Francisco Santos, um dos bravos do Cachil, da CCAÇ 557 (1963/65),
e um dos poetas da nossa Tabanca Grande; nascido em Sarilhos Grandes, Montijo, em 1942.
O Francisco Santos, hoje com 77 anos, ex-1º cabo motorista rádio telegrafista, da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), poeta popular, residente em Sarilhos Grandes, Montijo, membro da nossa Tabanca Grande desde 12 de maio de 2009, todos os anos abrilhanta o convívio anual da companhia com uns versinhos da sua lavra. Este ano foi em Alenquer, e mais uma vez não falhou. Aqui ficam, para enriquecer o Cancioneiro da Nossa Guerra (**) . Os ficheiros chegaram-nos por mão do incansável e sempre leal José Colaço.
O Chico é um notável exemplo, para todos nós, do ex.combatente que se recusa a "arrumar as botas". Motorista de profissão, agora reformado, além da escrita criativa, está envolvido, tanto quanto sei, nas atividades da sua terra, e nomeadamente tem um grande carinho pela sua banda filarmónica, a da Academia de Música União e Trabalho (AMUT), de cujos órgãos sociais faz ou já fez parte. Tem colaboração (poética) dispersa pelo nosso blogue. E eu há tempos, em resposta a uns versos de agradecimento ao nosso blogue, respondi-lhe também em verso:
"Foi p’ra connosco gentil / O poeta do Cachil, / Onde foi soldado de aço, / Vive agora em Sarilhos, / Terra de paz, sem cadilhos, / E é amigo do Zé Colaço."
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Notas do editor LG:
(*) Vd. poste de 10 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20331: Convívios (909): XXXI Encontro de Confraternização Anual da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), em Alenquer, no passado dia 9 de Novembro de 2019... Ou a usura do tempo... (José Colaço)
(**) Último poste da série > 7 de julho de 2019 > Guine 61/74 - P19953: O Cancioneiro da Nossa Guerra (11): o fado "Brito, que és militar" (Bambadinca, 1970, ao tempo da CCS/BART 2917 e CCAÇ 12) (recolha de Gabriel Gonçalves, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)
4 comentários:
Não é poesia erudita, mas é autêntica, singela, espontânea, popular... E o poeta popular pode até dar-se ao luxo de dar um ou outro pontapé na gramática, que o leitor sabe desculpar...Ou não se preocupar com a pontuação...
"Não é dar-se ao luxo"..., que a gente aqui prima por escrever em bom português... Dá-se o caso do poeta "repentista" escrever muitas vezes em cima do joelho e até inventar palavras novas: "malecas" (por "maleitas") é vocábulo que está por grafar nos nossos dicionáios, a menos que seja um regionalismo usado em Sarilhos Grandes... Mas o que importa é o afecto associado às memórias da Guiné e a alegria dos convívios da malta:
Tudo isto é um prazer,
Não me canso de dizer
Com mais rugas ou calvíce (sic)
P'ra dizer com alegria
Há um ano que não te via
Como vai essa velhice ?...
Ah!, grande Chico que a idade não te roube a inspiração!... LG
A sextilha,estrofe de seis versos, pode ser cantada com a música do "Fado do cacilheiro", de
Paulo da Fonseca / Carlos Dias...
Um criação (genial) do Zé Viana, e 1966 (revista "Zero, Zero, Zero: Ordem para Matar"), grande êxito popular...
https://lisboanoguiness.blogs.sapo.pt/6206.html
Quando eu era rapazote
Levei comigo no bote...
Uma varina atrevida
Manobrei e gostei dela
E lá me atraquei a ela...
Pró resto da minha vida
Ás vezes, numa pessoa
A idade não perdoa...
Faz bater o coração
Eu sinto grande vaidade
Em viver a mocidade....
Dentro desta geração
Sou marinheiro
Neste velho cacilheiro
Dedicado companheiro
Pequeno berço do povo
E navegando
A idade vai chegando
O cabelo branqueando
Mas o Tejo é sempre novo
Todos moram numa rua
A que chamam sempre sua...
Mas eu cá, não os invejo
O meu bairro é sobre as águas
Que cantam as suas mágoas...
E a minha rua é o Tejo
Certa noite de luar
Vinha eu a navegar...
E de pé, junto da proa
Eu vi, ou então sonhei
Que os braços do Cristo Rei...
Estavam a abraçar Lisboa
https://fadosdofado.blogspot.com/2008/06/fado-do-cacilheiro.html
A revista "Zero, Zero,Zero, Ordem Para Matar” era do Paulo da Fonseca, César de Oliveira, Rogério Bracinha... Confesso que nunca fui frequentador do Parque Mayer...até porque não vivia em Lisboa... Nem sou apreciador do teatro revisteiro, que deve muito a sua época de ouro a existência da Censura... LG
José Colaço
15/12/2019, 19:35
Caros editores:
Com isto não vai mal nenhum ao Mundo, mas já não é a primeira vez que peço para rectificarem o erro em referência à especialidade militar do nosso poeta popular do "Cachil", que vive em Sarilhos Grandes. Montijo, Francisco dos Santos: ele não é ex-1º cabo de transmissões mas sim ex-1º cabo motorista rádio telegrafista.
Um abraço e um bom Natal. Colaço.
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