quarta-feira, 3 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11793: O Nosso Livro de Visitas (166): António Madeira, ex-militar do BCAÇ 2912, trazido até nós pelo nosso camarada Juvenal Amado

1. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 25 de Junho de 2013:

Caro Carlos
Ontem mandei-te um texto onde transcrevia uma história infelizmente real de um camarada da 2912 que se chama António Madeira, natural de Castelo Branco, que está hoje numa situação dificil.
Acabei de receber autorização dele para mencionar o seu nome e assim envio-te o original contada por ele mesmo.
Um abraço
Juvenal Amado


2. Mensagem do nosso camarada António Madeira que pertenceu ao BCAÇ 2912:

Caros amigos deste extraordinário Grupo de convívio à distância, hoje decidi contar-vos uma história pessoal:

Eu não sou muito preciso em datas mas, no dia em que os "piriquitos" do BCAÇ 3872 chegaram a Galomaro (ao principio da noite) nessa tarde eu fui tomar banho à "bolanha" que ficava à saída de Galomaro e à esquerda na estrada para Bafatá. Num dos "mergulhos" bati com a cabeça no fundo da referida "bolanha" e fiz uma luxação na cervical. No dia seguinte fui evacuado para o Hospital de Bissau onde permaneci cerca de um mês.

Passei à disponibilidade com uma má postura na cervical e passados uns anos tive que ser operado no Hospital Stª Maria em Lisboa, ficando com uma parcial mas acentuada deficiência física que, ao longo dos anos, foi aumentando e há dois anos a esta parte fiquei confinado a uma cadeira de rodas e impossibilitado de sair de casa.

É esta a minha recordação viva e diária, de GALOMARO... DESTINO... E PASSAGEM.

A vida continua
Um abraço para todos.
António Madeira


3. Comentário do editor

Caro camarada António Madeira
Muito obrigado pelo teu contacto via Juvenal Amado.
Parece que dominas o computador. Assim, convidamos-te a aderir à nossa Tabanca. Vais ver que começando a contar as tuas histórias e a enviar as tuas fotografias, passas melhor o tempo e ajudas a aumentar este espólio de memórias de ex-combatentes da Guiné.

Diz-nos qual foi o teu posto, especialidade, unidade dentro do Batalhão, data de ida e regresso da Guiné, locais onde cumpriste a tua comissão de serviço e outros elementos que aches útil fornecer para que te possamos conhecer melhor.
Não esqueças de enviar uma foto do teu tempo de tropa para os nossos arquivos.

Pela tua mensagem ficamos a saber que a tua saúde se está a ressentir do grave acidente que sofreste na Guiné. Lamentamos que estejas a passar por essa situação. Oxalá o nosso blogue possa contribuir para ocupares o teu tempo. Casos similares ao teu aconteceram infelizmente com alguma frequência, havendo a lamentar até casos de afogamento e desaparecimento de cadáveres.
Acontecimentos que tinham a ver a juventude, altura em que nos julgamos imortais.

Caro camarada, esperamos mais notícias em breve. Vamos pedir ao Juvenal que te faça chegar a nossa mensagem/convite.

Recebe um abraço em nome da tertúlia e dos editores, e os votos da melhor saúde possível face aos condicionamentos próprios da tua deficiência.

O teu camarada e amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 24 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11454: O Nosso Livro de Visitas (165): Um "recuerdo" do ex-1º cabo op cripto Luís Nascimento, CCAÇ 2533 (Camjambari, 1969/71)

5 comentários:

Luís Graça disse...

Meu caro António:

Sê bem vindo á nossa Tabanca Grande. Talvez aqui possas encontrar algum consolo e apoio solidário. Talvez que a partilha de memórias e de afetos com os teus camaradas da Guiné te possa ajudar a suportar a tua cruz, que é bem pesada. O mais importante és estares vivo e teres vontade de viver com dignidade. Senta-te aqui ao pé nós, debaixo do poilão da nossa Tabanca Grande. Como se estivesses em Galomaro... Luis Graça

Torcato Mendonca disse...

E agora? Pergunto eu. Quem e como se pode ajudar "" este Camarada?
Quantos há assim com problemas e já aqui têm sido falados. Os milicianos pouco sabem das "leis dos militares" e os que foram do Q.P. não saberão?
Nos feridos ligeiros quantos milicianos ficaram por não aparecer nos relatórios? Quantos do QP, com ferimento de penso rápido lá figuraram...não se esqueça de ...da-se!

Podia haver uma Série para casos destes ou similares.

Merecem muito mais preocupação do que certos tratamentos, certas questões, certas "ajudas" que por aí aparecem.

Lembram-se "do Morto, Vivo do Quirafo" o nosso querido Camarada? Lembram-se de outros e quantos mais Antónios haverá???

/Um abraço a vocês que apostam na solidariedade e disso têm provas dadas e a TODOS os deste espaço, deste Blogue.

Ab,T.

Torcato Mendonca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Hélder Valério disse...

Caros camaradas

Foi corajoso da parte do António Madeira expor assim as suas dificuldades e problemas.
Foi, mais uma vez, um acto de solidariedade activa por parte do Juvenal, o que se saúda.

Secundo os votos por aqui formulados para que o nosso camarada AMadeira possa encontrar alguma 'compensação' para a sua situação, pelo menos em termos emocionais.

Abraço
Hélder S.

Juvenal Amado disse...

Pegando um pouco no que o Torcato diz, também acho que seria interessante saber que outros casos poderão por aí andar.
O nosso camarada Madeira, foi passado à disponibilidade com grande problema de saúde, que ganhou em tempo de comissão. O exercito ficou safo dessa responsabilidade e fez como Pilatos lavou dali as mãos. Mas também temos conhecimento de outro prisioneiro de Cancolim, que esteve na mesma altura na mesma prisão que o António Baptista e fugiu de lá dias antes de o nosso batalhão embarcar para casa.
Esse camarada com graves problemas psicológicos, vivia ainda à tempo como um hermita numa casa, onde tinha arrancado as portas e as janelas.

Um abraço