Cachil - Natal de 1965 - Zona da cozinha atingida pelo ataque IN da Noite de Consoada
1. Mensagem do nosso camarada João Sacôto (ex-Alf Mil da CCAÇ 617/BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66), com data de 25 de Dezembro de 2015:
Faz hoje 50 anos, no Cachil, Guiné Portuguesa.
Dia de Natal de 1965, no rescaldo do ataque IN da véspera, todo o pessoal da C.Caç 617, se afadigava a pôr o quartel em ordem, e a cuidar dos feridos, alguns dos quais, feridos com gravidade, foram evacuados para o Hospital de Bissau.
Na véspera e durante a ceia de Natal, em que cada um de nós, à sua maneira recordava Natais anteriores em família, com os rituais e hábitos próprios de cada um, naquele momento tão especial e sagrado, fomos vítimas de um ataque impiedoso que nos obrigou a passar de um estado de espírito do qual, emanava paz e saudade, para rapidamente voltarmos à guerra, pegando em armas, tomando posições e disparando para nos defendermos.
João Sacôto
Cachil - Na foto, da esquerda para a direita: Capitão João Bakar Jaló, falecido em combate e um dos militares portugueses mais condecorados; Capitão Marques Alexandre, já falecido este ano e Alferes João Sacôto, eu, que ainda estou vivendo.
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Nota do editor
Último poste da série de 20 de dezembro de 2015 Guiné 63/74 - P15518: Efemérides (206): Há 44 anos estávamos nos preparativos para embarcar, o que se veio a efectivar no dia 18 de Dezembro de 1971 (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas)
3 comentários:
Fiz copy e cola do comentário que escrevi no site Antigos Combatentes da Guiné.
José Colaço Amigo Sacôto esta cozinha está igual ou muito parecida como foi construída em Março/Abril de 1964 pela minha C.caç. 557, Aqui neste local fui algumas vezes incomodado por volta das 18 horas quando estavamos na fila de marmita em punho para receber aquilo que seria enganar o estômago, tudo numa boa começava o tá...tá...tá das Klashnikov as (chamadas costureirinhas).De seguida ouvia-se a voz do comando o Capitão Ares é rapaziada aos abrigos que já eles estão aí com a chatisse outra vêz. Um abraço José Colaço
Amigo Colaço, ambos sabemos bem as vivências que experimentamos naquele lugar. É, hoje, difícil de entender as forças que permitiram que física e psicologicamente aguentássemos (era a nossa maravilhosa juventude). Passado, agora, mais de meio século, estranhamente, evoco com nostalgia a camaradagem , a solidariedade, a rusticidade e a capacidade de sofrimento, não da minha CC617 nem da tua CC557, mas do SOLDADO PORTUGUÊS.
Um abraço do
JS
Havia um embondeiro gigante, ali ao meio, perto dessa cozinha. Ali passámos 9 meses, bem hospedados, nesse resort bucólico, com mais palmeiras. Fomos chateasos apenas umas três vezes. Porquê? Agora pode dizer-se. O nosso furriel vague-mestre, furriel Câmara, era filho dum grande comerciante de Bissau que muito "contribuia" para o PAIGC...
Mal de lá saimos para "companhia de intervenção" em Catió, deu-se esse ataque de que falas e tão bem me lembro.
Ouvia-se o ribombar das bombas, em Catió. ...
Fomos uns heróis...queiram ou não...estes deslavados que nos sucederam...nem carne..nem peixe. uns amorfos.
Um abraço a todos e um Bom Ano
Joaquim Luís Mendes Gomes
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