quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Guiné 63/74 - P7154: (De) Caras (5): Silate Indjai, um dos primeiros guerrilheiros do PAIGC a entrar em Guileje, dirige agora os trabalhos de detecção e limpeza de UXO (Pepito)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 1 > Silate Indjai está a dirigir os trabalho de detecção e limpeza de minas e outros objectos explosivos não explodidos (UXO, em inglês). Foi  um dos primeiros guerrilheiros do PAIGC (*) a entrar no quartel após este ter sido abandonado. [Presumimos que seja nalu, natural do Cantanhez].


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 2 > Mais um abrigo destapado...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 3 > Granadas de artilharia (obus 14, peça 11.4...?)


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 4 > Mais granadas de artilharia...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 5 > Granadas diversas, incluindo de morteiro e bazuca.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 6 > Restos de cunhetes, metálicos, de munições



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 7 > Fragmentos de bombas da FAP


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973   > Foto nº 8 >  Novo abrigo descoberto



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 9 > Restos de redes de arame de camas... [Ou ferro do cimento armado, Pepito ?]


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973   > Foto nº 10 > Mais vestígios de camas no abrigo [ ?]...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 11 > [ Um tijolo, possivelmente, tijolo burro, que se usava para fazer o forno do p\ao,  com a marca da fábrica, possivelmente a Ceramica do Liz, SA, cuja historia remonta aos anos 30]...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 12 > Um artefacto  produzido por um militar da CCAÇ 3325 (À direita, a sua efígie)... Recorde/se que a CCAÇ 3325 esteve em Guileje, de Fev a Dez 1971, comandada pelo Cap Jorge Parracho, hoje coronel na reforma.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 13 > Uma garrafa de água mineral Bussaco...


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Outubro de 2010 > Escavações no antigo aquartelamento das NT, abandonado em 22 de Maio de 1973  > Foto nº 14 > Garrafa de refrigerante Convento, produzida (se não me engano) por uma empresa do concelho de Mafra, a Francisco Alves & Filho, com sede na Venda do Pinheiro...

Fotos:  © Pepito / AD -Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Mail do Pepito, com data de 17 do corrente:


Amigo Luís

Como te disse em email anterior, o ex-quartel de Guiledje está a ser limpo de minas e UXO [, 2ª fase, incluindo o perímetro exterior].

A primeira curiosidade advém do facto de que quem está a dirigir o trabalho, Silate Indjai (foto 1), ter sido um dos primeiros guerrilheiros do PAIGC a entrar no quartel [, em 25 de Maio de 1973,] após este ter sido abandonado [, três dias antes].

Sobre a controvérsia sobre quem destruiu o quartel após este ter sido tomado, conta ele que, passados uns dias e já sem ninguém do PAIGC no quartel, a aviação portuguesa bombardeou e destruiu o quartel, tendo agora sido recolhidos fragmentos dessas bombas (foto 7). 

Diz ele [, Silate Indjai,]  que, estando por ali perto, ouviu esses bombardeamentos, corroborando testemunhos avulsos que já nos tinham sido relatados ao longo destes anos em que estamos a "trabalhar" em Guiledje. 

Mais, segundo ele, os guerrilheiros nunca mais voltaram a este quartel até ao fim da guerra. Por outro lado, diz que os canhões do PAIGC nunca poderiam perfurar a cobertura dos paiois subterrâneos.

Sem querer tirar conclusões definitivas, apenas disponibilizo mais este relato. 
Outras fotos:


Foto 2: um dos abrigos que foi agora "destapado" para se retirarem os morteiros [ou granadas de obus ?] (muito perto do Museu)

Fotos 3-4-5: morteiros [ granadas de obus] e outros
Foto 6: caixas dos morteiros [granadas]
Foto 7: fragmentos de bombas aéreas
Foto 8: novo abrigo descoberto
Foto 9-10: camas metálicas [ ?] nos abrigos novos 
Foto 11: foi desenterrado este "tijolo", alguém saberá o que quer dizer ou a que se refere?
Foto 12: estava à entrada de um abrigo e penso ser o nº de uma companhia
Fotos 13-14: garrafas intactas

abraço
pepito

PS - Perdoa-me as designações militares do equipamento, morteiros, etc. Não percebo nada do assunto. Vais receber muitos emails, cada um com a sua foto.



2. Comentário de L.G.:


Obrigado, Pepito, pelas fotos e legendas... E sobretudo pela paixão com que pões a malta a escavar as entranhas de Guileje, que ainda têm muito que contar... e que vais preservar no núcleo museológico Memória de Guiledje. Tentei dar uma ajuda, complementado as tuas notas... 

Isto é um verdadeiro trabalho de arqueologia... Mas, atenção, diz à tua rapaziada: Safety, first! A Segurança, acima de tudo!... Esses brinquedos de morte ainda hoje podem matar!... Não quero que um dia destes nos mandes nenhuma funesta notícia, em relação com a eventual deflagração desses tais UXO (engenhos explosivos por deflagrar, do inglês Unexploded Ordnance...), podendo originar uma tragédia... Na guerra, a morte pegava-se de caras (**)... Felizmente, estamos agora em paz...Mantenhas para ti, o Domingos, o Silate e restante rapaziada... LG


PS - Já agora, não tens a história (resumida) do Silate Indjai, como guerrilheiro ? Por onde é que ele andou, com quem andou, que recordações tem, etc... Há um silêncio muito grande por parte dos homens (e mulheres) que lutaram, de armas na mão, nas fileiras do PAIGC... As suas histórias de vida podem e devem ser passadas a escrito e divulgadas... O blogue é nosso...

____________ 

14 comentários:

Luís Graça disse...

Pepito:

Eu sei que tu és um paisano, nunca foste à tropa, nem se calhar deste um tirinho na Feira Popular... Mas já convives com a malta, na nossa caserna da tropa, há quase uma boa meia dúzia de anos... Isto de pores os pobres dos tugas de Guileje a dormir em camas metálicas, é obra!... Ou se calhar, tens razão: eles foram tudo, até faquires!

Olha, estou admirado com a qualidade dos materiais usados pela Engenharia Militar na construção dos abrigos de Guileje que toda a gente diz que eram os melhores da Guiné... O Silate parece ter razão, aquelas placas de cimento armado eram capazes de aguentar bem o morteiro 120... E estão como novas!

Agora imagina o inferno de Gadamael, onde não havia abrigos, só valas... É bom que as crianças da Guiné e de Portugal, os nossos netos, que um dia tiverem a oportunidade de ver estas fotos (ou o sítio de Guileje, musealizado), possam e saibam compreender e interiorizar o horror, a inutilidade e a estupidez da guerra...

Anónimo disse...

O alerta do Luís é muito importante e deve ser levado muito a sério. Há poucos anos (julgo que há menos de 10) uma bomba ou mina, ou sei lá o quê, rebentou em Vila Franca do Campo, levando pelos ares o que restava de um antigo barracão onde tinha estado aquartelada uma unidade (ou servia só de armazém ou paiol, não me lembro) militar durante a II Guerra. Ficaram as paredes. Felizmente não houve desastres pessoais, pois estava desabitado.
Cuidado!
Abraço,
Carlos Cordeiro

Rogerio Cardoso disse...

Caro Pepito
Uma rectificação, a garrafa Bussaco, não era de água mineral mas sim de limonada, dida-se de passagem que era bem boa.
Rogerio-Cart643-Aguias Negras

Joaquim Mexia Alves disse...

Por acaso e se me permitem uma emenda, salvo melhor opinião.

O refrigerante Bussaco não era nem água mineral, nem limonada, mas sim laranjada e sim senhor, muito boa, porque eu, que me dedicava mais à cerveja e whisky, era a única laranjada que bebia de quando em vez.

Um abraço camarigo para todos

Luís Graça disse...

Obrigado ao Rogério e ao Joaquim pelos esclarecimentos adicionais, que vão melhorar as legendas das fotos e complementar as informações dadas pelo Pepito e pelos editores...

A Sociedade Refrigerantes Bussaco Lda (assim, com dois SS) ainda existe. Tem sede no Luso, Mealhada. É um "Produtor e distribuidor de refrigerantes, sumos, gasosas" e também "distribuidor de água mineral com e sem gás". Tem uma marca registada: "Bussaco"...

Estou como o Joaquim: embora a minha bebiba preferida fosse o "uísque, com duas pedras de gelo e água de Pérrier q.b.", lembro-me bem da garrafa de Bussaco, que de facto não era água mineral (confusão minha) mas sim laranjada...Havia também uma,da marca Laranjina C, com uma forma semelhante...

Quanto à laranjada da marca Convento, lembro-me bem da garrafa. Em 1973, estando a trabalhar em Mafra, na respectiva repartição de finanças, lembro-me de ter visitado a moderna fábrica de refrigerantes, em Venda do Pinheiro, da empresa Francisco Alves & Filhos Lda, e de ter participado num "jantar de Natal" oferecido pela administração à rapaziada do fisco... (Não devia fazer esta inconfidência, que um belo dia destes ainda se vai virar contra mim: "Com que então, seu s..., a gozar as delícias do sistema, no tempo do fascismo!)...
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http://www.pai.pt/refrigerantes/sociedade-refrigerantes-bussaco-lda/y:pt_2511064_1__1.html

Joaquim Mexia Alves disse...

Pois Luís, mas a garrafa da Laranjina C era mais redonda a imitar uma laranja, conforme se poderá ver aqui

http://fernaoferro.olx.pt/garrafa-antiga-laranjina-c-iid-58728420

E também era uma boa laranjada, nesse tempo.

Claro, nada que chegasse ao calcanhares de um Monks com água Perrier!

Um abraço

Luís Graça disse...

O António Martins Matos (tenente pilav, naquela época) é que nos pode esclarecer as dúvidas sobre os eventuais "restos das bombas" largadas pelos nossos aviões sobre Guileje, depois da retirada das NT...

A informação já não é "segredo de Estado" nem a sua divulgação atenta contra a segurança de ninguém... Imagino que ele tenha sido um dos nossos pilotos que lá largaram umas "ameixas"... Pelo que se observa, das fotografias, houve abrigos (e paióis) que resistiram, e bem, e muita granada de obus não explodiu nem por simpatia...

António, que tipo de bombas poderá ter usado a FAP no bombardeamento de Guileje, em finais de Maio de 1973 ou princípios de Junho ?

Tens aqui material para mostrares à gente, mais uma vez, o teu talento literário (e o teu sentido de humor).

C/ um abraço. Luís

Luís Graça disse...

A HUMAID era, há uma década atrás, a única organização civil que operava na Guiné-Bissau no campo da detecção e destruição de minas e outros UXO...

Num artigo de 2003, subscrito por um dos seus dirigentes (John Blacken, antigo embaixador norte-americano em Bissua), podia ler-se o seguinte:

"Over the past two years [, 2001 and 2002,], using mostly manual demining techniques, HUMAID deminers have cleared 299,033 sq m of land, removing a total of 18,415 explosives (2,420 AP mines, 65 AT mines, 182 anti-boat (AB) mines and 15,748 pieces of UXO).

"Additionally, upon request of the Guinean government, HUMAID has destroyed a total of 16,408 explosives (2,778 AP mines, 104 AT mines, 182 AB mines and 13,377 pieces of UXO) and removed 8,565 kg of metal from the ground." (...)


http://maic.jmu.edu/Journal/7.1/notes/sprinkel/sprinkel.htm

Felizmente, não fomos nós que lá deixámos mais lixo de morte... Claro que isso não serve de desculpa, para as pressas com que saímos de muitos (?) aquartelamentos, sem destruir paióis nem levantar ou destruir os campos de minas... (Uma boa questão para ser abordada no nosso blogue...).

As minas (e outros UXO) que têm matado ou ferido gravemente centenas de guineenses depois da independência, são sobretudo as que remontam ao período de guerra civil de 1998/99...

A origem da HUMAID remonta a 1999:

"Two years of civil war in 1998 left nearly 6,000 landmines in Guinea-Bissau’s capital, Bissau. An estimated additional 4,000 mines were planted in four areas in the south of the country. (These estimates do not include landmines and UXO leftover from the War for Independence that ended in 1974.)

"Once the civil war was resolved in 1999, a group of seven military veterans trained in demining methods decided to form HUMAID, under the incentive and direction of Canadian Elaine Grimson. When Grimson passed away later that year, former American Ambassador to Guinea-Bissau John Blacken was encouraged to take over her role as Administrator to HUMAID". (...)

Há gente que merece o nosso aplauso!!!

PS - Acabo de ler na imprensa que morreram ontem, em Angola, dois britânicos que estavam a trabalhar nos projectos de desminagem... São heróis da paz!!!

Luís Graça disse...

Com as pressas, não pus - como devia - a tradução portuguesa dos excertos, em inglês, do artigo do John Blacken sobre o papel da HUMAID na Guiné-Bissau... Aqui vai...

(...) "Nos últimos dois anos [, em 2001 e 2002], e utilizando principalmente técnicas de desminagem manuais, os sapadores da Humaid limparam 299033 metros quadrados de terreno, e removeram um total de 18415 explosivos (2420 minas antipessoais, 65 minas antitanque, 182 minas subaquáticas e 15748 outros engenhos explosivos por deflagrar [UXO].

"Além disso, e a pedido do governo guineense, a Humaid destruiu um total de 16408 explosivos (2778 minas antipessoal, 104 minas antitanque, as minas de 182 subaquáticas e 13377 outros engenhos explosivos por deflagrar [UXO]) e removeu 8565 kg de metal do chão." (...)

"Dois anos de guerra civil em 1998, deixaram cerca de 6000 minas terrestres na capital da Guiné-Bissau, Bissau. Estima-se que mais 4000 minas foram montadas em quatro áreas no sul do país. (Estas estimativas não incluem as minas terrestres e outros engenhos explosivos por deflagrar [UXO], da Guerra de Libertação, que terminou em 1974.)

"Quando a guerra civil terminou em 1999, um grupo de sete veteranos de guerra com formação em métodos de desminagem decidiram formar a Humaid, sob o incentivo e a direcção da canadiana Elaine Grimson. Quando Grimson faleceu no final daquele ano, o ex-embaixador americano na Guiné-Bissau, John Blacken, foi encorajado a assumir o papel de administrador da Humaid ". (...)

Traduzido de:

http://maic.jmu.edu/Journal/7.1/notes/sprinkel/sprinkel.htm

Amilcar Ventura Ex. Furriel Mil da 1ª comp BCAV8323 disse...

ESTA FOI A MISÉRIA QUE DEIXAMOS NA GUINÉ, GRANADAS DE TODO O TIPO ENTERRADAS, FELIZMENTE NA MINHA COMPANHIA FIZEMOS EXPLODIR TODO O MATERIAL OFENSIVO QUE TINHA-MOS E SE TODAS TIVESSEM FEITO O MESMO, TIVEMOS TEMPO PARA ISSO, NÃO O FIZERAM, FOI UM SALVE-SE QUEM PUDER E QUEM VIR ATRÁS QUE SE LIXE.


UM ABRAÇO DO TAMANHO DA GUINÉ PARA O PEPITO E TODA A GENTE QUE ESTÁ FAZENDO UMA GUINÉ MELHOR.

AMILCAR VENTURA EX-FURRIEL MILº MECÂNICO AUTO DA 1ªCCAV/BCAV 8323
PIRADA-BAJOCUNDA-COPÁ 73/74

Anónimo disse...

"As minas (e outros UXO) que têm matado ou ferido gravemente centenas de guineenses depois da independência, são sobretudo as que remontam ao período de guerra civil de 1998/99..."

Tem toda a razao...Mas nao igualmente deixa de ser verdade que la onde menos se espera, o perigo anda a solta !

Falou-se pouco disso na altura. Mas uma primeira tentativa de (des) armadilhar o terreno da guerra colonial ou de libertacao data pois do periodo susequente a independencia do territorio. E teve igualmente as suas baixas,nomeadamente tecnicos militares "russos" envolvidos nas operacoes de desminagem e (des) armadilhamento de alguns quarteis e guanicoes militares...

No entanto,dada a relacao densidade populacional/mine fields, e claro que a Humaid concentrou nos ultimos anos, as suas accoes na chamada periferia de Bissau..palco de alguns dos intensos combates opondo tropas leais ao presidente Nino Vieira, estas apoiadas por forcas do Senegal e da Guine Conacri aos militares revoltosos sob o comando do brigadeiro Ansumane Mane...durante a guerra civil de 1998/99.

Numa reportagem feita por mim ..versando os campos de minas na Guine o proprio John Blacken chamava a atencao para a urgencia de uma segunda fase dos trabalhos de desminagem e de identificacao e recolha dos UXOs vir a ter por cenario, o perimetro dos antigos quarteis do exercito colonial portugues, particularmente no sul do pais...

Para Blacken, apesar da vida e do dia a dia das populacoes locais decorrer com uma certa normalidade,nessas areas..o perigo nao deixa de estar soterrado a escacos palmos do solo...

E esta ardua e arriscada tarefa em curso em Guiledje, de forma elucidativa chapadas nas eloquentes fotos enviadas pelo Pepito..atestam o quanto o perigo anda a solta...precisamente la onde vive o povo..que mais sofreu com essa guerra...

E claro, por razoes e factos historicos sobejamente conhecidos
a experiencia da Guine, neste aspecto em particular de forma alguma se compara a de Angola, cujos "land mines fields" tive o privilegio de "percorrer" de les a les...e que ainda hoje vitimam..sobretudo criancas inocentes...

Por conseguinte...valha-nos a proteccao dos IRANS...a Guine e particularmente as populacoes rurais...

Ah facto curioso...e que entre as equipas envolvidas nos trabalhos da desminagem na Guine, fui encontrar antigos sapadores e operacionais nativos que serviram a tropa portuguesa, lado a lado a antigos guerrilheiros do PAIGC..movidos por um mesmo proposito...

Mantenhas
Nelson Herbert
USA

Anónimo disse...

"As minas (e outros UXO) que têm matado ou ferido gravemente centenas de guineenses depois da independência, são sobretudo as que remontam ao período de guerra civil de 1998/99..."

Tem toda a razao...Mas nao igualmente deixa de ser verdade que la onde menos se espera, o perigo anda a solta !

Falou-se pouco disso na altura. Mas uma primeira tentativa de (des) armadilhar o terreno da guerra colonial ou de libertacao data pois do periodo susequente a independencia do territorio. E teve igualmente as suas baixas,nomeadamente tecnicos militares "russos" envolvidos nas operacoes de desminagem e (des) armadilhamento de alguns quarteis e guanicoes militares...

No entanto,dada a relacao densidade populacional/mine fields, e claro que a Humaid concentrou nos ultimos anos, as suas accoes na chamada periferia de Bissau..palco de alguns dos intensos combates opondo tropas leais ao presidente Nino Vieira, estas apoiadas por forcas do Senegal e da Guine Conacri aos militares revoltosos sob o comando do brigadeiro Ansumane Mane...durante a guerra civil de 1998/99.

Numa reportagem feita por mim ..versando os campos de minas na Guine o proprio John Blacken chamava a atencao para a urgencia de uma segunda fase dos trabalhos de desminagem e de identificacao e recolha dos UXOs vir a ter por cenario, o perimetro dos antigos quarteis do exercito colonial portugues, particularmente no sul do pais...

Para Blacken, apesar da vida e do dia a dia das populacoes locais decorrer com uma certa normalidade,nessas areas..o perigo nao deixa de estar soterrado a escacos palmos do solo...

E esta ardua e arriscada tarefa em curso em Guiledje, de forma elucidativa chapadas nas eloquentes fotos enviadas pelo Pepito..atestam o quanto o perigo anda a solta...precisamente la onde vive o povo..que mais sofreu com essa guerra...

E claro, por razoes e factos historicos sobejamente conhecidos
a experiencia da Guine, neste aspecto em particular de forma alguma se compara a de Angola, cujos "land mines fields" tive o privilegio de "percorrer" de les a les...e que ainda hoje vitimam..sobretudo criancas inocentes...

Por conseguinte...valha-nos a proteccao dos IRANS...a Guine e particularmente as populacoes rurais...

Ah facto curioso...e que entre as equipas envolvidas nos trabalhos da desminagem na Guine, fui encontrar antigos sapadores e operacionais nativos que serviram a tropa portuguesa, lado a lado a antigos guerrilheiros do PAIGC..movidos por um mesmo proposito...

Mantenhas
Nelson Herbert
USA

Manuel Reis disse...

Amigos, camaradas:

Eu sei que não devia mexer no tema, atendendo a que sou considerado advogado em causa própria por um lado, e por outro lado o tema estar demasiado gasto.

Longe de mim mais polémica sobre isto, apenas pretendo tecer alguns comentários sobre as fotos e esclarecer alguns pontos que foram referidos.

Diz o Indjai que não possuiam armamento que destruissem as placas de betão dos abrigos o que contradiz o que nos foi relatado, em 1995, pelo então Coronel (não me ocorre o nome) responsável pela Artilharia. Afirmou,então, que possuiam granadas perfurantes para o efeito.
Verdade? Mentira? Pouco importa.

O que posso afirmar com total rigor é que nenhum dos abrigos com a placa de betão foi destruído, apesar de atingidos. Um abrigo antigo, de construção diferente, foi atingido e destruído, tendo aí morrido um furriel.

Ainda em 95 era bem visível o trabalho da nossa aviação, pelas crateras de grande dimensão que abriram no solo.

As granadas que se vêm, na sua maioria, estavam a descoberto em 95.É provável que,entretanto, tenham surgido mais. Na altura era impossível vasculhar todo o interior do aquartelamento.

O abrigo que se vê é idêntico a todos os outros, construidos com uma grossa placa de betão (40cm?)

As granadas 11.4 eram em número elevado, já não existiam obuses para as despejar, em Maio de 73, e aguardavam a sua deslocação para outro local. As de calibre 14 foram despejadas às 3 da manhã, do dia 22, por 2 obuses.

À volta do aquartelamento existiam fornilhos comandados electricamente, mas o sistema não funcionava por deficiência da parte eléctrica. No meu meu tempo reviu-se uma parte da instalacção,com alguns custos: 3 feridos, 2 deles com alguma gravidade.

Fora do aquartelamento praticamente não havia minas, a segurança exterior funcionava à base de armadilhas duplas nos 3 sentidos mais sensíveis: Gadamael, Mejo e Fronteira.Nesta última, havia uma mina, junto ao tronco de uma árvore, já próximo da picada que ligava Gandembel a Gadamael.
As nossas milicias conheciam a sua localização, eram eles que a sinalizavam quando saíamos em patrulhamento para essa zona.

O modo como saímos de Guileje não nos permitia fazer as limpezas no interior e/ou exterior.
Limpos éramos nós!

Permitam-me o atrevimento desta opinião: Se acaso Guileje tivesse o mesmo tipo de abrigos e valas que existiam em Gadamael, talvez não houvesse ninguém para contar.

Um abraço amigo.

Manuel Reis

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A garrafa de Bussaco não era "água mineral" mas "sumo" (ananás ou laranja)...Marca ainda comercialziada pela Sociedade de Refrigerantes Buçaco, Lda, fundada em 1921... LG