Aldeias da serra...
Gosto das aldeias da serra.
Aldeias totais.
Nasci numa delas.
Feitas de pedra talhada, saída da terra.
Têm casas de pedra espalhadas.
Com poços e hortas tratadas
onde se cria de tudo.
Leiras de pão
e ramadas de vinho.
Casas vizinhas,
sem muros,
cheirando a fumo da lenha.
Bordadas à volta,
Com as cores,
de flores que crescem à solta
seguindo à risca as regras do tempo.
Têm caminhos em pedra
e bordas bravias.
Regos e sulcos,
por onde escorre a água das chuvas.
Matas e bosques onde habitam as aves
e cantam os cucos.
Por debaixo das telhas,
se guardam segredos e lendas
vindos de antanho...
Berlim, 1 de Dezembro de 2016
16h3m
JLMG
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Lânguidos e plangentes…
Lânguidos e plangentes são os sons divinos
Que se evolam ao céu em oração.
Lembranças negras que a história urdiu,
Num passado perto.
A lei do mal as gerou implacável no coração do homem.
Perversa semente que renasceu das cinzas
Duma árvore morta.
Nem a terra negra as quis…
Ouvindo “A lista de Schindler”
Berlim, 2 de Dezembro de 2016
14h33m
JLMG
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Não consigo devassar...
Às golfadas me entra pelas janelas
o nevoeiro de Berlim.
Não se consegue devassar.
É o prenúncio-mensageiro
que bate à porta.
Vem aí a manta branca
que no Inverno irá usar.
Já ciranda ansiosa pelas ruas
a frota alegre dos limpa-neve,
já cansados de esperar.
E os meninos, lá em casa,
desesperam por usar as botas novas
e jogar à bonecada,
com a neve que há-de cair...
Berlim, 4 de Dezembro de 2016
9h53m
JLMG
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Nota do editor
Último poste da série de 27 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16766: Blogpoesia (482): "O cargueiro gigante"; "O render da Companhia..." e "Nevoeiro...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
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