Foto: © Jorge Cabral (2014) . Todos os direitos reservados. [Edição de L.G.]
1. Mensagem do Jorge Cabral [, jurista, advogado de barra, docente universitário reformado, ex-alf mil at art, cmdt Pel Caç Nat 63, Fá Mandinga e Missirá, setor L1, Bambadinca, 1969/71]:
Data: 7 de Janeiro de 2014 às 16:51
Assunto: Golo!
Amigo!
Na Guiné até o Alfero jogou futebol...
Abraço!
J.Cabral
Junto foto - O 1º Cabo Negado e o Alfero treinando no relvado de Fá.
2. Estórias cabralianas > Ganhámos! O Alfero meteu golo.
por Jorge Cabral
Um dia, ouvi, em Bambadinca, que ia haver um campeonato de futebol. Para além da CCaç 12 , entravam todos os Pelotões e Serviços da CCS. Inscrevi o Pel Caç Nat 63, embora não tivéssemos equipa, nem sequer bola, que me apressei a adquirir.
Chegado a Fá, ordenei treinos diários. Tarefa difícil, pois os meus soldados africanos nem as regras conheciam. Eram fortes e rápidos, mas pareciam especialistas em sarrafadas. Para tirar a bola ao adversário valia tudo…
Chegado a Fá, ordenei treinos diários. Tarefa difícil, pois os meus soldados africanos nem as regras conheciam. Eram fortes e rápidos, mas pareciam especialistas em sarrafadas. Para tirar a bola ao adversário valia tudo…
Iniciou-se o campeonato e nós sempre a perder. Resultados catastróficos…autênticas cabazadas.. Para apoio moral, levávamos uma enorme claque de miúdos que, em alarido, aplaudiam tudo.
Não sei porque não fomos desclassificados e chegámos ao último jogo, contra o Pelotão dos Morteiros. Com o jogo quase a terminar, e quando já havíamos sofrido oito golos sem resposta, o guarda-redes Mamadú chutou a bola para o Demba que a tocou para o Alfero, e este, em manifesto fora de jogo, rematou.
– Gooooolo! Gooooolo!Gooooolo!Não sei porque não fomos desclassificados e chegámos ao último jogo, contra o Pelotão dos Morteiros. Com o jogo quase a terminar, e quando já havíamos sofrido oito golos sem resposta, o guarda-redes Mamadú chutou a bola para o Demba que a tocou para o Alfero, e este, em manifesto fora de jogo, rematou.
O árbitro, alferes, hesitou e olhou para o rematador, que encolheu os ombros… Golo validado, claro. A algazarra foi tanta, que o Comandante do Batalhão saiu do seu gabinete, para ver o que se passava, tendo-se mostrado irritado.
Rapidamente regressámos a Fá. Nessa altura, o Pelotão tinha um Segundo Sargento que, intrigado com a nossa ruidosa alegria, perguntou:
– Então? Que aconteceu?
– Ganhámos! O Alfero meteu golo! – gritou-lhe o Sambaro.
– Ganhámos! O Alfero meteu golo! – gritou-lhe o Sambaro.
Jorge Cabral
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Último poste da série > 26 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12345: Estórias cabralianas (83): Da Gata Catota à Tabanca da Queca... (Jorge Cabral, com bolinha...)
(...) No fim dos anos 70, era um simpático advogado, com muitas clientes que me gabavam a grande sensibilidade…Entre elas, destacava-se a D. Prazeres, que eu divorciara de um marido violento e me assediava todos os dias, com questões que, de jurídico, tinham muito pouco. (...)
Nota do editor:
Último poste da série > 26 de novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12345: Estórias cabralianas (83): Da Gata Catota à Tabanca da Queca... (Jorge Cabral, com bolinha...)
(...) No fim dos anos 70, era um simpático advogado, com muitas clientes que me gabavam a grande sensibilidade…Entre elas, destacava-se a D. Prazeres, que eu divorciara de um marido violento e me assediava todos os dias, com questões que, de jurídico, tinham muito pouco. (...)
12 comentários:
Fotografias simplesmente espetaculares e ilustrativas da sã convivência entre brancos e negros e que a meu ver apaga a ideia que se praticava futebol só entre as tropas metropolitanas.
Parabéns Cabral por estas belas fotos e também pelo teu Golo que pelos vistos foi decisivo. Acho que ainda continua a ser importante nas nossas lembranças de juventude.
Um abraço.
Henrique Cerqueira
Desculpem lá, mas não resisto a mais um comentário. É de uma beleza extraordinária as expressões do rosto dos dois "contendores" na disputa da bola assim como os movimentos físicos de ambos. Esta foto quanto a mim é das mais expressivas que já vi aqui publicadas e dignas de uma posição de destaque neste blogue.
Henrique Cerqueira
Não conhecia esta faceta do alferes Cabral. Vou ter que atualizar o seu "curriculum vitae"... Ab. LG
Parabéns e obrigado aos autores do blogger,pelos momentos de alegria que nos permitem sentir ao ver ,ler e sentir ao recordarmos momentos que muitas vezes dificeis mas alegres dos quais vamos matando a saudade. Um bom Ano de 2014 Abraço
A alegria que provocou naqueles miúdos que vos acompanharam, o golo marcado, mesmo que os outros tivessem marcado muitos mais, é bem o espelho de quem nada tem, quando consegue alguma coisa, nem que seja pouco é sempre uma "vitória"
Continua, com as tuas estórias alegres, cada vez mais necessárias,neste tempo em que a tristeza faz parte da vida de muita gente.
António Eduardo Ferreira
Tirando a relva um bocadinho mal aparada está tudo perfeito.
Manuel Carvalho
Caros camaradas
Nem sei por onde começar.
Antes do mais, pela foto da disputa de bola.
Um espectáculo! Alegria estampada nos rostos, disputa bem empenhada, alguma postura pouco ortodoxa do braço esquerdo do "Alfero", é certo, mas tudo o mais, muito positivo, incluindo a bola.
Foi golo, marcaram o 'ponto de honra' apenas, mas isso foi de tamanho valor que não coibiu o Sambaro de gritar "ganhámos! o Alfero meteu golo!".
Donde se prova, mais uma vez, que para se ter alegria basta que se esteja disposto a isso e que se valorizem as pequenas coisas.
Abraço
Hélder S.
Caros camarigos
É comovente a alegria e lealdade dos dois competidores da fotografia. Parecem duas crianças felizes.
Diz bem do carácter alegre, jovial e amigo do camarada Jorge Cabral, que os seus talentosos postes bem evidenciam.
Mais uma estória bem apanhada, da sua chancela.
Um abraço
JLFernandes
Ninguém melhor que o Alfero para empolgar as gentes nas bancadas.
Os seus passes são magistrais, os golos ficam colados nas redes do coração.
Um alpha bravo amigo.
José Câmara
Um dia, em Teixeira Pinto, pediram-me que arbitasse um jogo de futebol. Acedi de pronto mas, a certa altura do jogo começaram à batatada e tive de puxar pelos meus galões de Alferes e acabei o jogo e... a batatada! Tenho algumas fotos mas fiz uma (des)arrumação no escritório e não as encontro.
Olha Jorge!
O que tu relatas, é um marco civilizacional dos portugueses em África.
Muito bem!
JD
Ah! Ah! Ah!
J.Cabral
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