segunda-feira, 2 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14313: Historiografia da presença portuguesa em África (59): A oficialização do ensino liceal, por portaria de 10 de abril de 1950, ao tempo do governador Raimundo Serrão, dando origem ao Liceu Honório Barreto


A portaria que vem oficializar o ensino secundário (ou liceal) na então colónia da Guiné. O nº de estudantes ainda era todavia diminuto para se justificar a criação oficial de um liceu...Daí a designação de colégio-liceu onde a nossa decana, centenária, dra. Clara Schwarz da Silva foi professora de francês, durante quase duas décadas...



Guiné > Bissau > c. junho 1950 > "Na varanda e no jardim do palácio do Governo a multidão reclama a presença de Sua Excelência o Governador a quem deseja agradecer a publicação da portaria nº 13.124 que oficializou na Guiné o ensino secundário"



Guiné > Bissau > c. julho de 1950 > "A população civilizada (sic) da cidade de Bissau concentra-se junto da Câmara Municipal para em grandiosa manifestação ir agradecer a Sua Excelência o Governador a oficialização do ensino secundário na Guiné"...

Fotos e legendas:  Boletim Cultural da Guiné Portuguesavolume 19, julhio de 1950, pp. 463 e ss. [Reproduzidas com a devida vénia de Memórias d' África e d'Oriente > Boletim Cultural da Guiné e do sítio de João Schwarz da Silva, Des Gens Intéressantes] [Edição: LG]



1. Artur Augusto Silva, advogado, e Clara Schwarz da Silva, professora, pais do nosso saudoso amigo Pepito (1949-2014) foram dois dos  fundadores do Colégio Liceu de Bissau (mais tarde, Liceu Honório Barreto).

De 1949 a 1956, este estabelecimento de ensino ocupou algumas salas do  Museu da Guiné (criado em 1947 num edifício junto do Palácio do Governador). Só a partir do inicio do ano letivo 1956 é que o Liceu  Honório Barreto passou a poder contar com instalações próprias.

Era então governador da colónia Raimundo [António Rodrigues] Serrão (1949-1953), capitão de engenharia na situação de reserva (com quase duas décadas de serviço em Angola), tendo sucedidido a Sarmento Rodrigues [que fora chamado a desempenhar funções governativas como ministro das colónias (e, depois de 1951, ministro do ultramar); sabe-se que a escolha de Sr5amento Rodrigues como Governador da Guiné foi da iniciativa, pessoal e política, de Marcelo Caetano)].

Raimundo Serrão fora  nomeado por decreto de 2 de junho de 1949, tendo dado continuado ao trabalho (meritório) de Sarmento Rodrigues.

Em julho (?) de 1950, o governador foi alvo de uma "grandiosa manifestação" de agradecimento por parte da população local.  Excertos dos discursos então proferidos estão disponíveis no Boletim Cultural da Guiné, acima citado (vol. 19, julho de 1950, pp. 463 e ss.).


2. Sobre o Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, pode ler-se o seguinte na valiosíssima biblioteca digital de O Portal das Memórias de África e do Oriente:

(i) O Portal das Memórias de África e do Oriente é um projecto da Fundação Portugal-África desenvolvido e mantido pela Universidade de Aveiro e pelo Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento desde 1997. É um instrumento fundamental e pioneiro na tentativa de potenciar a memória histórica dos laços que unem Portugal e a Lusofonia, sendo deste modo uma ponte com o nosso passado comum na construção de um identidade colectiva aos povos de todos esses países.
(ii) O Boletim Cultural da Guiné,  "órgão de Informação e Cultura da Colónia", foi criado pelo então Governador da Colónia, Sarmento Rodrigues, em 21 de Julho de 1945, conforme portaria publicada no primeiro volume.


O António Estácio em Bissau, em 1964

O Centro de Estudos da Guiné Portuguesa publicou durante 28 anos, entre 1946 e 1973, 110 números normais e um número especial do Boletim Cultural da Guiné Portuguesa. Esta obra é considerada pela generalidade dos investigadores como a melhor publicação científica de todas as ex-colónias portuguesas.

Esta colecção de obras foi digitalizada e incorporada na Memória de África Digital com autorização do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) da Guiné-Bissau, entidade que sucede ao Centro de Estudos da Guiné Portuguesa e, portanto, a actual detentora dos direitos sobre esta publicação.

A sua utilização segue o referido nos direitos de utilização do material.

3. O nosso camarada e grã-tabanqueiro António Estácio, natural de Bissau,  é autor de uma publicação sobre o Liceu Honório Barreto, publicada em 1992, em Macau, e assim referenciada na PORBASE [Base Nacional de Dados Bibliográficos]


PASSADAS : RECORDAÇÕES DE UM ALUNO DO LICEU HONÓRIO BARRETO, EM BISSAU, 1958-1964 / ANTÓNIO JÚLIO EMERENCIANO ESTÁCIO

AUTOR(ES):
Estácio, António Júlio E., 1947-

PUBLICAÇÃO:
Macau : A.J.E. Estácio, 1992 ( Macau : -- Tip. Welfare)

DESCR. FÍSICA:
199, [5] p. : il. ; 21 cm

ASSUNTOS:
Liceu Honório Barreto (Guiné-Bissau) -- Alunos -- 1958-1964 -- [Memórias]

CDU:
371.2(665.7)"1958/1964"
373.4/.5(665.7)"1958/1964"
929 A/Z"1958/1964"

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Nota do editor:

Último poste da série >  5 de fevereiro de 2015 >  Guiné 63/74 - P14221: Historiografia da presença portuguesa em África (53): Revista de Turismo, jan-fev 1956, número especial dedicado à então província portuguesa da Guiné: anúncios de casas comerciais - Parte IX (Mário Vasconcelos): o madeireiro Manuel Ribeiro de Carvalho (Binta, Farim) e a carpintaria mecânica de Humberto Félix da Silva (Bissau)

1 comentário:

Hélder Valério disse...

Pode-se dizer que mais vale tarde que nunca, é verdade.

Foi pena que não tivesse acontecido mais cedo, podia, talvez, ter havido outra evolução ou, quem sabe, antecipado alguma coisa.

Hélder S.