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A vida prega-nos muitas partidas,
umas boas e até divertidas,
burlescas,
carnavalescas;
outras duras,
puras e duras,
e muitas vezes injustas:
quando somos tomados por bestas
e cavalgaduras.
A vida paga-se caro,
com língua de palmo,
com cabeça, tronco e membros,
includindo as custas
do processo,
diz o salmo,
devidas pelo continuum do nascer ao morrer.
A vida não tem faro,
nem sexto sentido,
nem norte.
A vida é fartote.
A vida é um pinote.
A vida é uma cambalhota.
A vida é um agiota
que te leva coiro e cabelo.
A vida está pela hora da morte,
mas não vale a pena
pedir-lhe contas,
que ela, a vida,
é uma viagem sem regresso,
um negócio torpe.
E está-se nas tintas
para os viajantes,
os inocentes,
os videntes,
os loucos,
os sem abrigo,
os doentes,
os insolventes,
os falidos,
os impenitentes,
os portadores de chagas & apostemas,
os doentes de dor de dentes,
os poetas,
os arquitetos de sistemas,
os incautos,
os imprevidentes,
os que às tantas se lembram,
já no outro lado,
que deixaram na terra a chave do paraíso,
mas também os mercadores,
os portadores da peste,
os perdedores,
os que não fizeram seguro de viagem,
os tontos e as tontas,
como nós.
A vida é uma gaiata,
uma galdéria,
uma aventureira,
uma cow-girl
da caravana do Faroeste.
Caprichosa,
leviana,
lasciva,
de minissaia,
perna ao léu,
muita lábia,
pouco siso,
licenciosa,
pobretana,
a tentar impingir-te
o elixir da eterna juventude.
Outros, mais avisados e sizudos,
sortudos,
barrigudos,
dir-te-ão, my friend,
que só temos o que merecemos
ou o que conquistámos.
A vida é uma roleta russa,
a vida sorri-te, com meia cara,
e tu sorris à vida, alarve,
como um sorriso amarelo,
de orelha a orelha.
A vida é um jogo de sorte e azar,
um carrocel,
uma escada de caracol,
uma bolha de ar,
uma bola de sabão,
um bordel,
um brevíssimo orgasmo em si bemol.
Ah!, meu caro,
a vida é uma puta.
Ou é a nossa vida que é uma puta... de vida!
... Mas um lutador,
um ganhador, como tu,
camarada,
para quem a vida é uma lição,
não vai atirar a toalha ao chão
ao primeiro dissabor,
aos primeiros desaires,
às primeiras filhas-de-putice-da-vida!
____________
Nota do editor:
para quem a vida é uma lição,
não vai atirar a toalha ao chão
ao primeiro dissabor,
aos primeiros desaires,
às primeiras filhas-de-putice-da-vida!
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Nota do editor:
Último poste da série > 28 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11015: Blogpoesia (320): Por mor da nossa saúde (Luís Graça)
9 comentários:
Um poema meu, no meu livro Cálice de Neblinas e Silêncios, de 2008; com um abraço para o Luís e para todos:
Plátanos, tílias, vidoeiros
levantados da terra para ondular ao vento
e sombrear as pegadas dos homens.
Caminhamos de mãos dadas
por tapetes de sol, por pedaços de sonho,
os olhos afagando as pedras e o silêncio.
Nosso destino, incerto como as nuvens,
a espuma do mar,
a luz nas asas das gaivotas,
o soluçar da chuva,
o perpassar das gentes.
Tudo tão breve e eterno
como o riso das crianças,
o respirar dos pássaros,
o imenso azul do céu,
o renascer dos dias.
E nós,
à solta pela brisa.
António Graça de Abreu
Meu caro Luis
A vida em Portugal, tornou-se tudo o que dizes magistralmente. Só que a culpa disso não é da vida. É dos chifrudos que nestas derradeiras décadas se apoderaram do poder...Essa cambada de gente rasca é que tudo o que vociferaste. A atitude correcta perante o facto não será nunca e só lamentar e ver a coisas como uma fatalidade inelutavel
Seria possível É possível corrigir tudo. Como? Só extirpando esse abcesso pestilento de politiqueiros, vis, reles, descabelados que campeiam nessas hordas de malfeitores, que são os nossos partidos politicos. Alfobres de gatunos, maquiavélicos, sem sentido de responsabilidade pelo que andam fazer..
esqueci-me de assinar. Joaquim M. Gomes
Caro camarada Luís Graça
Muito mais do que o teu poema onde revelas sentimentos contraditórios; raiva, desânimo,esperança,ânimo,lutar,foi a tua dedicatória que me despertou a atenção, que um verdadeiro amigo faz.
"PARA UM AMIGO CANSADO DA VIDA"..
A minha solidariedade para os dois
Um grande alfa bravo
C.Martins
"E nós à solta pela brisa,"
Sim,isso é a Vida!
Luis Faria
Caro Camarigo Luís,
O teu poema está lindo.
Só tenho pena que também esteja um autêntico espelho da vida que estamos a passar.
Subscrevo completamente os comentários dos camarigos que me antecederam.
Um grande abraço para todos.
Adriano Moreira
Caro Luís
Um poema na linha de um outro que publicaste recentemente.
Tal como diz o C. Martins, o poema é um conjunto de sentimentos, contraditórios ou complementares, pois ele é raiva, desânimo, esperança, ânimo, vontade de lutar, ele aponta culpas, aponta redenção.
Mas, sobretudo, também a mim, tal como igualmente refere o C. Martins, o que mais me intrigou, foi o título/dedicatória, em maiúsculas,
"PARA UM AMIGO CANSADO DA VIDA"..
Fico a pensar a quem se destinará.
E se conseguirá vencer esse cansaço.
Faço votos para que sim!
Abraço
Hélder S.
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