sexta-feira, 3 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19741: Agenda cultural (680): "Memórias Boas da Minha Guerra", vol III, de José Ferreira. Lançamento do livro, dia 11 de maio, às 11 h, seguido de almoço, na Tabanca dos Melros, Fânzeres, Gondomar.



Cartaz com a notícia do lançamento do 3º volume de "Memórias Boas da Minha Guerra", da autoria do nosso camarada José Ferreira:

11 de maio de 2019,  sábado, pelas 11h00, na Quinta dos Choupos,  Choupal dos Melros, Fânzeres, Gondomar. com o apoio do Bando do Café Progresso (Porto) e da Tabanca dos Melros. Haverá a seguir almoço (preço: 17,5 euros). Marcações: telef 224 890 622 | telem 919 830 113.


José Ferreira
O José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, CabeduGandembel e Canquelifá, 1967/69) é um dos "bandalhos" do Bando do Café Progresso (, de que o "chefe",o "bandalh-mor" , é o Jorge Teixeira).  Tem mais de 120 referências no nosso blogue.

O editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné  escreveu o texto de síntese sobre o livro, que se reproduz abaixo.


Ficha ténica

Título: Memórias boas da minha guerra vol III
Autor: José Ferreira da Silva
Data de publicação: Abril de 2019
Editora: Chiado Books
Local: Lisboa
Número de páginas: 330
ISBN: 978-989-52-5458-3
Colecção: Bíos
Idioma: PT
Preço: 15,00 € (papel) | 3,00 € (ebook)

Sinopse

Quando um homem, nascido em 1943, no concelho da Feira, começa a trabalhar aos 10 anos, na indústria corticeira, para passar depois, na Guiné, na guerra colonial, “os dois anos mais importantes da sua vida”, entre 1967 e 1969, vivendo e trabalhando ainda em Angola até 1974, que memórias é que pode ter e escrever?

Boas e más... Este é o III volume das “Memórias Boas da Minha Guerra”, e que vem consagrar o José Ferreira como escritor de talento, dentro de uma fileira literária, a da caricatura, da sátira, do burlesco e do humor, que, na nossa língua, tem cultores que remontam às cantigas de escárnio e maldizer e ao Gil Vicente, passando pelo Bocage, o Camilo, o Eça de Queiroz, o Bordalo Pinheiro...

A história repete-se duas vezes: primeiro como tragédia, depois comédia... O autor pertence à geração da comissão liquidatária do império. Aqui não vamos encontrar os Gamas, os Cabrais, os Albuquerques..., os nossos “grandes” de Quinhentos... Mas tão apenas a “arraia miúda”, os “últimos soldados do império”, os “periquitos, maçaricos e checas”, os homens (e as mulheres) nascidos no Estado Novo, os “pequenitaites”, os “bandalhos”, os “badalhocos”, não os “heróis” (que, esses, são mais do que homens, menos que deuses). São os Zequitas, os Bolinhas, os Berguinhas, os Michéis, os Mohammed, os Necas, as Candidinhas, as Laidinhas, as Luisinhas, os Arturinhos, os Ruizinhos, os Heróis de Maiombe... , mas também os Zé Manéis dos Cabritos, os Silvas, os Ferreiras... Essa, sim, é a verdadeira humanidade que é a matéria-prima destas histórias, onde também há ideais de expiação, autossacrifício e santidade: “Não digas nada, porque prometemos segredo, mas ele [o alferes], durante uma emboscada lá no norte [, em Angola], em que nossos colegas foram mortos e esquartejados, prometeu casar com uma prostituta, no caso de se salvar.”

O José Ferreira tem o grande talento de saber pegar... no «material» com potencialidades humorísticas e construir com ele uma pequena grande história. Ele tem, como poucos, o sexto sentido do burlesco. Por burlesco, entenda-se «aquilo que incita ao riso por ser ridículo»... E foi o sentido do burlesco que, de certo modo, nos ajudou, a muitos de nós, a salvar a nossa sanidade mental no teatro de operações da Guiné... O problema é que poucos de nós têm o talento do José Ferreira de saber contar, por escrito, estas histórias pícaras sem cair... na pilhéria fácil, no mau gosto ou no «hard core»!

Sem ofensa para os combatentes que morreram ou que ficaram com marcas para o resto da vida, naquela maldita guerra, esta é também a geração do “sangue, suor e lágrimas... e barrigadas de riso!”... Ninguém como o José Ferreira para apanhar e contar uma boa história (muitas vezes hilariante), de guerra, ou a montante e a jusante da guerra... São histórias que também poderiam ser fábulas, “contos morais”, com “mu(o)ral ao fundo”, e em que, neste caso, os animais emprestariam a voz aos homens... Mas, não, o criador recusa-se a julgar as suas criaturas, a não ser pelo riso que provoca no leitor...

Luís Graça, editor do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

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Nota do editor:

Último poste da série > 12 de abril de 2019 > Guiné 61/74 - P19672: Agenda cultural (679): Lançamento do livro "A Minha Guerra a Petróleo", da autoria de António José Pereira da Costa: A25A, Rua da Misericórdia, 95, dia 17 de abril de 2019, 4ª feira, às 17h30. Apresentação: Carlos Matos Gomes

6 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé, boa sorte para mais este teu livro... Esperamos por ti e demais "bandalhos" em Monte Real, no dia 25 de maio... Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Não é sem uma pontinha de orgulho que vemos os nossos grão-tabanqueiros a publicar os seus livros, nascidos no seio da Tabanca Grande... Já perdemos a conta, são dezenas os nossos escritores encartados, do Zé Ferreira ao Juvenal, do Jero ao Beja Santos, do Fernando Sousa ao Antônio José Pereira da Costa, do A. Marques Lopes ao Manuel Traquina, do Ar mor Oires Mor ao Fernando Gouveia... Parabéns!

Anónimo disse...

Caro José Ferreira,

Acho, mas não tenho a certeza, que nos encontramos no único encontro em que estive presente na Tabanca de Matosinhos, mas de qualquer maneira há algo que nos aproxima.
Somos da mesma colheita - 1943, talvez eu seja dos primeiros - fizemos a guerra na Guiné entre 1967/69 e passamos por sitios comuns.
Temos um camarada que aprecio, o Jorge Teixeira - O nome do meu irmão - dos bandalhos do Café Progresso.
Gostava já agora de perguntar ao Jorge Teixeira porque é que está fechado o Progresso?
Passei lá ontem e fotografei grande parte do Porto, fiz quase 300 fotos, e aquilo estava fechado na hora do meio dia! E não dizia lá nada, o que aconteceu?
Tomei lá café tantas vezes, a minha Universidade ficava ali ao lado, era o melhor café de saco do Porto, ia lá de manhã muito cedo, porque depois das 10 horas já tinha de estar no trabalho, só ia às aulas práticas, das 8-10h da manhã.

O dia 11 é um bom dia, é sábado, é relativamente perto, mas já não estou muito familiarizado com aquela zona dos arredores do Porto. Era gajo para lá ir, vou ter de falar com a minha mulher, e com o meu genro mais novo, pode ser que me leve para esses lados, eles depois vão à vida deles, e voltam a buscar-me. Vamos ver.
Em última análise, vou eu sozinho, meto-me aqui no Metro em Vila do Conde, e vou até Fanzeres, fim da linha. Depois apanho um taxi, e levam-me lá ao local do crime.

Vamos ver como me corre a vida, pois ando com alguns problemas, nada de grave, mas que me atrapalham, e gostava de conviver com todos, em em particular com o Jorge Teixeira, é do grupo do Progresso, um dia também me inscrevo no grupo dos 'Bandalhos do Progresso'.

Se não acontecer nada, desejos de que tudo corra bem, e os meus parabéns por mais um livro, que eu não tenho nenhum, e aquilo que já escrevi em 2500 páginas, já dava para alguns livros, mas não tenho jeito para literatura...

Ab,

VT/.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sim, Virgílio, fui que te apresentei os dois, o Zé Ferreira e Jorge Teixeira na Tabanca de Matosinhos. Vocês ficaram juntos. Se tu fores a Tabanca dos Melros, dá um abraço meu a essa gente fixe. LG

Anónimo disse...



Um dia escrevi: "A geração que fez a guerra colonial ou do ultramar, continua a escrever, como quem grita e reclama por um lugar digno na História da Pátria, a que tem direito. Os ex-combatentes, alguns heróis, outros mártires, todos sacrificados, esquecidos pela sociedade e pelos poderes, são os descendentes dos marinheiros e soldados que fizeram os descobrimentos e a expansão marítima" O terceiro volume das "Memórias Boas da Minha Guerra" do José Ferreira vem actualizar a sua capacidade de se renovar pela escrita, e nos contar as suas histórias jocosas, eróticas, guerreiras e outras mais suaves, tendo sempre como pano de fundo essa Guerra na África que contrariados ou não tivemos que travar.

Francisco Baptista

Anónimo disse...

Obrigado Luis, já confirmei nas fotos do almoço de Matosinhos.
E agora já não sei se vou lá, pois veio o convite do Hotel Europa, que vão levar a palco aqui no Porto a peça 'polémica da minha foto' e vai ser no dia 11 de Maio! Vamos ver.

Francisco Baptista, tens razão, foram os nossos antepassados que descobriram, ou seja, foram lá ter, e assim, mais tarde fomos nós todos, e agora, fomos esquecidos, é a vida, e não temos força para mais, falta-nos um Sindicato para fazer frente ao poder bem instalado no poleiro.

Ab,

VT/.