domingo, 8 de janeiro de 2017

Guiné 61/74 - P16931: Blogpoesia (488): "A existência..."; "Pelas portas milenares das catedrais..." e "Vaidade...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. O nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) vai-nos enviando ao longo da semana belíssimos poemas da sua autoria, dos quais publicamos estes, ao acaso, com prazer:


A existência…

Nem sempre existiu a existência.
No princípio de tudo,
Era só a essência.
A ideia pura.
Sem forma nem imagem.

Um mundo de equilíbrio
E são convívio.
Era o reino celestial dos arquétipos.
A vida era só contemplação.

Por mero sopro duma Vontade,
Num instante, tudo mudou.
Foi o ressurgir dos seres.
Com corpo e forma.

A uns a vida.
A outros, só a dinâmica das leis da física,
Com todas as propriedades.
Outro cosmo magnético
Em motu contínuo.

Depois, vieram as relações dos seres,
Ora em posição oposta
Ora em sintonia.
A sobrevivência tornou-se
Sua lei de gravidade,
No reino dos animados.
A sensação da posse para sobreviver
Tornou-se a fonte dos conflitos,
Apesar de todas as leis da convivência.

Desapareceu para sempre a paz reinante
No longínquo domínio das essências…

Berlim, 8 de Janeiro de 2017
8h47m
Jlmg

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Pelas portadas milenares das catedrais…

Passaram reis, princesas e plebeus,
Através dos séculos,
Pelas portadas milenares das catedrais.

Se ajoelharam cónegos, bispos e cardeais,
Frente aos altares do sacrifício.

Subiram ao púlpito possantes vozes
De preclaros oradores de estola.

E suas naves altas se enchiam
Da gente humilde que rezava.

Pelo país inteiro,
Havia romarias em festa
Aos seus patronos.

E havia torneios de cavalos fulgurosos
Frente aos palácios ricos da fidalguia.

Foi assim que,pelos tempos fora,
Viveram os antepassados…

Berlim, 7 de Janeiro de 2017
9h35m
Jlmg

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Vaidade…

É estreito e fino como um raio
O caminho onde passo.
Em pouco tempo,
Se apagam minhas pegadas.

São fugazes as vãs venturas
Como o brilho do fogo preso.
Se esquecem breve
Todas as glórias.

São mais as dores que as alegrias
Neste mar de ilusões.
Tão depressa passou a infância
Se me ponho a olhar para trás.

Tudo tenho e nada é meu,
Chegada a hora
De partir.

Para quê fingir de forte
Se basta um sopro
E tombo ao chão?...

Berlim, 4 de Janeiro de 2017
10h17m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da séria de 1 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16903: Blogpoesia (487): "Ele vem aí..." e "Abeirei-me da varanda e vi...", poemas alusivos ao Ano Novo, de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

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