sábado, 18 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19799: Os nossos seres, saberes e lazeres (326): No condado de Oxford, a pretexto de um casamento em Fairford (5) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Janeiro de 2019:

Queridos amigos,
A peça de substância do condado de Oxford é a vetusta e prestigiada cidade universitária, detentora de um belíssimo património, a vida cultural é intensa, do teatro ao cinema, das exposições às conferências, passando pela vida musical, excecionalmente rica.
Era obrigatório por ali deambular e dar a conhecer o interior do mais velho museu do mundo, na lógica com que hoje entendemos um espaço onde se guardam objetos de arte, se conservam e se utilizam no processo educativo.
No regresso, havia resmungos, soubera a pouco, o que era inteiramente verdade, ainda por cima um dos passantes fora aluno do criador do célebre inspetor Morse, Colin Dexter, que visitou com regularidade até ao seu falecimento, intensificou a mágica da visita, a cidade dos doutores também guarda discretamente a lembrança de um inspetor que desvendou habilmente crimes, imagine-se, num dos espaços universitários mais requintados do mundo.

Um abraço do
Mário


No condado de Oxford, a pretexto de um casamento em Fairford (5)

Beja Santos

Continua o passeio pela cidade de Oxford, não haverá tempo para farejar os interiores dos colégios mais icónicos, nem as preciosas livrarias, nem o jardim botânico, impõe-se uma rígida disciplina, há a igreja da universidade denominada Santa Maria a Virgem, estamos agora na Bodleian Library, aberta ao público em 1602, ver ao menos por fora a Radcliffe Camera (que agora faz parte da Bodleian), construída na primeira metade do século XVIII, é aqui o coração dos grandes edifícios onde se pode incluir o Sheldonian Theatre. Ainda houve vozes recalcitrantes, queriam ir a Blenheim Palace, a residência ancestral dos Duques de Malborough, pelo caminho queriam ver Woodstock, passear pelas velhas aldeias como Stow-on-the-Wold, fica para o próximo passeio, amanhã é o dia para o Parque e Jardins do Zoológico de Cotswold, Cotswold Wildlife, uma exigência para crianças, uma grata surpresa para adultos. Saboreie o leitor estas abóbadas em leque, nervuras harmoniosas, todos os medalhões a merecerem contemplação, houvesse tempo e o viandante com a sua companha andavam horas e horas com o nariz no ar, mais gracioso tardo-gótico, não se conhece, fica-se com a ilusão que há para ali uma escalada até às nuvens, só falta aparecerem anjos celestiais, ao som de charamelas.




Sai-se da Bodleian Library, ali perto, aparentada uma igreja circular é a rotunda que dá pelo nome Radcliffe Camera, uma joia arquitetónica do século XVII, é um passeio entre ruas circulares ou bem enviesadas até se chegar a uma avenida que nos vai conduzir a um dos objetivos da visita, o Ashmolean Museum, museu de Arte e Arqueologia da Universidade de Oxford, o mais antigo museu do mundo, com uma riqueza incrível, possuidor de coleções que vão desde a Antiguidade e chegam aos pré-rafaelistas de Arte Moderna.



Paragem obrigatória na Igreja da Universidade, alvo de muitas intervenções, mantém-se como o coração espiritual da velha universidade: o pórtico foi construído no século XVII, ainda há vitrais medievais, mas sofreram alterações profundas no século XIX, ali está o túmulo de Adam de Brome, o fundador do Oriel College, século XIV, muitos visitantes param diante da coluna em memória de Thomas Cranmer, arcebispo de Cantuária designado por Henrique VIII, manteve-se leal ao Papa, foi condenado. É obrigatório visitar a capela-mor e contemplar a Madona e o Menino, obra do barroco francês, saiu da paleta de Simon Vouet.



Uma pausa no mercado furta-cor, é irresistível não parar para sentir a palpitação do consumo. É de todos sabido que quando dois ingleses se encontram falam primeiro do tempo, não escondem a sua satisfação se for dia de sol, depois a conversa pode deslizar para a jardinagem, acima de tudo flores, mas há quem tenha hortas, daí a extraordinária variedade que podemos encontrar em qualquer mercado de plantas aos hortofrutícolas, aqui tudo se vende para semear.


O viandante ainda se lembra do Ashmolean antes destas obras de beneficiação, trouxeram conforto e luminosidade. Como todos os museus públicos, as coleções permanentes são de visita gratuita, as exposições fazem-se pagar. Ao tempo da visita, exibia-se uma coleção modernista norte-americana de O’Keefe a Hopper, 12 libras, uma outra de gravura de várias épocas, o programa indica visitas guiadas, conferências da mais diferente índole, cursos, workshops e outras atividades relacionadas com a coleção do museu.



Esta indumentária pertenceu a um ilustre aluno de Oxford, o Coronel Thomas Edward Lawrence, Lawrence da Arábia, aqui estamos em frente da vestimenta que David Lean reproduziu no célebre filme épico, “Lawrence of Arabia”, o protagonista era Peter O’Toole.




Três imagens que pareceram obviamente sugestivas da grande riqueza que o Museu Ashmolean oferece, desde o mundo antigo, à Ásia, as coleções europeias. No piso inferior, montou-se uma fascinante área pedagógica para explorar o passado, aproveita-se para contar a história do museu, essencialmente feito de doações de grandes colecionadores, explica-se aos alunos que o visitam a arte da conservação de têxteis, coros, a história da escrita e da impressão, o dinheiro, uma belíssima associação entre o objeto e os comentários. Foi o que se pôde ver em Oxford, regressa-se a Faringdon, amanhã está previsto a alegria dos mais pequenos, a ida ao parque da vida selvagem de Cotswold.

(continua)
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Notas do editor:

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Último poste da série de 16 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19792: Os nossos seres, saberes e lazeres (325): 25 de maio de 1980, Hangzhou, "um paraíso debaixo do céu", segundo um provérbio tradicional

5 comentários:

Anónimo disse...

Gostava de saber o que é que contribui o condado de Oxford (e outros postes semelhantes) para os objectivos deste Blogue:

««Blogue colectivo, criado e editado por Luís Graça, com o objectivo de ajudar os ex-combatentes a reconstituir o puzzle da memória da guerra colonial, na Guiné.»»

É que por muito esforço que faça, isto não me entra na cabeça...

Uns atrás dos outros, flores, ruas, estátuas, pinturas.............

São centenas de inutilidades, para promoção de quem?



Obrigado pela atenção, e podem descarregar sobre mim, pois já estou preparado e vacinado.

Virgilio Teixeira



paulo santiago disse...

Vergilio
Esta rubrica"os nossos seres saberes,e lazeres" há muito que anda pelo blogue.Já vi por aqui muitos saberes e lazeres,Oxford,é um dos saberes.
Já percebi que és a vedeta das tuas fotos,já sei que foste um craque em tiro,também sei que achas Vila do Conde uma aldeia.
Dizes "são centenas de inutilidades,para promoção de quem ?"e eu acrescento...os teus comentários,são inutilidades para a tua promoção.

Santiago

antonio graça de abreu disse...

Sou suspeito, ao falar destas coisas. Casamentos, baptizados e divórcios deveriam permanecer afastados dos testemunhos e saberes destes nossos camaradas da Guiné. Mas a vaidade humana é incomensurável.

Abraço,

António Graça de Abreu

Valdemar Silva disse...

Interessante.
Ontem o Victor Gonçalves, da RTP1, em serviço na GB, apareceu no Telejornal e referiu-se, precisamente, estes mesmos locais, aqui fotografados.
Depois, entrevistou o Professor da Universidade, não fixei o nome, que falou sobre o Brexit e o aparecimento Nige Ferage (clone Trump, disse ele).
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Queria dizer Nigel Farage.
Valdemar Queiroz