segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10555: O nosso livro de visitas (150): À procura de camaradas da 3ª C / BART 6520/73 que estiveram no inferno de Jemberém, em maio/junho de 1974 (Norberto G. Pereira, ex-fur mil)

1. O nosso editor Luís Graça recebeu, em 21 do corrente, na sua caixa de correio profissional, a seguinte mensagem do nosso leitor (e camarada) Norberto Pereira:

De: Norberto Pereira [norbertogpereira52@gmail.com]

Enviado: domingo, 21 de Outubro de 2012 21:09

Assunto: Combatentes da Guiné

Estive em Jemberém, Guiné,  de princípios de Maio a 3/4 de junho de 1974, ao serviço do exército, na 3ª C/ BART 6520/73. 

Tinha o posto de furriel. Abandonámos o destacamento à revelia dos comandos de Bissau,  sendo apoiados na retirada pela Marinha Portuguesa, em  LDG [, Lancha de Desembarque Grande]. 

Atracámos em Cacine. O abandono foi provocado por uma ameaça de ataque ao arame por uma força de 150/200 militares do PAIGC. Depois de nos ter sido negado qualquer apoio na defesa de Jemberém, tivemos que fazer a retirada abruptamente,  com o apoio da Marinha Portuguesa. Antes disso, rebentámos com alguns abrigos subterrâneos e construções ali existentes...

Como vinha dizendo, a  retirada foi considerada um ato de insubordinação, perante os comandos de Bissau, da qual resultou na transferência do todos militares, as praças que foram transferidas por pelotões, e os sargentos e oficiais que  foram transferidos individualmente. 

Assim, gostava de rever militares que foram camaradas nesse destacamento, como contactá-los, enfim, trocar opiniões, dissertar sobre a nossa permanência na Guiné. 

 Aguardo contacto com novidades. Um abraço.

Norberto G. Pereira

2. Comentário de L.G.:

Norberto, muito obrigado pela visita. Temos muito gosto em acolher-te nesta fabulosa família de antigos combatentes e demais amigos da Guiné, a Tabanca Grande, que se reunem aqui à sombra de um simbólico mas mágico poilão. Para tal, tens que aceitar as regras que nos regem (constantes da coluna do lado esquerdo) e pagar o ingresso no blogue, que são 2 fotos (uma atual e outra do teu tempo de tropa) + 1 história passada na Guiné...

Quanto aos camaradas que procuras, deixa-te dizer-te que este é o local ideal para o fazeres. Pertenceste à 3ª C/ BART 6520/73... Para já, tens aqui dois camaradas do teu batalhão (e um da tua companhia), inscritos na nossa Tabanca Grande, que passaram por Jemberém, a seguir ao 25 de abril de 1974, e que têm ainda muito para contar, tal como tu:

(i)  Manuel Luís Nogueira de Sousa, ex-Fur Mil At Art da 1ª CART do BART 6520/73 (Bolama, Cadique e Jemberém - 1974);

(ii) Joaquim Sabido, ex-Alf Mil Art, 3.ª CART/BART 6520/73 e CCAÇ 4641/73, Jemberém, Mansoa e Bissau, 1974).


Guiné > Carta de Cacine (Escala 1/25000) > Posição relativa de Cadique, Jemberém e Cacine, em pleno Cantanhez
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22 comentários:

Luís Graça disse...

Segundo o "Relatório da 2ª Rep / CCFAG: de 1jan73: relativo ao período de 1jan73 a 15out74", que já aqui publicámos na íntegra, o aquartelamento de Jemberém foi desativado em 4 de junho de 1974, "um mês antes, fora do âmbito do plano aprovado posteriormente":

(...) "A povoação tinha sofrido, durante o mês de maio de 1974,um cerco constante por numerosas forças do PAIGC e sete violentos bombardeamentos que lhe causaram estragos irrecuperáveis, pelo que o Com-Chefe decidiu que as subunidades ali existentes recolhessem a Cacine. Apesar disso, o PAIGC não ocupou o aquartelamento abandonado até à data do acordo de Cacine (29 de julho)." (...)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/02/guine-6374-p9512-os-nossos-ultimos-seis.html

João Carlos Abreu dos Santos disse...


---«quote»---
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/01/guine-6374-p9368-situacao-militar-no-to.html
QUARTA-FEIRA, 18 DE JANEIRO DE 2012
Guiné 63/74 - P9368: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte I)
[...]
[últimos 4 de] 18 comentários:
[...]
Anónimo disse...
Caro camarada Joaquim Sabido
Como referi em comentário anterior, quando fui à Guiné-Conakry, na segunda semana de Maio,não houve mais qualquer ataque no nosso sector --cop 5., tenho a certeza absoluta,quando te referes a esses ataques terão sido nos últimos dias de Abril e talvez nos primeiros dias de Maio.
Sobre a tua estadia em Gadamael confesso que não me lembro, e sobre a cena caricata na pseudo-messe esta era comum a oficiais e sargentos,cá em baixo onde estavam as ccaçs, e lá em cima na ccav é que era individualizada, mas quem te mandou andares à civil no meio da guerra..."ganda maluco".
UM GRANDE ALFA BRAVO
C.Martins
Sexta-feira, Janeiro 20, 2012 11:04:00 p.m.

JCAS disse...
... citando:
- «A 3ª Comp. [3ª/BArt6520/73-RAL5, que em 04Abr74 havia desembarcado em Bissalanca e em meados de Mai74 rendeu a 3ª/BCac4514/72 em Jemberém], [...] em 02 e 03Jun74, na sequência de fortes e frequentes ataques e flagelações ao aquartelamento, foi evacuada para Cacine, vindo a ser desactivada por despacho de 07Jun74, do CTIG, por insubordinação do aquartelamento de Jemberém.»
Isto, consta a pp.247 do tomo II do 7ºvol. da "Resenha (...)", editado em 2002 pelo EME.
Acaso não traduza os factos ocorridos, talvez o ex-alferes milº Joaquim Sabido nos possa elucidar.
Cpts,
Abreu dos Santos
Sábado, Janeiro 21, 2012 12:19:00 a.m.

Anónimo disse...
Palavra de honra que começo a ficar meio maluco de tanta confusão nas informações aqui expressas.
Insubordinação do aquartelamento de Jembarém devido a frequentes ataques em junho ???
Caro camarada Abreu dos Santos, provavelmente esse relatório também foi feito em 75.
Nunca ouvi falar de tal acontecimento.
Não sei precisar o dia, mas na segunda semana de Maio acompanhei Pedro Pires e outros altos dirigentes a Cacine onde decorreram conversações sobre o cessar fogo e retracção das NT.
Repito, se houve algum ataque a jambarém foi nos primeiros dias de Maio.
Eu ainda não estou senil e recordo-me muito bem.
Nos primeiros dias de junho iniciou-se a retracção em gadamael.
Começo seriamente a pensar que alguém aldrabou completamente os acontecimentos.
C.Martins
Sábado, Janeiro 21, 2012 3:41:00 a.m.

Norberto Gonçalves Pereira disse...
Fiz parte da 3ª Compª do Bat.6520/73/RAL5/CTG, que esteve em Jemberém, que abandonamos em 3/4 de Jun74, por força de ameaças de ataque ao arame por parte do PAIGC, sendo feita a retirada para cacine. A retirada foi apoiada pela Marinha Portuguesa, visto o exército recusar-se a fazê-lo.Eu era furriel na altura e posso partilhar alguns factos passados com autêntica veracidade. Um abraço e espero notícias de colegas, especialmente do Alferes Marcelino, julgo chamar-se assim.
Sábado, Outubro 20, 2012 8:19:00 p.m.
---«unquote»---
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Anónimo disse...

(...)O abandono foi provocado por uma ameaça de ataque ao arame por uma força de 150/200 militares do PAIGC.(...)
Inferno em Jemberém?! Quantas baixas tiveram? Quantos ataques sofreram?
No meu batalhão tudo foi difícil mas não fugimos!
O pessoal desta pseudo-companhia não sente vergonha?!
Patrício
ex-Fur.Mil (Guiné 71/73)

Anónimo disse...

Eh lá, Camarada Pereira;

Folgo muito em que te juntes a nós nesta nossa Tabanca Grande à sombra deste poilão, mas não posso deixar de dizer que esta tua entrada é bastante forte, em linguagem futeboleira é mesmo a pés juntos.

Não sei, desconheço de onde é que foste tirar esta afirmação, muito sinceramente eu não dei por nada disto ter acontecido, insubordinação ? quando e onde ? eu não soube de nada.
Basta atentar nas seguintes questões:

1ª - Quem ordenou e coordenou a retirada de Jemberem, foi o Sr. Comandante Fuzileiro Heitor Patrício, com o seu pessoal do COP 5, coadjuvado pelo grupo de Fuzileiros do então Sr. 1º Tenente Fuzileiro Benjamim (prematuramente desaparecido);

2ª – Como referes no teu texto e por mais do que uma vez, a retirada de Jemberem aconteceu com o auxílio da Marinha, com LDP’s e/ou LDM’s, então se não tivesse sido superiormente ordenada a saída, por que motivo lá estariam a dar-nos apoio ? ou foi obra do acaso, passaram por ali umas LDP/LDM em passeio e deram-nos uma boleia para não termos que andar a pé, pelo menos até Cadique, foi ? terá sido isso que aconteceu ?;
3ª – Ancorado no Rio Cacine, encontrava-se a aguardar por nós um navio da Marinha Portuguesa, que nos serviu refeições quentes e nos transportou até Bissau.
Perante esta factualidade, quem é que pode acreditar e ter-se mentalizado de que tivesse sido por via de uma qualquer insurreição ou insubordinação da nossa parte, que tivemos todos estes meios logísticos a apoiar-nos ?

Como o Norberto Pereira bem sabe, as LDG’s não chegavam ao “cais” de Jemberém, apenas lá conseguiam encostar as LDM e em determinadas ocasiões apenas as LDP.
Sendo certo que, à época, já ninguém lá queria ir, não recebemos durante umas três semanas géneros alimentícios frescos e nem sequer o correio lá iam levar. Se o Norberto Pereira se recorda, fui eu com o Fur. Mil Marcelino e o soldado “Alfama” que, num sintex “banheira, fomos a Cacine buscar o correio, dado que era desesperante ver o pessoal sem notícias. De facto, o correio fazia mais falta a todos nós do que propriamente a alimentação.
Essa estória de que vinham ao arame, trata-se da conversa de sempre, se viessem ao arame, naturalmente que seria tiro ao pato. Certo é que nunca deixámos de sair diariamente e de patrulhar a nossa zona de intervenção, apesar dos embrulhanços que íamos apanhando, os quais nunca, mas mesmo nunca, ficaram sem resposta, como te lembrarás.
Continua

Anónimo disse...

continuação
Mais, ainda há dias me telefonou o ex-Fur. Mil Júlio Mendes, que ainda por aqui não apareceu, mas que é mais um dos leitores anónimos mas assíduos deste nosso Bolgue e por aqui conseguiu o meu contacto e me recordou que um dia quando o pessoal pela manhã foi à água ( o poço era comum, conforme já referi em outras intervenções), o pessoal foi atacado e conseguiu esgueirar-se para a mata e regressar ao arame. De imediato, reunimos um grupo de 7 ou 8 indivíduos e fomos lá buscar e trazer o equipamento e a água que lá ficara. Na verdade, como todos vós bem sabeis, se ficássemos parados é que estaríamos tramados.
A retirada de Jemberém, conforme entendi na altura e ainda mantenho, prender-se-á com duas situações, a saber:

1ª – A necessidade, por parte dos novos Dirigentes Políticos e Comandos Militares, de darem um sinal ao paigc de que, efectivamente, tinham a intenção de proceder à descolonização e colocar um ponto final no conflito.
E aí, para darem esse sinal, resolveram antecipar a retirada de um aquartelamento sem qualquer interesse (leia-se buraco) que contava como população cerca de duas dezenas de pessoas, isto é, antecipar em relação às datas entretanto calendarizadas. Buraco esse que até continuava a ser flagelado, então foi esta a opção escolhida e lá colocaram os meios necessários para a saída.
2ª – Falava-se e faria algum sentido, à luz da situação que se vivia então em Portugal, que o pessoal com menos tempo de comissão de serviço, seguiria directamente para Angola, evitando-se, desse modo, as contínuas manifestações em Portugal do tipo “nem mais um soldado para as Colónias ou para o Ultramar”, conforme os gostos da época.
E a época, de facto, foi propícia a muitos desmandos, como é do conhecimento comum. Recordo-me perfeitamente que quando chegámos, fomos olhados de soslaio pelos nossos Camaradas que cá estavam e que “fizeram ou participaram no 25 de Abril”, éramos olhados, dizia, como os gajos em vergonha que tinham andado a matar pretos, lá na terra deles. Enfim !

E então creio eu que alguns Camaradas sentindo necessidade de se integrarem, foram levados a dizer que tinham lá estado mas que se insubordinaram, que não acatavam ordens, que estavam com Abril, etc. e depois já se sabe “uma mentira repetida muitas vezes, acaba por ser verdade”. Mas isto é matéria da área da Sociologia e que o nosso Tabanqueiro-Mor e Grã Editor, o Camarigo Luís Graça, poderá, se assim o entender, analisar, desenvolver e fundamentar com os seus conhecimentos da matéria.
Apenas mais uma questão para o Camarada Norberto Pereira. Lembras-te que em Bolama, terminado o IAO, ou lá o que era, quase todos se recusavam a embarcar para o destino, mas quando por lá apareceram dois grupos de combate da 38ª CComandos, com o então Sr. Major Comando Raúl Folques, todos entraram nas LDM, que nem cordeiros nem sequer chegámos a carneiros, bastou-lhes mostrarem-se e, imediatamente, terminaram as reivindicações e as negas ao embarque. Parecíamos um rebanho de ovelhas. Quem se tramou foi então Ten. Cor. de Art.ª Joaquim José Esteves Virtuoso, que era o comandante de batalhão e que já não seguiu, foi directamente para Bissau.

Qual insubordinação nem qual carapuça Camarada Norberto Pereira.Tem que imperar algum bom senso, noção da realidade e vergonha na cara.

Depois, o pessoal da 3ª Cart/Bart 6520/73, foi deslocado para tapar buracos em outras Companhias que se encontravam desfalcadas de pessoal e porque a retracção do contingente ainda não se tinha iniciado. Ou ainda estás convencido que a Companhia foi desarticulada porque estavam com algum receio do que nós pudéssemos vir a fazer ??

Um Abraço Camarigo para todos e, um em especial, para o Norberto Pereira a quem deixo o meu contacto para se quiser me contactar: joaquim.sabido@gmail.com.

Joaquim Sabido
Évora

Anónimo disse...

Meu Caro Camarigo Abreu dos Santos;

Apresento o meu pedido de descupa pelo facto de não te ter respondido relativamente à questão da desactivação da 3ª Cart/Bart 6520/73, que referes constar a pág. 247 do Tomo II do Vol. 7º da Resenha.

Na verdade, sinceramente, não me recordo se tal ocorreu. No entanto, como referi nos comentários que supra juntei fomos, em boa verdade, colocados em outras Companhias, no que a mim me toca, tive a sorte de ter sido colocado em Mansoa, para integrar a "minha" CCaç 4641, que era comandada pelo meu Ilustre e Bom Amigo Cap. Mil. do CPC Amândio Fernandes, residente na Formosa Cidade da Guarda.

Mas já agora, meu Caro Abraeui dos Santos, verifica lá se na REsenha consta que a 3ª Cart/Bart 6529/73, foi ou não posteriormente reagrupada e activada. É que isso é um facto, regressámos todos juntos e, em Bissau, tive oportunidade de tratar do espólio da Companhia, garantindo todas as guias de desembaraço necessárias para o nosso regresso. Pelo que, assim sendo, como foi, a Cart. foi reactivada, não será assim ?

Voltámos a integrar o Bart. 6520/73e fizemos a viajem de regresso com o Batalhão.

Aproveito para, relativamente ao comentário do Camarada Patrício, dizer que, no meu ponto de vista, as coisa não se medem como dizes, não pelo número de baixas, nem pelos número de ataques de cada um foi alvo, é o meu entendimento.

Agora, concordo contigo quando dizes que os membros da tal pseudo companhia, se a factualidade relatada pelo Norberto Pereira tivesse a mínima relação com a realidade das ocorrência, eu também teria vergonha por ter pertencido a esse "bando". Mas não foi assim, como já relatei.

A história do virem até ao arame, era comum ser ouvida em qualquer parte do TO, não é verdade ?
Mas como já disse, então aí era tiro ao pato, pois nós sempre que fomos atacados abrigávamo-nos na vala e pelo que presenciei, o pessoal sempre estava devidamente armado e atento. Era nossa vidinha que estava em jogo.

Naturalmente que, haverá que ter e terás em devida conta o desfasamento temporal e as circunstâncias de ter havido a significativa alteração que se verificou no País, a nível político, em 25 de Abril. Isto em relação à tua época de estada na Guiné.



Anónimo disse...

Que alívio saber que esta companhia não deu às de Vila Diogo.
Cabe ao Pereira fazer mea culpa e, já agora, explicar que não estava presente e emprenhou de ouvido (sim porque, se estava presente, então a estória surrealista que conta é grave porque desonra dezenas de camaradas...)

Patrício
ex-Fur.Mil (Guiné 71/73)

Norberto Pereira disse...

Caros camaradas:
Não percebo certas afirmações, que me parecem, no minimo, pouco sensatas. Chamar "bandos" ou até cobardes a pessoas que em consciência,tinham a nítida percepção da realidade,e que sofriam as consequências duma guerra injusta, é uma blasfêmia ou uma ideia estapafúrdia.Estou neste blogue para dialogar e esclarecer dúvidas sem querer entrar em litigâncias ou delações despropositadas. Os processos disciplinares levantados aos graduados desde o Capitão ao furriel não foram por irmos à missa. Há coisas que naturalmente não estou certo delas, para estou aqui. Voltarei à carga, porque não sou cobarde, apenas sensível às minhas fraquezas. Um abraço.

Anónimo disse...


(...)a 3ª/BCac4514/72 em Jemberém], [...] em 02 e 03Jun74, na sequência de fortes e frequentes ataques e flagelações ao aquartelamento, foi evacuada para Cacine, vindo a ser desactivada por despacho de 07Jun74, do CTIG, por insubordinação do aquartelamento de Jemberém.»
Isto, consta a pp.247 do tomo II do 7ºvol. da "Resenha (...)", editado em 2002 pelo EME.(...)


(...) Qual insubordinação nem qual carapuça Camarada Norberto Pereira.Tem que imperar algum bom senso, noção da realidade e vergonha na cara.(...)


(...)Estou neste blogue para dialogar e esclarecer dúvidas sem querer entrar em litigâncias ou delações despropositadas. Os processos disciplinares levantados aos graduados desde o Capitão ao furriel não foram por irmos à missa.(...)

Mas afinal em que ficamos? Cavaram ou não cavaram?

Patrício
ex-Fur.Mil (Guiné 71/73)

Norberto Pereira disse...

Ex-furriel Patrício:
Sobre o que ocorreu em Jemberem, quanto à retirada forçada e desativação da 3ª Cart do Bart.6520, contacta diretamente, via telefone, o ex-furriel, Manuel Andrade, que ele por-te-á em sentido. Telf.219531006

Anónimo disse...

De: Manuel Andrade

(manuelandrade1952@live.com.pt)

Assunto: Combatente da Guiné

Estive em Jemberem de 9 de Maio a 4 de Junho 1974 ao serviço do Exército na 3ª CART/BART6520/73 posto Furriel.
Abandona-mos Jemberém por ordem dos Comandos de Bissau em direcção a Cacine.
Em Cacine durante a mudança do pessoal da LDM para os botes de borracha um colega nosso da Companhia Madeirense ao saltar para o bote caiu à água morrendo afogado.Devido a este acontecimento e outros antecedentes foi feita a transferência de todos os militares,sargentos e oficiais pelos vários aquartelamentos da Guiné, sargentos e oficiais transferidos individualmente, praças 2 a 3 por aquartelamento.
Gostava de contactar e rever camaradas deste destacamento:
Um abraço:
Manuel Andrade-Ex Furriel 3ª Cart/Bart6520/73

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... uma parte do precedente comentário – não correspondente a factos testemunhados mas sim a hipotético (porque inexistente) nexo causal –, ficou qb esclarecida aqui...
blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/02/guine-6374-p9535
---«quote»---
[11º comentário]
JCAS disse...
... ao veterano ex-alf milº Joaquim Sabido,
A última subunidade "de" madeirenses [BII19] aquartelada em Jemberém, foi a CCac4946/73 - cmdt cap milº inf Abílio Fernandes Machado -, entre 09Fev74 e 04Jun74, transferida (± nas mesmas circunstâncias que a 3ª/BArt6520/73) para Cacine e em 11Jun74 para o CIM-Bolama, onde permaneceu até ao embarque de torna-viagem (12Set74).
Na respectiva HU, naquele período de "retracção do dispositivo das NT" não consta qualquer baixa mortal, à excepção do sábado 17Ago74: um militar daquela 4946, natural do concelho madeirense de Santa Cruz, faleceu em São João (Bolama) vitimado por "tiro inopinado - acidente c/arma-de-fogo"; além daquela ocorrência, não constam registos de que um madeirense tenha morrido na Guiné, pós-25Abr74, em consequência de acidente/afogamento.
Decerto haverá quem esteja melhor informado e que venha em auxílio, para desanuviamento da memória supracitada.
____
Cpts,
Abreu dos Santos
Quinta-feira, Março 01, 2012 12:11:00 AM

[12º comentário]
Anónimo disse...
Camarigo Abreu dos Santos;
Agradeço a tua pronta intervenção, no sentido de me ajudar a desatar estes nós.
Agora fico com a dúvida, será que se conseguiu resgatar o Camarada e o que me ficou na memória foi apenas a relativa aos momentos de aflição que então vivemos ?
Se estou em erro, peço desculpa, mas ainda bem que assim é, pois tal significa que, afinal, o Camarada sobreviveu.
No entanto, se algum outro Camarigo que nos leia tiver conhecimento e se recordar desta situação, muito agradeceria que me (nos) ajudasse a fazer luz quanto a este episódio.
Um Abraço Camarigo para todos e em especial para o Abreu dos Santos, que prontamente se disponibilizou a ajudar-me.
Joaquim Sabido
Évora
Quinta-feira, Março 01, 2012 2:36:00 PM
---«unquote»---
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Anónimo disse...

Caro colega JCAS
Quanto ao acidente em Cacine-Guiné Bissau no dia 4 de Junho de 1974 com o nosso camarada da Companhia Madeirense vindos de Jemberém, garanto-lhe que não sobreviveu, assim que saltou da LDM para o bote de borracha caiu á agua, só teve tempo de pôr uma das mãos no ar, houve camaradas meus que tentaram segurá~lo só que não foi possível porque levava com ele uma HK21 a tiracolo juntamente com um cinto de munições, peso a mais.Quando o acidente se deu, eu e mais dois camaradas também furrieis já estavamos em terra para a recolha do material vindo da LDM.Essa mesma recolha só foi feita apos sermos interrogados por um sargento ajudante e um capitão do exercito sobre as causas do afogamento do citado camarada de armas mesmo não estando nós no local do acidente, pois como citei já estavamos em terra.Por isso o colega pode por mais um camarada de armas Madeirense na lista dos falecidos após 25 de Abril de 1974.
Digo que o nosso camarada falecido era natural da Calheta -Madeira.
Se o colega quiser tirar dúvidas sobre os acontecimentos passados bons e maus com a minha cart na Guiné desde a chegada até ao regresso á metrópole terei muito gosto em fazê-lo.
Meu contacto:

Telf: 219531006

Um abraço

Manuel Andrade-Ex Furriel 3ªCart/Bart6520/73

Norberto G. Pereira disse...

Confirmo inteiramnete o que se passou relativamente ao militar que caiu ao rio Cacine,ao saltar da LDM para o bote. O mergulhador da marinha, hoje sarg.Ajud. na reforma,fez várias tentativas para o localizar no fundo do rio sem quaisquer resultados. O mesmo disse que o fundo do rio estava cheio de lodo e que era impossível encontrá-lo.

Anónimo disse...

Camaradas: fui alferes miliciano na CCAÇ 4152, sediada em Gadamael e, por duas vezes, fui a Jemberém. Na primeira fui, juntamente com outros militares, à inauguração da nova padaria de Jemberém. Pelo caminho, almoçamos no navio patrulha que estava ancorado na Atalaia. Diga-se de passagem que foi a melhor refeição que eu comi na Guiné. Sardinhas assadas acompanhadas com batatas cozidas e salada. Que LUXO. Pela segunda vez que lá fui, fomos montar uma emboscada, ou melhor, duas emboscadas porque se tratavam de de dois pelotões da minha companhia (1º e 3º). O 3º, era eu que o comandava. Quanto ao 1º, era comandado por um Furriel (Correia?) porque o alferes José Gonçalves tinha sido evacuado para o HM de Bissau devido a ferimentos causados por um disparo "acidental" de um canhão s/ recuo. Nessa segunda vez que lá fui, lembro-me que era a semana logo após a Páscoa. As únicas coisas que se vim de pé naquele aquartelamento, eram os suportes metálicos de algumas tendas de campanha. O ataque "ao arame" tinha sido tremendo. No dia em que lá cheguei com os ditos pelotões, estava um héli a proceder à evacuação de um solta que tinha sido atingido por um disparo de um canhão de Jemberém que estava a "bater a zona". A dado momento, após já ter instalado o meu pessoal com as indicações de um camarada alferes de Jemberém, ouvimos um Fiat a picar. Ele deu-me uma forte pancada nas costas e disse: "deita-te c.....o" No arvoredo à nossa volta, ouviam-se os estilhaços da bomba a desvastar a folhagem. Passámos lá a noite de domingo para segunda e tivemos um contacto directo com o IN que, segundo vim a apurar, vinha montar minas (como era hábito) na zona do cais. Lembro-me que era por volta do meio dia. Houve uns rebentamentos de RPG e umas rajadas de Kalash mas não houve feridos. Eu estava com o meu pelotão mais ou menos a meio caminho entre o aquartelamento e o cais, num sítio onde a picada fazia uma ligeira curva. Do aquartelamento, chamaram via rádio mas não me ouviam. O meu "banana" só estava avariado. Só recebia. Passado algum tempo (pouco), apareceu uma secção de Jemberám, "armados até aos dentes" para saber o que se passava. Foi um alívio. Traziam cerveja e pão.
Abraço para todos

Carlos Milheirão

Anónimo disse...

Um pormenor que de que me esqueci e que acho bem frisar para ver se algum camarada se lembra. Se a companhia Madeirense embarcou no Niassa no dia 31/12/73 e se, durante o grande ataque a Jemberám, alguém se lembra de um (furriel?) ter disparado um dilagrama com bala real.

Outro abraço a todos
Carlos Milheirão

João Carlos Abreu dos Santos disse...

Joaquim Rebocho Sabido, Norberto Gonçalves Pereira, Manuel Andrade, e outros veteranos da Guiné-do-fim, interessados em contribuir para o completo apuramento sobre a concisa identificação do militar, supra referido – em "comentários" –, como tendo "morrido afogado no dia 04-06-1974 em Cacine" e cujo corpo não terá sido passível de resgate:
a) - em nenhum dos concelhos madeirenses, consta que algum militar tenha falecido, pós-25Abr74, por causa de acidente/afogamento;
b) - na supra citada "Companhia Madeirense", foram registadas as mortes, de Fernando António Gomes Henriques (27Jan74 por "doença"), de Celestino de Freitas Reis (13Fev74 por inopinada deflagração de "granada encontrada abandonada"), e de João Heliodoro Rodrigues Figueira (17Ago74 por "tiro inopinado c/arma-de-fogo").

Aceitemos então, concedendo o benefício de dúvida, estarmos perante a hipótese de uma lamentável omissão nos registos castrenses, plausível face aos conturbados tempos que então se viviam, quer naquele teatro-de-operações como também na rectaguarda metropolitana.
A título de ajuda-de-memória(s), relembra-se que em Cacine e na data indicada, estava desde 29Out73 aquartelada a CCav8354 (que em 12Ago74 entregou ao IN aquelas instalações das NT).
Resta-nos recorrer: ao que existe, da citada subunidade mobilizada pelo BII19, no acervo do AHM (2ª Divisão, 4ª secção, Caixa nº 116); e tb aguardar que algum ex-militar das CCac4946 e CCav8354 – preferencialmente os seus respectivos comandantes (capitães milicianos Abílio Fernandes Machado e António Lourenço Dias) –, se "apresentem na parada" para nos elucidar, através de meios-de-prova substantivos e inequívocos, sobre este estranho caso de "um soldado afogado em 04-06-1974 no rio Cacine e não "recuperado", do qual apenas os veteranos supra nomeados – nenhum testemunha presencial da ocorrência –, se recordam difusamente e sobre o qual escreveram, 'en passant' e em jeito de comentários à margem do tema proposto, neste postal 10555 do Blogue dos Camaradas da Guiné.

Alvitro ao m/amigo Eduardo Magalhães Ribeiro que, na sua qualidade de co-editor deste blogue, considere a possibilidade de editar um postal específico sobre este tema, no intuito de se apurar a verdade dos factos e, fundamentalmente, a identidade do (eventualmente malogrado) militar.

Melhores cumprimentos,
Abreu dos Santos
______________

M.Sousa disse...

Bom dia ex. camaradas:
- Vão decorrer os encontros no próximo dia 27.04.2013, do B.ART6520/73 em Penafiel e Lousada.
- Será descerrada uma placa que marcará a passagem pelo ex. RAL5, com realce para o facto de ter sido o último batalhão a partir para o TO da Guiné "faz este mês 39 anos".
- Deseja-se que esta marca perdure muitos anos na nossa memória, pelas boas razões e impacto na caminhada do nosso País.
1 Abraço a todos........M.Sousa "ex. furriel da-1ªCART.

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... sugere-se ao editor que elimine o 'spam' de 131615JUN2013, e outros idênticos que têm vindo a 'infectar' este v/blog; e subsequentente, tb este comment.
Fica informado que uma das minhas mailbox, desde há vários meses a esta parte, tem vindo a ser consecutiva e quase diariamente enxameada com aquela espécie de lixo, proveniente do v/blog.
Cpts,
JCAS

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... actualização do meu comentário de 232315NOV2012, supra exposto:

Após consulta que ontem efectuei no AHM, confirmo que na HU da CCac4946 consta a descrição sumária de ocorrência na noite de 04Jun1974, aquando do transbordo ao
largo do cais de Cacine, de militares daquela subunidade, de uma LDG para botes de fuzileiros, no cais de Cacine, momento em que um Soldado Atirador do 1º Pelotão daquela CCac4946 caiu ao rio e do qual não foi possível qualquer operação de resgate.
Apesar de a identificação daquele militar ter ficado explicitada na respectiva HU, a ficha completa daquele malogrado militar – nome, filiação, naturalidade (freguesia e
concelho), posto e n/m, subunidade, data local e causa de falecimento –, provavelmente por lapso da CECA/EME, ficou omissa no livro 2 do tomo II do 8º volume da RHMCA.
O nome, é também omisso na base-de-dados online do site da "Liga dos Combatentes", tal como também está omisso no Lapidário Nominal do Monumento Nacional "Aos Combatentes do Ultramar".

- João Cristovão Rodrigues:
natural da Ilha da Madeira, mobilizado pelo BII19-Funchal, Soldado Atirador do 1º Pelotão da CCac4946.
Faleceu nas imediações do cais da vila de Cacine, em consequência de afogamento no rio Cacine, na noite de 04Jun74.
Que a sua Alma descanse em Paz.
________

Manuel Andrade disse...

Ex Furriel Manuel Andrade 3ª Cart/Bart6520/73.
Boa noite Camarada JCAS como citei não tinha dúvidas do falecimento por afogamento do nosso camarada de armas Madeirense pois fui um dos que esteve presente no local do acidente em Cacine.Ainda bem que o Camarada conseguiu desvendar este caso, como citei este nosso malogrado camarada era natural da zona da Calheta- Madeira.Digo que no Lapidário Nominal do Monumento Nacional «Aos Combatentes do Ultramar» não devem estar os nomes de todos os militares falecidos nas Ex colónias pois está aqui um exemplo fora os mortos em que os corpos não foram recuperados.
Um abraço
Manuel Andrade

João Carlos Abreu dos Santos disse...

Manuel Andrade, grato pelo seu comentário.
Tem razão, quanto à omissão de muitos nomes no Lapidário do Memorial Nacional "Aos Combatentes do Ultramar".
Se tiver oportunidade, consulte o portal UTW, em cuja página de entrada encontrará um item sobre o assunto: 1175 nomes em falta (de entre os quais, o seu malogrado camarada-d'armas); clique no sítio, lá constam pertinentes e detalhadas informações, que as devidas instâncias – seja, a Liga dos Combatentes e respectiva tutela governamental –, persistem em ignorar. Para nossa vergonha colectiva...
Receba um abraço amigo, do Abreu dos Santos.