Data: 3 de julho de 2015 às 20:29
Assunto: Sondagem sobre ss nossos rios da Guiné
Amigo Luís:
Percorri diversos, atravessei diversos, rios principais, afluentes e ribeiras, ou braços de rio, começando pelo Geba, foi aí que apanhei a primeira desilusão, era um país esquecido, lá "para baixo", no Atlântico, onde já tinha passado em 1961, rumo a Luanda como civil, do Geba apenas isso, o meu contacto com a Guiné.
Enviado para o sudoeste (Bedanda), tomei contacto com o afluente do Cumbijã, o Ungauriuol (nossa fronteira com o IN), subi o Cumbijã em operações de vigilância, e destruição de canoas, para dificultar a vida do IN.
Pelo Ungauriuol recebíamos os batelões com os mantimentos, passei de canoa pelo rio acima e alvejaram-me com uma 22, claro que estou aqui ... não me acertaram, por vezes também recebíamos os mantimentos no cais de Cobumba, era a sete quilómetros do aquartelamento.
Neste afluente do Cumbijã, o Gouveia 16 foi flagelado terrivelmente, morrendo o rádiotelegrafista e ficando pelo menos 20 feridos, dos quais 4 eram militares que faziam protecção ao NM-G16.
Mais para leste, numa missão que me incumbiram, levei o meu pelotão pelas bolanhas, tarrafes, ribeiros, numa dessas travessias tive que me atirar á água (castanho esverdeado acinzentado opaco) para salvar vários militares de se afogarem, mergulhando para os ir buscar sem os ver... mas salvei-os graças a Deus, não me lembro do nome desse braço de rio ou mesmo ribeiro, pois a noite caiu e só queria tirar os meus soldados de uma possível retaliação do IN.
Mais tarde já em Bolama, o canal de Bolama, os rios e ribeiros dessa ilha e o canal que separa a Ilha das Cobras da Ilha de Bolama, que atravessava na vazante, antes de minha filha nascer, eu e minha mulher embarcámos em Bolama no Bor e fomos pelo canal de Bolama, os outros canais cujo nome não me recordo e entramos no Geba com uma noite de temporal que tive medo por minha mulher, pois íamos sentados em cima de cordas junto da amurada e a chuva caía se Deus a dava.
Por aqui me fico,
Abraço
Rui G dos Santos
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Neste afluente do Cumbijã, o Gouveia 16 foi flagelado terrivelmente, morrendo o rádiotelegrafista e ficando pelo menos 20 feridos, dos quais 4 eram militares que faziam protecção ao NM-G16.
Mais para leste, numa missão que me incumbiram, levei o meu pelotão pelas bolanhas, tarrafes, ribeiros, numa dessas travessias tive que me atirar á água (castanho esverdeado acinzentado opaco) para salvar vários militares de se afogarem, mergulhando para os ir buscar sem os ver... mas salvei-os graças a Deus, não me lembro do nome desse braço de rio ou mesmo ribeiro, pois a noite caiu e só queria tirar os meus soldados de uma possível retaliação do IN.
Mais tarde já em Bolama, o canal de Bolama, os rios e ribeiros dessa ilha e o canal que separa a Ilha das Cobras da Ilha de Bolama, que atravessava na vazante, antes de minha filha nascer, eu e minha mulher embarcámos em Bolama no Bor e fomos pelo canal de Bolama, os outros canais cujo nome não me recordo e entramos no Geba com uma noite de temporal que tive medo por minha mulher, pois íamos sentados em cima de cordas junto da amurada e a chuva caía se Deus a dava.
Por aqui me fico,
Abraço
Rui G dos Santos
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Nota do editor:
Último poste da série > 4 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P14970: Memória dos lugares (311): Lisboa, Cais da Rocha Conde de Óbidos, partida do N/M Quanza, em 8/1/1964, com o pessoal do BCAÇ 619 (Catió, 1964/66) (João Sacoto)
1 comentário:
O Gouveia 16 não devia ser navio da marinha mercante,muito menos de transporte de tropas como o M/N Niassa ou o N/M Uíge... mas sim um barco da Casa Gouveia, para transporte de mercadorias (mancarra, arroz, coconote) nos rios, rias e braços de mar da Guiné... Devia ser um "barco turra", como a gente lhes chamava as estas embarcações fluviais que também utilizávamos, nomeadamente nas viagens até Bissau ou de Bissau para o "mato"... O descritor N/M Gouveia 16 parece-me incorreto...
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