terça-feira, 4 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8856: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (25): De Bissau a Kiev ou o percurso de um ex-rafeiro (Parte I) (Cherno Baldé)

1. Mensagem, de ontem, do nosso querido amigo e irmãozinho Cherno Baldé [, foto à esquerda, quando estudante em Kiev, em Maio de 1986]:


Caro amigo Luís Graça,

Juntamente, envio um texto de algumas páginas, onde transcrevo recordações do meu tempo de estudante em Bissau e das peripécias de uma viagem para estudos na ex-URSS.

Este texto também se enquadra, se concordarem, nas crónicas de memórias do Chico, menino e moço (*), versando um  ângulo diferente das crónicas anteriores a que os bloguistas, membros da nossa Tabanca Grande,  estarão habituados, mas tratando-se do mesmo estilo e da mesma vontade de informar, trocar impressões e de discutir ideias e paixões que me animaram desde o princípio, quando descobri, pela primeira vez,  os trilhos que me levaram à sombra deste poilão onde se abrigam alguns dos irreverentes soldados que outrora conheci e a que me juntei, por força do destino, nos aquartelamentos e nos campos de futebol improvisados, para viver alguns dos momentos mais divertidos da minha infância e que me marcaram para sempre, influenciando a minha forma de ser e de estar na vida, o trajeto de um antigo rafeiro que se fez homem da nossa atualidade emergente e global.

Se acharem que tem algum interesse para divulgação, dou o meu consentimento para publicarem conforme lhes convier.  

Um grande abraço deste vosso amigo e irmão,

Cherno Abdulai Baldé - Chico de Fajonquito.


2. DE BISSAU A KIEV OU O PERCURSO DE UM EX-RAFEIRO (Parte I)

por Cherno Baldé


(i) De Bafatá, a cidade de todos os sofrimentos, a Bissau onde  irá terminar, em 


Após cinco longos anos passados na cidade de Bafatá, em Setembro de 1979, o Chiquinho rumou para Bissau onde devia continuar os estudos. Do grupo de mais de cinquenta estudantes que com ele tinham vindo de Fajonquito e Contuboel, já não restavam, na corrida, mais do que cinco.

A viagem de Bafatá a Bissau já não se fazia de barco, como antigamente, mas por via terrestre, em autocarros de uma empresa pública (Silo Diata) que seguiam por uma estrada tortuosa penetrando o Óio pelas localidades de Banjara e passando depois por Mansabá e Mansoa, com as suas vendedeiras de sandes a enxamear a estrada de saída para Bissau. Nesta época de magras receitas, são muitas as famílias que vivem do labor fortuito destas incansáveis Bideiras de rua.

Mesmo se a euforia dos primeiros anos da independência ainda continuava a alimentar as nossas jovens esperanças, entretanto, muita coisa tinha mudado, pode-se dizer mesmo que, passados os primeiros cinco anos de independência, a auréola do partido libertador estava muito ofuscada. Tinham conseguido, em pouco espaço de tempo, relativo sucesso na industrialização do país, com fábricas e importantes investimentos em projetos agrícolas para experimentação e vulgarização de técnicas e variedades de arroz (DEPA’s), mas ao mesmo tempo, a fome que grassava nas cidades, apelidada por fome de Luís Cabral, ameaçava criar fissuras no novo e frágil edifício da construção da unidade nacional.

O governo, recusando-se a importar alimentos, apostava na capacidade da produção interna numa economia pequena, fraca e extrovertida caraterizada por uma baixa produtividade e com nível elevado de pobreza. Nessas condições, tratava-se de uma decisão politicamente bem justificada, mas economicamente mal aplicada cujas consequências imediatas serviriam de pretexto para o golpe militar de 1980 que tinha posto fim ao primeiro governo saído da independência.


(ii) De Bissau a Quinhamel: 

Em Bissau o Chiquinho encontrou o que não havia em Bafatá, sítios ideais para fugir da realidade e esconder-se da fome, chamavam-se bibliotecas. Foi nessa altura que ele deixou de ser o estudante aplicado, de caderno na mão, que sempre fora e passar a ser um rato de biblioteca, donde só saía para ir às aulas.

Adquiriu uma predileção especial na leitura de biografias de destacadas personalidades do mundo político, desde figuras sublimes e pacifistas onde pontilhavam o Mahatma Ghandi e Martin L. King, a algumas sulfurosas e místicas como Adolf Hitler ou do tipo subversivo e oportunista como Joseph Goebbels e Vladimir I. Lenine que, no fundo eram tão infelizes e solitários como ele próprio.

Quando terminava esta série, passava para os romances de Jorge Amado, vivendo os destinos trágicos dos seus personagens sui generis, tirados das favelas e praias de pescadores do nordeste brasileiro.

Dessas leituras deve ter cultivado, o Chiquinho, certa irreverência, sentido crítico e o pessimismo que ainda o caracterizam, assim como certa tendência para a evasão. Ele vivia no Bairro de Cupelum-de-Baixo em casa de um familiar, ex-combatente, e o sítio mais próximo era a embaixada da Líbia, na rua Pansau-Na-Isna, que liga o QG ao Hospital Simão Mendes, e onde metade do espólio era constituído por livros de Muahamar Kadhafi de conteúdo intragável mesmo para um aprendiz de revolução, ainda verde.

Em Junho de 1982, com o término do ensino secundário no liceu Kwame N’krumah (antigo Honório Barreto) de Bissau, tinha-se cumprido, finalmente, uma meta importante na sua vida que, alguns anos antes, não passava de um sonho longínquo. Tinha sido necessário percorrer um caminho bastante atribulado e consentir um enorme sacrifício pessoal. Fazer o 7° ano dos Liceus ou finalizar, como se dizia na altura, era um objetivo a que muito poucos jovens da sua geração e condição social podiam almejar.

Pensando agora no futuro, ele tinha feito um pedido no Ministério da Educação solicitando um lugar para lecionar como voluntário, condição que, em princípio todos deveriam preencher antes de pretender candidatar-se a bolsa de estudos para o exterior, mas a que, na verdade, alguns conseguiam esquivar-se, acedendo diretamente às bolsas para países da sua escolha. Eram todos iguais, mas uns eram mais iguais que outros. Mais que poder continuar os estudos, a sua maior expetativa residia, de facto, na possibilidade de poder voar para longe, conhecer outros países, outras gentes, outras bibliotecas.

(iii) Mais vale a sétima sorte do que o sétimo ano, diziam os vizinhos invejosos de Fajonquito

A seguir, ele aproveitou para visitar a família durante as férias grandes (de Agosto a Setembro) em Fajonquito. Na verdade tratava-se de uma visita de regozijo pessoal para acenar aos colegas o seu estatuto de finalista. Durante muitos anos tinha sonhado com este dia, imaginando os mais diversos cenários, como se o mundo fosse mudar com este trivial acontecimento. No fim, não só não aconteceu nada de especial, mas ainda teve que ouvir e engolir alguns ditos maldosos de colegas e de pais invejosos que diziam na sua cara preferir a sétima sorte em lugar do sétimo ano.

A sétima sorte, onde estava ela!?... O Chiquinho não sabia que o trabalho e o esforço pessoal pudessem dar a tal sétima sorte. Tratava-se de palavras ocas, carregadas de inveja e de mesquinhez de gente que era incapaz de fazer melhor. O seu pai, esse, estava feliz, imaginando poder contar em breve com a sua contribuição no sustento da numerosa família.

Quando voltou à capital já tinham feito a colocação sem contar com ele. Por preencher restavam somente alguns postos de escolas situadas em localidades pouco atrativas. Assim, ele teve que escolher entre uma escola de Susana e outra de Quinhamel. Sendo originário do leste, era a primeira vez que ouvia falar dessas duas localidades, pelo que se deixou guiar pela intuição e pela música da intonação. Escolheu Susana, bonito nome, e parecia-lhe estar a ver a aparência das meninas locais, susanamente lindas. Devia voltar no dia seguinte para as formalidades.

“Deus ki ta bana baka ki katen rabu” (É Deus quem afasta as moscas da vaca sem rabo), diz um provérbio guineense e foi o que aconteceu com ele. No dia seguinte já só restava uma única possibilidade, a de Quinhamel, alguém tinha ocupado o posto de Susana. Ainda bem. Só muito mais tarde saberia da sorte que acabava de ter. Nesse mesmo dia pegou na guia de marcha sem perder mais tempo e foi descobrir,  não muito longe de Bissau,  uma pequena vila adormecida à volta de palmeirais e cajueiros e pendurada nos dois lados da estrada entre Bissau e Pikin, nas margens do oceano atlântico.

No fundo, o local de afetação era-lhe indiferente desde que não se chamasse Bafatá, a cidade de todos os sofrimentos. Assim, Quinhamel ultrapassaria todas as suas expetativas. Tinha uma escola nova, construída e equipada pela cooperação sueca, um excelente ambiente de vida e camaradagem entre os educadores pouco educados que eles eram, longe dos rigores religiosos do chão fula e muçulmano onde o gesto mais banal era um sacrilégio, onde jovens ainda na flor da idade tinham que encher os ouvidos com sermões obscuros em que o último dos profetas distribuía lugares no cruzamento entre o fogo do inferno e a frescura da glória.

Em Quinhamel residiam meninas simpáticas vindas das localidades circunvizinhas. Os costumes locais, superficialmente tocados por uma igreja católica que o advento da independência colocara fora de jogo, eram muito brandos,  o que favorecia um convívio mais livre e saudável entre os jovens. Nos fins de semana ele voltava a Bissau para informar-se das notícias da família.

Aqui, de forma inesperada, ele começou a frequentar a missão católica local onde fez amizade com uma diocesana brasileira (Irma Beatriz) que lhe ensinava a arte de tocar violão com a Bíblia por baixo e, também, começou a colaborar nas atividades da Juventude do partido (JAAC) através de colegas que faziam parte da sua direção regional e, por esta via, circulava muito entre as aldeias da zona, integrando, por vezes, as comissões de redação no decorrer das conferências do partido que se organizavam todos os anos.

Se bem que colaborasse com a Juventude [do PAIGC], no seu forro íntimo, detestava o partido pelos crimes cometidos na sua terra natal e tinha guardada dentro de si a promessa de nunca integrar as suas fileiras. Estes encontros, já sem qualquer interesse político, eram momentos de verdadeiras orgias festivas onde as bebedeiras eram uma constante. Não era raro acontecer em plena reunião que grande parte dos distintos camaradas delegados estivesse a dormir numa boa, embalados pela monotonia dos discursos e pelo vinho de caju, abundante na região. Sem o saber, esta sua aparente adesão viria a ser importante para a obtenção da bolsa de estudos.

Dois anos mais tarde, o Chiquinho fez o pedido da bolsa para o estrangeiro, com boas referências da comissão regional da juventude de que fazia parte, ainda assim, só viria a ser atendido em 1985. Neste ano, ele fez parte do grupo de estudantes contemplados com bolsa de estudos para a URSS.

Depois de ter encabeçado durante muitos anos a sua lista de preferências, curiosamente, [a URSS] já não era o país que mais desejava, mas seria uma grande sorte se conseguisse partir. Durante alguns meses reinou a dúvida e a incerteza quanto à viagem, devido a informações contraditórias e às mudanças de última hora nas listas de bolseiros. Ele acreditava tratar-se da tal “sétima sorte” de que tanto ouvira falar na sua aldeia, durante as férias.

Pensando bem, havia muito tempo que convivia com ela, a sétima sorte, desde os dias em que ainda criança, armado com um simples bastão, seguia atrás de manadas de gado bovino em louca correria, fugindo das rajadas de vento carregadas de chuva, pelas bolanhas de Berecolon, zonas deixadas há muito para a gente do mato ou quando se pendurava escondido, nas traseiras de um velho Unimog que ia buscar água para a tropa em Contuboel, no rio Geba, a uma distância de 30 km, colocando o seu amigo Dias perante o facto consumado.


(Continua)

[Fixação / revisão de texto, L.G.]

________________
 
Nota do editor:
 
Último poste da série 23 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7986: Memórias do Chico, menino e moço (24): Versos da juventude (Kiev, 1987/90; Bissau, 1990) (Cherno Baldé)


19 comentários:

Anónimo disse...

É sempre um prazer ler o que escrevce este Cherno Baldé.

Um grande abraço para ele.
BSardinha

Anónimo disse...

Caro Cherno:

Assim aprendo (aprendemos, julgo eu).Numa linguagem límpida, despretensiosa, sem preconceitos, consegues biografar o teu passado com uma frescura rara. E, o que é sempre difícil, consegues fazê-lo sem a perigosa tentação de catequisar. Continua, por favor.
Um abraço.
Carvalho de Mampatá

Torcato Mendonca disse...

Caro Cherno
Ia embalado (como se diz na minha terra) nesta leitura. Terminou... espero que brevemente continues.

Gostei imenso. Tinha seguido os outros escritos das "Memórias..." agora há motivos para eu aprender algo sobre a vossa estadia na ex-URSS.
Escritos por quem os viveu.
Abraço amigo do T.

antonio graça de abreu disse...

Meu caro Cherno Baldé

Uma delícia, impecável a história das tuas vivências!...
E a Irmã Beatriz, brasileira, em Quinhamel a ensinar-te "a arte de tocar violão com a Bíblia por baixo".
Que Deus nos perdõe...

Falta a URSS, com a Tatiana Ulianova a pedir-te para lhe dedilhares a balalaika.

Desculpa as ironias,(que Deus me perdõe, outra vez!) o teu texto é mesmo muito bom, sentido, autêntico, de um grande ser humano, nosso irmão, chamado Cherno Baldé.

Forte abraço,

António Graça de Abreu

Luís Dias disse...

Caro Cherno

Sou um leitor que lê com prazer o que usualmente escreves nesta nossa Tabanca Grande. Mais uma vez não deixaste os teus créditos por mãos alheias, neste teu "desenho" do percurso das tuas vivências e fico à espera da continuação,com a ansiedade e a água na boca que tu nos puseste com esta tua história.
Um abraço
Luís Dias

José Nunes disse...

Camarigo Cherno
Quando ia embalado na leitura terminou,espero ávido pelos novos capitulos,deves ser do primeiro bolseiro a trazer-nos a vivência de um africano na urss,espero ancioso.Um Abraço
José Nunes

Anónimo disse...

Cherno

Lindo! Venha mais para podermos ler coisas como "...poder voar para longe, conhecer outros países, outras gentes, outras bibliotecas".

Será que podemos saber o que é a "sétima sorte"?

Alberto Branquinho

Luís Graça disse...

Decisão difícil, a do editor: não sei se o Cherno Baldé avaliza (ou não) o meu procedimento de fixação do seu texto, em conformidade com o Novo Acordo Ortográfico...

Pareceu-me que ele "seguia" o acordo, na maior parte do texto (que, por ser extenso, tem de ser publicado em duas ou três partes).

Espero que ele me diga qualquer coisa, na volta do correio, a este respeito...

De qualquer modo, para mim, o que é mais importante é que a gente se entenda sempre, e de preferência em "bom português"... E o do Cherno Baldé é de cinco estrelas!

Parabéns! Não é a primeira vez que o felicito também pela qualidade da sua escrita.

Mantenhas. Luís Graça

Luís Graça disse...

1. Do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

rafeiro
adj. s. m.
1. Diz-se de certa casta de cães para guardar o gado.
2. [Figurado] Indivíduo que acompanha sempre outro, como o cão acompanha o dono; bajulador.

2. Cherno, menino e moço, "rafeiro" de Fajonquito... Admiráveis são as tuas páginas, aqui já divulgadas nestes últimos tempos, sobre a tua "idade de ouro" em Fajonquito...

Podem roubar-te tudo, meu irmãozinho, tudo menos a tua infância, passada entre os tugas de fajonquito...

Editor, procura-se, para passar a livro as "aventuras" deste "rafeiro", que tem uma genial sentido de observação (crítica) e de fino humor!...

O Cherno Baldé é uma parte, integrante e empolgante, do país dos fulas, dos balantas, dos mandingas, dos manjacos e demais "guinéus" que afinal não quis não ser de Cabral...

Hoje, são nossos irmãos e parceiros da lusofonia!...

Bolas, não há ninguém na Fundação Calouste Gulbenkian que leia o nosso blogue ? Ou noutra Fundação qualquer, que já tenha percebido, mininamente, o que é isso de milhões de homens e mulheres se entenderem, visceralmente, em "português" ?

Passem a mensagem/massagem... LG

Torcato Mendonca disse...

O texto inicialmente vinha segundo o acordo ortográfico? Não. Para mim a sonoridade é outra. A Lusofonia é discutível. O que, para mim não é de modo algum discutível é a beleza da escrita do Cherno, um escrito que nos embala, nos delicia, nos deixa em suspenso e á espera de mais, da continuação, do desejo de saber como ele viu nos antigos Países de Leste,o desejo continuo de aprender com ele o ontem de menino, de adolescente e de Homem Inteiro que hoje é. Sempre o li, me deliciei, aprendi e me borrifo em acordos ortográficos e Lusofonia. A amizade entre os Povos é assunto sério. Discuti-lo aqui é difícil.
Luís,ontem telefonei-te porque não o queria dizer em aberto como agora o faço.Escreveste o que o blogue deve ser e eu concordo. Que fique entendido isto: ia seguir um escrito meu.Não vai. Nego-me a escrever segundo um acordo com o qual estou discordante.COM ACORDO NUNCA MAIS ESCREVO AQUI E NÃO QUERO SER COLABORADOR OU MEMBRO DESTE BLOGUE. Sou pela liberdade da escrita, do bom relacionamento e amizade entre os Povos, contra qualquer descriminação e não necessito de acordos ou palavras ocas.Também me choca a palavra "rafeiro" mas compreendo-o- Vivi nas Tabancas com miúdos como ele.
AB T.

Carlos Vinhal disse...

Devo começar por dar os parabéns ao "nosso pequeno" Cherno Baldé pelo seu texto e pela narração da sua odisseia enquanto estudante do mundo.
A seguir quero sossegar o camarada Torcato Mendonça porque não é necessário "aderir" ao novo acordo ortográfico para continuar como membro activo da Tabanca Grande, e prometer que pela minha parte transcreverei exactamente o seu texto como me chegar à mão. Eu próprio sou contra o novo Acordo porque estamos cada vez mais a perder a nossa identidade. Até na língua escrita. Qualquer dia estamos todos a falar e a escrever brasileirês e a adoptar aqueles nomes tão "bonitos" e "sonantes" que estamos habituados a ouvir nas telenovelas e nos nomes de jogadores de futebol oriundos do Brasil.
Carlos Vinhal
Co-editor

Anónimo disse...

GANDA CARLOS! (VINHAL)

Disse!
E mais não é necessário.
Mil Abraços

Alberto Branquinho

Hélder Valério disse...

Caro Cherno

Leio sempre com muito interesse e atenção os teus escritos, sejam os textos ou artigos, como também os comentários.
Nem sempre me expresso sobre eles, para não ser repetitivo.

Mas desta vez vou referir que fico com muita expectativa no seguimento deste teu relato dum percurso de vida pois parece-me que tem fôlego suficiente para se tornar não só no tal relato do percurso de vida como também permitirá conhecer como as coisas se cozinhavam e se movimentavam nesses lugares longínquos e nesses tempos.

Mas quero também dizer-te que és um Homem de coragem. Coragem em expores-te assim, com o percurso da tua infância, agora com a tua juventude e com o que se irá seguir na idade adulta. Na revelação das tuas convicções. Na determinação resultante das tuas observações. Na capacidade de, mantendo as tuas raízes etnicas e religiosas, não seres preconceituoso em relação ao contacto com outras realidades.

Parabéns, Cherno
Abraço
Hélder S.

Luís Graça disse...

Não percamos tempo com as guerras do (des)acordo ortográfico... Já bastam os outros tiros que às vezes damos nos pés...

Que eu saiba, eu sou o único editor do blogue que defende,publicamente, o acordo. E não nos zangamos por isso.

O texto do Cherno pareceu-me estar, em grande parte, em conformidade com o Acordo... Ele não era explícito sobre este assunto... Limitei-me, como editor, a "uniformizar"...

Eu sigo o acordo... Apoio, mas não imponho a "regra" a ninguém... E muito menos ao meu muy querido amigo Torcato... Já lho disse pessoalmente há umas horas atrás...

Agora vou-me deitar. Acabei de fazer um texto, profissional, para uma audiência luso-angolana... Segui naturalmente o acordo...

Concordo que o mais importante é a gente saber comunicar (=pôr em comum)... E isso vai muito para além da ortografia... Claro que é importante o código sócio-linguístico...

De qualquer modo, este é assunto para debater, com serenidade, no nosso blogue... Bons sonhos matinais. Luís Graça

Luís Graça disse...

1. O termo "rafeiro" ou "ex-rafeiro" é do próprio autor e vem no título, que respeitei na íntegra...

2. O Cherno usa um teclado sem a os carateres portugueses... tal como por exemplo o J. Belo, que vive na Suécia. Eis o mail do Cherno que tive de rever (tal como todo o texto que vinha em anexo):

"Caro amigo Luis Graca,

"Juntamente, envio um texto de algumas paginas, onde transcrevo recordacoes do meu tempo de estudante em Bissau e das peripecias de uma viagem para estudos na ex-URSS. Este texto tambem se enquadra, se concordarem, nas cronicas de memorias do Chico, menino e moco, versando um angulo diferente das cronicas anteriores a que os bloguistas, membros da nossa Tabanca Grande estarao habituados, mas tratando-se do mesmo estilo e da mesma vontade de informar, trocar impressoes e de discutir ideias e paixoes que me animaram desde o principio, quando descobri, pela primeira vez, os trilhos que me levaram a sombra deste poilao onde se abrigam alguns dos irreverentes soldados que outrora conheci e me juntei, por forca do destino, nos aquartelamentos e nos campos de futebol improvisados, para viver alguns dos momentos mais divertidos da minha infancia e que me marcaram para sempre, influenciando a minha forma de ser e de estar na vida, o trajeto de um antigo rafeiro que se fez homem da nossa actualidade emergente e global.

"Se acharem que tem algum interesse para divulgacao, dou o meu consentimento para publicarem conforme lhes convier.

"Um grande abraco deste vosso amigo e irmao,

"Cherno Abdulai Baldé - Chico de Fajonquito".

Luís Graça disse...

Ainda não uso, mas é bom saber que existe...Lince, conversor para a nova ortografia.

Disponível no Portal da Língua Portuguesa:


"O Lince é uma ferramenta de apoio à implementação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que converte o conteúdo de ficheiros de texto para a grafia neste momento a ser introduzida em vários países do espaço da CPLP. Suporta vários formatos e permite converter em simultâneo um número elevado de ficheiros de qualquer dimensão. Pode ficar a saber mais acerca do Lince na página de apresentação detalhada".

http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=lince

Joaquim Mexia Alves disse...

Belo texto, fluente, "limpo", que prende á narrativa.

Parabéns Cherno!

Fico à espera do resto, com muita vontade de ler.

Quanto àquela coisa a que chamam acordo ortográfico, e que foi decidido por uns quantos em detrimento, (tenho a certeza), da maioria dos Portugueses, renego-a total e absolutamente e nunca ninguém me verá escrever de tal forma.

Ao abastardamento da cultura e tradição Portuguesas, seguiu-se o abastardamento daquilo que constitui a máxima identidade de Portugal e dos Portugueses: a sua língua.

Nunca tal se viu!

Vão lá dizer aos ingleses, aos franceses, aos espanhóis, para fazerem acordos desses e eles riem-se na cara de quem lho disser.

Mas chega, que este não é o espaço para tal.

Fico descansado com as informações posteriores que tal "coisa" não será aplicada na nossa Tabanca Grande como obrigatória, pois se não, com garnde pena minha deixaria de prestar aqui o meu contributo escrito.

Um grande e camarigo abraço e desculpem "lá qualquer coisinha".

Anónimo disse...

Amigo Cherno e Camarigos
Permitam-me uma citação de Oscar Wilde, independentemente dos vossos gostos e valores literários:

"Para escrever só existem duas regras: ter algo a dizer e dizê-lo."

Amigo Cherno, continua a escrever e que a mão não te doa, porque tens muito para dizer, mas por favor continua a fazê-lo, como sempre fizeste, à tua maneira.
Foi assim que me cativas-te, cada post, cada comentário, teu, ganharam o meu respeito e a admiração pela tua pessoa. E não foi por nostalgia ou pelo sentimentalismo de ter estado ligado à Guiné, que não conheço. Não, foi por outra ordem de razões.

Sem acordo ortográfico, sempre nos entende-mos (eu pelo menos me entendi) com as obras dos grandes escritores que escrevem na língua de Camões, aqui quero-me referir em particular aos oriundos das ex - Colónias e Brasil, é esta diversidade que enriquece a nossa língua. Quando nos escapa uma palavra, uma ideia, há que ir à procura dela. Perdoem-me os que não pensam assim.

Acabo como comecei, com outra citação do mesmo autor:
"As piores obras são sempre as que são feitas com as melhores intenções."

Um abraço ao Cherno
Saudações a toda a Tabanca
A. Almeida ex-Fur.Milº

Luís Dias disse...

Caros Camaradas

Ainda bem que o Comandante Luís Graça veio a terreiro, não obstante defender o acordo ortográfico, de dar liberdade aos tertulianos de continuarem a escrever em bom português, que é, do meu ponto de vista, o escrever de acordo com o nosso uso e costume, ou seja em português e em desacordo com o tal acordo.
Um abraço
Luís Dias