás

Anónimo disse...

Se me é permitido, assino bor baixo o comentário de Jorge Cabral.

Um abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Caro Zé Brás!

Olha que não! Olha que não!

É que independente de tudo o que tu tenhas observado, "nós" aqui absorvemos tudo o que seja de fora.
Infelizmente, e peço desculpa pelo vernáculo, aquilo que fazemos achamos "MERDA".
E não é verdade! E tu sabe-lo porque viveste igual como muitos de nós.
Não é uma questão de heróis! É uma questão de ( cá volto eu) Respeito!
Se os pais se estão borrifando, dizendo que estamos a regar! Como podem os netos acreditar?

Não será verdade aquilo que eu digo?
Quem mais admirou os filmes de extreminação dos Indios e dos "justiceiros" do Forwest? E "Os seis do pelotão" que metia droga e tudo?
Amigo! Desculpa mas temos formas de ver uma actualidade, em que a teoria relativista mudou tudo do avesso.

O abraço do nosso Cumbijã,

Mário Fitas

Anónimo disse...

Mário, buenas!
O que é que entendes por uma questão de respeito?
Um abraço
JD

Anónimo disse...

Camarada Mário Fitas. Quando escreves:"Recorrendo à SUECA(!) debaixo do poiläo do Campo Grande",referes-te ao jogo de cartas...ou...OU?! Um grande abraco de um "assuecado".

Unknown disse...

Caro Sr. Branquinho (? porque não percebo a assinatura), só pelo titulo do Post, dispensava-me de o lêr. Porque eu só faço aquilo que desejo fazer e tambem tenho um neto.
Porém como nutro amizade pelo blog e o mesmo titulo seria um mal menor, resolvi lê-lo.
Á primeira leitura parece uma carta, bem estrutorada, consisa e pertinente.
Mas na segunda, já o encanto cai por terra. Repleta de lugares comuns de um não menos comentarista que escreve muito, mas não apresenta uma ideia defenivel sobre o assunto que escreve. Claro que houve outras guerras que (no meu entender não estavam desligadas entre si), mas creio que aqui na tabanca, que se calhar o cheiro da catinga é desagradável, só se junta a malta que andou lá pelas terras da Guiné Bissau.
Veja lá Sr. Branquinho, deve haver por aí um lapso(s) de memória. Até Salazar dizia "para áfrica e em força". Exactamente como escreve 'provincias ultramarinas', provoca-me um determinado sentimento, que me inibo de expressar aqui neste Blog.
Além de ter havido outras guerras a juntar à referida de 1914/18.
Tambem não constituimos um clã de literatos, ou altamente letrados.
A propósito, o que quer dizer "Em passant" ???
Precisamente para ser criado o cenário apropriado ao seu texto, ou melhor à sua carta (ou será que é uma missiva dirigida a alguém)referencia o escritor Lobo Antunes.
Caro amigo este rastilho por aqui já queimou à muito.

É o pecado original de toda a falácia e desonestidade mental. meter tudo no mesmo saco.

Será mais salutar, criticar de forma fundamentada e esclarecida, divergir, apresentar alternativa e outros bons-sensos.

O sr. Branquinho escreveu:

"Eu também cumpri as minhas obrigações de serviço militar (já não sou uma criança), embora nunca tenha tido a honra de servir em África."

De facto pode ter sido uma lacuna no seu percursso de vida.
Mas, Sempre Se Podia Ter Oferecido Como Voluntário.
A não ser que tenha exercido altas responsabilidades, na rectaguarda da falsa guerra nas provincias ultramarinas.
Apresento os meus respeitosos cumprimentos.

anti-anonimato
Carlos Filipe
ex CCS BCAÇ3872 Galomaro
ps não reli o que escrevi.

Anónimo disse...

Caro Camarada Carlos Filipe. Creio-me muito próximo das tuas ideias gerais sobre muitas coisas,e só espero que näo leves a mal esta sinceridade amiga.Um pouco de humor também fará parte desta vida.Certamente que há Princípios,coisas sérias,desgostos,desilusöes,sofrimentos....a lista seria infindável para a maioria de nós.Mas,mas,nas entre-linhas,mesmo nas situacöes difíceis,uma gargalhada frente a algo "menos sério"...sempre ajudará. Um abraco amigo.

Anónimo disse...

Camaradas todos, TODOS mesmo, os das mais diversas leituras que fizeram do Post (incluindo o que me tratou por Sr.), ajudem-me, por favor, porque não sei o que deva fazer à minha vida:
- A que actividade me devo dedicar, pois não tenho um neto que seja nem se vislumbram eles no horizonte ?

Alberto Branquinho

P.S.- Tal como escrevi no mail para o Carlos Vinhal, colocado antes do texto da "carta", não se esqueçam que há quem pense, mais ou menos, assim. São "pontos de vista".

Anónimo disse...

Fico muito grato ao Sr.por,finalmente,alguém dar a voz a esta täo esquecida maioria...silenciosa.Que lhe paguem!Que lhe paguem...pois bem merece! Um dos "seniores".

Anónimo disse...

Caro J. Belo,

Ou Ou! Não poque tu és o previligiado. Pois!... A lerpa e proibida.

Um abraço.

Mário Fitas

Anónimo disse...

Caro Zé Dinis,

Respeito!

É não termos um espelho na frente quando falamos dos outros.

Um abraço,

Mário Fitas

António Matos disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
António Matos disse...

O meu afastamento algo prolongado deste blog provocou-me, creio,alguma dislexia na interpretação de alguns textos e tirou-me alguma da capacidade crítica perante contrapontos e contratempos ....
Ontem dei-me ao cuidado de recuperar mais um pouco de uma ou outra leitura perdida, quedando-me nesta que perfaz a 17ª investida a esses ditos contrapontos.
À medida que lia a carta que o Branquinho re-endossava aos editores, eu aplaudia pela clareza que a escrita dava à realidade.
Mas entretanto possuía-me um sentimento de agastamento pelos autores das referidas lamechices, das infantilidades, das heroicidades e condoía-me deles ....
A verdade é que, de facto, não compreendia como era possível contarem-se ainda histórias uma vez mais de sítios e situações estafadas, mais tiro menos dilagrama, mais emboscada menos mina.
Perante alguma perplexidade, recuei no blog e li outros "contrapontos"...
Aí dei-lhes uma leitura mais complexa.
Qual pessoano, intitulei-te um heterónimo de Alberto Branquinho e balancei entre a tua extraordinária capacidade ficcional e o exorcista que te tira cá para fora mais umas réstias de algum fantasma que lentamente vai sendo excretado.
Será ?
Um abraço
António Matos

Anónimo disse...

Amigo Mário,
Pensei que, quando referiste "respeito", tivesses a intenção de atribuir ao estado algumas obrigações relativamente aos ex-combatentes.
Por acaso, nunca observei qualquer membro daquele universo, ver-se ao espelho enquanto produzia faladura, donde, eles não terão a mesma oportunidade para se apreciarem, quento nós, uns privilegiados.
Um abraço
JD

Unknown disse...

É bom ler tanto as coisas sérias como coisas a brincar.
O Berto Branquinho não tem netos. Logo não sabe o que é lidar com eles (como eu, aliás). Logo pede aos avós que contem as suas histórias. Aos netinhos, tipo Cavaco Silva, ou ao Blogue do Luís & Companhia. Mas à séria.
Na falta de aturar netinhos (como eu) ele quer compilar estórias da história. Mas só quer as que possam ser reais. Aí está o erro. Sendo assim, é o fim da ficção. Imagina Branquinho, sem ficção, não teria havido Apocalips Now, O Caçador, Rambos, Robles (o caçador de cabeças e não o play boy). Lobo Antunes,Guileje, Spínola, pinguelim e o olho mágico; Ten, Cap, Gen, Bruno; África - adeus, a minha a nossa a vossa, etc.
Só porque um dia adormeci e o Alferes - que conheces bem, o Barreto, de Viana - não permitiu que me fossem acordar, porque me queria mandar a um "conselho de guerra", isso não é uma estória. Mas também não é ficção. Mas para a publicar teria de fazer enfeites. Como todas as estórias - ou ficções - há o antes, o durante e o depois. Provàvelmente nem sequer a lerias. Mas o autor sentir-se-ia bem. Mas sem censura não passaria ?
Um abraço aos escritores, principalmente aos como eu não têm netos para contas estórias.