1. Comentário, ao poste P8828, do Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74; nosso bardo do Cantanhez. foto acima, em Cadiquel; autor da única história de Portugal em sextilhas que eu conheço):
Camarigo Juvenal,
Este é o segundo comentário que faço, uma vez que o anterior, inexplicavelmente, decidiu fazer pirraça e na hora de aparecer editado,fugiu algures para o éter... Consequências da minha nabice informática ? Mais que provável, apesar de por vezes me apetecer dizer que há censura na blogosfera...
Pois este teu texto teve o condão de fazer "acordar" algo que estava hibernando, faz tempo, nas gavetas da memória (*)...
O toque de alerta foi Carlos Santana, que quando ouvia me fazia sonhar vir a ser um executante quase mago como era o seu estatuto de instrumentista...
Na minha juventude,certamente como muitos milhares, andei "armado" em guitarrista em conjuntos (de pseudo-música...) aqui pela terra.
Um dia acordei, e entendi que me devia penitenciar pelo mal que fiz aos ouvidos de quem me via e ouvia "arrancar", na EKO vermelha e preta, uns ruídos que pretensamente, na altura, poderiam ser confundidos com música.
Decidi "ir tocar para outra freguesia", beneficiando assim quem tivera a infelicidade de assistir (sem arremessar objetos...) àquilo que pretensamente achávamos ser arte (eu e os outros iludidos músicos,obviamente)...
Mas dizia eu que, nessa altura, ouvia Santana, Rolling Stones, Beatles, Credence Clearwater Revival, Hollies, Hermans Hermits, Shadows, e tantos, tantos outros...
"Embebedava-me" (de tanto as ouvir) com as canções do Zeca, Adriano, Cília e outros baladeiros da contestação da épocal, para além de um que tinha uma particularidade, que era o facto de falar "axim" como em "Bijeu" (essa bela Viseu que me fascina). Chamava-se José Almada e tinha um single gravado que nunca me cansava de ouvir aquando da minha presença no Cantanhez (**).
Um dos títulos era "Mendigos" [, vd. aqui vídeo no You Tube]... É que o nosso ar miserável, de barba por fazer, roupas já rotas, e esfaimados, poderia perfeitamente ter servido para capa do disco.
A cassete (que de tanto uso envelhecera) fora-me enviada pela namorada, hoje mulher, e veio a acompanhar o calendário que fizera em papel quadriculado, que enviava em cada carta, que era devolvido na resposta e onde riscava os dias entretanto passados.
O prazer de fazer essas cruzes, muitas de uma vez, riscando os dias, dava-me alento para os que faltavam riscar...
Obrigado por teres feito acordar este momento.
abraço
Manuel Maia [, foto atual, à esquerda]
[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]
___________________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > > 12 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8665: (Ex)citações (148): Licenciamento e desmobilização dos Comandos Africanos (Joaquim Sabido)
(**) Sobre o cantor português José Almada (n.1951):
José de Almada Guedes Machado nasceu em Guimarães no dia 6 de Setembro de 1951. Gravou, em 1970, o LP "Homenagem", com arranjos e direcção de Pedro Osório, para a editora ZIP-ZIP. É editado ainda o EP "Mendigos" (1971).
Grava, em 1971, o EP "Vento Irado" [, foto da capa, à esquerda, cortesia do blogue Ié-iéque,], logo proibido pela Censura. Mobilizado para o ultramar, regressa após o 25 de Abril.
Este é o segundo comentário que faço, uma vez que o anterior, inexplicavelmente, decidiu fazer pirraça e na hora de aparecer editado,fugiu algures para o éter... Consequências da minha nabice informática ? Mais que provável, apesar de por vezes me apetecer dizer que há censura na blogosfera...
Pois este teu texto teve o condão de fazer "acordar" algo que estava hibernando, faz tempo, nas gavetas da memória (*)...
O toque de alerta foi Carlos Santana, que quando ouvia me fazia sonhar vir a ser um executante quase mago como era o seu estatuto de instrumentista...
Na minha juventude,certamente como muitos milhares, andei "armado" em guitarrista em conjuntos (de pseudo-música...) aqui pela terra.
Um dia acordei, e entendi que me devia penitenciar pelo mal que fiz aos ouvidos de quem me via e ouvia "arrancar", na EKO vermelha e preta, uns ruídos que pretensamente, na altura, poderiam ser confundidos com música.
Decidi "ir tocar para outra freguesia", beneficiando assim quem tivera a infelicidade de assistir (sem arremessar objetos...) àquilo que pretensamente achávamos ser arte (eu e os outros iludidos músicos,obviamente)...
Mas dizia eu que, nessa altura, ouvia Santana, Rolling Stones, Beatles, Credence Clearwater Revival, Hollies, Hermans Hermits, Shadows, e tantos, tantos outros...
"Embebedava-me" (de tanto as ouvir) com as canções do Zeca, Adriano, Cília e outros baladeiros da contestação da épocal, para além de um que tinha uma particularidade, que era o facto de falar "axim" como em "Bijeu" (essa bela Viseu que me fascina). Chamava-se José Almada e tinha um single gravado que nunca me cansava de ouvir aquando da minha presença no Cantanhez (**).
Um dos títulos era "Mendigos" [, vd. aqui vídeo no You Tube]... É que o nosso ar miserável, de barba por fazer, roupas já rotas, e esfaimados, poderia perfeitamente ter servido para capa do disco.
A cassete (que de tanto uso envelhecera) fora-me enviada pela namorada, hoje mulher, e veio a acompanhar o calendário que fizera em papel quadriculado, que enviava em cada carta, que era devolvido na resposta e onde riscava os dias entretanto passados.
O prazer de fazer essas cruzes, muitas de uma vez, riscando os dias, dava-me alento para os que faltavam riscar...
Obrigado por teres feito acordar este momento.
abraço
Manuel Maia [, foto atual, à esquerda]
[ Revisão / fixação de texto / título: L.G.]
___________________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > > 12 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8665: (Ex)citações (148): Licenciamento e desmobilização dos Comandos Africanos (Joaquim Sabido)
(**) Sobre o cantor português José Almada (n.1951):
José de Almada Guedes Machado nasceu em Guimarães no dia 6 de Setembro de 1951. Gravou, em 1970, o LP "Homenagem", com arranjos e direcção de Pedro Osório, para a editora ZIP-ZIP. É editado ainda o EP "Mendigos" (1971).
Grava, em 1971, o EP "Vento Irado" [, foto da capa, à esquerda, cortesia do blogue Ié-iéque,], logo proibido pela Censura. Mobilizado para o ultramar, regressa após o 25 de Abril.
Em 1975 grava o álbum "Não, Não, Não Me Estendas a Mão" para a Decca (Valentim de Carvalho).
3 comentários:
Manuel
A canção Pedro Louco ouvi muitas vezes e voltei a ouvir agora. Não conhecia o nome do cantor ou se conheci tinha-me esquecido.
Fizeste bem em recordá-lo.
Quanto ao teu lado musical, ao desistires se calhar passaste ao lado de uma grande carreira. Olha que há por aí muito boa gente, que se também tem desistido também não teria sido perca nenhuma. Estou a brincar, pois quem sou eu para criticar alguém, quando a única coisa que sei tocar é gira-discos ou leitor de CDs.
Um abraço
CARO lUIS,
OBRIGADO PELA INFORMAÇÃO EXAUSTIVA SOBRE JOSÉ ALMADA, COM QUE AMAVELMENTE ME BRINDASTE.
ABRAÇO
manuelmaia
Manuel
Realmente a foto "parece condizer" com o titulo do J Almada.E a calma quietude aparente que nela transparece,também´.
A minha era "Domingo à tarde",que me transportava a belos momentos passados em Évora!
À época,Também "baixei" num desses conjuntos (agora parece que são bandas)durante dois ou tres anos.Lembro-me de me divertir à brava.As "catraias"...
Ganhei bom dinheiro nessa brincadeira!
Um abraço
Luis Faria
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