I CONVÍVIO DA CCAÇ 3414 NO BII 17
ANGRA DO HEROISMO – ILHA TERCEIRA
No ano passado manifestei a alegria que tive ao conseguir organizar o primeiro convívio da minha Companhia a CCAÇ 3414. Foi muito difícil a organização porque os soldados eram na maioria do Arquipélago dos Açores e apenas os graduados e alguns soldados eram do Continente.
Ultrapassando todas as dificuldades, conseguimos que este nosso primeiro encontro, realizado em Coimbra, fosse um êxito embora só tenham aparecido os camaradas do Continente.
Fiz o relato deste encontro e o camarada José Câmara escreveu:
“O ano passado a minha CCAÇ 3327 teve o seu primeiro convívio em Coimbra. Depois de amanhã parto para os Açores para outro convívio no BII 17… Deixa-me sugerir que tentes a experiência nos Açores. Não será fácil, mas digo-te que valerá a pena.”
Seguindo o conselho do camarada J. Câmara, formamos uma equipa encarregue de organizar o convívio de 2012 nos Açores, mais precisamente em Angra do Heroísmo onde estava sediado o BII 17. Começaram-se a fazer os contactos, e desde logo se notou uma certa dificuldade na deslocação aos Açores (a crise…).
Então organizou-se um primeiro convívio em Setúbal. Quem pensava que este convívio não teria a mesma emoção que o do ano anterior, enganou-se. Apareceram outros camaradas que não tinham ido no ano anterior. Foi grande a alegria no reencontro com estes novos camaradas.
Aproximava-se o dia do Convívio nos Açores. Partimos para o aeroporto das Lages. Como iria decorrer o reencontro com os soldados que já não víamos há 39 anos? A emoção começou logo à chegada ao aeroporto. Alguns camaradas estavam à nossa espera. Desnecessário será dizer que ninguém se conhecia. Mas passado o primeiro impacto, começou-se logo a rever os velhos tempos passados na Guiné.
Chegou finalmente o dia do Convívio. Logo de manhã dirigimo-nos para o quartel, antigo BII 17 e actual Guarnição 1. Fomos recebidos pelo Comandante Coronel Araújo e pelo Subcomandante Coronel Silveira. Começaram aqui os abraços com aqueles que iam chegando. Claro que cada um tinha que se apresentar. A falta de cabelo, as barrigas e a idade dificultavam o reconhecimento. Pessoalmente, fiquei muito emocionado ao rever principalmente os soldados do meu pelotão. Com um deles tive grande dificuldade com a pronúncia.
Começou-se com uma homenagem aos camaradas mortos na Guiné. Foi um momento emocionante. Após depositar uma coroa de flores no monumento que imortaliza os militares mortos daquela unidade, quando o ex-alferes Gomes (em representação do Comandante de Companhia) usou da palavra para recordar o Parreira e o Ribeiro (mortos em combate), viram-se as lágrima a correr pela face de quase todos.
Deposição coroa de flores
Foi um momento verdadeiramente penoso.
Recordou que aquando da morte do Parreira no rebentamento duma mina, os soldados não deixaram que o corpo fosse abandonado e durante dois dias acompanhou-nos até chegar ao nosso quartel.
Foto da praxe
Percorremos toda a área do quartel; as gargalhadas e as conversas enchiam o ar de vida. E assim de conversa em conversa, lá fomos seguindo para a quinta onde nos esperava um “repasto” altamente rico e requintado.
"ANTES MORRER LIVRES QUE EM PAZ SUJEITOS"
O ambiente era alegre. Todos queriam fazer ouvir a sua voz. Os organizadores olhavam atentos para que nada faltasse. E tudo corresse pelo melhor. Até a RTP Açores nos acariciou com a sua presença, fazendo uma reportagem sobre este encontro.
RTP Açores
No decorrer do almoço fomos surpreendidos por um grupo musical açoriano que abrilhantou o convívio com os seus cantares.
Grupo musical "Os Se7e da Vida Airada "
O Subcomandante Coronel Silveira, que nos acompanhou na visita ao quartel e durante o almoço, usou da palavra elogiando o trabalho prestado ao País e o espirito de camaradagem e solidariedade que nos une. No final, como prova da sua simpatia e simbolizando a gratidão por todos nós, ofereceu-nos uma pequena lembrança. Foi lida uma mensagem do ex-comante de Companhia, Capitão Ribeiro de Faria, explicando o motivo da sua ausência.
Finda a refeição houve uma “Largada de Touros”, mas poucos foram os que participaram, pois o respeito que tinham pela sua integridade física era maior que pegar “o touro pelos cornos”.
Assim se passou um dia inesquecível, ficando o entusiasmo e vontade que no próximo ano possamos desfrutar de outros momentos iguais. Quero agradecer ao Caldeira e à sua simpática esposa, assim como a todos quantos contribuíram e trabalharam para que encontro fosse uma realidade.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 8 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10502: Convívios (477): 13.º Encontro do pessoal da CCS/BCAÇ 3852, dia 27 de Outubro de 2012 em Vila do Conde (Manuel Carmelita)
1 comentário:
Joaquim, li também com emoção o teu circunstanciado e emocionado relato no vosso 1º encontro em terras açorianas.
Não há impossíveis para gente determinada e generosa como tu. Há coisas na vida que valem a pena e cuja experiência nos marca indelevelmente. Este encontro dos "continentais" com os "açorianos" da CCAÇ 3414 será, para ti e para os teus camaradas, um deles.
Os meus parabéns a todos aqueles que, contigo, concretizaram este sonho. Fico feliz também por, no nosso blogue, seres tu a dar esta bela notícia. Seria bom, entretanto, que conseguisses trazer, para a Tabanca Grande, um lídimo representante dos Açores, que tenha sido teu camarada da CCAÇ 3414.
Um abração para ti. Um xicoração para a Margarida, neto e filhos. Luís
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