quarta-feira, 3 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11797: In Memoriam (154): Roberto Quessangue, cofundador e presidente da assembleia geral da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, especialista em questões agrícolas e ambientais, morre hoje no Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Simpósio Internacional de Guiledje > 1 de Março de 2008 > Cerimónia de boas vindas aos convidados estrangeiros e nacionais > Roberto Quessangue, cofundador e presidente da Assembleia Geral da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, desempenhou nesta cerimónia o papel de interface entre a comissão organizadora do Simpósio e a comunidade local de Guiledje. Ei-lo aqui atento, ouvindo a voz dos homens grandes. O êxito do Simpósio deve-se também, em grande parte, à sua capacidade de trabalho em equipa.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Simpósio Internacional de Guiledje (1-7 de março de 2008) > 1 de Março de 2008 > Visita ao antigo quartel de Guileje e cerimónia de boas vindas aos convidados estrangeiros e nacionais > Roberto Quessangue, de perfil.



Guiné-Bissau >  Bissau > Hotel Azalai >  Simpósio Internacional de Guiledje (1-7 de março de 2008) >  29 de Fevereiro de 2008 >  Receção de boas vindas aos convidados estrangeiros e nacionais. O casal Quessangue, Roberto e Francisca, com a Maria Alice Carneiro e a Diana Andringa. A  Francisca era antiga enfermeira do PAIGC, e, na data, enfermeira no Hospital Regional do Gabu. O Roberto Quessange tinha muitos amigos em Portugal, país de que gostava muito. Foram ambos uma presença constante, amiga e afetuosa, ao longo da semana, ele e a esposa.


Guiné-Bissau >  Bissau >  Simpósio Internacional de Guiledje > Convívio num restaurante da capital > 6 de março de 2008 > O casal Quessangue.


Guiné-Bissau > Bissau > Simpósio Internacionald e Guiledje (1-7 março de 2008) > Palácio Presidencial > 6 de Março de 2008 > À saída do edifício da Presidência da República, a então Ministra dos Antigos Combatentes da Liberdade da Pátria, Isabel Buscardin, de costas; e um elemento da comissão organizadora do Simpósio, cofundador e presidente da Assembleia Geral da ONGD AD - Acção para o Desenvolvimento, Roberto Quessangue, e antigo secretário de estado dos recursos naturais e do ambiente, no governo deposto pelo golpe de estado de 1998.




Guiné-Bissau > Região de Tombali > Simpósio Internacionald e Guiledje (1-7 março de 2008) > Florestas do Cantanhez > Visita ao acampamento (reconstituído) Osvaldo Vieira, a sul de Iemberém > 2 de março de 2008 >  Em primeiro palno, a Francisca Quessangue, esposa do Roberto, presidente da Assembleia Geral da AD, que eu descrevi, na altura, como "uma doçura de pessoa"

(...). "E, no entanto, tinha todas as razões para ter ódio no seu coração: o pai foi morto, com três tiros, friamente, por tropas africanas, por se recusar a denunciar os camaradas da guerrilha do PAIGC... Uma tia dela que estava grávida e que assistiu, aterrorizada, a esta cena, escondida por detrás de uma árvore, teve um aborto espontâneo. O pai da Francisca era papel, da região de Bissau. Viveu no mato, onde ela cresceu. Tinha responsabiliddaes políticas, não era combatente. A Francisca estudou enfermagem na ex-União Soviética. Estava num hospital de retaguarda, na fronteira, aquando do ataque a Guileje. Hoje é enfermeira no Hospital Regional do Gabu. É uma das oradoras do Simpósio. Vai fazer uma comunicação sobre "os aspectos sanitário-logísticos do PAIGC no assalto ao quartel de Guiledje", dia 6 de Março. Ostenta uma T-shirt com uma campanha da Unicef Semana Nacional de Amamentação. Hoje na Guiné-Bissau as jovens mães já não querem dar de mamar aos seus filhos, por razões estéticas". (...)



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Simpósio Internacional de Guiledje (1-7 março de 2008) > Aldeia piscatória de Cananima, na margem direita do Rio Cacine, frente à povoação de Cacine > Almoço da comitiva >  2 de março de 2008 > A Francisca com a Isabel Buscardini, na altura ministra dos Antigos Combatentes da Liberdade da Pátria.


Guiné- Bissau > Bissau > Um último adeus da AD ao seu cofundador e líder da assembleia geral, especialista em questões agrícolas e ambientais. Acaba de morrer hoje, em Bissau. Julgo que não teria 60 anos (LG).

Palavras que o Roberto Quessangue escreveu, aquando da criação da página da AD na Net, à laia de boas vindas:

"O elevado espírito de equipa e dinâmica de trabalho dos seus quadros e técnicos e, fundamentalmente, dos nossos parceiros comunitários, permitiu à AD demonstrar ao longo dos últimos 14 anos que é possível combater a pobreza, preservar a natureza e criar dinâmicas de progresso e desenvolvimento.

"Estamos igualmente muito reconhecidos aos nossos parceiros do Norte e numerosas pessoas singulares anónimas que se solidarizam e apoiam iniciativas das comunidades rurais e urbanas da Guiné-Bissau e que, graças à sua dedicação e interesse tornaram possível a implementação de diversas acções de desenvolvimento com resultados muito positivos.

"Se é verdade que muita coisa foi feita, porém, ainda muito mais está por fazer…

"Caros Amigos, a nossa ONG olha para futuro com optimismo.

"Como 'a amizade é o único combustível que aumenta à medida que é utilizado', aceitem o nosso abraço amigo".



Fotos (e legendas): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados.


 1. Mensagem que nos chega, hoje, de manhâ, às 11h56, dos amigos da AD - Bissau, 


Luís

Hoje é um dia muito triste para nós. Faleceu, no Hospital Simão Mendes, o nosso amigo, camarada e líder da Assembleia Geral da AD, Roberto Quessangue.

A AD presta-lhe hoje uma simples homenagem no seu site:
www.adbissau.org

Sei que o conheceste.

pepito

2. Reprodução do texto, coletivo, inserido hoje, no sítio da AD:

 Até sempre, Roberto

Jul 03, 2013

Como gostosamente sempre recordavas, foi debaixo daquela palmeira,  junto ao porto de Caboxanque, que convocaste um grupo de camaradas [, Pepito, Isabel Levy Ribeiro, José Filipe Fonseca, Nelson Dias, Isabel Miranda, Rui Miranda...] e os desafiaste: e se criássemos uma ONG?

Nascia aí, nessa manhã, no intervalo de uma reunião do DEPA [, Departamento de Experimentação e Produção de Arroz, ]

Lideraste durante 21 anos, como Presidente da nossa Assembleia Geral, os destinos da AD, usando sempre aquela simplicidade, ironia, inteligência e sentido de unidade, para marcares de forma definitiva a cultura da nossa organização, todos fortemente à volta de um ideal de sociedade e de desenvolvimento.

Com sabedoria, foste relegando para fora aqueles problemas existentes em todas as organizações de todas as longitudes e que conduzem à desunião e ao fracasso.

Lideraste a AD nos contatos internacionais, onde ninguém podia resistir ao encanto das tuas palavras e das tuas estórias e todos se rendiam à tua capacidade técnica e de argumentação.

Perdemos-te nós e perdeu o país, que nunca foi capaz de reconhecer o trabalho impar que fizeste sozinho em Boé. Outros tentaram, mas foram ficando pelo caminho.

A população de Boé, essa, guarda de ti a lembrança de ter trazido consigo,  durante os anos que lá estiveste,  a esperança de que tinha valido a pena a luta pela independência.

Serviste o país sem nada pedir em troca, mas recebeste da vida o reconhecimento daqueles que nunca esquecem: a família, os amigos e as populações.

Contaste sempre com a Francisca, tua mulher e companheira de sofrimento e alegrias.

A tua última grande preocupação foi a de criares os teus filhos e assegurares-lhes um futuro em que eles possam sentir o orgulho do pai que tiveram.

Esta madrugada, quando a noite partia e começava um novo dia, deixaste-nos, órfãos de um amigo, de um camarada, de um líder.

Estaremos contigo sempre, SEMPRE!

Os colegas da AD

3. Mensagem de L.G. enviada ao Pepito e demais amigos da AD:

Pepito: Tenho uma grata e terna memória desses dias em que convivemos, eu e a Alice, mais estreitamente com a Francisca e o Roberto!... É duro para todos, a começar para a Francisca e filhos, a perda de um marido, pai, cidadão, camarada e amigo como foi o Roberto... (Recordo-me dele me ter falado dos filhos, com ternura, estando eles na época a estudar no estrangeiro; bem como das saudades de Portugal e dos amigos portugueses).

Dá um abraço muito afetuoso e apertado à nossa querida Francisca (cuja anónima mas heróica história de vida tive o privilégio de ouvir, da sua própria boca, nessa "semana inolvidável" de convívio e de conhecimento mútuo que foi o Simpósio Internacional de Guiledje, de 28 de fevereiro a 7 de março de 2008). 

E, claro, para ti e para a AD, vai toda a minha solidariedade na dor pela perda de um elemento fundamental da equipa, e um grande amigo. Tenho várias fotos do Roberto, tiradas nesses dias, incluindo uma à porta da Presidência da República. 

Vou já fazer, na hora do almoço, um poste em sua memória. Diz-me mais ou menos em que ano nasceu e onde (Bissau? Ou Oio? Tenho ideia que ele era da região do Oio, e que também militou, como tu, na JAAC - Juventude Africana Amílcar Cabral ...Sei que ele tinha sido secretário de estado dos recursos naturais e do ambiente, no mesmo governo em que tu participaste antes do golpe de Estado de 1998. 

Se puderes, manda-me uma curta nota biográfica. Vou também reproduzir o teu texto, admirável, publicado na página da AD. Como é difícil falar dos nossos sentimentos de perda, num evento funesto como este. Mas soubeste fazê.lo com grande dignidade, sabedoria, razão e coração.
Um xicoração do Luis.
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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de junho de 2013> Guiné 63/74 - P11771: In Memoriam (153): Américo Justino do Carmo Martins, ex-sold cond auto, CCAÇ 557 (Cachil, Bissau, Bafatá, 1963/65): mais um homem bom que se despede da terra da alegria (José Colaço)

7 comentários:

Luís Graça disse...

É uma dor de alma ler notícias como esta...



Guiné-Bissau: José Ramos-Horta adverte para más condições do Hospital Simão Mendes


Bissau - O Representante Especial do Secretário-geral das Nações Unidas em Bissau, José Ramos-Horta, disse, esta terça-feira, 11 de Junho, que o Hospital Nacional Simão Mendes, a maior unidade do país, se encontra em «condições lastimáveis», em termos de atendimento dos pacientes.

Em declarações à PNN depois da vista que efetuou no Hospital Raoul Follereau, uma unidade sanitária especializada no tratamento de doentes de tuberculose e VIH/SIDA, José Ramos-Hortas sublinhou que o Hospital Simão Mendes precisa de uma renovação completa e modernização.

«Visitei o Hospital Militar, que se encontra em boas condições, visitei Hospital Simão Mendes, que se encontra em condições lastimáveis e precisa de uma renovação completa, e visitei o Hospital de Bafatá, no leste do país, que tem condições muito mais precárias», declarou Ramos-Horta.

Apesar das más condições em que se encontram as unidades hospitalares públicas, José Ramos-Horta destacou as boas condições, em termos de infraestruturas e atendimento de pacientes, em que se encontra o Hospital Raoul Follereau.

Mamadu Saliu Sanhaa, administrador do referido centro sanitário, manifestou-se satisfeito com a visita do representante da ONU em Bissau.

(c) PNN Portuguese News Network

2013-06-11 23:23:50

http://www.bissaudigital.com/noticias.php?noticia=2000331982

Luís Graça disse...

Como é possível trabalhar-se nestas condições ?... LG

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Guiné-Bissau: Sindicados do sector da Saúde em greve

Bissau - Os três sindicatos do sector da saúde no país iniciaram, esta quarta-feira, 5 de Junho, uma paralisação por um período de sete dias.

Trata-se do Sindicato dos Quadros de Saúde, do Sindicato do Enfermeiro e Técnico de Saúde e do Sindicato de Trabalhadores de Saúde, que exigem, do Governo de transição, o pagamento de sete meses de salário aos chamados «novos ingressos», o pagamento de subsídios, o pagamento de salários ao pessoal contratado e a alteração dos escalões de vencimento.

O sindicalista afirmou que os novos quadros do sistema de saúde guineense não recebem salários há mais de sete meses.

No total, serão perto de 500 pessoas a trabalhar nestas condições, sem receberem os seus ordenados, além dos quase 350 novos licenciados, técnicos de saúde, prontos a serem colocados nas regiões.

As partes envolvidas tinham agendado um encontro negocial para esta quarta-feira, que não chegou a acontecer, de acordo com os sindicatos, que disseram desconhecer o motivo.

(c) PNN Portuguese News Network

2013-06-06 11:52:19

http://www.bissaudigital.com/noticias.php?noticia=2000331963

Luís Graça disse...

Não sei de que é que morreu o meu amigo Roberto. Quando o conheci, vendia saúde, era um homenzarrão!... Mas receio que possa ter morrido de iatrogénese, de infeção nosocomial, de efeito adverso... Entrar num Hospital como o Simão Mendes deve ser equiparado a uma ocndenação à morte!... Se calhar estou a ver o filme a "preto e negro", mas rezo para que os meus amigos guineenses ou portugueses nunca tenham de lá ir parar!... Independentemente da gente heróica, abnegada, corajosa e competente que lá trabalha, ... sem receber há mais de meio ano!

Anónimo disse...

Os meus mais sinceros pêsames à família do Roberto. Paz à sua alma. Que os amigos o recordem sempre.
Filomena

Zé Teixeira disse...

Sei que em 2011 o Roberto foi operado no hospital de S.João a um neuroma benigno - Neuroma de Morton num dos nervos da planta do pé, de origem benigna, e não ficou bem. As dores continuaram e afectaram-no mentalmente por ficar impedido de fazer a sua vida normal.

Em Maio tentei saber através do Pepito seu vizinho e amigo de peito.
Nada previa este desenlace.
A grande preocupação dele era a educação dos filhos.

Perdemos um grande guineese, um amigo, um activista pelo desenvolvimento através da acção.

As minhas condolências à Francisca que me fez frente algures na Guiné no tempo da guerra - enfermeira como eu. Uma senhora que tive o prazer de conhecer em 2008 e me marcou pelo seu humanismo e visão da história.

Hélder Valério disse...

À família e aos amigos, deixo aqui os meus pêsames.

Um 'homem bom', faz sempre falta. Na Guiné é uma perda severa.

Temos que nos conformar, pois estas notícias estão cada vez mais a ser recorrentes. Mas, é claro, sempre custa.

Hélder Sousa

Carlos Silva disse...

Tive a oportunidade de conhecer o Roberto bem como a esposa Francisca em Março/2008 no decurso do Simpósio de Guiledje.

Ambos não deixaram por mãos alheias em receber-nos bem.

Fizemos amizade e quando o Roberto vinha a Portugal por vezes contactava-me para um bate papo.

Em 7-06-2008 encontrava-se em Portugal e como nessa data se realizou a Assembleia Constitutiva da nossa associação Ajuda Amiga, convidei-o para participar na mesma, tendo aceite o convite de imediato, bem como participou nesse evento histórico da nossa Associação.

À Francisca e aos filhos em particular, bem como a toda a família e à AD, apresento as minhas condolências neste momento difícil.
Com um abraço
Carlos Silva