1. Mensagem de José Belo [ foto atual à esquerda: José Belo, ex-alf mil inf, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); atualmente é cap inf ref e vive na Suécia há quase 40 anos e mais ultimamente também nos EUA,em Key West, Florida]:
Data: 16 de outubro de 2015 às 22:20
Assunto: "Amilcar Cabral - Revolucionary Leadership and People's War"
(*) Vd. postes do Francisco Henriques da Silva sobre este livro:
1 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10745: Notas de leitura (434): "Amílcar Cabral Revolutionary leadership and people's war", por Patrick Chabal (1) (Francisco Henriques da Silva)
Data: 16 de outubro de 2015 às 22:20
Assunto: "Amilcar Cabral - Revolucionary Leadership and People's War"
Notas de leitura: Patrick Chabal, Professlor de "Lusophone African Studies" [Estudos africanos lusófonos], no King's College]. London, Cambridge University Press, 1983. (*)
Apesar de näo ser facilmente reconhecido pelos actuais derigentes do PAIGC, a importância do Congresso de Cassacá estava relacionada com os inúmeros abusos do poder militar por parte de muitos comandantes da guerrilha.
As decisões tomadas durante (e depois) do Congresso procuraram garantir que a estratégia militar a partir daí seria determinada por critérios políticos, e que as forças armadas seriam integradas e subordinadas à hierarquia política do partido.
Os grupos autónomos de guerrilha que actuavam separadamente em áreas distintas foram gradualmente sendo substituídas por um exército nacional, as FARP
A criacäo deste exército,capaz de ser deslocado por todo o território da Guiné, foi uma tentativa de ultrapassar os problemas graves do "localismo" que até então tanto tinha vindo a afectar as unidades autónomas da guerrilha.
As FARP eram compostas de 3 elementos distintos:
(1) -Exército Popular/EP, englobando os melhores e mais experientes combatentes da guerrilha, bem equipado e operando em todo o território. O seu objectivo principal era o de infiltrar áreas contestadas, aumentar o controlo local por parte do PAIGC e apertar o cerco aos campos fortificados portugueses.
(2) -A Guerrilha Popular/GP, que era constituída pelos restantes membros das anteriores forças de guerrilha, colocadas sob um novo comando, e recrutadas directamente entre as populações locais.
A sua missäo era a de proteger e manter as novas áreas libertadas.
(3) -A Milícia Popular/MP. Constituída pelos aldeöes mais activos e dignos de confianca.
Tinha como missão garantir a segurançaa das aldeiias face aos ataques dos portugueses. actuando também como força policial nas áreas libertadas.
Estas 3 formaçöes funcionavam em coordenaçäo (especialmente o EP e o GP) tornando possível colocá-las rapidamente sob comando militar único quando isto era necessário,. tendo em vista operações maiores,tanto ofensivas como defensivas.
A unidade básica de combate das FARP era o "bigrupo", uma combinação de dois grupos independentes de 20 a25 homens que actuavam em geral coordenadamente, mas que também podiam actuar separados.Cada grupo dispunha de uma mistura de armamento ligeiro e pesado.
Adicionalmente foram formados grupos especiais de artilharia que podiam reforcar os grupos anteriores em caso de necessidade operacional.
Adicionalmente foram formados grupos especiais de artilharia que podiam reforcar os grupos anteriores em caso de necessidade operacional.
Esta estrutura base de grupo e bigrupo foi mantida pela FARP durante toda a guerra.
Uma estructura flexivel veio permitir que vários bigrupos se juntassem em unidades de 200 a 300 homens.
Foram também criadas novas estruturas geográfcas e hierárquicas: Comandos Regionais para cada uma das frentes (norte,sul, e mais tarde leste), e um Comando Central--Conselho de Guerra--que passou a ter o controlo directo de todas as operações militares.
Este Conselho de Guerra era constituído por um pequeno grupo de dirigentes do PAIGC sob o comando de Amilcar Cabral.
O Comando Regional torna-se a pedra base da nova organizacäo militar viisto estar em contacto constante com o Conselho de Guerra e com os escalöes menos elevados das extructuras mlitares (zonas,sectores,bi-grupos).
Qualidades e dedicacäo dos Comandos Regionais tornaram maiis efectiva toda a estratégia do PAIGC.
Criaram-se também unidades especiais treinadas no uso dos novos equiipamentos pesados que estavam a ser destribuídos pelos diferentes agrupamentos (baterias antiaéreas, calibre 75 e 120, etc).
(Continmua) (**)
Um abraço. José Belo
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Notas do editor:
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Notas do editor:
(*) Vd. postes do Francisco Henriques da Silva sobre este livro:
1 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10745: Notas de leitura (434): "Amílcar Cabral Revolutionary leadership and people's war", por Patrick Chabal (1) (Francisco Henriques da Silva)
(...) Junto vos remeto uma recensão crítica dividida em duas partes do livro de Patrick Chabal, intitulado “Amílcar Cabral: revolutionary leadership and people's war”, Cambridge University Press, 1983, reeditado em 2003.
A obra, cujo conteúdo é bem conhecido, é uma das mais conhecidas biografias sobre o fundador do PAIGC, de que faz um retrato tão fiel quanto possível como homem e como líder político, muito embora não apresente grandes novidades.
É claro que o leitor tem de ficar de sobreaviso pois, a meu ver, trata-se do retrato de um marxista heterodoxo e pragmático que, por um lado, não obedece a cartilhas pré-concebidas e, por outro, um cabo-verdiano, de cultura portuguesa que, de algum modo, descobre e desenvolve a sua "africanidade" ao longo da vida, retrato feito por Chabal, cuja formação é igualmente marxista e que não esconde a sua simpatia pelas ideias e "praxis" de Cabral.
O livro assume particularmente importância pois divulga para o mundo de expressão anglófona, ou seja para um universo que não se restringe apenas aos luso-falantes, a figura e obra de Cabral. (...)
2 de dezembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10752: Notas de leitura (435): "Amílcar Cabral Revolutionary leadership and people's war", por Patrick Chabal (2) (Francisco Henriques da Silva)
(**) Último poste da série > 9 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15223: Da Suécia com saudade (52): Em 1974, foi criticado, no parlamento, o fornecimento ao PAIGC, sob a forma de ajuda, de produtos como o tabaco e o álcool, considerados nocivos para a saúde e, em 1975, postos na "lista negra" (José Belo)
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