Localização do Destacamento de São João
© Vd. Carta São João 1:50.000
1. Mensagem do nosso camarada José da Câmara (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 26 de Dezembro de 2016, a propósito do Poste 16719, foram publicadas fotos do destacamento de São João como sendo Bolama.
Mano Carlos,
Desde ontem, espero que tudo esteja bem convosco. E desde já agradeço as vossas simpáticas palavras[1].
Na nossa conversa falámos um pouco sobre o Destacamento de São João e de algumas situações.
No Post P16719[2] havia algumas dúvidas sobre se de facto o Destacamento referido como de Bolama não seria São João. De algumas fotos não tenho dúvidas que foram tiradas em São João. Junto outras duas para serem confrontadas com as que foram publicadas.
Assim, a tirada no Porto de São João, posso confirmar que aqueles postos, já muito carcomidos pelo tempo, ficavam cobertos quando a maré estava cheia. Seguindo os postos em linha recta para o outro lado tínhamos o Porto de Bolama.
Destacamento de São João
Foto: © Luís Mourato Oliveira (P16719)
1 - Destacamento de São João - Repara na foto que agora de mando e a floresta (tarrafo) é consistente com a foto publicada no Post referido.
Foto: © José Câmara
Foto: © José Câmara
3 - Um facto que me chamou a atenção quando lá estive, essa estrada que começava no porto de São João e que vai dar à Porta de Armas do Destacamento passava por dentro deste e seguia para Nova Sintra através do "cavalo de frisa".
Destacamento de São João
Foto: © José Câmara
4 - Destacamento de São João - Na foto do poço repara na "evolução" desde quando eu lá estive, aquele tanque de água.
Foto: © Luís Mourato Oliveira (P16719) 5 - Outro reparo, vê a limpeza que nós tínhamos e compara com o matagal da foto publicada.
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Isto complementa parte da conversa que tivemos ontem. Muitos de nós que andamos dizer mal de tudo e de todos fomos os grandes culpados de muito do que nos aconteceu.
Não havia frescos, mas nada nos impedia de termos as nossas hortas.
Não havia carne, mas nada nos impedia de termos os nossos animais para abate.
Não havia limpeza, mas nada nos impedia de sermos limpos.
Éramos atacados ao arame farpado, mas nada nos impedia de andarmos lá fora.
Eu nem queria acreditar nas respostas sobre o inquérito "batota". Nem respondi, teria que desancar (em ferro frio). Desculpa mano, eu também não era perfeito. Acredito que na minha Companhia também havia falhas, mas repara na foto 4 e terás uma ideia daquilo que se fazia em matéria de acção militar.
Na Mata dos Madeiros foi bem pior que isso. Dois grupos constantemente fora, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias por mês. E o resto que se juntava, a saber: a picagem diária da estrada nova por um dos grupos que regressava, a lenha, a água, o correio, as evacuações e, se a memória não me falha, 12 postos de sentinela com três elementos em cada posto. Podes imaginar!!!
No Destacamento de São João tentei, sempre sem sucesso, levar os nossos alferes a criarem as condições acima referidas. A resposta que sempre tive foi que não valia a pena porque apenas ali estaríamos algum tempo e não iríamos desfrutar as colheitas. A tal atitude de quem quem venha atrás que feche a porta.
Sabia e compreendia que as coisas para terem sucesso tinham que ter continuidade. Mas foi nessa falta de confiança que andamos sempre a dar tirinhos nos nossos pés e a culpar os outros. Maneira típica da nossa maneira de ser.
As fotos são para serem usadas como muito bem te aprouver, incluindo uma achega ao tal Post. Fica contigo.
Grande abraço do mano José
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Notas do editor:
[1] - O José Câmara teve a gentileza de telefonar ao seu editor, a partir dos EUA, para desejar, não só a ele mas como a todos os camaradas da tertúlia, um Santo Natal.
[2] - Vd. poste de 14 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16719: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-al mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (2) - Bolama, Centro de Instrução Militar (parte II)
Último poste da série de 9 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16818: Memória dos lugares (352): Ilhéu de Caió, a sudoeste da Ilha de Jeta, região do Cacheu: um local muito bonito onde, para o ano, quero vir passar umas férias (Patrício Ribeiro, Bissau)
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