sábado, 18 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19800: Agenda cultural (683): Rescaldo do lançamento do Volume III de "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira da Silva, levado a efeito no passado dia 11 de Maio, na Quinta Choupal dos Melros, Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar (Parte 1)



Reportagem do lançamento do Volume III de "Memórias Boas da Minha Guerra", de José Ferreira da Silva, levado a efeito no passado dia 11 de Maio na Quinta do Choupal dos Melros, Fânzeres - Gondomar, enviada ao Blogue pelo José Ferreira

"Memórias Boas da Minha Guerra"

Lançamento do vol. III

O lançamento do III volume das “Memórias boas da minha guerra”, de José Ferreira da Silva [na foto à direita] teve lugar, no passado dia 11, em Fânzeres, Gondomar, na Quinta do Choupal dos Melros, onde, em Bando, a “passarada grisalha” poisa todos os meses em excelentes convívios, cheios de camaradagem e amizade. O que une esses “Melros” é um forte denominador comum: o facto de terem sido Combatentes da Guerra do Ultramar.
Já pouco falam da guerra. E se o fazem, já não se assemelha aos tempos imediatamente a seguir ao “feliz regresso”. Parece que já fizeram a catarse e, agora, aproveitam para acentuar um convívio mais saudável que o dos tempos de forçado guerreiro regressado.
Nesta fase, talvez despertados pelas modernas redes sociais, se reaproximam e se identificam como menos guerreiros, mais pacíficos, mais tolerantes e, afinal… mais camaradas.
Por coincidência, ou não, é o período em que surge um outro tipo, inédito, de histórias, através de “memórias boas da minha guerra”.

Virada para a enorme eira de uma grande casa de lavoura, via-se uma grande mesa de granito, sob a ramada de videiras “americanas”. Estava ornamentada com toalha de linho bordada e um pedaço de rede de camuflagem militar. A um canto, junto do “Presidente Bandalho”, em posição activa, estava disponível um bruto aparelho militar de Rádio-Transmissões – o ANGRC9. Na frente salientavam-se a Bandeira Nacional e a Bandeira da CART 1689 (“Os ciganos”). Por cima estavam espalhadas rosas caseiras, lindíssimas, oferecidas pelo anfitrião e proprietário Gil Neves, ex-Piloto da FAP, na Guerra da Guiné.

Mesa da Presidência com: o autor, José Ferreira; Carlos Silva, Régulo da Tabanca dos Melros; Ricardo Figueiredo; Francisco Baptista e Jorge Teixeira (Jotex), Presidente dos Bandalhos

O Régulo da Tabanca dos Melros, Carlos Silva, a abrir a Sessão

Abriu a sessão, o Gondomarense Carlos Silva, chefe da Tabanca dos Melros, que tem ali, também, o seu pequeno Museu sobre a Guerra do Ultramar. Apresentou as saudações da praxe, alguns agradecimentos e endereçou a palavra para o Ricardo Figueiredo, já preparado para coordenar os trabalhos e, também, apresentar a obra.

O Ricardo Figueiredo no uso da palavra

O Ricardo, talvez beneficiando do seu estatuto de “Tarimbeiro dos Tribunais”, versou facilmente os seus pontos de vista sobre a escrita do Zé Ferreira, prendendo a atenção dos camaradas presentes. Falou também sobre as origens (geográficas) que influenciaram o autor, com a respectiva cronologia desde os tempos do Estado Novo, bem como o seu retrato social e político. Afirmou ser evidente que o autor escreve “fugindo” da guerra cada vez mais, salientando a evolução temática dos 3 volumes publicados.

Francisco Baptista, já que fazia parte da Mesa de Honra, teve que deitar faladura. Se bem escreve, bem fala

De seguida, falou o Francisco Baptista que referiu o autor do prefácio, Alberto Branquinho, e do posfácio, Luís Graça.
Prosseguiu lendo um texto escrito e nele ficou bem demonstrada a sua qualidade literária, já bastante conhecida e que muito brevemente ficará eternizada num livro de sucesso.

O Presidente Bandalho, sem pulga atrás da orelha, prepara-se para, como de costume, dizer mal do livro do José Ferreira.

Foi, então, o momento de Jotex, o apelidado “Presidente do Bando”, botar faladura. E, como vem sendo seu hábito, despejou a habitual ironia cáustica sobre as qualidades do livro. Para ele, o livro não vale nada e não é mais do que um “bónus” dado a quem comprar a garrafa de Porto Reserva, alusiva ao acontecimento, que é entregue com o livro. E, referindo-se ao autor, disse que ele é bastante conhecido somente porque usa um chapéu vistoso.
Entretanto, ouviu-se algum sururu orientado na direcção de José Manuel Cancela, conhecido por Zé Manel dos cabritos, acusando-o de roubo dos cabritos e da sua quase extinção na zona de Mampatá. Ele defendeu-se acusando de Peteiros o Poeta Régua, o Carvalho e o próprio autor do livro. Salvou-o, em parte, o Antero Santos que informou que estivera, depois, em Mampatá e que ainda lá havia um ou outro cabrito de estimação. Quanto à acusação de ter criado a primeira mula transexual de Trás-os-Montes, confessou a pouca “habilidade” para tratar de assuntos de sexo, mas que o nome de “Lola” não fora sua autoria.



O Ricardo Figueiredo lembrou que também em Penafiel havia a Festa do Cordeirinho e que está referida uma confissão do querido e saudoso Joaquim Carlos Peixoto, a quem o pai do seu pior aluno oferecera o melhor cordeiro da festa. Houve um momento de grande emoção e foi guardado um minuto de silêncio em sua memória, ao qual se juntou a saudade sentida pelo Jorge “Portojo” e por outros falecidos.

Inconfundível, com o seu inseparável boné, o Zé Manel da Régua faz a sua entrada triunfal no Choupal dos Melros

O Poeta da Régua acabara de chegar. E, entrando de mansinho, trazia uma caixa de cerejas da sua Quinta Sra. da Graça, apresentando-a como o verdadeiro motivo porque chegava atrasado. Teve o cuidado de pedir às pessoas que guardassem os caroços para serem entregues ao Cancela, que os levaria para os cabritos. Falou um pouco da sua/nossa guerra e agradeceu a homenagem que lhe é prestada neste livro.

Falando aos presentes, a Margarida Peixoto, viúva do nosso malogrado camarada Joaquim Carlos Peixoto

Antes de terminar, Margarida Peixoto quis usar da palavra. Agradeceu o carinho e a amizade que lhe temos demonstrado e aproveitou para enaltecer a boa camaradagem reinante entre os ex-Combatentes e, ainda, tecer alguns elogios ao autor.
Como é costume, o autor encerrou o convívio, referindo logo de entrada:
- É com enorme alegria e satisfação que vos vejo aqui a comungar desta minha felicidade. Por favor, não me chamem de escritor. Sou apenas um pobre diabo que quis registar para a posteridade as “Memórias boas da minha guerra” que, na verdade, são as memórias de todos nós.
Aproveitou para os agradecimentos habituais, onde destaca Alberto Branquinho, Luís Graça, Carlos Vinhal, responsáveis por este produto e ainda a todos os amigos que lhe alimentam o sorriso de cada dia.

Visita ao Museu da Tabanca dos Melros

Seguiu-se a visita ao Museu, que está cada vez mais recheado, enquanto já decorria no alpendre a degustação das entradas.

(Continua)

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Texto lido na apresentação do livro “Memórias Boas da Minha Guerra, (da Guiné) Volume III” do meu camarada e amigo José Ferreira.

https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=649470568826873&id=100012918072029

Por Francisco Baptista

Minhas Senhoras e meus Senhores, Amigos e Camaradas

Depois do prefácio e do posfácio, escritos pelo Alberto Branquinho e pelo Luís Graça, dois bons críticos literários e das palavras sábias do Ricardo Figueiredo, um grande tribuno, amigo José Ferreira, podias-me ter dispensado deste sacrifício. Sei que em compensação já me deste o livro, mas não te esqueças de me dar também o vinho do Porto, que deste aos outros.

Sobre o livro direi, como os outros, que tem belas histórias, está muito bem escrito como é timbre do autor. Pessoalmente acho que tem um aspecto mais cuidado do que os dois anteriores e tem algumas fotografias a cores que lhe dão outra beleza.
Gosto particularmente da fotografia da Joan Collins, nas formas perfeitas da sua juventude, das pernas arqueadas com as coxas num conjunto harmónico, dos peitos rosados, brancos e salientes, do rosto onde sobressai um olhar intenso que nos toca, dos lábios vermelhos e carnudos, tão bela, tão sensual que parece fazer-nos aquele convite que nós homens esperamos, embora geralmente não passe de uma ilusão.

Os soldados americanos no Vietname visitados por esta estrela, pela Raquel Welch. e por muitas outras tinham sonhos quentes e cor-de-rosa, nós em África éramos por vezes visitados pela D. Cecília Supico Pinto, um Salazar de saias, e outras tias do Movimento Nacional Feminino que em vez de sonhos nos levavam tabaco e pouco mais.
Quando havia azar no mato ou no quartel, vindas do céu, como se fossem anjos, apareciam as enfermeiras paraquedistas, raparigas do nosso tempo, para socorrer os feridos, mas que nos faziam sonhar com elas ou com outras brancas que viviam longe, a milhares de quilómetros.

O José Ferreira, como já vem sendo hábito, apimentou este livro com histórias pícaras. reais e fictícias, sobre amigos ou conhecidos e histórias picantes sobre sexo, que nos dão muito gozo ao lê-las e que já lhe deram a ele ao escrevê-las. Falando de sexo usa um português vernáculo de calão que era o falado entre os camaradas de guerra.
Hoje já mais libertos das leis severas da Santa Madre Igreja sobre o uso desses termos e sobre a vida sexual, já todos ou pelo menos a maioria admitem isso com naturalidade. Como natural é o sexo como fonte de prazer e de vida.
Deus, depois de criar o Mundo, criou o homem e a mulher, deu-lhes o sexo e disse-lhes:
Usai-o e multiplicai-vos.
Isabel Allende, uma grande escritora chilena disse um dia: "Escrever é como fazer amor. Não te preocupes com o orgasmo, preocupa-te com o processo".
José Ferreira continua a escrever.
Muito obrigado. Sejam felizes, façam amor ou escrevam.
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Notas do editor

Vd. poste de 3 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19741: Agenda cultural (680): "Memórias Boas da Minha Guerra", vol III, de José Ferreira. Lançamento do livro, dia 11 de maio, às 11 h, seguido de almoço, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar

Último poste da série de 12 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19779: Agenda cultural (682): Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa, IndieLisboa 2019: "De los nombres de las cabras", de Silvia Navarro e Miguel H. Morales, Espanha, 2019, 62': um documentário sobre a extinção dos Gaunches, o povo nativo das Canárias... Pode ser visto no cinema Ideal, Lisboa, quarta-feira, dia 15, às 22h00

10 comentários:

JD disse...

Esta Tabanca continua viva e surpreendente.
São todos amigos da boa vida, o que denota inteligência tendo em conta as nossas efémeras vidas, que partir das agruras da guerra, aproveitam o resto das vidas para sádias vinganças e confraternizações. Elevou-se, entretanto, e cumulativamente, à categoria de tertúlia, já não digo com interesses culturais, mas que deita os olhos sobre o que de melhor se debate e publica entre os «camarigos», e, porque o génio não tem limites, já acumulam motivos para um museu que se deseja grande e do agrado geral. O Zé Manel que faça uma escritura de doação do boné.
Com estas impressões lisonjeiras poderia considerar o comentário por concluído, mas não ficaria bem com a minha consciência, após a leitura da intervenção de um tal Francisco tarado sexual. Antes o Vilhena, que actuava de cara descoberta e sem preconceitos, enquanto este escrevente transmontano e enganador, terá evoluído das crónicas bucólicas e de inspiração religiosa, para um escrita safardana própria dos que são impiedosos com os incautos. Vade retro!
Assim, peço aos excelentíssimos chefes, quiçá comandantes das respectivas tabancas dos Melros e dos Bandalhos, para que lhe apliquem a justa pena, de nem uma pinga de vinho lhe deixarem ao alcance, e que ninguém lhe permita, qualquer que seja o pretexto, uma prova por copo alheio, complementada, a pena, pela reza de longas penitências enquanto os santos e justos enchem as barrigas, limpam os beiços das pingas que escorram, e apliquem sonoras gargalhadas de satisfação. Isto por prazo indeterminado, mas necessariamente longo.
Para os restantes vai um abraço fraterno, com votos de longas vidas com muitas alegrias.
JD

Anónimo disse...



J.D. meu maroto, hoje tratas-me por tarado sexual e mais veladamente com outros mimos pouco abonadores da minha idoneidade de cidadão integro da civitas.
Antes os teus insultos e a tua raiva do que o desprezo de alguns. Mas não voltes a insultar-me porque senão teremos que marcar um duelo no Campo de S.Jorge, onde aconteceu a batalha de Aljubarrota, que fica a meio caminho entre as nossas choupanas.
Vai pensando nos padrinhos e não fujas ao contacto.

Alberto Branquinho disse...

Ó J. diz lá ao D. para retirar essa do T.S. VÁ LÁ!

PÓIS! É demais! Aquilo de que o "tal Francisco" escreveu/falou (e naquele lugar insuspeito!) é simplesmente matéria de análise socio-militar, sobre material que, nesses tempos, serviu para "motor de arranque", "dar à manivela", facilitar a saída do ponto-morto. Nada mais.

Se não tiras isso nunca mais podes ir ao Norte, carago!
Quem te avisa teu amigo é!

Depois de tirares, dou-te um abraço.
Alberto Branquinho

jteix disse...

Porra que a coisa está-se a tornar "bélica" só porque alguém se lembrou de dizer umas verdades acerca dumas provocadoras fotos, que na altura originavam uma certa fricção manual em trabalhos manuais e vá lá que na altura não havia o porno-digital, senão...

Consegui ler o post aqui publicado até ao fim, o que considero um acto heroico da minha parte e gostei do que li, excepto naquela parte em que se diz numa foto:
"O Presidente Bandalho, sem pulga atrás da orelha, prepara-se para, como de costume, dizer mal do livro do José Ferreira." o que se calhar é a mentira aqui expressa em verdade. Simplesmente limitei-me a dizer que o livro é um bom livro, (falei do papel, das páginas em branco, das fotos, das fotos a cores, etc...), mas que a leitura do mesmo dá trabalho, a mim pelo menos, ao contrário do vinho que é bom e escorrega lindamente.
Um abraço abandalhado
cumprim/jteix

Nota:
Já agora um pequeno reparo, o Presidente do Bando chama-se Jorge Teixeira, como é sobejamente conhecido... na casa dele e não, "José".
jt

JD disse...

Camaradas,
Venho muito humildemente apresentar as minhas desculpas por qualquer equívoco, mesmo que não passe de um pseudo-equívoco de campanha eleitoral. Eu boto em bós, juro! O que pode ter acontecido, involuntariamente, claro, pode ter sido eu ter exagerado na dose da oxitocina que tomo de manhã, à tarde e à noite. Por receita médica, como é óbvio, e subsidiada pelo subsistema cómico dos convencidos na vida.
Ao Francisco, meu prezado admirador que ainda tolero, digo-lhe que pior do que ele, só um gajo que conheço razoavelmente, mas que não estou autorizado a revelar.
Aos importantes cavalheiros, e a S.Exa. o Presidente Bandalho, volto a apresentar a mais sincera admiração, e prometo amanhã erguer uma taça de vinho à vossa saíde, e ingerir o conteúdo.
JD

P.S. Extraído do livro das polémicas e maquinações, que nunca pensou ver a luz do dia.

JD disse...

Moi, moi, I, I...I.I. Até corei, mas não convém que se saiba. Moi, moi, I, I...I, I.
o desbocado infiltrado. Voto no Francisco, o mais actual dos prosadores realistas. Onde é que está o mal?

Carlos Vinhal disse...

Senhor Presidente Bandalho Jorge Teixeira, apresento publicamente desculpa pela minha falta, não é todos os dias que se chama a alguém José. Jorge é que é, pronto(s).
Já rectifiquei o "lápis".
O editor de trazer por casa
Carlos Vinhal

Alberto Branquinho disse...

Caríssimo JD

Venho humildemente reconhecer que não foi devido à minha intervenção que apresentaste o equívoco destas desculpas e, consequentemente, o pseudo-equívoco eleitoral foi simplesmente causado pelo calor do debate que não teria sido tão acalorado caso tivesse vindo de bote.

Um ABRAÇÃO mais um abracinho do
Alberto Branquinho



Hélder Valério disse...

Ora bem, tudo muito interessante.
O lançamento do livro (que espero adquirir no próximo sábado), o texto motivador que o Francisco nos presenteou e os diversos comentários a começar pela "declaração de guerra" do incontornável JD.
Irreverente (diz ele...) lá teve a reacção de ilustres comentadores como o Francisco, o Branquinho, o "JTeix".
Ao Francisco até chegou a dizer que é um "admirador que ainda tolera"! Olha se não fosse!!!
Por acaso o Francisco terá o consolo de saber que há um "pior do que ele", embora não possa revelar quem. Faz bem! Assim deixa-nos um enorme campo de especulação que é ao mesmo tempo um esforço de criatividade que cada um poderá fazer.... ou não!
Hélder Sousa

Silva da Cart 1689 disse...

Caros amigos

Tenho tido a preocupação de agradecer a todos os Camaradas que me ajudaram a escrever as "Memórias boas da minha guerra". Nos agradecimentos registados na pág. 15 deste III volume, volto a mencionar os Comentadores do Blogue de Luís Graça. É que estou mesmo reconhecido pela vossa simpatia e pelo vosso incentivo.
Vamos esquecer que este pequeno debate com 9 comentários, não se refer à "obra" nem ao "autor". E que, antes pelo contrário, vamos reforçar a lembrança de que todos estes Comentadores, que considero críticos literários de elite, muito me têm honrado.

PS: Ressalvo a boa referência do Helder Valério, a quem devo informar que, lamentavelmente, não poderei participar no Encontro de Monte Real, em virtude de à mesma hora, no Quartel RAP 2 - Gaia, decorrer o 50º Aniversário da chegada do nosso (Bart 1913).

Abraços do
Silva da Cart 1689