1. Comentário de Manuel Reis, com data de 22 de Outubro último, ao poste P7154 (*)
Amigos, camaradas:
Eu sei que não devia mexer no tema (**), atendendo a que sou considerado advogado em causa própria por um lado, e por outro lado o tema estar demasiado gasto. Longe de mim mais polémica sobre isto, apenas pretendo tecer alguns comentários sobre as fotos e esclarecer alguns pontos que foram referidos.
Diz o Indjai [, foto à direita,] que não possuíam armamento que destruíssem as placas de betão dos abrigos , o que contradiz o que nos foi relatado, em 1995 [, no antigo aquartelamento de Guileje,] pelo então Coronel (não me ocorre o nome) responsável pela Artilharia. Afirmou, então, que possuíam granadas perfurantes para o efeito.
Verdade? Mentira? Pouco importa. O que posso afirmar com total rigor é que nenhum dos abrigos com a placa de betão foi destruído, apesar de atingidos. Um abrigo antigo, de construção diferente, foi atingido e destruído, tendo aí morrido um furriel.
Ainda em 95 era bem visível o trabalho da nossa aviação, pelas crateras de grande dimensão que abriram no solo.
As granadas que se vêm, na sua maioria, estavam a descoberto em 95. É provável que, entretanto, tenham surgido mais. Na altura era impossível vasculhar todo o interior do aquartelamento.
O abrigo que se vê é idêntico a todos os outros, construídos com uma grossa placa de betão (40 cm?)
As granadas 11.4 eram em número elevado, já não existiam peças de artilharia para as despejar, em Maio de 73, e aguardavam a sua deslocação para outro local. As de calibre 14 foram despejadas às 3 da manhã, do dia 22, por 2 obuses.
À volta do aquartelamento existiam fornilhos comandados electricamente, mas o sistema não funcionava por deficiência da parte eléctrica. No meu meu tempo reviu-se uma parte da instalação, com alguns custos: 3 feridos, 2 deles com alguma gravidade.
Fora do aquartelamento praticamente não havia minas, a segurança exterior funcionava à base de armadilhas duplas nos 3 sentidos mais sensíveis: Gadamael, Mejo e Fronteira. Nesta última, havia uma mina, junto ao tronco de uma árvore, já próximo da picada que ligava Gandembel a Gadamael. As nossas milícias conheciam a sua localização, eram eles que a sinalizavam quando saíamos em patrulhamento para essa zona.
O modo como saímos de Guileje não nos permitia fazer as limpezas no interior e/ou exterior. Limpos éramos nós!
Permitam-me o atrevimento desta opinião: Se acaso Guileje tivesse o mesmo tipo de abrigos e valas que existiam em Gadamael, talvez não houvesse ninguém para contar.
Um abraço amigo.
Manuel Reis
[Ex-Alf Mil
da CCAV 8350, 1972/74] (***)
________________
Notas de L.G.:
(*) Vd. poste de 21 de Outubro de 2010 > Guiné 63/74 - P7154: (De) Caras (5): Silate Indjai, um dos primeiros guerrilheiros do PAIGC a entrar em Guileje, dirige agora os trabalhos de detecção e limpeza de UXO (Pepito)
(**) Úl timo poste desta série > 7 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6331: Dossiê Guileje / Gadamael (23): Algumas das razões do insucesso militar do PAIGC em Gadamael, Maio/Junho de 1973 (Nuno Rubim)
(***) Informação do próprio Reis:
(...) Tivemos 5 Comandantes de Companhia que passo a referir.
1º Abel Quintas- esteve no Cumeré e Guileje, sendo evacuado de Gadamael no dia 1 de Junho de1973;
2º Caetano - Esteve em Gadamael durante a permanência da C.CAV 8350 (2 de Junho de 73 a 18 de Julho de 73);
3º Patrocínio - Esteve no Cumeré e em Quinhamel de Agosto a Dezembro de 1973;
4º Reis - Esteve em Cumbijã e Colibuía, de Janeiro a Maio de 1974; [... mas este Reis não sou eu!!!]
5º Santos Vieira - Esteve em Cumbijã e Colibuía, de Maio a Agosto de 1974.
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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6 comentários:
Camaradas e amigos:
Há aqui um equívoco. O capitão Reis que refiro não é a minha pessoa, mas sim um capitão do Q.P. de Artilharia, actualmente General.
Um abraço para toda a tertúlia,
Manuel Reis
Manuel:
Já corrigi... Não sei onde fui buscar essa ideia (errada) de que tinhas sido comandante (interino) da tua companhia... Não serias um caso virgem no To da Guiné.
Peço desculpa por eventuais prejuízos morais que tal "enormidade" te possa ter trazido, mesmo que momentaneamente.
MANEL E VERDADE QUE ELES TINAM GRANADAS DO 120 PERFURANTES EU EM COPÁ VI OS BURACOS DELAS E DEPOIS QUANDO TIVEMOS O PRIMEIRO ENCONTRO COM ELES FALAMOS NESSAS GRANADAS E O QUE ME FOI EXPLICADO QUE ELAS TINHAM UM ENGENHO QUE AO PRIMEIRO IMPACTO RETARDAVA A EXPLOSÃO E VINHAM RODANDO. NUNCA ISTO FOI FALADO NO NOSSO BLOGUE, MAS PODE SER UM TEMA A DISCUTIR.
UM ABRAÇO DO TAMANHO DA GUINÉ PARA TI E TUA FAMÍLIA.
AMILCAR VENTURA EX-FURRIEL MILº MECÂNICO AUTO DA 1ªCCAV/BCAV 8323
PIRADA-BAJOCUNDA-COPÁ 73/74
Caro Luís:
Não era preciso tanto, está tudo bem, só era necessário rectificar.
A falha tambem é minha, o nome completo não me ocorreu na altura: Rui Manuel Martins Reis
Acabo de cometer o mesmo lapso, em que confundo o nome do médico de Gadamael com outro camarada-médico.
Fiz a rectificação e numa conversa telefónica, de mais de uma hora, arranjei mais um amigo e camarada, a quem sugeri que colaborasse connosco.
Ele tem muito para contar! E depois da nossa saída e do Batalhão de Paraquedistas,de Gadamael? Ele sabe.
Um abraço amigo
Manuel Reis
Camarada Amílcar Ventura
Os morteiros não têm estrias seja qual for o seu calibre.
Sendo assim, as granadas não podem ser rotativas.
AB
Luís Borrega
Caro Luís Borrega
Desculpa a minha ignorância, mas de armamento já não me lembro de nada. No entanto, creio estar certo se afirmar que não são só as estrias que dão o movimento de rotatividade aos projécteis.
O movimento de rotatividade poderá ser adquirido durante a trajectória, para tanto bastará o formato do projéctil. Até poderá ter, um par de alhetas dispostas para esse fim, na parte posterior do projéctil, embora criem mais atrito.
Não sei se seria o caso.
Um abraço
José Corceiro
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