Foto: © Carlos Vinhal
1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) três belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:
Entro no mar...
Como Pablo Neruda na sua Isla Negra,
entro no mar, pensando na metáfora do Universo.
Que nos contém e nos abraça.
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Abraço as ondas ternas num vaivém constante.
Me deleito na suavidade da sua água tépida.
Mergulho meu corpo leve
e saboreio a doce sensação da intimidade.
Meus pés na areia ocultos,
agradecem o grato alívio que o mar lhes dá.
Olho ao longe a linha ténue do horizonte infindo.
Escorre-me na pele a frescura da água que me banha a mente.
Poiso minhas pálpebras para que os olhos sonhem.
Outra galáxia se abre à frente
onde, radioso, o belo mora em plenitude.
Me enlevo olhando tantas cores bailando.
Desenham formas tão belas, nunca meus olhos viram.
Se não viesse da noite o frio,
Quereria aqui ficar eternamente...
Ouvindo Maria João Pires tocando Mozart
Berlim, 7 de Novembro de 2017
7h45m
Jlmg
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As minhas sombras…
Há tanto, começou a viagem.
Vai longa. Se perde no tempo.
São imensas as sombras na sepultura.
Umas de longe. De ouvir falar.
Pelo jornal e rádio. Televisão, internet, depois.
Outras, muitas, de ao pé de mim.
Os meus vizinhos, onde nasci.
Ali bem ao sol. Na linda encosta.
Depois cresci. Me fiz ao mundo.
Os vejo a todos.
Lhes oiço o falar. As suas vozes.
O seu sorrir.
Eram tão puros. Pobreza enorme.
Com tão pouco viviam.
Eram felizes.
Me ponho a contá-los.
Tantas centenas.
Todos com nome.
Tanto me deram.
Ainda vivo deles.
Há muitos anos.
As minhas sombras benignas.
Das outras, não,
Todas esqueci…
Berlim, 8 de Novembro de 2017
8h15m
Jlmg
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Assombramento…
Assombrado, deixo-me levar nas asas do sonho, pelo mundo fora.
Por desertos e pradarias.
Oásis e recantos de maravilhas.
Vou na busca da felicidade,
Essa mágica sereia estonteante, tão esguia e fugidia.
Busco a paz da consciência e a alegria abrasadora da harmonia.
Quero banhar-me no mar sossegado da mansidão.
Atrair a mim a serenidade inebriante da beleza iluminada.
E como uma estrela refulgente permanecer ao alto apaixonado pela grandeza do universo.
Sou amante da vida que me foge.
Arde fogo no meu peito com as labaredas do infinito…
Ouvindo, concerto n.º 1 por Hélène Grimaud ao piano
Amanheceu cinzento e gelado
Berlim, 11 de Novembro de 2017
8h24m
Jlmg
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Nota do editor
Último poste da série de 5 de novembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17937: Blogpoesia (536): "A Terra e o Sol...", "Aquela força..." e "Cantos e recantos...", poemas de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728
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