Detalhe do cabeçalho do cartaz nº 2, de uma série de cinco, elaborados por Jaime Bonifácio Marques da Silva, e que vão ser exibidos, no próximo dia 11 de maio, no clube local da Areia Branca Lourinhã, na sessão de homenagem á memória do José Henriques Mateus (1944-1966). Vamos aproveitar alguns elementos dos 5 cartazes, na impossibilidade ténica de os reproduzir na íntegra, de forma legível, e procurando não repetir informação já aqui divulgada. (LG)
1. ENQUADRAMENTO DA HOMENAGEM AO SOLDADO JOSÉ
HENRIQUES MATEUS NO CONTEXTO DA EVOCAÇÃO HISTÓRICA DA GUERRA COLONIAL
1.1 O INÍCIO DA GUERRA EM ÁFRICA
Durante a Guerra em África Portugal mobilizou durante os treze anos do conflito (1961 – 1974) cerca de um milhão de jovens.
Destes, mais de 8 mil tombaram na frente de combate ou em acidentes, cerca de 120 mil foram feridos, 4 mil ficaram estropiados e, estima-se, que cerca de 100 mil ficaram a sofrer de “Stress Pós Traumático de Guerra”.
1961 - ANGOLA:
Se tem que se apontar uma data para o início da guerra em Angola, a data é 4 de fevereiro de 1961. Nesse dia um grupo de africanos ataca a cadeia de Luanda, matando sete polícias portugueses. Dias depois, a 15 de março, sucedem-se os massacres no Norte levados a cabo pela UPA.
Em Angola as tropas portuguesas tiveram de enfrentar os guerrilheiros de três movimentos nacionalistas diferentes:
- UPA (União da Populações de Angola) que, em 1962, viria a designar-se FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), liderada por Holden Roberto;
- MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola), liderado por Agostinho Neto;
- UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), liderada por Jonas Savimbi.
1963 – GUINÉ:
Em Angola as tropas portuguesas tiveram de enfrentar os guerrilheiros de três movimentos nacionalistas diferentes:
- UPA (União da Populações de Angola) que, em 1962, viria a designar-se FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), liderada por Holden Roberto;
- MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola), liderado por Agostinho Neto;
- UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), liderada por Jonas Savimbi.
1963 – GUINÉ:
Em 23 de janeiro de 1963 inicia-se oficialmente a guerra na Guiné, quando o PAIGC liderado por Amílcar Cabral ataca o quartel de Tite, a Sul de Bissau. Contudo, a primeira ação contra a soberania de Portugal neste território já tinha acontecido em julho de 1961, quando os guerrilheiros do MLG (Movimento de Libertação da Guiné), comandados por François Mendy entraram pela fronteira da GUINÉ com o Senegal e atacaram as povoações de S. Domingos, Suzana e Varela junto à fronteira com o Senegal.
1964 – MOÇAMBIQUE:
1964 – MOÇAMBIQUE:
A 25 de setembro de 1964 dá-se o início da luta armada em Moçambique. A FRELIMO, liderada por Eduardo Mondlane, ataca o quartel de Mueda e proclama a insurreição geral contra a autoridade portuguesa.
A 16 de novembro de 1964 as tropas portuguesas sofrem as primeiras baixas no Norte de Moçambique, na região de Xilama.
1.2 AS CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA PARA OS JOVENS DA LOURINHÃ
Da relação que se anexa verifica-se que, do Concelho da Lourinhã, perderam a vida durante o conflito 20 jovens: 9 em Angola, 5 em Moçambique e 6 na Guiné.
OBSERVAÇÕES:
Na Guiné, de acordo com este último quadro, podemos verificar que:
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Nota do editor:
Último poste da série > 9 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13116: Homenagem póstuma, na sua terra natal, Areia Branca, Lourinhã, 11 de maio próximo, ao sold at cav José Henriques Mateus, da CCAV 1484 (Nhacra e Catió, 1965/67), desaparecido em 10/9/1966, no Rio Tompar, no decurso da op Pirilampo. Parte V: Dever de memória e de cidadania (Jaime Bonifácio Marques da Silva)
A 16 de novembro de 1964 as tropas portuguesas sofrem as primeiras baixas no Norte de Moçambique, na região de Xilama.
1.2 AS CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA PARA OS JOVENS DA LOURINHÃ
Da relação que se anexa verifica-se que, do Concelho da Lourinhã, perderam a vida durante o conflito 20 jovens: 9 em Angola, 5 em Moçambique e 6 na Guiné.
CONCELHO DA LOURINHÃ
RELAÇÃO DOS COMBATENTES FALECIDOS NA GUERRA DO
ULTRAMAR
ANGOLA
|
NOMES
|
POSTO
|
FREGUESIA
|
FALECIMENTO
|
Joaquim Alexandre Neto
Martins
|
Soldado
|
Ribamar/C.P. Dinheiro
|
12.06.1961
|
João Cláudio Fernandes
|
Soldado
|
Atalaia
|
05.07.1963
|
Leonel Lourenço dos
Santos
|
Soldado
|
Marteleira
|
10.08.1963
|
João António Fonseca
Martins
|
Soldado
|
Lourinhã
|
14.01.1964
|
Joaquim Domingos Santos
Oliveira
|
Soldado
|
Reguengo Grande
|
24.05. 1964
|
Frutuoso Brás Ferreira
|
1.º Cabo
|
Reguengo Grande
|
30.08.1964
|
João dos Santos Correia
|
Soldado
|
Pena Seca
|
07.07 1970
|
Arsénio Bonifácio da
Silva
|
Soldado
|
Seixal
|
04.09.1972
|
Henrique Luís Rodrigues
|
Soldado
|
Pena Seca
|
01.03.1973
|
MOÇAMBIQUE
|
NOMES
|
POSTO
|
FREGUESIA
|
FALECIMENTO
|
Manuel Filipe Henriques
|
1.º Cabo
|
Casal das Barrocas
|
02.10.1967
|
Henrique Lino Antunes Marques
|
Furriel
|
Marteleira
|
07.02.1968
|
Avelino augusto Corado
|
Soldado
|
Paço
|
30.10.1969
|
Jorge Maceira Santos
|
Soldado
|
Reguengo Grande
|
26.09.1970
|
Israel António Onofre
|
Alferes
|
Moita dos Ferreiros
|
11.01.1972
|
GUINÉ
|
NOMES
|
POSTO
|
FREGUESIA
|
FALECIMENTO
|
José António Canôa
Nogueira
|
Soldado
|
Lourinhã
|
23.01.1965
|
José Henriques Mateus
|
Soldado
|
Areia Branca
|
09.07.1966
|
Albino Cláudio
|
Soldado
|
Ribamar
|
23.07.1968
|
Alfredo Manuel Martins
Félix
|
Soldado
|
Toxofal
|
26.01.1970
|
Carlos Alberto Ferreira
Martins
|
Soldado
|
Toledo
|
15.04.1971
|
José João Marques
Agostinho
|
1.º Cabo
|
Reguengo Grande
|
05.05.1973
|
OBSERVAÇÕES:
Na Guiné, de acordo com este último quadro, podemos verificar que:
i. Tombaram seis (6) militares: Lourinhã, Areia Branca, Ribamar, Toxofal, Toledo e Reguengo Grande.
ii. De acordo com a lista que consultei no Arquivo Geral do Exército verifica-se que as causas da morte foram: ferimentos em combate, três (3) (José Nogueira, José Agostinho e Carlos Martins); acidente com arma de fogo, um (1) (Albino Cláudio); acidente de viação, um (1) (Alfredo Félix); desaparecido em combate, um (1) (José Mateus).
iii. Quanto à Especialidade e Posto: cinco (5) são atiradores e um (1) é apontador de morteiro – José Nogueira; três (3) são Soldados e um (1) é 1.º Cabo.
iv. Cinco pertencem ao Ramo do Exército e um à Força Aérea – o Paraquedista Carlos Alberto Ferreira Martins.
v. O primeiro militar da Lourinhã a tombar na Guiné foi o soldado José António Canôa Nogueira em 23.1.1965, natural da Vila e o último foi o 1.º Cabo José João Marques Agostinho em 5.5.1973, natural de Reguengo Grande.
Nota:
A este propósito, Luís Graça escreveu:
ii. De acordo com a lista que consultei no Arquivo Geral do Exército verifica-se que as causas da morte foram: ferimentos em combate, três (3) (José Nogueira, José Agostinho e Carlos Martins); acidente com arma de fogo, um (1) (Albino Cláudio); acidente de viação, um (1) (Alfredo Félix); desaparecido em combate, um (1) (José Mateus).
iii. Quanto à Especialidade e Posto: cinco (5) são atiradores e um (1) é apontador de morteiro – José Nogueira; três (3) são Soldados e um (1) é 1.º Cabo.
iv. Cinco pertencem ao Ramo do Exército e um à Força Aérea – o Paraquedista Carlos Alberto Ferreira Martins.
v. O primeiro militar da Lourinhã a tombar na Guiné foi o soldado José António Canôa Nogueira em 23.1.1965, natural da Vila e o último foi o 1.º Cabo José João Marques Agostinho em 5.5.1973, natural de Reguengo Grande.
Nota:
A este propósito, Luís Graça escreveu:
“Curvo a cabeça em memória do Mateus e do meu primo Canoa Nogueira, os dois primeiros lourinhanenses a morrer na guerra da Guiné, com um intervalo de ano e meio... E não longe um do outro, na mesma região, Tombali, no mesmo setor, Catió... O Canoa morreu em 23 de janeiro de 1965, em Ganjola, num ataque ao destacamento... Pertencia a um pelotão de morteiros... Era meu primo... E fui ao seu funeral, quatro meses depois... Veio num caixão de chumbo... A sua morte marcou-me muito. Seis dias depois dele morrer, fiz eu 18 anos, a idade de dar o nome para as sortes...
"O Mateus não o conhecia, pessoalmente, embora vivesse a menos de 3 km da Lourinhã...” (In: blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, 21.4.2014).
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Nota do editor:
Último poste da série > 9 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13116: Homenagem póstuma, na sua terra natal, Areia Branca, Lourinhã, 11 de maio próximo, ao sold at cav José Henriques Mateus, da CCAV 1484 (Nhacra e Catió, 1965/67), desaparecido em 10/9/1966, no Rio Tompar, no decurso da op Pirilampo. Parte V: Dever de memória e de cidadania (Jaime Bonifácio Marques da Silva)
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