sábado, 17 de agosto de 2019

Guiné 61/74 - P20067: Os nossos seres, saberes e lazeres (348): Tavira, a encruzilhada de civilizações (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 25 de Março de 2019:

Queridos amigos,
Regressar a Tavira dá-me imenso prazer, é cidade de imensos cantos, recantos e encantos, agrada ver a preservação e a renovação, nos museus há sempre boas exposições, sente-se uma vida cultural ativa que não pode deixar nenhum turista indiferente.
Aqui fica a primeira deambulação, o visitante segue agora para uma exposição com obras de Almada Negreiros no Museu da Cidade, ser-vos-á mostrado tão belo acervo desse extraordinário artista plástico, figura de proa do modernismo português.

Um abraço do
Mário


Tavira, a encruzilhada de civilizações (1)

Beja Santos

O destino fadou Tavira com belezas naturais, um património riquíssimo graças à presença fenícia e islâmica, ao seu influente e ativo porto no tempo da presença portuguesa no Norte de África, à Ria Formosa, aos seus palácios e museus. Tavira, graças a estes cadinhos patrimoniais, atrai o turismo, justificadamente se vem à procura de uma cidade cheia de identidade, de tipicidade, de história para visitar.





Começa a visita no Núcleo Islâmico do Museu Municipal de Tavira, construído no local onde em 1996 foi encontrado o famoso vaso de Tavira e um troço da muralha islâmica. O piso superior está dedicado a exposições temporárias sobre temáticas ligadas ao Islão. A exposição Tavira Islâmica integra materiais dos séculos XI a XIII, provenientes de escavações arqueológicas realizadas no centro da cidade. Aqui se pode observar o troço da muralha do século XII e o impressionante vaso de Tavira, do século XI, a peça mais importante da exposição. Apresenta no bordo onze figuras e nas paredes, linhas, retículas, peixes e outros elementos pintados a branco. De acordo com a informação prestada neste Núcleo Islâmico, o vaso parece representar um rapto nupcial, estando presente a noiva com a face descoberta e o noivo com um turbante, ambos a cavalo; um besteiro e um cavaleiro de escudo e lança; um tocador de tambor e outro de adufe; uma tartaruga e várias pombas; e o dote, constituído por um bovídeo, um caprídeo, um camelo e um ovídeo.

Esta fotografia tem história, em 1950 o BNU comprou o edifício que era uma pensão. Quando o edifício foi demolido encontraram vestígios de uma salga fenícia, é neste espaço que funciona desde 2012 o Núcleo Islâmico. Atenda-se à beleza do telhado.





Sente-se que a cidade é alvo de conservação e restauro. Com tanta riqueza de património arqueológico, etnográfico, artístico e industrial, com clima aprazível para o turismo mas por vezes hostil para os bens patrimoniais, a autarquia é levada a intervir em painéis de azulejo, em estátuas, em edifícios representativos como a estação elevatória que foi convertida em Centro Interpretativo do Abastecimento de Água a Tavira. Convém não esquecer que Tavira é uma cidade com muitas igrejas e conventos, dispõe do Palácio da Galeria (que iremos visitar), dentro de um Museu da Cidade e um Centro de Arte Contemporânea.



Iremos seguidamente para o Palácio da Galeria, mas dá imenso prazer passear por estas ruas onde primam a pedra e as fachadas caiadas, os diferentes momentos da História, sobem-se degraus medievais até chegar a uma igreja barroca ou subitamente entra-se num jardim que associamos à presença árabe, bem forte por sinal. O viandante amesenda, descansa as pernas porque se vai lançar numa boa empreitada, no Museu da Cidade tem à sua espera uma exposição fabulosa, “Mulheres Modernas na Obra de José de Almada Negreiros”.

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de agosto de 2019 > Guiné 61/74 - P20048: Os nossos seres, saberes e lazeres (347): Na Bélgica, para rever e para descobrir o nunca visto (9) (Mário Beja Santos)

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