terça-feira, 2 de novembro de 2010

Guiné 63/74 - P7212: Álbum fotográfico de José Gonçalves, ex-Alf Mil Op Esp, CCAÇ 4152/73 (Gadamael e Cufar,): Com o PAIGC em Gadamel (Maio) e em Cufar (Agosto)... e em ainda em Bolama


Guiné > Região de Tombali > Gadamael > CCAÇ 4152/73 (1974)  > Maio de 1974 > Apresentação do comissário político do PAIGC ao Régulo de Gadamael



Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4152/73 (1974) > Agosto de 1974 (?) > Cerimónia da entrega do aquartelamento de Cufar ao PAIGC



Guiné > Bijagós > Bolama > s/d [ 1974] > O José Gonçalves  junto ao  monumento  que dizia "Mussolini,  ai caduti di Bolama" [ , De Mussolini, aos caídos em Bolama] 

Fotos (e legendas): © José Gonçalves (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Mensagerm do José Gonçalves, nosso camarada e amigo que vive na diáspora, no Canadá, e que foi Alf Mil da CCAÇ 4152/73, tendo estado em Gadamael entre Janeiro e Julho de 1974:

Caro Luis:

Já há muito tempo que estou faltoso por não te em enviar as tais fotos da praxe, condição aliás do enlistamento no Blogue. Aqui tas envio com mais algumas como:

(i) a apresentação do comissário político ao Régulo de Gadamael;

(ii) a cerimónia da entrega de Cufar ao PAIGC;

(iii) e a do célebre monumento em Bolama que dizia "Mussolini ai caduti di Bolama" (**), e que eu dedico a todos aqueles camaradas que por lá passaram.

Cumprimentos para todos
José Gonçalves

 (**) Homenagem de Mussolini aos 5 aviadores italianos, vitimas de queda dos seus aparelhos em 5 de Janeiro de 1931 quando faziam a ligação Itália/Brasil com escala por Bolama


(...) Finalmente: Bolama que tem em si um dos raros monumentos ao esforço fascista de paz, quando Mussolini e Ítalo Balbo tentaram o cruzeiro aéreo para unir Roma ao Brasil. Com efeito, dois dos aparelhos despenharam-se em Bolama e a missão esteve em riscos de se malograr. Tal não aconteceu porque a tenacidade de Ítalo Balbo a isso se opoz. Resta desse desastre o belo monumento aos «Caduti di Bolama» no qual se reproduz um aspecto dos destroços dos aviões — duas asas, uma das quais ainda erguida aos céus e a outra quebrada e caída em terra.

O monumento foi feito por italianos e com pedra italiana, vinda de Itália, para esse fim. Mandou-o erguer Mussolini e na sua base lá se encontra a coroa de bronze por ele oferecida, com estes dizeres — Mussolini ai cadutti di Bolama. Ao lado, a águia da fábrica de hidro-aviões Savoia, uma coroa com fáscios da Isotta-Fraschini e a coroa de louros da Fiat. É curioso notar que este será um dos raros monumentos do fascismo, no mundo, que no fim de 1945 não foi apeado. Virado para diante e no alto, o distintivo dos fáscios olha ainda com alienaria o futuro, no seu feixe de varas e no seu machado, a lembrar a grandeza da Roma do passado. (...)

Fonte: Extractos de: César, A. -  Guiné 1965: contra-ataque. Braga: Pax, 1965.

2 comentários:

Anónimo disse...

A todos os membros desta Tabanca:

A foto da entrega de Cufar ao PAIGC, é uma afronta a quem foi cortar a palmeira "mastro de Bandeira" aos soldados que lá a colocaram.

Foi colocada por soldados do Exército Português, Negros e Brancos.

Não me irei pronunciar politicamente, pois muito teria a dizer, mas simplesmente em termos de guerra de guerrilha.

Respeito!

Esse pau de bandeira "palmeira", foi colocado pela C.CAÇ. 763, a quem "Nino" apelidou de Lassas.

Para um homem que como Furriel de Operações Especiais, e sabendo o que significa o ser possuidor desse curso, refiro aqui, sem problemas o que já foi escrito em livros.

Ainda hoje com Maria mulher Balanta, ligada ao PAIGC por familiares:
Seu pai COME FANDA foi morto em Biambe pelo exército Português (Negros e Brancos). Seu irmão JOAQUIM COME chefe de grupo do PAIGC foi morto no Morés, pelos companheiros de partido, por ciúmes de posto.

Tudo isto para que não haja confusões nem dúvidas sobre a minha posição, quanto a formas e factos da guerra.

Porque aquilo que me doi hoje, não é morte de sete companheiros nem os cinquenta e três feridos em combate que os homens que ergueram Cufar e esse "pau de bandeira" tiveram. Aquilo que me doi é a falta de respeito por aqueles que lá ficaram, e foram iludidos por situações falsas.

A minha dor é ter combatido ao lado de um "PRETO" a quem foi dada das maiores honras do Exército Português com a Torre Espada, chamado João Bacar Jaló.

A minha dor é ter combatido com um "PRETO" que ajudou a por esse "pau de bandeira", de nome Gibi Baldé que se suicidou, após a independência da Guiné Bissau, pois lhe cortaram as duas mãos.

Só pesso um pouco de respeito por tudo isto.

Hoje em conversa com Maria, que felizmente era menina e não entendia a guerra, aqui neste cantinho Ocidental, disse no meio de várias pessoas: Se estou aqui negra e vocês brancos, porque não estarmos todos naquele "CHÃO"?

Veras as palavras de Maria!

Dor ver esta foto de Cufar!

Do tamanho do Cumbijã, para todos aqueles que amam a Guiné o grande abraço.

Mário Fitas

JC Abreu dos Santos disse...

... que, em cumprimento de determinações do MFA-Guiné, em 12Jul1974 o capitão miliciano de infantaria Rodrigo Belo de Serpa Pimentel entregou aos comissários políticos do PAIGC o aquartelamento de Gadamael-Porto; e seguidamente transferiu a sua CCac4152/73 para Cufar, cujo aquartelamento entregou aos comissários políticos do PAIGC em 07Set1974.