Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 4152 (1971/74) > Agosto de 1974 (?) > Cerimónia da entrega do aquartelamento de Cufar ao PAIGC. Foto de José Gonçalves, ex-Alf Mil Op Esp, da CCAÇ 4152, a residir no Canadá há mais de três décadas. Vd. poste P7212.
Foto: © José Gonçalves (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados
A todos os membros desta Tabanca:
A foto da entrega de Cufar ao PAIGC,
é uma afronta a quem foi cortar a palmeira
para servir de mastro de bandeira
e aos soldados que lá a colocaram.
Foi colocada por soldados do Exército Português,
Negros e Brancos.
Não me irei pronunciar politicamente,
pois muito teria a dizer,
mas simplesmente em termos de guerra de guerrilha.
Respeito!
Esse pau de bandeira palmeira,
foi colocado pela CCAÇ 763,
a quem 'Nino' apelidou de Lassas.
Para um homem que foi
Furriel de Operações Especiais,
e sabendo o que significa o ser possuidor desse curso,
refiro aqui, sem problemas,
o que já foi escrito em livros.
Ainda hoje com Maria, mulher Balanta,
ligada ao PAIGC por familiares
(Seu pai Come Fanda foi morto em Biambe
pelo exército Português,
Negros e Brancos;
seu irmão Joaquim Come,
chefe de grupo do PAIGC,
foi morto no Morés,
pelos companheiros de partido,
por ciúmes em relação ao posto)...
Tudo isto para que não haja confusões
nem dúvidas
sobre a minha posição,
quanto a formas e factos da guerra.
Porque aquilo que me doi hoje,
não é morte de sete companheiros
nem os cinquenta e três feridos em combate
que os homens que ergueram Cufar
e esse pau de bandeira
tiveram.
Aquilo que me doi
é a falta de respeito por aqueles que lá ficaram,
e foram iludidos por situações falsas.
A minha dor é ter combatido ao lado de um Preto
a quem foi dada das maiores honras do Exército Português
com a Torre Espada, chamado João Bacar Jaló.
A minha dor é ter combatido com um Preto
que ajudou a pôr esse pau de bandeira,
de nome Gibi Baldé,
que se suicidou,
após a independência da Guiné Bissau,
pois lhe cortaram as duas mãos.
Só peço um pouco de respeito por tudo isto.
Hoje em conversa com Maria,
que felizmente era menina
e não entendia a guerra,
aqui neste cantinho Ocidental,
disse no meio de várias pessoas:
- Se estou aqui, negra, e vocês brancos,
porque não estarmos todos naquele Chão?
Veras as palavras de Maria!
Dor ver esta foto de Cufar!
Do tamanho do Cumbijã,
para todos aqueles que amam a Guiné,
o grande abraço.
(ex-Fur Mil Op Esp
CCAÇ 763, Os Lassas,
Cufar, 1965/66,
autor do romance
Pami Na Dondo, a guerrilheira, ed. autor, 2005)
[Revisão / fixação de texto / título: L.G.]
__________
Nota de L.G.:
Último poste da série > 2 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7213: Blogpoesia (82): Espero acabar os meus dias em Finete...(Jorge Cabral)
21 comentários:
Caro amigo e camarada Mário Fitas
Julgo compreender o que será a tua tristeza (certamente não muito diferente de outros em outros locais) ao ver o arriar da Bandeira. E não vejo mal nenhum em que relates o que te vai na alma.
O que já não compreendo é a exigência de 'respeito', como se isso não estivesse bem patente.
Há um arriar da Bandeira, de modo solene, com respeito, em formação, com continência, ao que me parece ver, daí que não compreenda a tua aparente indignação.
Trata-se de uma foto do que já aconteceu, não é do que irá acontecer...
Um abraço
Hélder S.
Amigo Mário,
Porquê tanta dor e tanta revolta ainda?
Para mim, é fácil questionar, para vocês, muita revolta, muita mágoa ainda entendo, mas não será já altura de ultrapassar?
Um abraço amigo
Filomena
Numa entrevista ao jornal Público, em 1994, o coronel Carlos Fabião lamentava ter sido o escolhido para dar início ao fim do Império. Mas acrescentava que ficara satisfeito pelo modo como as unidades tinham sido entregues ao PAIGC :"eu disse ao PAIGC que nós íamos fazendo a entrega, mas que nunca haveria nenhum soldado português debaixo da bandeira deles. E assim foi. Pegámos num calendário para a entrega das várias guarnições e combinou-se que apareceria o PAIGC, formavam as duas forças, uma diante da outra, tocava a sentido, tocava a cerimónia a mortos, baixava a bandeira portuguesa... Depois tocava a alvorada, subia a bandeira do PAIGC, as tropas davam meia volta, metiam-se nos carros e vinham-se embora".
http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=ecfabiao
Um abraço,
Carlos Cordeiro
Caro Carlos Cordeiro
Segundo o relato do João Carvalho – A Última noite em Canjadude – que com a devida vénia transcrevo, em Canjadude não aconteceu propriamente como diz o coronel Carlos Fabião:
“Finalmente chegou o dia! Pegar nos trapos e deixar Canjadude para regressar à metrópole. Peluda!!! Aquele regresso tão ansiosamente esperado!!!
Carregam-se as Berliet Tramagal e os Mercedes Unimog, com tudo o que era possível lá encaixar: caixotes com armamento, malas, etc, etc. A azáfama é grande, pois a quantidade de tralha para trazer é enorme e o dia é curto.
Com o aproximar do fim do dia, constatando-se que era quase impossível carregar tudo, foi decidido que partiria nesse dia uma coluna em direcção a Nova Lamego e que no dia seguinte algumas viaturas voltariam a Canjadude para transportar o resto, assim como um mini grupo das NT que ainda ficavam uma noite a tomar conta do resto dos pertences. Fui incluído nos que ficavam.
Depois de assistir à partida da coluna, dirigi-me para o abrigo, para me deitar um bocado, pois carregar viaturas deixa-nos um pouco cansados.
Como o abrigo já tinha diversas camas sem ocupação, pois os camaradas já tinham partido, as camas vagas foram ocupadas pelas tropas do PAIGC (ex-IN).
Nessa altura começaram os problemas. Um dos nossos camaradas furriéis do mini grupo (não me lembro qual) quis tirar o seu armário (caixote), para ir dar a um dos nossos soldados africanos que vivia na tabanca e a quem já o tinha prometido há muito.
Um dos soldados do PAIGC começou a refilar, porque aquilo agora era deles e que dalí não saia nada. A situação começou a ficar um bocado esquisita, se assim se pode dizer. Os ex-IN, deitados, com garrafas de cerveja (manga delas) e Kalashnikov na mão, não davam bom agouro àquela noite.
Saímos do abrigo e fizemos uma mini reunião. A partida era complicada. Ainda havia bastante tralha para carregar e a única viatura existente era uma Berliet que tinha um buraco enorme no radiador.
A probabilidade de chegar a Nova Lamego durante a noite e com uma viatura naquele estado, era bastante remota. A alternativa era ficar e esperar que nada de grave acontecesse.
Foi decidido partir. Mesmo com a grande probabilidade de passar a noite no meio da picada, era mais seguro do que ficar.
Carregámos a Berliet de tal forma que, lá em cima da tralha, quase era necessário fazer equilíbrio para não vir parar ao meio do chão. O nosso camarada mecânico resolveu improvisar (como bom português) e deitou no radiador água e cimento (sim, cimento em pó!).
Finalmente partimos. Pelo caminho, andando muito devagar devido à carga instável, fomos sempre deitando água (a pouca que conseguimos transportar) no radiador da bendita Berliet.
Já perto do final da picada, relativamente próximo da estrada alcatroada, fomos encontrar, para nosso espanto, parte das viaturas que tinham saído, ainda durante o dia, de Canjadude (Avarias também acontecem às máquinas que parecem estar em bom estado).
O mini grupo chegou ainda nessa noite a Nova Lamego, enquanto as viaturas que avariaram na picada, tiveram de esperar pelo dia seguinte para serem rebocadas.
Estas nossas estadias por aquela maravilhosa África foram cheias de pequenos episódios bons e maus, mas que nos marcaram, não há dúvida nenhuma.”
Um abraço
José Corceiro
Pois é, meu caro José Corceiro. Uma coisa é ditar as ordens e outra bem diferente é aplicá-las nas situações concretas. Talvez o episódio que referes não tenha sido o único. Acredito até que que se terão verificado alguns mais complicados.
Esta tua chamada de atenção vem mais uma vez provar a importância destes relatos em discurso directo de quem viveu os acontecimentos. E neste aspecto, "o nosso blogue é grande".
Um grande abraço,
Carlos Cordeiro
Caros amigos:
Primeiramente agradeço ao Luís ter posto em Post Blogopoesia o meu comentário à foto da entrega de Cufar ao PAIGC.
Agora umas palavras para os comentários ao P7219.
Não conhecesteis Cufar? Pois não!
Bem quando a C.CAÇ. 763 "Os Lassas" desculpem referir esta alcunha, porque tem muito significado e foi posta por altos responsáveis da Guerrilha naquela altura.
Pois é nós recebemos da C.CAV. 703 os buracos onde eles viviam entoupeirados, após a tomada da Quinta de Cufar.
A palmeira, foi pura regressão a uma realidade vivida. Se verificarem, já não é uma palmeira que ostenta a Bandeira já a meia aste na foto.
Amigo Hélder, conheces-me bem! Faz lá um geito, não tentes entrar no meu pensamento, nem escrevas palavras que eu as não disse nem as escrevi. Podes interpretar como entenderes, mas lá voltamos ao mesmo, não é?
Amiga Filomena, é verdade, acredito que lhe seja fácil questionar. Mas doer hoje!? Ainda doi e muito.
Onde vê a revolta?
Será por eu pedir ao Luís para de quando em vez deixar saír as G3?
Não! Não vamos por aí. Já ultrapassámos muito! Menos o ostracismo a que são votados os "Veteranos"!
Não fomos malfeitores!
Bem ou mal. Politicamente "correcto ou incorrecto".
Cumprimos um dever que a Pátria nos exigiu.
Caro Cordeiro o comandante da C.CAÇ.763, era do curso do Fabião.
Foi comandante do COP3 na Guiné, e após o 25 de Abril foi convidado pelo Fabião para ser graduado em brigadeiro, coisa que ele recusou.
Com o coronel Costa Campos tive um grande relacionamento e muito falámos.
Caro José Corceiro, obrigado pelo clarividente testemunho. É verdade meu amigo, doa ou não, foi a realidade, nem tudo foram rosas.
Amigos no meu comentário refiro aquilo que me dói hoje. Tive cuidado. Já leram "Pami na Dondo"? Talvez tenham opotunidade de ler também " Da Planície à Guiné" como reposição de "Putos Gandulos e Guerra". Leiam!
Desculpem! possivelmente a quente, esqueceram o mais importante, as palavras de Maria (Balanta). Eu repito:
"Se estou aqui negra, e vocês brancos, porque não estarmos todos naquele Chão?"
Para todos como é gostoso, aquele abraço de sempre do tamanho do Cumbijã,
Mário Fitas
Amigo Mário Fitas,
Obrigada pelo comentário.
"Pami na Dondo", já li e gostei. Quanto ao" Da Planície à Guiné" como reposição de "Putos Gandulos e Guerra", não li mas gostava de ler. Pode dizer-me como adquiri-los?
Um abraço
Filomena
Não me parece uma bandeira esfarrapada. A minha ideia é que o instantâneo foi tirado num momento em que a ondulação dá esta imagem. Se houvesse outra fotografia podia tirar-se qualquer dúvida.
Carlos Cordeiro
Acho que alguém quis insultar a força militar portuguesa que em Cufar legitimamente procedeu à entrega daquela localidade ao PAIGC, ao insinuar que estava a utilizar uma bandeira nacional esfarrapada. A foto indicia alguma acção do vento a ponto de o cabo que suporta a bandeira fazer um arco.
Camaradas, façamos as pazes com nós próprios, a guerra nem se perdeu, nem se ganhou. Quem estava no campo de batalha em 1974, mais não fez do que proceder de acordo com aquilo que os políticos determinaram.
Um abraço
Carlos Vinhal
Caros amigos
Creio que a foto presente é suficientemente clarificadora para não deixar dúvidas, em como a Bandeira Portuguesa não estava danificada. Estava sim a sofrer a acção duma forte brisa, porque são evidentes a agitação e movimento ondulante que a Bandeira apresenta.
Veja-se a posição de afastamento que toma, e toda estendida, em relação ao mastro que a sustenta, ao ponto de arrastar a corda que a prende e fazerem arco, com o mastro. Ampliem a foto e vejam.
Um abraço
José Corceiro
Ainda bem que o Carlos Cordeiro vou desenterrar oportunamente essa entrevista da Maria João Avillez ao Cor Carlos Fabião (1930-2006) que, como se sabe, foi o último Governador da Guiné... Já agora, reproduza-se à resposta à pergunta seguinte da jornalista:
(...) "P. - Já que me conta tudo isso, tenho que insistir: que impressão é que essas cerimónias lhe foram deixando... justamente tratando-se de si?
"R. - A primeira vez, não me fez muita impressão. Mas a segunda ou a terceira, fez. Era uma guarnição onde eu tinha estado, uma guarnição muito dura, e que me ficou ligada por aquilo que nela sofri. Essa, custou-me muito... Ainda tenho essa bandeira, ali , atrás da minha cama... Aliás, tenho guardadas três bandeiras: essa de que lhe acabo de falar; a segunda, de uma outra guarnição onde também tinha estado. E a terceira, a última bandeira, do último governador... Ainda a propósito de tudo isto: sabe que eu tive sempre a sensação de que era muito perigoso ficarem lá determinados indivíduos... Perigoso para eles, entenda-se. O primeiro foi o Marcelino da Mata, com quem falei assim que lá cheguei, convenci-o e ele veio-se logo embora. Depois, na véspera do dia em que eu próprio me vinha embora, reuni-me no Palácio com todos os outros comandantes - negros -, e disse-lhes para virem comigo porque receava que aquilo desse para o torto" (...)
http://www1.ci.uc.pt/cd25a/wikka.php?wakka=ecfabiao
Caros Camaradas. A Bandeira estaria esfarrapada...ou näo? Quem nunca viveu,e combateu,nas condicöes em que se vivia no mato da Guiné estará habituado a bandeiras engomadas,e bem resguardadas em..."outros meios". A maioria das guarnicöes mártires,e destacamentos isolados olhava com orgulho,e respeito,a sua Bandeira.Sei isso porque,como tantos outros,diariamente a hasteava em Mampatá.Estaria demasiadamente "usada" pelas condicöes climatéricas tropicais? Ou näo seria por o inimigo se servir dela como referência para...acertar tiro? Muitas coisas estariam ,naqueles tempos,vergonhosamente esfarrapadas...MAS A OUTROS NÍVEIS!A nossa velha bandeira näo era bandeira de "paradas",como certamente o näo era a de Cufar!
Camaradas
Tanto em Pitche , como nos Destacamentos por onde passei, a nossa Bandeira era orgulhosamente hasteada de manhã e arreada à tarde.
Tocava o clarim e uma secção comandada por um alferes ou um furriel, fazia a cerimónia.
É claro que a bandeira estava descolorida, puída e não com muito bom aspecto, derivado às agruras metereológicas. Não era saída da montra de uma loja...mas era a NOSSA BANDEIRA e tínhamos imenso orgulho nela !!!
Abraço
Luís Borrega
Caros camaradas
Como já disse antes noutro post aqui publicado cada um vê aquilo que quer ou mais lhe convém em tudo. De entre todas as opiniões há a realidade e nela a verdade. Eu posso afiançar que a bandeira não estava esfarrapada e que a cerimónia decorreu sem incidentes e que a nossa bandeira foi respeitada por eles, assim como nós respeitamos a bandeira da nova Guiné Bissau. A cerimónia foi feita de acordo com as instruções enviadas de Bissau e aliás já tinhamos experiência pois tinhamos feito o mesmo em Gadamael.
Também tenho a certeza que o aceitamento de tal cerimónia da parte portuguesa tinha muito a vêr com acircunstância dos intervenientes. Na minha companhia não ouve baixas e poucos contactos com o PAIGC com excepçao de uma emboscada que lhe fizemos no porto de Jemberém e onde um elemento do PAIGC foi visto mas fugiu sem sequer haver tiroteio. O nosso problema em Gadamael eram os bombardeamentos e eu estava convencido que talvez não saísse de lá com vida se a actividade bélica continuasse e se eles acertassem a mira, portanto a entrega da Guiné ao seu legítimo povo segundo as ordens do nosso comando foi um acto de alegria e não de tristeza. Estavamos conscientes que muitos morreram por uma causa que não era aceite pela maioria dos portugueses mas estávamos felizes pelas nossas vidas, pelas vidas de todos os que estavam para morrer e não morreram.
Segundo pensávamos na altura a situação das tropas nativas estava resolvida pois havia acordos para que integrassem essas pessoas dentro da nova Guiné. Claro que isso não foi cumprido como todos nós sabemos hoje, mas nessa altura o que nos preocupava era irmos para casa e confiámos nos nossos políticos e comandantes para tratarem dos detalhes
Eu entendo os sentimentos daqueles que deram parte da sua vida, viram os seus camaradas ou familiares morrer por uma causa que no meu vêr ªhojeª era injusta mas lembrem-se que hoje muitos de nós estamos vivos porque entregamos a Guiné aos guinéus depois do 25 de Abril.
Em inglês diz-se que "hindsight is 20/20" ou em português (a visão em retrospectiva é 20-20)
Um grande abraço para todos
José Gonçalves
Alf Mil Op Esp
Caros camaradas,
Habituado que estou ao cerimonial americano no tratamento do seu símbolo nacional, para mim é confrangedor a forma como em Portugal se trata a bandeira portuguesa quer seja em cerimónias oficiais quer a nível particular (os futebóis e outros tais).
Eu julgo compreender o estado de alma do Mário Fitas ao ser confrontado com aquela fotografia.
A dor dele está, como não podia deixar de ser, ligada à entrega de um quartel que também foi dele.
Mas, mais muito mais que isso, a grande dor dele e de muitos de nós passa pela forma como nos obrigaram a entregar os nossos quartéis. Sem honra nem brio!
Os nossos militares no terreno disso quase nunca tiveram culpa.
Portugal, enquanto país soberano e até ao arriar da última bandeira nacional, nunca deveria ter permitido o içar da bandeira do PAIGC ou qualquer outro símbolo em qualquer parte do território guineense. Depois, sim, com todo o direito, os guinéus teriam içado o seu símbolo nacional. É assim que os países que se presam fazem.
E aqui me abstenho de falar sobre o que aconteceu aos nossos camaradas africanos.
Já a condição física da bandeira para mim não é o factor mais relevante. Neste caso até parece bem.
Naquele tempo, mesmo que quizessemos, nem sempre podíamos fazer melhor. Importante, sim e muito, é o que sentíamos (sentimos) por ela, enquando símbolo nacional.
Um abraço amigo para todos vós.
José Câmara
Mário, meu camarigo
Um grande e forte abraço
...que, cumpre-me aqui agradecer ao ex-alferes miliciano José Gonçalves (ao qual no início desta madrugada remeti email sobre o assunto), a disponibilidade para o pronto esclarecimento e exposição da verdade factual: a cerimónia da entrega de Cufar, foi digna; a Bandeira de Portugal, não estava esfarrapada.
Aos precedentes comentaristas – e demais visitantes deste blogue –, cumprimento e estendo a mão para, assim o bem entendam, aceitem a retractação e considerem para reflexão de fim-de-semana, os seguintes respigos...
Nada há mais abjecto
que apresentar em palavras como vitória
o que em factos foi uma derrota.
(Marcus Terentius)
Nas piores derrotas, são os pormenores favoráveis
já sem interesse
que devem aparecer como ponto essencial da informação.
(Lenine)
O mundo conduz-se por mentiras.
Quem quiser despertá-lo ou conduzi-lo,
cuidará de mentir delirantemente.
Fá-lo-á com tanto mais êxito,
quanto a si próprio mais mentir
e se compenetrar
da verdade da mentira que criou.
(Fernando Pessoa)
A única coisa nova no mundo
é a História que não conhecemos.
(Harry Truman)
O mais lesivo da verdade não é a sua revelação,
é a sua ocultação.
A verdade passa a ficar na dependência da fantasia de cada um.
Mas as palavras são assim.
Quando a gente as solta, não mais pode voltar a recolhê-las.
Uma lavagem ao cérebro colectivo
não se neutraliza só com golpes militares.
Quando os políticos aceitam nutrir as suas convicções de mitos confortáveis,
qualquer mentira serve.
Quando se mente,
é perigoso não ter memória!
(António Almeida Santos)
O importante é descrever o comportamento dos personagens
e tentar medir a distância
entre as suas declarações de intenção e respectiva actuação,
a fim de julgar a sua "moralidade" política e não o seu "realismo" político.
(Patrícia McGowan Pinheiro)
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