segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15268: Da Suécia com saudade (54): Relendo o livro do prof Patrick Chabal, "Amilcar Cabral: Revolucionary Leadership and People's War" (1983): o PAIGC e a saúde (José Belo)

1. Mensagem de José Belo:

 [ foto atual à direita: José Belo, ex-alf mil inf, CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70); atualmente é cap inf ref e vive na Suécia há quase 40 anos; no outono / inverno, costuma "emigrar" para Key West, Florida, EUA, onde a família tem negócios]:


Data: 17 de outubro de 2015 às 13h15

Assunto: Notas de leitura: Patrick Chabal, Professlor de "Lusophone African Studies" [Estudos africanos lusófonos], no King's College]. London, Cambridge University Press, 1983. Parte II: O PAIGC e a saúde (*)


Com o surgir da guerra a necessidade de cuidados médicos aumentou dramaticamente. O PAIGC não podia negligenciar o tratamento dos seus militares.

Cabral desde logo compreendeu que simples hospitais provisórios näo seriam suficientes para tal.
A política então seguida pelo partido procurou desenvolver um sistema sanitário que poderia vir a constituir a base de futuros servicos médicos nacionais no pós-independência. Procurava-se criar uma estrutura que viesse a beneficiar simultaneamente as populações rurais e os militares.

Tornou-se desde logo evidente serem os problemas surgidos com a implantação de um sistema de saúde, mesmo que limitado, muito superiores aos relacionados com os programas de educação. Por exemplo, o pessoal de enfermagem necessita de um treino profissional muito mais demorado e elaborado do que professores escolares ao níível de tabanca.

O equipamento, mesmo que rudimenter, é também essencial e caro.

Em 1964 a assistência sanitária foi criada em cada uma das estruturas locais do PAIGC. De facto, continuou a ser um serviço de características mínimas, com um dos cinco membros dos Comités de Aldeia encarregado desta assistência.

Mas, um tal sistema para ser efectivo tornava necessário uma centralização de meios. O objectivo principal do PAIGC era o de estabelecer locais de tratamento em todos os níveis administrativos do país (região,sector ou tabanca) desenvolvendo métodos efectivos de medicina preventiva nas tabancas.

A magnitude da tarefa é bem demonstrada pelo facto de em 1964 o PAIGC não dispor de um único médico (!). O irmão de Amilcar Cabral, Fernando, que então estudava medicina na Suécia, morreu num acidente de viação no Senegal.



Foto nº 19 > Posto de enfermagem no mato... É impossível identificar e garantir a localização desta foto... tanto podia ser junto à fronteira sul com a Guiné-Conacri como nas matas do Cantanhez... [Legenda original: "A nurse is leaving her staff accommondation on her way to the hospital in the woods in the liberated areas of Guinea Bissau."]

Guiné > PAIGC > s/l> Novembro de 1970 > Uma das fotos do fotógrafo norueguês Knut Andreasson, tiradas por ocasião de um visita de uma delegação sueca (, chefiada pela  deputada social-democrata e antiga presidente do parlamento sueco, Birgitta Dahl; a visita foi à Guiné-Conacri e aos núcleos populacionais controlados pelo PAIGC, as chamadas "áreas libertadas", no período de 6 de novembro a 7 de dezembro de 1970). Algumas destas fotos foram publicadas no livro Guinea-Bissau : rapport om ett land och en befrielserörelse / Knut Andreassen, Birgitta Dahl, Stockholm : Prisma, 1971, 216 pp. [Título traduzido para português: Guiné-Bissau: relatório sobre um país e um movimento de libertação]. (**)

Fonte: Nordic Documentation on the Liberation Struggle on Southern Africa [Com a devida vénia] [Seleção e edição: LG]


A partir de 1971 a situação melhorou consideravelmente com a criação de 9 hospitais (5 no sul, 2 no norte e 2 no leste), oito dos quais sob a contínua chefia de um médico. Estes hospitais dispunham de número suficiente de pessoal de enfermagem apesar de as disponibilidades em equipamentos serem muito limitadas.

Devido aos perigos de bombardeamentos o número de camas hospitalares era reduzido, sendo os pacientes de lá retirados o mais rapidamente possível. Os próprios hospitais mudavam frequentemente de local por razões de segurança.

A existência de 3 hospitais em segurança (!) (2 dentro da República da Guiné, Boké, o principal e junto á fronteira, o outro, Koundara;  e o terceiro em Ziguinchor no Senegal) tornou-se o factor determinante de um eficiente funcionamento hospitalar.

Eram unidades vastas e modernas, bem equipadas (por bem financiadas),dispondo de cirugiões e de outros médicos especialistas.

De acordo com o PAIGC o número de postos sanitários funcionais dentro das áreas libertadas passou de 28 em 1968 a 117 em 1971. Muitos destes postos sanitários eram pequenos e móveis,tratando unicamente os problemas de saúde mais simples. Outros, maiores, sob a direção de um médico, funcionavam como pequenos hospitais, estando mesmo alguns preparados para efectuar cirurgias.

A política de descentralização da assistência sanitária foi reforçada em 1969 com a criação de "Brigadas Móveis de Saúde". Eram formadas de, pelo menos, uma enfermeira e um enfermeiro, que trabalhavam normalmente num hospital ou dispensário do sector,e que tinham como responsabilidade a assistência sanitária a um determinado número de tabancas.

Tinham como objectivos principais a criação de medicina preventiva, melhorar as condições de higiene nas áreas rurais,e de tratar, ou enviar para os hospitais, os casos mais graves. Estavam também encarregados de ensinar o responsável pela saúde da tabanca no uso de medicações simples e de diferentes métodos de higiene.

Este sistema, que faz lembrar o usado então na China pelos chamados "médicos de pés descalços",só começou a ser formado no início dos anos setenta.

Desde logo, Amilcar Cabral compreendeu ser este um dos aspectos fundamentais na futura assistência médica de uma Guiné independente. Escreveu entäo :"Dadas as condições não podemos julgar ter possibilidades de criar hospitais em todos os centros urbanos e, ao mesmo tempo, no interior. É impossível!  Temos antes que criar um sistema de assistência médica móbil disponde de capacidades cirúrgicas".

O PAIGC era dependente de substancial número de médicos estrangeiros voluntários, sendo a maioria cubanos ou de países do leste europeu. A falta de médicos guineenses continua a fazer-se sentir nos nossos dias, tornando necessária a existência de largo número de médicos estrangeiros a trabalhar no país.

Apesar dos resultados obtidos pelo PAIGC no sector da saúde terem sido modestos, tanto em qualidade como em quantidade, foram muito importantes para uma população rural que até ao início da guerra (!) tnha tido poucos benefícios da medicina moderna sob o governo colonial.

Este aspecto mostrou-se desde o início um grande capital político para o PAIGC.

Um abraço. José Belo.

2. Nota do editor > In Memoriam: Patrick Chabal (1951-2014)


Patrick Chabal morreu há um ano e meio, em 16 de janeiro de 2014, de doença de evolução prolongada, com a idade de 62 anos. A sua obra mais conhecida é de facto a biografia (política) de Amílcar Cabral ("Amílcar Cabral: revolutionary leadership and people's war", Cambridge, 1983), mas deixa cerca de 180 obras (entre livros, capítulos de livros e artigos científicos) na área em que era especialista, os estudos africanos, e de que era o decano.

De origem francesa, com formação anglo-saxónica, era um académico reputado, prestigiado e com muitos amigos, entre colegas e alunos, incluindo investigadores de língua portuguesa.

 Esteve várias vezes em Portugal, a última das quais em junho de 2013, escassos meses antes de morrer. Era casado e tinha um filho. Conheci-o em 2008, no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de março de 2008). A notícia da sua morte no nosso país só foi conhecida no mundo académico mais ligado aos estudos internacionais (caso do CEI/ISCTE, por exemplo). Infelizmente, e contrariamente a França, Portugal nunca teve, infelizmente, á esquerda e á direita, uma verdadeira diplomacia cultural...

Em 13 de maio de 2011, Chabal participou em Lisboa no ciclo de conferências da Fundação Calouste Gulbenkian, "Próximo Futuro", com o tema "Racionalismo ocidental depois do pós-colonialismo".

Sinopse sobre a conferência e o autor (com a devida à página da FCG):

«Racionalismo ocidental depois do pós-colonialismo»

O futuro do Ocidente está estreitamente ligado ao do mundo não ocidental. As questões ambientais que o mundo enfrenta e o crescimento inexorável do poder económico da China e de outros países asiáticos fazem com que o Ocidente não possa olhar "para o que vem a seguir" da mesma forma que o fazia antes. Mas o desafio é bem mais profundo do que o actual debate sobre o "declínio do Ocidente" sugere. A minha intervenção centrar-se-á no modo como o desafio pós-colonial colocado à perspectiva que o Ocidente tem do mundo e a influência de cidadãos não ocidentais a viver no Ocidente se juntaram para evidenciar os limites daquilo a que posso chamar o racionalismo ocidental - com o que me refiro às teorias que utilizamos para entender e agir sobre o mundo. A incapacidade crescente do pensamento social ocidental para explicar de forma plausível e abordar com êxito algumas das suas questões sociais e económicas, e alguns dos desafios contemporâneos cruciais a nível da política internacional, deixaram a nu a inadequação das ciências sociais do Ocidente à medida que se foram desenvolvendo nos séculos subsequentes ao Iluminismo. Aquilo de que o Ocidente precisa, mas que ainda não aceitou, não é de mais e melhor teoria, mas de uma nova forma de pensar.

Patrick Chabal

Patrick Chabal é francês e estudou em França, nos EUA e na Grã-Bretanha. Fez investigação e deu aulas na Universidade de Cambridge (onde se doutorou em Ciências Políticas) e é actualmente professor no Departamento de História do King's College (Londres). Para além disso, foi professor visitante em Itália, em França, na Suíça, na Índia, em Portugal, na Venezuela e na África do Sul. Está envolvido num projecto a longo prazo em que se conjuga o estudo da cultura na política comparada e a pesquisa da teoria das ciências sociais. Entre as obras que deu à estampa, muitas delas traduzidas para diversas línguas, incluem-se: Amílcar Cabral (1983), Power in Africa (1992), Vozes Moçambicanas: Literatura e Nacionalidade (1994), The Postcolonial Literature of Lusophone Africa (1996), Africa Works: Disorder as Political Instrument (1999), A History of Postcolonial Lusophone Africa (2002), Culture Troubles: Politics and the Interpretation of Meaning (2006), Angola: The Weight of History (2008), Africa: The Politics of Suffering and Smiling (2009). Em 2012, deve sair The End of Conceit: Western Rationality after Postcolonialism.

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Notas do editor:

(**) Vd. poste de 9 de novembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13865: Da Suécia com saudade (45): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte VI): Para além de meios de transporte automóvel (camiões e outras viaturas Volvo, Gaz, Unimog, Land Rover, Peugeot, etc.), até uma estação de rádio completa, móvel, foi fornecida ao movimento de Amílcar Cabral, sempre para fins "não-militares"... (José Belo)

13 comentários:

Antº Rosinha disse...

Se os guineenses de hoje tivessem oportunidade de lerem este post sobre os cuidados com a saúde do PAIGC daqueles anos, iam duvidar que isto fosse verdade.

É que de tudo o que deu errado em Bissau, com a independência o pior mesmo terá sido exactamente o investimento nos serviços de saúde.

Foi tudo tão mau, mas tão mau, que as pessoas faziam tudo para não cair numa cama do hospital ou mesmo nas mãos de um médico, especialmente se fosse cubano.

Claro que sempre que se ouvem sucessos do PAIGC são em geral atribuídos a Amílcar Cabral.

Mas ao analizarmos com atenção o papel de Amílcar, o mundo (igreja, soviéticos, cubanos, suecos etc) ficou tudo rendido à diplomacia de Amílcar.

Aliás, temos todos que nos render à capacidade dos diplomatas e governantes caboverdeanos, que conseguem aquele "milagre" de país independente, com tão poucas condições, Caboverde.

antonio graça de abreu disse...

Pois, meu caro Zé Belo, propaganda de Amílcar Cabral e da capacidade de o PAIGC tratar da saúde às gentes da Guiné. Há quem acredite, sobretudo suecos.

Em Pequim,República Popular da China, 1978/1979 conheci um jovem simpatiquíssimo estudante de Medicina, um rapaz da nossa Guiné-Bissau, de nome Fernando(?). Queria ser médico para, por bem, servir o seu povo. Batia frequentemente à porta da embaixada de Portugal em Pequim pedindo dinheiro para sobreviver. Na capital chinesa colocava-se ao serviço de umas tantas damas requentadas de embaixadas europeias, de terceiras secretárias para baixo (mas até podiam ser embaixatrizes feias, tortas, coxas e mal amadas) para, exercitando os pontiagudos dotes da sua apetitosa pila negra, satisfazer senhoras de múltiplas nações, a bem da harmonia universal, pela originalidade étnica, por uma tusa fantasmagórica e por uma f..da valente.

Abraço,

António Graça de Abreu

JB disse...

Caro Graca de Abreu

A tua poesia acaba sempre por manifestar-se e...ainda bem para todos nós, os que admiramos em primeiro lugar o poeta.

"Exercitando os pontiagudos dotes da sua apetitosa pila negra"

Isto passado num resguardado meio diplomático na China que, a mim (suspeito no "inside"),mais me faria pensar nas noites menos frescas de Estocolmo.

"Gande" Fernando a ajudar a seu modo,e bem, a propaganda cabraliana.
Dá-lhes c'a ponta Fernando...dá-lhes c'a ponta!

Säo estes detalhes "orientais",desde Camöes a outros poetas dos nossos dias,que fazem sentir lancinante saudade (a um triste emigrado como eu) de alguns dos bairros,obviamente orientais, da minha querida Lisboa.

Um grande e respeitoso abraco do José Belo.

Luís Graça disse...

A propósito de "diplomacia cultural", referida no poste, em comentário meu, na qualidade de editor... Os franceses, "chauvinistas", sejam de esquerda ou de direitam sabem fazê-la, valorizando a língua e a cultura francesas... e aqueles produtores de cultura de países afins (artistas, cantores, escritores, músicos, cientistas, etc.) que passam pela França, são acarinhados pelo público francês ou promovem a francofonia...

Cesária Évora e a Bonga são dois nomes maiores da música lusófona que me vêm à memória... O Bonga foi recentemente condecorado pelo governo francês, numa altura em que Paris e Luanda estreitam relações políticas e económicas, pondo uma pedra no contencioso passado, que existiu entre os países... Bonga que vive e trabalha em Portugal, com 40 anos de carreira artístoca, nunca foi, ao que eu saiba, devidamente homenageado pelas autoridades portuguesas...

E triste, dizê-lo... sobretudo quando falamos de uma referência incontornável da lusofonia no seu melhor!... É o maior embaixador vivo da música angolana, canta em português, foi atleta de alta competição ao serviço de Portugal, cidadão crítico do colonialismo de ontem mas também do regime dos novos senhores de Luanda... LG

PS1 - Ver também uma reportagem recente feita no Público, 23/8/2015

http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/coracao-angolano-voz-de-musseque-1705354


PS2 - Bonga condecorado com insígnia de Cavaleiro na Ordem das Artes e Letras de França, leia-se na página oficial da Embaixada da República de Angola em Portugal:

http://www.embaixadadeangola.pt/bonga-condecorado-com-insignia-de-cavaleiro-na-ordem-das-artes-e-letras-de-franca-2/


O músico angolano Barceló de Carvalho “Bonga” foi condecorado a 10 de Dezembro de 2014, em Luanda, pela Embaixada de França com a mais alta distinção cultural dada pelo governo daquele país a de Cavaleiro na Ordem das Artes e Letras.

A homenagem deveu-se à extraordinária trajectória artística de Bonga, a quem considera um dos maiores artistas angolanos.

Com mais de 40 anos de carreira, o autor e intérprete da música tradicional angolana atingiu o auge da carreira internacional em 1980, tornando-se o primeiro artista africano a actuar a solo, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. O cantor mostrou-se orgulhoso pelo seu percurso, desde os tempos de Luanda, chegando a referir que cada vez que faz um espectáculo, é mais um golo para Angola.

Luís Graça disse...

Há um ano atrás. em declaraçõdes a agência Lusa, Bonga queixava-se de estar a ser esquecido em Portugal:

Bonga vai ser condecorado em França e diz-se esquecido em Portugal
PÚBLICO 27/10/2014 - 12:43


O cantor e compositor angolano Bonga vai ser condecorado em Dezembro pelo Governo francês, lamentando – em declarações à agência Lusa, em Luanda – que Portugal não o tenha feito em mais de 40 anos de carreira. Segundo Bonga, a condecoração Chevalier de l’Ordre des Arts et Lettres ser-lhe-á entregue pelo Ministério da Cultura de França, em cerimónia agendada para 10 de Dezembro, em Angola.

Hoje com 72 anos, mais de quarenta dos quais numa carreira musical que passou em grande parte por Portugal, Bonga lamenta ter agora menos espectáculos no país, admitindo algum desconforto com a situação. “Eu não quero forçar nada. Quero é que me chamem”, afirmou à Lusa. E diz que é por “não entrar em cambalachos”, na área da promoção dos espectáculos, que só “de vez em quando” actua agora em Portugal. (...)

Luís Graça disse...

Pois é, camaradas, somos poucos, sempre fomos poucos, e às vezes parece que andamos todos distraídos a discutir o sexo dos anjos...

O que fazer, então, com esta lusofonia ?...

Antº Rosinha disse...

Luís Graça, ai Luís Graça, estás a bater numa tecla que seria muito melindrosa aos olhos de certos anti-colonialistas da nossa geração se nos lessem ou soubessem que existíamos

O que abordas é um assunto que está a quilómetros da cultura lusa que se criou com o recem europeismo e com o velho anti-colonialismo do Estado Novo.

O próprio Bonga, o Ouro Negro, os vários futebolistas ultramarinos, o grande Bana, Angolanos no festival da canção, promoção de misses africanas a representar Portugal a miss Mundo, toda essa gente, muitíssima gente, foi "TRAVADA", foi-lhe retirado o "TAPETE" debaixo dos pés, com o 25 de Abril.

Ao fim de 40 anos, de um certo ostracismo de qualquer africanismo, por fim lá veio o regresso a Angola dos empreiteiros, o Eusébio para o panteão, mas para "chegar lá" vai ser muito demorado.

Dos governantes, dos diplomatas, consules etc. não se pode esperar grande coisa, são funcionários passageiros.

Mesmo com o Brasil, nenhum governo pós 25 de Abril deu a "obrigatória" atenção de nação-irmã.

Posso estar enganado, mas a actual presidenta nunca fez nenhuma visita oficial a Portugal e a respectiva retribuição.

Já esteve em Portugal, mas a caminho da Europa.

Do que me lembro, nunca tinha acontecido com nenhum presidente brasileiro.

Luís, Claro que eu estou nos antípodas, e não seja exactamente isto tudo que pretendes dizer com a pergunta "O que fazer com esta lusofonia?"

Cherno Balde disse...

Caros amigos,

O Luis Graca fala de diplomacia e da 'Lusofonia' e no meio de tudo aparece gente com 'humor branco' como o comentador acima utilizando uma linguagem abjecta e indigna de um portugues e antigo combatente da Guine.

Esperava que alguem d'entre vos se indignasse perante esta demonstracao manifesta e gratuita de racism do sec. XVII, mas parece que os combatentes ja nao sao os mesmos que eu conheci ha 40 anos atras.

Cherno Balde

Anónimo disse...

As patologias insinuantes surgidas da leitura atenta do comentário do senhor Abreu levam-me a perguntar:
Quando escreve-apetitosa pila negra-estará a usar as tais liberdades poéticas referidas no comentário do senhor JB ?
OU?

J.Dias dos Santos

Anónimo disse...

Caros Combatentes:

Eu estava à espreita, à espera de alguém que, tendo-se doído, ousasse manifestar-se. Eu pertenço ao grupo dos que se doeram, mas também ao subgrupo dos que se acobardaram. Faço mea culpa por não ter tido a coragem do Cherno.Estimulado ou não por ele, atrevo-me agora. Graça de Abreu tem uma grande formação académica que bem lhe permite ou devia permitir fazer uma boa "digestão" das palavras e das expressões. A fogosidade sexual de um jovem desamparado sob o ponto de vista material e afectivo, num país estranho, reagindo aos apelos de mulheres carentes, é apenas isso, não mais do que isso, sempre assim foi e assim será. Este quadro de interacção afectiva ou só sexual não tem que ser PINTADO, caro Graça de Abreu.

Um abração

Carvalho de Mampatá

antonio graça de abreu disse...

O Fernando licenciou-se mesmo em Medicina na China e está, há muitos anos na Guiné, a servir o seu povo, em condições difíceis, mas sempre de coração aberto para toda a sua boa gente.
Limitei-me a contar um episódio conhecido e vulgar na Pequim dos anos 70 e 80. Muitos estudantes africanos, sem apoio dos seus países de origem, amealhavam uns cobres fazendo pequenos e entusiasmantes serviços a umas tantas damas brancas carenciadas. Só isto.
Mas vieram reacções e comentários a falar de racismo e sei lá que mais!... Enfim...

Abraço,

António Graça de Abreu

JB disse...

Näo só de racismo mas também do "sei lá que mais" meu caro G.Abreu.

J.Dias dos Santos,no seu comentário,refere "patologias insinuantes".

Näo sei se será médico psiquiatra ou psicólogo mas...até um "assuecado" como eu fica (quase!) confuso com referências aos "pontiagudos dotes da sua apetitosa pila negra",ou,näo menos,a "orginalidades étnicas".
As referências a estereótipos sexuais, partindo de jovens de quase setenta anos de idade, näo seräo "nuances insinuantes".

Pelo contrário, demonstram a vontade de,como se diz nos States,atirar a merda contra a ventoinha.
E,quando se o faz.....

José Belo

antonio graça de abreu disse...

Atirar a merda contra a ventoínha!
Oh, meu caro Zé Belo, estamos a falar de quê?
Não será, pela história de todos nós, pela dignidade de todos nós, negros, brancos, amarelos, não será será a ventoínha contra a merda?

Abraço,

António Graça de Abreu