sábado, 11 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19773: Os nossos seres, saberes e lazeres (324): No condado de Oxford, a pretexto de um casamento em Fairford (4) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Dezembro de 2018:

Queridos amigos,
Mais um registo de férias inesquecíveis, um espantoso celeiro medieval, a policromia bonacheirona de uma casa de chá, o pretexto era comprar ameixas e uns confeitos, a seguir a trupe encaminhou-se para Oxford, o intento era visitar os monumentos mais iconográficos, ter um cheirinho dos colégios, não deixando de visitar o Museu de Oxford, dotado de um acervo riquíssimo, como adiante se verá.
Há uma rivalidade entre Oxford e Cambridge, os alunos arrufam-se pelo prestígio histórico destas duas instituições multisseculares. Se perguntarem ao viandante, ele acha que Cambridge possui uma atmosfera colegial mais coesa, acresce que a cidade possui um dos mais belos templos religiosos de todo o mundo, The King's Chapel, mas Oxford espraia-se, convidativa, por aldeias de uma beleza espantosa também, e daí o viandante sentir-se muito bem nestes dois meios universitários e de forte atração turística.

Um abraço do
Mário


No condado de Oxford, a pretexto de um casamento em Fairford (4)

Beja Santos

O novo dia de férias começa pela visita, nas imediações de Faringdon, ao celeiro denominado Great Coxwell Barn, fez parte de uma quinta monástica, Beaulieu Abbey, data do início do século XIV, é um trabalho espantoso de carpintaria, um silo-fortaleza, talvez para proteger dos roubos ou das fortes intempéries. Os monges não viviam aqui, era um formidável depósito de cereais, sempre guardado. Foi considerado pelo artista William Morris, génio do movimento Arts and Crafts, que morava perto, em Kelmscott, onde o viandante dias depois baterá à porta, tão belo como uma catedral, muito digno e sem ostentação, marca de água da arte de construção do tempo para infraestruturas da logística.
É bom que se contextualize a origem desta construção prodigiosa. O rei João, o famoso João Sem-Terra, deu aos monges cistercienses, em 1203, uma grande propriedade para uma nova abadia; esta deslocou-se para Beaulieu, mas Faringdon e Coxwell ganharam importância na economia abacial. O telhado é uma construção impressionante, veja-se o enquadramento das réguas de madeira, com pesos e contrapesos, só foi preciso restaurar a construção, sem tirar nem pôr na dinâmica dos equilíbrios. As portas do celeiro são um acréscimo do século XVIII, muito provavelmente para dar acesso a viaturas mais largas. As reparações de fundo datam do século XIX. Hoje o edifício é tutelado pela prestigiada National Trust, que salvaguarda o património do mais alto valor nacional. Que beleza! A título de curiosidade, junta-se uma fotografia referente a um casamento, os noivos ingleses capricham por escolher para casamentos civis lugares um tanto insólitos, caso de minas, mansões e pequenos palácios, solares de todas as dimensões.



Fotografia retirada do site do fotógrafo James Fear.

Regressou-se a Buscot House, melhor dito à sua casa de chá para adquirir muito boa fruta e confeitaria. Foi a ocasião propícia para captar dois detalhes da policromia de tão bela casa. Ora vejam.



Quem está no condado de Oxford tem obrigatoriamente, que vir à cidade estudantil, já importante na Idade Média, o que atrai sempre o viandante e por isso ele arrasta a companha para visitas detalhadas: é a famosa Bodleian Library, a Radcliffe Camera, a Igreja de Santa Maria, o Teatro Sheldonian, as ruas que vêm do passado, o impressionante museu, o Ashmolean, e muito mais. Tudo devagar, para muito saborear.


Carfax Tower, com a sua célebre cabine telefónica bem perto, na junção de várias ruas, é um ponto de encontro, alguns escritores utilizaram o local nas suas prosas, há aqui muita azáfama, é uma artéria iconográfica.



Ao fundo, o Sheldonian Theatre, o viandante tem gratas lembranças da música de câmara que já aqui ouviu, no lado direito temos um museu das ciências, notável pelo seu acervo patrimonial. Há quem venha a Oxford para contemplar estes esplêndidos edifícios e visitar colégios que dão pelo nome de Trinity College, New College Chapel, Lincoln College, The Queen’s College, Merton College, mas há muito mais. O Sheldonian Theatre é obra do célebre arquiteto Christopher Wren.




A cidade universitária iniciou-se no reinado de Henrique II, e depois foi um rodopio de colégios patrocinados pela família real e gente abonada: University College é de 1249 mas Merton College foi fundada em 1264. Vamos agora até The Bodlein Library, um dos monumentos mais sumptuosos da cidade, veja-se a elegância desta torre, ponto cimeiro de um harmonioso pátio interior.



Aqui se interrompe a visita, o viandante embasbaca-se sempre com estes tetos de gótico flamejante, parecem palmeiras a baloiçar, aqui já veio vezes sem conta e nunca é demais, há sempre pormenores a descobrir. É o que, logo a seguir, se pretende mostrar a quem nos acompanha nesta viagem.

(continua)
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Notas do editor

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Último poste da série de 10 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19770: Os nossos seres, saberes e lazeres (323): Excertos do "meu diário secreto, ainda inédito, escrito na China, entre 1977 e 1983" (António Graça de Abreu) - Parte V: Ppequim, 1 de setembro de 1980: visita de uma delegação militar portuguesa

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