GUINÉ, IR E VOLTAR - XVIII
1- Extinção da Companhia de Comandos do CTIG
Um Allouette mergulhou numa bolanha, no sector de Tite, não se sabia ainda se fora atingido ou se fora um acidente. Desencadeou-se uma autêntica batalha, daquelas que só se vêem nos filmes.
O grupo guerrilheiro, talvez por ser pouco numeroso, não se atreveu a sair da mata. Um grupo reduzido de Comandos foi rapidamente transportado para o local, para proteger o heli, sob fogo da mata. O Coronel Kruz Abecasis, Comandante da Base Aérea, ele próprio a pilotar o Dakota, meteu os páras dentro do avião, largou-os na zona da batalha, os pára-quedas abriram-se e toda a gente parou o fogo!
Um mecânico francês que estava em Bissau a fazer a manutenção dos Allouettes foi transportado noutro heli para o local com o equipamento necessário para ver se conseguia tirar o aparelho das águas da bolanha. E não é que conseguiu?
Entrámos em Maio. Dia a dia, a Companhia de Comandos aproximava-se do fim, quase todas as semanas lá se ia mais um ou dois com a comissão terminada. Feitas as contas aos efectivos e às previsões para as saídas dentro dos próximos três meses, o capitão propôs ao Comandante Militar concentrar o pessoal remanescente num grupo e fechar as instalações da Companhia.
Em Lamego estavam a formar-se companhias de Comandos. Lá para Agosto chegaria a Bissau uma, e um ou dois meses mês depois esperava-se outra. O capitão mostrou-lhe o relatório com o despacho do Brigadeiro Comandante Militar. Proceda-se. Foi o que fez, reuniu-se com os chefes de equipa e comunicou-lhes que, por insuficiência de efectivos, a Companhia de Comandos do CTIG iria ser extinta.
E agora qual vai ser a nossa situação, voltamos para as nossas unidades de origem, como vai ser?
Mantemo-nos aqui até ver, à ordem do Comandante Militar, o nosso capitão vai ser colocado no QG, mas tanto quanto sei não pretende lá ficar.
No dia 20 de Junho procedeu-se à cerimónia do encerramento da actividade da Companhia de Comandos do CTIG. Os que sobraram dos outros grupos passaram para o Grupo "Diabólicos".
Às 09h00 estava o pessoal formado na parada de Brá. Os que estavam prestes a acabar a comissão, o pessoal da secretaria, da manutenção e os que tinham ainda alguns meses até ao final da comissão.
Os “últimos” da Companhia de Comandos do CTIG
Comandos com a comissão terminada ou em vias de a acabar
Furriel Valente de Sousa recebe o guião das mãos do Furriel Guedes.
O Capitão Leandro mandou ler alguns louvores que o Governador e o Comandante Militar concedeu, despediu-se, direita volver, destroçar.
O último desfile em Brá. Acabava assim a CCmds do CTIG.
Tudo na mesma como até aqui, só somos menos, o resto tudo igual, instrução todos os dias, horários habituais, mais unidos que nunca. Vários comandantes de Batalhão tinham solicitado ao Comandante Militar que o grupo ficasse em permanência nas respectivas sedes, o Brigadeiro decidira manter, para já, o grupo em Bissau às suas ordens directas.
Dias depois, para não perderem a forma, foram até Canjambari, sector de Farim. Desembarcaram do Dakota em Farim, apanharam uma coluna para Jumbembem e, logo a seguir, outra para Canjambari.
Saíram daqui mal a noite caiu, aproveitando a escuridão. Viu-se logo, desde o início, que era mais uma operação sem objectivo definido. Quando chegaram ao rio, nem o local da cambança o guia descobriu. Num local que lhes pareceu mais estreito, socorreram-se de uma corda para passar para o outro lado, uma operação dentro da operação, demorou horas, escuridão quase total.
Há jacaré aqui, lembrou-se um de perguntar. Hááá… manga deles, afirmaram convictos os dois milícias que os acompanhavam. Quando se ouviu um chlap na água que lhes pareceu suspeito, a travessia acelerou, todos ansiosos por alcançar a outra margem.
Cambado o rio, internaram-se no mato por um trilho, andaram e andaram. O guia, a tremer todo, dizia não saber como dar com o trilho de acesso ao acampamento, ou não queria levá-los lá, o que deu no mesmo.
Voltou tudo à calmaria, aproveitaram o local para descansar um pouco, alguns passaram mesmo pelas brasas, os outros alerta até que o dia abriu os olhos a todos ainda não eram 6 horas. Em movimento, pela mata dentro, ribeiro ao lado, um jacaré na água, macacos a ganirem, aos saltos nas árvores, trilhos fora, sinais recentes de passagem, o costume.
Passou-lhes uma Dornier eram para aí 11 da manhã, entraram em contacto rádio, seguiram para oeste conforme indicação do PCV, 5 kms no máximo, uma bolanha e aguardaram aí, onde foram recolhidos.
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2 - Mansoa
Mansoa ficava a uns escassos 60 quilómetros de Bissau, uma estrada alcatroada que se fazia com o ponteiro do conta-quilometros a bater nos 80, 90, um depósito inteiro antes, uma paragem em Nhacra para ver o óleo, combustível, arrefecer uns minutos, arrancar depois, pé na tábua outra vez, passar a ponte sobre o rio e estava-se na entrada da povoação.
Era uma cidade para os padrões locais, uma povoação estratégica, a unir Bissau a Bissorã por um lado, a Mansabá pelo outro, o Olossato acima, o K3 na estrada para Farim. As outras ligações de Mansoa para leste, Bafatá, estavam desactivadas. Era um dos vértices do muito falado triângulo do Oio, famoso pelo trabalho que o IN dava às NT.
Os guerrilheiros até à data dentro do tal triângulo, Mansoa, Bissorã e Mansabá, pareciam querer sair dele, alargar a guerrilha a outras paragens, aproximar-se de Bissau. Começaram a andar às voltas da tabanca de Mansoa, flagelações de longe primeiro, uma ou outra morteirada uns dias depois. Achando que lhe dava jeito dispor de mais uma força operacional, o comandante do batalhão de Mansoa pediu ao Comandante Militar que o grupo se deslocasse para lá.
Já se conheciam de outras guerras. O Tenente-Coronel Lemos comandava um batalhão martirizado que estivera uns tempos em intervenção, a apagar focos da guerrilha, as companhias dispersas por onde calhou, até estacionarem em quadrícula no sector de Mansoa.
Encontravam-se outra vez, com outro coronel a assistir, o comandante do agrupamento, um homem macio, afável, num corpo grande, uma imagem passiva, de escassas palavras, sim, talvez, boa ideia, hum, ah, da boca dele não se ouvia muito mais.
O tenente-coronel descreveu a situação, o que o batalhão encontrara quando chegara, não muito confortável, acentuou, e conseguira, disse, mantê-los dentro do triângulo, à caça deles quase todos os dias, e eles agora outra vez a darem sinal, como se o triângulo já lhes fosse demasiado apertado. Estão aqui, às nossas portas! Sempre devem ter estado, se calhar, alvitrou para o lado.
O seu grupo fica por determinação do nosso Comandante Militar aqui às minhas ordens, para o que for preciso
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Alojaram-se na povoação, um pré-fabricado para as praças, um quarto para os furriéis. E ficaram à espera, prontos para o que desse e viesse. Era uma zona propícia a muita informação, notícias chegavam a toda a hora, viam-se ansiedades nalguns rostos, razões não lhes faltavam, mas a povoação de Mansoa mantinha-se até agora fora do alcance do fogo inimigo. O maior barulho que ouvira, aliás, uma semana já passada, fora afinal, um grande estrondo de um raio a atingir o posto rádio, disseram os que viram, ele, sentado debaixo de um alpendre num final de tarde, só ouviu o barulho e viu militares e civis a correrem, chuva da grossa a desabar-lhes em cima.
Deixou-se ficar, estava na maré de não correr por aí além, as forças, que já não eram muitas, para quando fossem precisas. A chuva passara, o ar clareou, os militares e os civis regressaram, a rirem-se, para as coisas que estavam a fazer.
No 14-04, Alegre ao lado, pé na tábua para Bissau, matar saudades das ostras e do frango assado do Fonseca. A época das chuvas que começara timidamente em meados de Maio, estava agora em pleno, chuveiradas frequentes, das grossas, logo o sol a aparecer, a estrada secava num raio, até fumo nascia do alcatrão.
Em Bissau deu as voltas que tinha a dar, encontrou gente conhecida, conversa até se fazerem horas, o Alegre e o Furriel Valente de Sousa a chegarem.
Embora que se faz tarde, outra vez para Mansoa, nem pararam em Nhacra, o motor do jeep no máximo, sentia-se o calor do motor, tens visto o óleo, claro meu alferes, não só visto, atestado também. Já de noite, à chegada a Mansoa, polvorosa no ar. Que aconteceu? O nosso tenente-coronel tem andado a tarde toda à sua procura.
Você pregou-nos um susto danado, temos estado a tarde toda à rasca por sua causa! Porquê? Chegou uma informação, estava montada uma emboscada na estrada para Bissau, a seguir à ponte! Contactámos o QG, andaram e devem estar ainda à sua procura, não o encontraram em lado nenhum. Não volte a sair assim, quando sair avise-me antes, e leve o grupo todo consigo!
3 - Valium
Mansoa era uma povoação já com muita gente, com muito movimento, a estrada para norte a rasgá-la em duas, casas maiores de um lado e doutro, atrás as do pessoal nativo, vielas estreitas, uma ou outra esplanada onde se servia muita cerveja e mancarra. Via-se tudo em 2 horas, desde que se parasse meia hora em cada esplanada, desculpando o exagero.
Dois ou três soldados do grupo começaram a ser vistos na loja de uma família libanesa com três meninas, de idades próximas das deles. Mas, pelos vistos, não tiveram grande a sorte, quando por lá apareciam, parece que elas se evaporavam. Depois passaram a rondar a tabanca, cheiravam-na à procura das bajudas, de alguma mais interessante, se não houvesse, outra qualquer que lhes desse corda, umas cervejas pelo meio para desinibir, tantas que às vezes transbordava para fora da boca, impropérios no meio.
Alojaram-se na povoação, um pré-fabricado para as praças, um quarto para os furriéis. E ficaram à espera, prontos para o que desse e viesse. Era uma zona propícia a muita informação, notícias chegavam a toda a hora, viam-se ansiedades nalguns rostos, razões não lhes faltavam, mas a povoação de Mansoa mantinha-se até agora fora do alcance do fogo inimigo. O maior barulho que ouvira, aliás, uma semana já passada, fora afinal, um grande estrondo de um raio a atingir o posto rádio, disseram os que viram, ele, sentado debaixo de um alpendre num final de tarde, só ouviu o barulho e viu militares e civis a correrem, chuva da grossa a desabar-lhes em cima.
Deixou-se ficar, estava na maré de não correr por aí além, as forças, que já não eram muitas, para quando fossem precisas. A chuva passara, o ar clareou, os militares e os civis regressaram, a rirem-se, para as coisas que estavam a fazer.
No 14-04, Alegre ao lado, pé na tábua para Bissau, matar saudades das ostras e do frango assado do Fonseca. A época das chuvas que começara timidamente em meados de Maio, estava agora em pleno, chuveiradas frequentes, das grossas, logo o sol a aparecer, a estrada secava num raio, até fumo nascia do alcatrão.
Em Bissau deu as voltas que tinha a dar, encontrou gente conhecida, conversa até se fazerem horas, o Alegre e o Furriel Valente de Sousa a chegarem.
Embora que se faz tarde, outra vez para Mansoa, nem pararam em Nhacra, o motor do jeep no máximo, sentia-se o calor do motor, tens visto o óleo, claro meu alferes, não só visto, atestado também. Já de noite, à chegada a Mansoa, polvorosa no ar. Que aconteceu? O nosso tenente-coronel tem andado a tarde toda à sua procura.
Você pregou-nos um susto danado, temos estado a tarde toda à rasca por sua causa! Porquê? Chegou uma informação, estava montada uma emboscada na estrada para Bissau, a seguir à ponte! Contactámos o QG, andaram e devem estar ainda à sua procura, não o encontraram em lado nenhum. Não volte a sair assim, quando sair avise-me antes, e leve o grupo todo consigo!
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3 - Valium
Mansoa era uma povoação já com muita gente, com muito movimento, a estrada para norte a rasgá-la em duas, casas maiores de um lado e doutro, atrás as do pessoal nativo, vielas estreitas, uma ou outra esplanada onde se servia muita cerveja e mancarra. Via-se tudo em 2 horas, desde que se parasse meia hora em cada esplanada, desculpando o exagero.
Dois ou três soldados do grupo começaram a ser vistos na loja de uma família libanesa com três meninas, de idades próximas das deles. Mas, pelos vistos, não tiveram grande a sorte, quando por lá apareciam, parece que elas se evaporavam. Depois passaram a rondar a tabanca, cheiravam-na à procura das bajudas, de alguma mais interessante, se não houvesse, outra qualquer que lhes desse corda, umas cervejas pelo meio para desinibir, tantas que às vezes transbordava para fora da boca, impropérios no meio.
Um soldado desses, um valente alentejano, deve ter acordado naquela manhã cheio de sede. Tinha começado a beber logo ao acordar, acrescentara-lhe bem ao almoço, prosseguira durante a tarde a conversa com as loiras, começou a ver morenas por todo o lado, não resistiu a uma, passou-lhe os lábios pela cara, a mão pelas mamas, entusiasmou-se demais, estava visto.
Burburinho, o dono dela aos berros, não toca nela, a tabanca agitada, anda daí, os camaradas a puxá-lo, qual quê, só quero esclarecer, está tudo esclarecido, anda daí, não saio daqui sem esclarecer o assunto, a algazarra a aumentar.
O Furriel Ázera chamado ao barulho aplicou-se com tanto cuidado a acalmar que a coisa esfriou. Meteram-no na camarata, talvez um sono lhe fizesse bem, enganaram-se, apareceu na esplanada, parecia que tinha o diabo no corpo.
Elementos do grupo em Mansoa. Julho 1966.
Quando deram por ela, Portugal estava a perder por 3 a zero, os coreanos com foguetes no rabo, apareciam aos milhões por todo o campo. A esplanada fria, o entusiasmo a ir-se, correra tudo tão bem até este jogo. A primeira parte ainda a meio e o Eusébio enfiou a primeira. A confiança não era muita, os aplausos e gritos que se ouviram foram mortiços. Já muito próximo do intervalo, penalti, outra vez as redes dos coreanos abanaram. Eusébio, claro, quem havia de ser?
Aqui as palmas e os gritos já tinham outra força. A segunda parte a começar, e a bola não havia maneira de largar as chuteiras dos nossos. A todo o momento se esperava o empate. Não demorou muito. Cervejas em cima das mesas a festejar outro golo de Eusébio. Começa tudo de novo, diz um. Unhas a ficarem mais curtas, ó Eusébio arruma essa merda, o Eusébio pega na bola e enfia-a outra vez lá dentro. Depois o José Augusto também quis molhar a sopa, todos aos saltos a gritarem na esplanada, turras se calhar também no mato, nem trovoada nem nada, a esta hora a guerra é outra, golo, goooolo!
O rádio não se calava, seria o Artur Agostinho, o Amadeu José de Freitas, o Nuno Brás, o Alves dos Santos ou todos ao mesmo tempo, que é que interessa, aplausos por todo o lado, mais duas cervejas, uma grade faz favor, pago eu.
Eu, se os nossos ganharem, atenção pessoal, bebo uma à saúde de cada um de nós, o alentejano outra vez ao ataque, e depois vou ao homem da bajuda esclarecer o assunto, e mais umas palavras que ninguém percebeu.
Uma grande salva de palmas, afinal tudo tão fácil quem diria, palmas de Mansoa a ouvirem-se em todo o lado.
O tenente-coronel tinha-se resolvido pela ofensiva, com o staff atrás, chamara-o para uma saída para uns dias depois. Sairiam de Mansoa, manhãzinha cedo, na estrada para Bissau, passariam a ponte guardada por uma secção, apear-se-iam aí, mato dentro, iriam conferir trilhos.
Ao sair da reunião, duas escadas logo abaixo, o Furriel Ázera aguardava-o para lhe dar conta do que se estava a passar. Para a camarata à procura do alentejano, estes tipos não são capazes de resolver os problemas deles, nem uma borracheira. Viu o soldado a resfolegar, agitado, palavras sem sentido mais que as outras. Chame o médico, Ázera! Ele é que sabe como fazer!
Médico em acção, um valium para cima, uma injecção para ser mais rápido. Para quê, logo mais desperto o alentejano. Dormir bem é o que precisas, não, eu só quero esclarecer, quase a chorar, só esclarecer, mais nada, está tudo claro, não é necessário tanto esclarecimento, só dormir. Enfermeiro ao lado do médico, e o nosso valente não sossegava. Não deixe, meu alferes, não deixe o gajo dar-me a injecção! O enfermeiro com o dedo na seringa a desperdiçar líquido, não deite mais fora, é tudo para aproveitar, apartou o médico.
Cerveja nos olhos, o meu alferes não vai deixar, pois não?
Uma injecção só, não custa nada e vai fazer-te bem, calças para baixo anda, o meu alferes não vai deixar-me apanhar uma injecção, pois não? Dois camaradas ao lado, as calças já em baixo, nem a minha mãe era capaz de me fazer isto, o enfermeiro a tirar-lhe a agulha, algodão em cima, o choro convulsivo a esmorecer, o ronco pesado toda a santa noite, disseram os outros de manhã.
(Continua)
Texto e fotos: © Virgínio Briote
____________
Nota do editor
Poste anterior da série de 15 de outubro de 2015 > Guiné 63/74 - P15254: Guiné, Ir e Voltar (Virgínio Briote, ex-Alf Mil Comando) (XVII Parte): Fima, enfermeira do Partido; Cassaprica e Correspondência
6 comentários:
Valium 10, o famoso Valium 10... Podia lá faltar na farmácia militar, no TO da Guiné!... O furriel mil enfermeiro ou o alferes mil médico (muitas vezes ainda com pouca prática clínica, mal saído da faculdade) sabia que o Valium 10 "acalmava os cavalos", quando a malta começava a ficar apanhada do clima ou apanhava "uma de caixão à cova"... Julgo que também deveria haver o DIAZEPAM LABESFAL, solução injectável...
http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=4848&tipo_doc=fi_
Obrigado, Vb, por mais um naco de prosa de antologia!... LG
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Valium Roche
diazepam
Ansiolítico e Miorrelaxante
APRESENTAÇÕES
Comprimidos de 5 e 10 mg. Caixa com 20 ou 30 comprimidos.
VIA ORAL
USO ADULTO
COMPOSIÇÃO
Princípio ativo: 7 cloro 1,3 diidro 1 metil 5 fenil 2H 1,4 benzodiazepina 2 ona (diazepam).
Excipientes:
Valium®
5 mg: lactose, amido de milho, óxido de ferro amarelo e estearato de magnésio.
Valium®
10 mg: lactose, amido de milho, índigo carmim e estearato de magnésio.
INFORMAÇÕES AO PACIENTE
Solicitamos a gentileza de ler cuidadosamente as informações a seguir. Caso não esteja seguro a respeito de determinado
item, por favor, informe ao seu médico.
1. PARA QUE ESTE MEDICAMENTO É INDICADO?
Valium® é indicado para alívio sintomático da ansiedade, tensão e outras queixas somáticas ou psicológicas associadas
com a síndrome da ansiedade. Pode também ser útil como coadjuvante no tratamento da ansiedade ou agitação
associada a desordens psiquiátricas.
Valium® é útil no alívio do espasmo muscular reflexo devido a traumas locais (lesão, inflamação). Pode ser igualmente
usado no tratamento da espasticidade devida a lesão dos interneurônios espinhais e supra espinhais tal como ocorre na
paralisia cerebral e paraplegia, assim como na atetose e na síndrome rígida.
Os benzodiazepínicos são indicados apenas para desordens intensas, desabilitantes ou para dores extremas.
Valium® só deve ser utilizado quando prescrito por seu médico.
2. COMO ESTE MEDICAMENTO FUNCIONA?
Valium®
pertence a um grupo de medicamentos chamado benzodiazepínicos. Sua substância ativa é o diazepam.
Valium®
é um sedativo e também exerce efeito contra ansiedade, contra convulsões e é relaxante muscular. Somente
seu médico sabe a dose ideal de Valium®
para o seu caso. Siga as suas recomendações. Não mude as doses por conta
própria.
A ação do produto se faz sentir após cerca de 20 minutos de sua administração. Somente o médico sabe a dose ideal de
Valium®
para o seu caso. Siga as suas recomendações. Não mude as doses por conta própria. (...)
Fonte: Roche
http://www.dialogoroche.com.br/content/dam/dialogo/pt_br/Bulas/V/Valium/Bulas-Valium-Paciente.pdf
Muito obrigado, Briote, obrigado, obrigado, obrigado!
Porquê? Não pela qualidade da escrita, não pela qualidade literária do texto. Estas qualidades não se agradecem, aplaudem-se, que é o que também estou vivamente a fazer perante este teu texto (e recordando muitos outros que tens vindo a publicar).
O meu obrigado é por me levares a recordar ambientes, personagens e acções a que também estive ligado, nos mesmos espaço e tempo que os teus. A minha CCaç.1419 estava em Bissorã, o ten-cor Lemos era o comandante do meu batalhão (BCaç.1857). Mansoa, Bissorã, Olossato, Mansabá foram os polos da minha guerra, de 1965 a 1967.
O Portugal-Coreia futebolístico vivi-o no Olossato. Estava lá destacado, na segurança da ponte de Maqué, onde passei o mês de Julho de 1966 mas indo almoçar ao quartel do Olossato à messe da CCaç.816. E este dia é-me inesquecível.
Para além das peripécias do desafio de futebol tive, naquele dia, dois momentos de prazer quase paroxísticos. Após o jogo, o bar da messe de sargentos atingiu uma enorme animação. Um gira discos "mastigava" repetidamente um "single" de Roberto Carlos, sempre acompanhado por um coro desafinado mas vibrante e emotivo, muito bem regado por cerveja e outras "gasolinas". Ficaram-me até hoje nos meus ouvidos as gritarias musicais, especialmente a frase-grito "e que tudo mais vá p'ró inferno!". As faces de alguns até ficavam roxas com a gritaria!
Estas lembranças ainda me trazem muita emoção, até pela falta de um dos principais participantes que nos deixou, indo para "o infinito" mais cedo do que o previsto. Viva, Zé Baião!
Com tal ambiente, o regresso a Maqué foi-se protelando até ao limite para poder ser feito à luz do dia.
Estando Maqué na direcção poente, o caminho fez-se "contra o sol" proporcionando-me o mais esplendoroso pôr-do-sol a que assisti até hoje. A viatura, qual carro de bombeiros a caminho de incêndio, levava-me para a beleza saturada de vermelhos, laranjas, amarelos, azuis, rosas, verdes e púrpuras numa dança de cores a "incendiar" a floresta, "queimando" as árvores do meu horizonte. Inesquecível.
Mas nunca lá cheguei... Não tardou muito a ver-me submerso pelas sombras portadoras da noite que me recebeu no "bunker"de Maqué.
Um grande abraço, meu caro Vítor Briote
Manuel Joaquim
Gostei deste teu comentário, Camarada Manuel Joaquim! Lembro-me muito bem do então cap. Riquito, que era então o cmdt da 816, que conheci fugazmente na minha curta passagem pelo BII 17, Angra.
Mas que maravilha. Li o escrito dezoito do V.Briote e, como todos os outros anteriores, fiz copy/paste. Belos escritos que embalam um velho soldado. Agora abro o gmail e está um encantador texto/comentário do Manuel Joaquim que, como sempre, nos delicia com a sua prosa de "velho" professor.
Um fulano tem que parar e questionar-se: - onde estavas tu Torcato ? Creio que estudava ainda...mas lembro-me do jogo contra a Coreia e do desanimo inicial ter dado origem á alegria final. Só um reparo ainda, eu só nos dois ou tres meses iniciais tive uma messe, uma cama, um duche. Depois "bunker" ou abrigos subterrâneos no aquartelamento em construção e semi enterrado ou nas tabancas do Leste do nosso descontentamento. Por isso corria uisqque e eteceteras nas passagenss, breves passagens, por Bambadinca ou ; menos ainda, Bafatá. Linda Bafatá com piscina,Cinema, comida parecida á deste velho e maltratado País e, claro está muita bebida (uma passagem,se possivel, pelo Pilão lá do sitio).As mulheres de lá ficavam tão bonitas fossem europeias, guineenses ou libanesas. Saudade delas, daquilo ou de minha juventude??
Que chato. Páro aqui e abraço os Dois.
Ab,T.
Meu caro Briote,
Outra "maravilha" a merecer muitos "obrigados". Durante aquele jogo com a Coreia eu teria 17 anos, e estava com amigos em casa de um deles a assistir ao desenrolar da partida. Murchos, muito murchos, até ao estado esfusiante da vitória. E recordo com um misto de saudosa bonomia e entusiasmo, que ao adiantar-se no marcador, houve em todo o Portugal uma espécie de coragem conquistadora, consubstanciada em diferentes manifestações de euforia, e o meu grupo não foi excepção. Saltàmos, e um de nós que se sentava por baixo de um lustre, deu-lhe com tanta delicadeza, que lhe quebrou uma aste e deixou-a descaída com as lágrimas a tremelicarem na suspensão frágil. Calá-mo-nos e parámos as manifestações pela infeliz surpresa, para logo reatarmos os festejos de adolescentes e inconscientes.
Felizmente não foi preciso o recurso ao Valium.
Abraços fraternos
JD
Dos episódeos da Guiné ir e voltar também estou a fazer copy e cola e guardar em uma pasta no no disco extra.
Eu velhinho tinha regressado da guerra da Guiné em 03/10/1965 e também tenho uma história do jogo Portugal Coreia, vi o jogo no Café Royal em Moscavide televisão em casa naquele tempo ainda era um luxo só para alguns privilegiados.
Estava acompanhado do meu camarada de armas o ex-1º-cabo João Casimiro Coelho e quando Portugal faz o empate três a três o Coelho levanta a mesa à altura dele a mesa com pé em marmorite escusado será dizer que quando esta bateu no chão o pé quebrou e nós muito atrapalhados sem saber como sair daquela situação conseguimos equilibrar a mesa encosta-la um a um dos pilares de suporte da placa sem que o empregado ou o dono do café se aperceber e logo que o jogo terminou fomos rápidos por antecipação pagar a conta e demos corda aos sapatos.
Ainda hoje quando nos encontramos e vem à conversa o futebol, o Coelho relembra sempre o jogo de Portugal Coreia e o episódeo da mesa do saudoso café Royal.
Um abraço para o amigo Briote
Colaço.
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