[Nuno Rubim, cor art ref, historiador, especialista em história da artilharia]
Luís:
Mando mais uns extractos dos Perintreps iniciais do CTIG que claramente mostram que:
(i) a guerra se iniciou em 1961;
(ii) embora o IN não fosse ainda o PAIGC.
Como sabes, tenho TODOS os Perintreps digitalizados.
Um dia ainda espero falar contigo sobre as “divergências” que notei entre alguns relatos expostos no blogue e o respectivo teor transcrito nos documentos oficiais ...
Abraço
Nuno Rubim
2. O que dizem os Perintreps (1) (Nuno Rubim): violações da fronteira e assaltos no chão felupe, em julho de 1961: S. Domingos (a 18, 21 e 24), Ingoré (a 21). Varela (a 25) e Suzana (a 24)
[Cortesia de Nuno Rubim. Perintrep é abreviatura do inglês "Periodic Intelligence Report"]
4 comentários:
Estes documentos são muito interessantes para podermos compreender melhor a exibição de força militar de Amílcar Cabral.
Agosto de 1961, ataques anti-colonialistas na Guiné (com "terçados", as catanas da UPA) quase simultâneos e similares com o terrorismo em Angola da UPA de Holden Roberto como no Norte de Angola dá para entender melhor as palavras ambíguas, com muitos sentidos de Amílcar Cabral, "não fazemos a guerra contra os portugueses...."
Será que em 1961, Amílcar Cabral queria fazer mesmo a guerra que fez, ou foi antes impulsionado, assim como o MPLA em Angola, para defesa contra esse perigo que eram esses movimentos incaracterísticos e incontroláveis que continuaram e continuam sempre latentes em África?
Mas esta minha maneira de eu ver as coisas, são muito minhas e de muito poucas pessoas mais. (portugas)
Muito curioso é aquela de os Felupes perguntarem ao colon se deviam cortar as cabeças dos assaltantes.
Eu digo, tenho a mania de dizer coisas, que se houvesse autoridades coloniais e comerciantes que falassem as línguas étnicas na Guiné, nem era preciso muitas armas para arrumar com o PAIGC, como aconteceu com o MPLA, a UPA e UNITA em Angola, que o 25 de Abril apanhou aqueles movimentos angolanos de calças na mão, e foi o povo que os arrumou.
Os Felupes também queriam arrumar fosse quem fosse.
Mas, a guerra nunca se ganhava, nem era para ganhar, porque a comunidade internacional da guerra fria e as Nações Unidas eram cínicas demais para respeitarem África.
Mas a Europa também vai sofrer as consequências.
Obrigado, Nuno, pelo teu contacto de telemóvel (que tinha perdido) e pelo material, que já foi publicado...
Os Perintreps, hoje desclassificados, são importantes também para despoletar memórias (e emoções) e obrigar-nos a um esforço de maior rigor factual... A grande maioria da malta tem dificuldade em datar e contextualizar os acontecimentos (uma emboscada, uma mina, uma operação, uma flagelação, etc.)... Poucos escreviam no T0 da Guiné... E até as legendas para as fotos são um bico de obra...
Se tens os Perintreps TODOS digitalizados, és um "sortudo"...Deves tê-lo feito por tua conta, presumo... Se quiseres partilhar mais alguns connosco ficamos-te gratos... Já dei início a uma série com o teu nome, como podes avaliar por este poste:
"O que dizem os Perintreps (Nuno Rubim) (1)".. Clica aqui:
Publicamos todos os dias entre quatro a seis postes... O blogue é um bicho voraz... E ainda continuamos a ter muitas visualizações (c. 2 mil por dia), embora agora tenhamos a concorrência (desleal) do Facebook... Também temos uma página (Tabanca Grande), com cerca de 2 mil "amigos"... Mas eu, pessoalmente, não sou fã do Facebook... E há grupinhos fechados, etc. O Facebook não tem nada a ver com o espírito do nosso blogue.
No sábado vamos reunir-nos em Monte Real, é o nosso XI Encontro Nacional... Vão juntar-se 2 centenas de grã-tabanqueiros (incluindo acompanhantes: lotação máxima da sala são 200... Nos tempos que correm, ainda é obra...
Quero agora estudar melhor como acautelar a salvaguarda deste imenso acervo: 16 mil postes, mais de 50 mil imagens, 62 mil comentários, 712 membros registados, os mapas da Guiné, etc. Talvez tenhas ideias sobre isto...
Um abraço forte. Luis
Rosinha, o seu a seu dono... O PAIGC não reivindica estas acções, em julho de 1961, nem nunca lhe foram atribuídas, nem sequer pelas NT...
Já aqui discutimos este assunto, o da data do início da guerra... Para o PAIGC, é 23 de janeiro de 1963, com o ataque a Tite. Mas nós discordamoos... A guerra começou pelo menos desde 1961... É evidente que o PAIGC sempre quis "marcar a agenda", mas não é o PAIGC que manda, é a História... De facto, devíamos alterar o cabeçalho dos nossos postes: Guiné 61/74... Abr. LG
Luís, este blog já repetiu e eu não ponho aqui em causa o que já foi esclarecido até à exaustão que não foi Amílcar e o PAIGC a começar a subversão anti-colonial na Guiné.
Luís, sabemos o que o PAIGC, ou melhor o que Amílcar Cabral conseguiu quase sozinho, imaginar e criar um partido quase impróprio e impossível, assim como ainda ajudou a criar o MPLA de Angola.
O que eu, sozinho aqui no blog, e pouca gente emite ou corrobora uma opinião que sempre repiso, é que tanto o MPLA e o PAIGC, Amílcar, Lúcio Lara e Agostinho Neto, etc. só tomam a decisão de avançar para o mato e pegar em armas como fez a UPA e estes movimentos referidos pelos documentos de Nuno Robim, precisamente porque esses intelectuais genuinamente nacionalistas, se sentiram encostados à parede com aquele "inimigo" inesperado.
Porque ninguém tenha dúvida que tanto em Angola (UPA)como na Guiné, esses movimentos não passavam de grupos com sentido puramente tribal, e perigosamente indisciplinados e divididos e Amílcar e os outros tinham plena consciência do perigo que representava essa gente para eles.
Claro que tanto o MPLA e o PAIGC não podem dizer estas coisas porque politicamente é impróprio, e no caso da Guiné até tentam esquecer que houve outros movimentos.
Mas porque é que eu digo e repiso que não queriam ir para o mato? porque simplesmente foi para uma guerra urbana que se prepararam, primeiro o MPLA, e o PAIGC ia seguir os passos.
Foi em Luanda, que a luta estava preparada, não esquecer os ataques à Casa da Reclusão, o ataque a uma esquadra da polícia com 6 polícias mortos, a descoberta de catanas na sacristia da Sé etc.
Aliás, o exemplo para o MPLA e Amílcar Cabral, os tais "estudantes do Império" tinham o modelo da Argélia e já conheciam a luta de Nelson Mandela (ANC), que atacavam bombas de gasolina, atentados em coisas do Estado, ou seja guerrilha urbana.
Tento apenas usar pequenos pormenores, como estes documentos de Nuno Robim, e outros, para demonstrar certas verdades que não se dizem.
Nunca pensaram os "calcinhas" estudantes do império e das missões, de jogadores de bola e funcionários dos correios e de Câmaras, avançar de catana para o mato.
Mas a UPA no Norte de Angola e esta gente a quem os Felupes queriam cortar a cabeça, alteraram os planos aos nacionalistas angolanos e guineenses e a uns tantos Caboverdeanos.
E apenas esta verdade minha, mas convictamente minha, Luís, que tento expôr.
Em Angola vi o princípio o meio e o fim, e na Guiné temos este blog.
Claro que sou eu apenas a fazer comparações com o que se passou em Varela e Suzana e no Uige, Noqui e Nambuangongo e a poder comparar a reação dos Felupes e dos Bailundos.
Mas catanas na sua bandeira só tem o MPLA, claro que só podem ser as catanas da Sé, porque as da bandeira da Fling e da UPA gastaram-nas no mato.
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