Guiné > Zona Leste > Setor L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Fotos Falanets II > Foto nº 47 > Em Mansambo, uma das mais paradísiacas estâncias de turismo militar no Leste, também havia rancho melhorado... Por exemplo, leitão balanta...
Foto: © Torcato Mendonça (2006). Todos os direitos
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1. Compilação de comentários do Torcato Mendonça e do José Brás ao poste P9246 (*):
(i) Torcato Mendonça:
Zé Brás: Agora li-te e vi que eras vagomestre ou coisa parecida. A minha CART tinha um. Mas quem organizava tudo era o 1º Sargento e não sei (ou sei?) quem mais. Eram os profissionais, os tais de uma comissão e fazem contas à vidinha.
- Vocês - dizia ele para os Furriéis de modo a ser ouvido por outros, a quem não diria, assim cara a cara -, vocês vão e dois anos depois acabou. Nós já estamos com algumas comissões…
- Vocês - dizia ele para os Furriéis de modo a ser ouvido por outros, a quem não diria, assim cara a cara -, vocês vão e dois anos depois acabou. Nós já estamos com algumas comissões…
Eu esperava o dia. Já tinha havido “baile” e os papéis...enfim. Um dia ri-me, se me ri. Caímos em valente emboscada e o homem vinha para férias. Acabou o tiroteio, as voltas normais e está a andar. Olho para o Nosso Primeiro:
- Porra, que cara é essa?
- Porra, que cara é essa?
Ainda tinha o sangue nos calcanhares..., diacho, que raio de profissional! ... E ria...Ai os profissionais! Ele diz-me:
- Queria encontrá-lo quando viesse de férias.
- Queria encontrá-lo quando viesse de férias.
O que vi levanta-me dúvidas. Olá, pensei eu...Nada contra os profissionais operacionais. Estes eram de secretaria. Competente nisso e, por isso mesmo, governava a papelada e os eteceteras burocráticos da Companhia. Eu quase que ia ficando na Comissão Liquidatária, pois comandava a CART [2339]. Não fiquei, para alegria dele(s).
O vagomestre ou mestre vago era (e é) um óptimo rapaz. Não tinha lança, não via moínhos e, se Dulcinea tivesse, era na terra dele. Menos ainda um Sancho...Assim tentava dar o melhor,ia de quando em vez numa coluna ao Sonaco [, a norte de Contuboel], terra de vacas .
O vagomestre ou mestre vago era (e é) um óptimo rapaz. Não tinha lança, não via moínhos e, se Dulcinea tivesse, era na terra dele. Menos ainda um Sancho...Assim tentava dar o melhor,ia de quando em vez numa coluna ao Sonaco [, a norte de Contuboel], terra de vacas .
Não tínhamos messe ou comida diferenciada de outros militares.Todos comiam e dormiam de forma igual. Foi essa a instrução recebida e praticada em Mansambo. Haviam duas mesas, uma pequena para oficiais e outra maior para sargentos. Estavam na metade interior de um abrigo em L; na outra metade estava o salão de festas (10/12 m2) de uma parte do meu grupo. Servia, aquele espaço de tudo, salão de refeições, de reuniões, de convívio e bar.
Sim, de bar. Havia um frigorífico a petróleo mas quando os 10,5 disparavam, fornicavam os vidros da "chama" e nem sempre havia substitutos.Uma deliciosa merda, pá.
Nas Tabancas era pior e chegamos a comer feijão frade com feijão frade. Até o óleo da lata das cavalas se finou. Cavalas há muito que tinham cavado. Em visita o General resolveu a situação. Até tabaco houve nesse dia.Tabaco pá em cigarros. Felizmente, pois tudo se estava a acabar. Até as quecas se foram...
Áh...quanto custava uma Companhia. Nisso falamos fora da época do Papai Noel... Carrito?... Ainda, uns fulanos que por aí andam, nos vão ao bolso para o tal "fundo de reserva"...
Nas Tabancas era pior e chegamos a comer feijão frade com feijão frade. Até o óleo da lata das cavalas se finou. Cavalas há muito que tinham cavado. Em visita o General resolveu a situação. Até tabaco houve nesse dia.Tabaco pá em cigarros. Felizmente, pois tudo se estava a acabar. Até as quecas se foram...
Áh...quanto custava uma Companhia. Nisso falamos fora da época do Papai Noel... Carrito?... Ainda, uns fulanos que por aí andam, nos vão ao bolso para o tal "fundo de reserva"...
(ii) José Brás:
Torcato: Não, não [era] vago mestre nem mestre vago. Apenas um gajo mais daquele que refilavam da merda da mesa porque, pelo menos era o que parecia, havia quem quisesse comprar carrinho se voltasse.
O maior refilão e mais teimoso dos refilões era eu, até que o Capitão (que também havia de andar com fome), deu um murro na mesa e gritou:
- Porra, Zé Brás, você vai ser o próximo gerente da messe para sorjas e oficiais.
E fui. E desatei a caprichar. Aquilo já não era a mesma coisa. Caramba! Arrisquei o pêlo algumas vezes indo a sítios danados quase sozinho. Num mês dei duas vezes leitão. A comida era boa e sobrava ainda para alguns soldados mais próximos da cozinha.
Comprei copos de vidro, toalhas de mesa e outros luxos. No fim, o que sobrou não dava nem para cãozinho daqueles que abanam a cabeça sobre colcha colorida na retaguarda do carro/projecto do Primeiro.
Houve mosquitos por cordas porque o homem explicava-me que numa boa administração tinha que se construir um fundo de reserva, e eu explicava-lhe que da dotação para a barriguinha da malta não se podia fazer, nem fundo nem reserva, coisas do meu avô que comia mal hoje com medo de ter de comer mal amanhã.
De novo o comandante comandou:
- Gaita, pá. Ou se calam ou dou uma porrada num e não será no que me trata tão bem.
___________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 21 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9246: O meu Natal no mato (39): Mejo, 1- Guileje, 0 (José Brás)
(**) Último poste da série > 18 de dezembro de 2011 > Guiné
63/74 - P9225: (Ex)citações (166): Gostei dos que… gostaram e gostei, juro que
não menos, dos que não gostaram (José Brás)
10 comentários:
Camaradas,
Aqui se contam duas estórias sobre a alimentação dos militares durante a guerra na Guiné.
Infelizmente, essa era uma área de negócio que desenvolvia, por um lado a ganância, por outro as divisões e os riscos para a saúde.
As tropas em quadrícula tinham muita autonomia financeira e não estavam sugeitas a auditorias, pelo que as transigentes relações do Estado Maior com Batalhões e Companhias, proporcionava descarados locupletançoes que não eram denunciados com medo da represália. Honra às excepções!
Também por isso considero que o ComChefe não soube criar estruturas que permitissem maior coesão entre as tropas.
JD
Bem, vou-me intrometer nestas estorias da vagomestria, contadas com muito humor e saber pelos camaradas Torcato e Ze Bras.
O vagomestre da minha companhia, mal teve tempo de por o p´e em terra, passadas poucas horas foi evacuado para a psiquiatria. Não sei que diabo de bicho lhe mordeu ... tiros não houve e o local, um pouco acanhado, não era tão desprezivel assim.
Foi substitu´´ido por um furriel do meu grupo, com conhecimentos em Contabilidade. Rapaz excelente, bom amigo, ia cumprindo a sua missão sob a supervisão dos dois sargentos, que lhe vigiavam os caldos! Nunca tive grande apetência para conhecer os meandros da vagomestria, at´´e ao dia em que tive de substituir o Comandante de Companhia, que se ausentou para gozo de f´´erias. Não me parece oportuno alongar-me na variedade dos caldos, seus custos, etc, etc, etc..
No dia da retirada de Guileje para Gadamael, a quatro kms deste aquartelamento, rebenta um vilento ataque de abelhas e ai´ safe-se quem puder. O 1º Sargento era portador duma sacola com bastante dinheiro, que era pertença da Companhia e o do Comandante (a maior fatia) . A luta entre o Sargento, agarrado ``a sacola, e as abelhas foi titânica. Ganharam as abelhas, a sacola s´´o foi recuperada no dia seguinte.
Um abraço.
Manuel Reis
Camaradas,
Aproveitando a "onda" da vagomestria,vou confessar-vos que exerci essa especialidade durante trinta e cinco dias(nas 1ªas férias do titular do cargo) já que na qualidade de maior contestatário da minha companhia(assim a modos como o Zé Brás,pelo que li...)e como o "restaurant" servia apenas as "desgraças" que todos conhecemos,como esparguete com duas ou três rodelas finas de chouriço enlatado, de qualidade duvidosa, boiando no molho do dito
prato tipico dos italianos,ou ainda a famosíssima bianda /cimento com peixe carvalho sem v da bolanha ,alternando com estilhaços de gazela,numa riqueza de ementas que passava pelos trinta e nove dias sempre iguais,acabei por ser indigitado para a função ,sem nada perceber de cozinha ,para além de conseguir estrelar um ovo...
Pois,amigos,acabei os trinta e cinco dias "aclamado" (provavelmente estarei a exagerar...) pelo pessoal,que até aí( mais ou menos um ano de Guiné,nunca tinha comido um quarto de frango assado no forno da padaria, e quando comia vaca não era em bifes não mas apenas estilhaços e quando o rei fazia anos,que como se sabe num período de republica firmada era difícil como o carvalho sem v ...
A batata que acompanhava o frango assado fora a que escapara à sanha negocial dos homens da marinha que nos levavam os géneros, mas, ao que parece, tinham também uns clientes importantes a nível de restaurantes de Bissau...
Quando estava à espera da medalha (leia-se continuar em funções para poder escapar ao mato...) o capitão,do alto do seu estatuto de chefe,mau grado a sua apetência pelo "métier" de garfo perfeitamente evidenciado pela sua constituição fisica,acabaria por reenviar este "pobre de Cristo" de volta às incursões ao mato à cata de bulício que permitisse a quem ficava por casa(leia-se "músicos" que não iam ao mato...) umas noites descansadas,que nós,lá fora,íamos garantindo.
abraço
manuelmaia
Matéria, por um lado delicada, por outro oportuna, dada a quadra natalícia, onde o melhor e o pior da "vagomestria" vinha ao de cima, "in ilo tempore"...
Podemos e devemos falar de tudo o que tinha ver com o nosso quotidiano da guerra, incluindo os comes & bebes, tão essenciais para "manter o moral das tropas" e, como diz, o José Dinis, essencial também para a saúde do pessoal...
Por exemplo, falta-nos informação sobre os nossos problemas de saúde nutricional, seria bom que um dia os nossos médicos e os nossos enfermeiros escrevessem sobre isso... Mas também os nossos vagomestres, que curiosamente escasseiam na nossa Tabanca Grande, contrariamente a outras especialidades como as Transmissões...
Não gostaria de ver maltratados, no nosso blogue, os vagomestres e os sargentos QP... Houve "casos e casos", toda a generalização será pois abusiva... Defendemos aqui o princípio de que todos os nossos camaradas eram honestos até prova em contrário... Mas, como não nos cabe julgar ninguém no "tribunal da caserna" (nem da caserna nem de nenhuma outra instância...), limitamo-nos a contar aqui as nossas histórias, as que vivemos ou conhecemos...
Sabemos, no entanto, que eles (os sargentos do QP e os furriéis milicianos vagomestres) lidavam com dinheiro, com bastante dinheiro: cada militar, no TO da Guiné, tinha direito a uma importância diária de 24$50 para a alimentação, o que numa companhia, multiplicado por 150 homens, dava 3675 escudos diários, ou sejam, 110 contos por mês (muito dinheiro, dava para comprar 2 carros, tipo FIAT 127, na época)...
Tenho ideia de que me coube, num dado mês, a função de "vagomestre" ou de "ajudante de vagomestre", na messe de sargentos... Ou seria o de "gerente" da messe ? Em qualquer dos casos, tinha que trabalhar em articulação com o vagomestre ou os vagomestres... Em Bambadinca, havia mais subunidades, para além da CCAÇ 12 e da CCS do batalhão... A CCAÇ 12 tinha um vagomestre, o Jaime Soares Santos (hoje economista, dizem-me), mas todos os militares africanos, islamizados, do recrutamento local, eram "desarranchados"...
Também em Bambadinca se ia longe - por exemplo a Sonaco, já perto do Senegal - comprar vacas. Tenho ideia de ter comprado uma por 950#00, no meu mês de gerência... Metíamo-nos numa viatura (eu e o Jaime) e batíamos algumas tabancas onde havia mais criadores de gado, em geral fulas... A vaca foi pago a "el contado", dinheiro de bolso... O mesmo acontecia com os frangos, os cabritos, a caça... Não faço a mínima ideia como foi contabilizada esta despesa da messe de sargentos...
Devo acrescentar, entretanto, que não se comia mal na messe de sargentos de Bambadinca...
Não faço ideia, por outro lado, como era o "acerto de contas", entre as várias secretarias... Seria bom que alguém escrevesse sobre isso... Eu era completamente ignorante, na época, em matéria de contabilidade & administração...
De fora, ficam a manutenção de material, o abastecimento da intendência, os pagamentos a pessoal civil (capinadores, carregadores, guias, etc.), os reordenamentos, o aluguer de viaturas civis para as colunas logísticas, etc...
A verdade é que havia uma economia de guerra, e houve gente que, como em todas as guerras, enriqueceu ilicitamente... Milicianos, sargentos e oficiais do QP, comerciantes, etc.
... Mas o "vento levou" ou há-de levar!
Madalena, 25 de dezembro de 2011
PS - O bacalhau e as pencas estavam à altura do Menino Jesus... A noitada acabou tarde, às 4h da manhã, com as Janeiras, muita música (violas, violino, cavaquinho, vozes)... E mais importante: saúde, alegria, amizade... Este ano já se reduziu drasticamente a despesa com prendas & prendinhas... Sinais dos tempos... P'ró ano volta-se ao princípio da prenda a sortear, até um valor máximo de 15 euros... Cada um tem direito a um prenda, e chega!... UF!, que alívio!...
Passei o Natal na Madalena... Em homenagem aos donos da casa e aos seus convivas (eram cerca de 15), fiz os versinhos do costume... Este ano inspirei-me no Fado do Cacilheiro (criação de Zé Viana, 1966)... Aqui fica o refrão e algumas das estrofes (cada conviva teve direito a uma...).
Espero que o vosso Natal tenha também sido divertido e bem passado, como o nosso... LG
__________________
Fado "A Vida É Boa… na Madalena"!
Refrão
Sou a patroa
Deste restaurante “A Vida é Boa”,
No Porto, não em Lisboa,
Sempre aberto a todo o povo,
E, cozinhando,
Às vezes gemendo e chorando,
Ai!,
O orçamento esticando,
Seja Velho ou Ano Novo!
(...)
5.
Mesmo quem não é desta da rua,
A esta casa chama sua,
Vem cá sempre passar o Natal;
O restaurante “A Vida é Boa”,
É tão falado em Lisboa,
Que até já vem no jornal!
6.
É uma casa portuguesa,
Onde não falta o vinho à mesa,
E o bom do bacalhau;
Vê-se que aqui há mãos de fada,
É tudo gente prendada,
E não há caras de pau!
7.
É alegre este fadário,
Não há contos do vigário,
Neste cantinho da Madalena;
É tudo pão pão, queijo queijo,
Esta franqueza eu invejo,
E de nada tenho pena!
8
Boas festas, senhor doutor,
Nosso amigo e benfeitor,
Estava opíparo o jantar;
Nesta noite de consoada,
Está a malta animada,
Parabéns lhe venho dar!
(...)
10.
Boas festas, querida Alice,
Temos a crise, é uma chatice,
Quem se lixa é sempre o povo!
É com amor que te beijo,
E com ternura desejo,
A todos, Bom Ano Novo!
(...)
12.
Boas festas, engenheiro,
Rui, o nosso companheiro:
Bacalhau só no Natal,
Do mais grosso e lascudo,
Rapa o prato, come tudo,
P’rá Nitas não parecer mal!
(...)
14.
Boas festas, doutor Tiago,
Que saudades do carago,
Temos do Natal de Candoz!
Tinha a noite mais verdade,
Não havia electricidade,
E estavam vivos os avós!
Bem!
E ainda deu para perder uma cabra com dois cabritos que comprei, trouxe para o quartel, fiz-lhe uma vedação e, estavam os furriéis, os sargentos e os oficiais a antegozar cabritinho no forno, quando chega uma delegação de gente da terra, foi falar com o Capitão e este mandou-me chamar "Zé Brás, tem de devolver os bichos porque dizem eles que lhe pertenciam e lhes foram roubados". Credo,mãe santíssima, eu comprei e paguei, se foram roubados,como posso saber?, testemunhas serão os soldados que iam comigo na patrulha aos comestíveis. Bem, mas entregar, teremos de entregar para evitar problemas. Pronto, concordo, tenho que refazer a previsão orçamental.
Mais tarde, Sambeli, rei em Contabane,insinuou que quem roubara fora gente do próprio queixoso que nisso ganhara um pataco e ficara com os mé-mé.
José Brás
Caros Camaradas:
Eis uma questão delicadíssima.Não tenho o direito, ninguém tem, de falar por meras suposições, com base naquilo que me pareceu nalgumas situações.Houve casos em que me insurgi contra o que então me pareceu incorreto e ainda hoje me parece.Não quero acusar ninguém porque posso ser injusto, por falta de pontaria.Na verdade tenho hoje, mais do que então, um grande respeito e amizade pelo meu ex-capitão assim como pelo vagomestre.Quanto ao 1º e 2º Sargento, não me lembro dos seus nomes mas sim das suas figuras e respetivos figurinos. Este conjunto de pessoas e ainda os que confecionavam as refeições assim como o padeiro eram os responsáveis pela qualidade da nossa comida. Só estes? Não.Havia, em todo o trajeto dos alimentos, desde lisboa até ao destino, ladrões de todo o tipo.Alguns roubavam o vinho dos pipos e acrescentavam as perdas com água do rio.E havia ainda todos os constrangimentos motivados pela guerra, pelo clima e pobreza local.
Em Mampatá, por motivo de que me não lembro, o meu capitão quis atribuir-me, julgo que transitoriamente, a função de vagomestre, talvez ou não por eu ser refilão. Fiquei mal na fotografia porque não quis assumir essas funções onde, certamente, puderia fazer melhor que os outros.
A verdade é que eu também tinha(tenho) os meus defeitos.Preferia gastar o meu tempo livre passeando pelas moranças a arranjar chatices. Então empurrei para o 1ºCabo Enfermeiro Celso que se dava(deu) muito bem com aquele trabalho.
Fugindo à difícil questão de apontar culpados pela má alimentação, é-me fácil dizer que, quando o Alferes Farinha comandava a companhia, a comida era melhor e mais <>.
Um grande abraço.
Carvalho de Mampatá
Caro Camarada Zé Bras
Julgo que a tua comp. 1622 antecedeu a minha 2366 em Jolmete. Como todos sabemos não eram só as pessoas que faziam a diferênça, haver ou não população e a respectiva etenia também era muito importante. Dai que em Jolmete deves ter tido alguma dificuldade.Nestas localidades mais isoladas era muito complicado obter ortaliças e lembro-me que uns meses depois da chegada do Sr. General Spínola à guiné começamos a receber uma vez por semana por avioneta um abastecimento de repolho, frango,etc
Como em todas as atividades para alem da seriedade há o nascer ou não para aquilo e muitos outros factores que fazem toda a diferença.
Pessoalmente se me dessem a escolher preferia ser atirador do que bago-mestre.
Um grande abraço e um bom ano para ti e para todos
Manuel Carvalho
C Caç 2366 Jolmete
Para sortudos,felizardos e outros assim.. assim, que comiam frango, leitão, vaca, e outras iguarias.
Em Gadamael,comíamos aquilo que a manutenção militar enviava e a marinha transportava, que mais não era do que aquilo com que se fazia a "bianda".
Um dia, um furriel passou-se com o vagomestre ou lá o que era..ao ver que o que tinha para comer era mais do mesmo..levantou-se e dirigiu as "manápulas" ao pescoço do dito e apertou com toda a força e ao mesmo tempo berrava.."EU MATO-TE MEU CABRÃO..EU MATO-TE".
Confusão geral..a cara do dito "arroxeava"..a muito custo consegui-se libertar o pescoço das "manápulas".
Ainda confuso e rouco, o vagomestre ou lá o que era, dizia..."eu não tenho mais..mais..mais.. nada..nada pra vos..vos dar..dar...e chorava".
Um grande alfa bravo..oh sortudos
C.Martins
Afinal, quando vozes se levantaram ou levantam, e já o fizeram por diversas vezes, para dizer que era tudo igual nos locais onde estavam, no mato,comida, dormida, bebidas etc. etc. etc. parece não ser bem assim, era quase igual, separava-os o quase.
Estou apenas a procurar repor com rigor o que efetivamente acontecia, havia diferenças pelo posto e responsabilidade atribuida, não pela capacidade, qualidade ou se quiserem competência, sempre assim foi e será. Só se diferenciava de Bissau pelas condições locais.
Este comentário não pretende criticar ninguém em especial nem estabelecer a igualdade entre todos, utopia, pretende apenas lembrar que sítios onde tudo era/foi mesmo igual, eram/foram exceção, muita mesmo.
BSardinha
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