quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11131: Humor de caserna (30): Estou a fazer voar o meu pensamento (Tony Borié) (3): Outra vez guerra?

1. Em mensagem do dia 17 de Janeiro de 2013, o nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), enviou-nos mais este pensamento voador...




O Cifra tem dias que anda de um lado para o outro, “não pára em ramo verde”, como diz o povo, alguns amigos dizem que é stress de guerra, mas não é, desta vez anda mesmo ansioso com o que vê, e os leitores, perdão, primeiro as digníssimas leitoras, que têm a gentileza e a amabilidade de visitar o blogue de “Luis Graça e Camaradas da Guiné”, vão mais uma vez desculpar este texto, é escrito com linguagem mais ou menos educada, não tem qualquer comparação com a linguagem do Curvas, alto e refilão, portanto mais uma vez, perdoem, mas agora dirigindo-se aos amigos antigos combatentes, o Cifra já sabe que vão dizer, se viverem no mundo que fala inglês:
- War again?.

No mundo que fala francês, dizem:
- Nouveau en guerre?.

No mundo que fala germânico, friamente, dizem:
- Wieder Krieg?.

No mundo que fala espanhol, entre dois ou três “zzz”, dizem:
- Guerra de nuevo?.

Os chineses, põem os pauzinhos de parte, se estiverem a comer, e depois dizem:


Perceberam?. Não. Deixem lá, pois o Cifra, também não percebeu!

E nós portugueses dizemos, com uma cara de enjoo:
- Outra vez, guerra?.

Sim guerra, mas desta vez com mágoa, pois reparem nestas fotografias que ilustram o texto, onde esta pobre rapariga, com uma cara de desespero e denunciando alguma angústia, pois pertencia a muito boas famílias, andava a estudar na universidade, portanto ia receber uma educação superior, foi tirada, talvez à força da sua aldeia, verificaram que tinha um corpo desenvolvido, portanto podia receber um treino mais forçado, tiram-lhe toda a roupa que usava na universidade, vestiram-na com uns farrapos, que diziam eram camuflados de guerra, deram-lhe o tal treino forçado, e depois de a usarem no campo de treino, debaixo de obstáculos, em terrenos pantanosos, na floresta, talvez dentro do paiol das munições, pois tinha que ter conhecimento dos diversos tipos de explosivos, a enviaram para a frente de combate, onde está na fotografia, em frente a uma G-3, das modernas, onde ela apesar do treino forçado a que foi submetida, não sabia por onde lhe pegar, sabia só que podia meter o olho através da lente, mas está aflita, pois não sabe onde vai apoiar a sua coronha, pois o seu peito desenvolvido, talvez devido ao treino forçado, não lhe deixa muito espaço livre.

Mais à frente, nesta fotografia, no campo de batalha, onde perdeu parte dos farrapos que compunham o seu uniforme camuflado, desesperada, depois de ter usado todas as munições, suas e de alguns companheiros, vendo-se sem a sua querida G-3, que também perdeu em combate, pois se a tivesse, talvez pegando no cano, que não era lá muito grosso, podia usar a coronha como se fosse um pau, como aqueles que os seus avós usavam em certas regiões de Portugal, a que chamavam uma “moca”, pois a área de combate estava destroçada. De repente, na sua ideia de lutadora, lembro-se das duas granadas que eram as preferidas do Curvas, alto e refilão, e que sempre trazia escondidas no bolso, roubou-lhas e o resultado foi o que se previa, pois o Curvas, alto refilão, às vezes, não era lá muito responsável quando o provocavam e vai daí, atira-se a ela, numa luta de corpo a corpo, e o Curvas, alto e refilão, pensando que era um valentão, lá por ter a medalha “cruz de guerra”, nunca contou com o intenso e forçado treino que ela recebeu, e vai daí, ela dá-lhe um “golpe de rins”, coloca-o debaixo de si, e ele não conseguindo aguentar a pressão do corpo dela, acabou por se render, e ela vitoriosa, sai de cima do Curvas, alto e refilão, acaricia as granadas, em sinal de vitória, com as suas mãos ainda quentes da luta, com um ar de vencedora, abaixa-se de novo, passa-lhe a mão pelo peito e rouba-lhe a medalha “cruz de guerra”, ali na frente de todos!
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 31 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11032: Humor de caserna (29): Estou a fazer voar o meu pensamento (Tony Borié) (2): Ela queria um canhão

2 comentários:

admor disse...

Caro Tony,

É só para dizer que uma "RAMBA" destas na Guiné apanhava uma Companhia inteira à mão, sem dar um tiro ou puxar a cavilha e depois ainda fazia uma "ramboiada do caraças".

Um grande abraço.

Adriano Moreira

JD disse...

Caro Adriano,
Ficaste com saudades do que nunca tiveste? Imagino que outros também ficaram.
Uma ocasião inventei uma estória de duas meninas reporteres de guerra italianas a quem "garanti" segurança. Durante uma emboscada as meninas "agarraram-se" a mim, e não queriam mais largar-me. Claro que dei barraca. Aqui no bem-bom a estória teve um acolhimento enciumado, e o herói ia indo ao ar, sem baixas de encher os comunicados das F.A., vítima apenas dos demolidores e raivosos afectos namorativos.
Afinal de contas, os gajos iam para lá combater, ou também se armavam em artistas, qual Hollywood, com italianas e tudo!!??
Abraços fraternos
JD