Data: 14 de setembro de 2016 às 02:28
Assunto: O LAR ONDE ESTIVE
Camaradas
Estou em casa, portanto saí do Lar. Não era o local adequado para acabar os meus dias.
O livro que lancei, com o título "O Corredor da Morte", tem a ver com este período que passei num local isolado. Longe da civilização, tive saudades da barulhenta cidade.
Voltava ao Bar que fechava por não haver ninguém. Lanche pelas 16H00 e era esperar pela hora de jantar, às 18H30. Todos dispersavam, ficava no Bar que já estava fechado, ligava a TV e tinha de ir para o quarto para me darem os comprimidos de antes de deitar-me.
Por vezes surgiam umas Senhoras que fui conhecendo. Com jogava às cartas, bebíamos café da máquina. Ela adormecia com as cartas na mão.
Torres Vedras estava a uns 12/13 quilómetros e só via céu e montes. Como também nunca me entendi com o senhor com quem compartilhava o quarto – um T1, mas tinha somente uma parte de um T0.
Tinha conversas interessantes com Senhoras viúvas de Oficiais militares, simpáticas e com idades que andavam nos 90 anos.
Uma, a Senhora Fernanda – com a doença do Alzheimer – conversava comigo perguntando constantemente como me chamava. O marido um Capitão carrancudo… Vi que se ria vendo a paciência que tinha com a esposa. Professora Primária, Santa Catarina, Lisboa, declamava e bem, um poema seu que falava do desgosto de nunca ter tido filhos.
Como gostavam de mim, quando disse à Assistente Social que decidira regressar a casa, pediu-me que pensasse bem por achar que podia ajudar Residentes do Lar. Estive lá, para lhe fazer a vontade, mais 5 dias.
E foi o que sucedeu, não esqueço os diálogos que tive com a Senhora que escreveu um poema "Ao filho que nunca teve". Pedi-lhe que me desse o poema escrito. Escrevo-lhe brevemente.
Agarrei-me ao computador, tudo errado. Continuei a reescrever o livro, mas nada sai. Mas acabou por ser uma experiência positiva. Logo me arrependi daquilo que fizera. Terei de dar-lhe a volta, ia sair asneira.
Poesias nascem e morrem… Escrevo esta experiência que tive no Lar.
Encontrei-me com camarada da minha Companhia, José Salvador Pinto Aires que contactou o Blogue.
Abraço,
Mário.
E foi o que sucedeu, não esqueço os diálogos que tive com a Senhora que escreveu um poema "Ao filho que nunca teve". Pedi-lhe que me desse o poema escrito. Escrevo-lhe brevemente.
Agarrei-me ao computador, tudo errado. Continuei a reescrever o livro, mas nada sai. Mas acabou por ser uma experiência positiva. Logo me arrependi daquilo que fizera. Terei de dar-lhe a volta, ia sair asneira.
Poesias nascem e morrem… Escrevo esta experiência que tive no Lar.
Encontrei-me com camarada da minha Companhia, José Salvador Pinto Aires que contactou o Blogue.
Abraço,
Mário.
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Nota do editor:
Últino poste da série > 20 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16738: Banco do Afecto contra a Solidão (20): últimas... mas poucas.. Estou sem computador... Camaradas, sou vítima daquilo que criei (Mário Vitorino Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)
3 comentários:
Gaspar vejo que não te deixaste vencer, arreganhaste os dentes e partiste para a luta, saúdo-te pela tua coragem de hoje, que não desmente o teu passado.
Um abraço camarada não te deixes ficar nesse corredor da morte, revolta-te pois há muito para viver
Um abraço
É um exemplo de tenacidade, dignidade, lucidez... Este nosso camarado precisa de todo o nosso apoio, e a melhor forma de o ajudar é lê-lo, e incentivá-lo a continuar a escrever. Julgo que contunua sem computador, o seu avariou-se... Talvez haja alguém com um PC a mais em casa... Força, Mário.
Camarada Mário:
Um grande abraço de compreensão e solidariedade. Concordo com o Luis quando fala de dignidade e lucidez. Eu acrescentaria, coragem para corrigir as opções e ir à luta noutra direcção, sempre buscando o que nos faça sentir melhor.
Força, Mário.
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