domingo, 22 de março de 2020

Guiné 61/74 - P20759: Manuscrito(s) (Luís Graça) (180): De quarentena, no Dia Mundial da Poesia... Revisitando o poema "Da Falagueira a Buruntuma"



De quarentena, no dia mundial da poesia... revisitando o poema "Da Falagueira a Buruntuma"



por Luís Graça (*)


Celebrou-se ontem, 21 de Março, 

o Dia Mundial da Poesia.
Eu não o celebrei, como devia, 

peço desculpa, foi uma pena,
mas estava de quarentena.

Gostava de efemérides, quando era novo,
era rigorosamente circadiano,
respeitava o dia e a noite,
a semana, o mês e o ano,
as festas, as feiras, os feriados,
o calendário gregoriano,
o século, o milénio, a nossa era de Cristo,

e claro o solstício...

Mas já anteontem havia perdido o equinócio da primavera.

Mais uma vez, como em 2010, na Falagueira
E antes, em 1969, quando parti para a guerra.

Bolas, que desperdício!

Dizem que Deus proibe o ócio
a quem tem de ganhar o pão nosso que o diabo amassa.
Não celebrei, o tal Dia Mundial da Poesia, nem o equinócio.
Nem eu, nem sequer o senhor ministro  de Estado 

da Pompa & da Circunstância,
que já, em 2010, escolheu o dia para falar, 

se bem me lembro,
do choque tecnológico do futuro,
e do nosso portefólio nacional  de competências,
em estrofe triunfal,
plagiando o senhor engenheiro Álvaro de Campos,
esse, sim, talvez o nosso maior futurista do passado.

Hoje, eu  prefiro falar do risco biológico
que resulta do simples facto  de nós existirmos.
E sobretudo de sermos um corpo,  de intervenção.
E de ser pura água potável 

mais de 70% do nosso escudo de protecção.
Mas não há anticorpos contra os novos coronavírus 
da velha Caixa de Pandora.

Que admirável!... E agora ?

Confesso, pela minha parte,
que já em 2010 estava demasiado distraído ou cansado.
Por surdez profissional ou por usura,
por pura usura do trabalho acumulado,
dizia-me o médico do trabalho.
De facto, não celebrei, nesse ano, nem hoje celebrei  

o dia como devia.
Por fadiga, 

que o corpo não é como o aço bem temperado.
Mas também por falta de concelebrantes do ritual...
É como o cante, 
que agora, dizem, é Património Imaterial da Humanidade: 
alentejano, não me peçam que o cante sozinho.

Trancado em casa, por que deveria eu, ao fim e ao cabo,
ter o pesado encargo de celebrar,
por minha conta e risco,
o tal Dia Mundial da Poesia ?

Só se fosse à varanda e a falar para o boneco...

Não, não é nada pessoal,
simplesmente acontece que tenho uma aversão, 

mais ética do que estética,
à reação em cadeia dos poetas, vivos e mortos,
confrontados com o bem e com o mal.

E hoje o dia volta a ser de terror, 
na nossa querida e velha Europa...

Lembro-me que em Angola, na província do Uíge,
o vírus de Marburgo, em 2010,  matava.

Confesso que não sabia, nem hoje ainda sei,
distinguir entre um vírus e uma bactéria.
Mas também se matavam as palancas negras,

os leões e os elefantes,
e os ursos brancos e as lebres no fim da pista.
Matava a cólera e a kalash, na cidade de Bissau,
em lutas fratricidas.
E o sezonismo no Mondego 

ou nos campos de arroz do Vale do Sado,
no tempo em que os escravos balantas cultivavam as nossas bolanhas.

Afinal, a morte não para de trabalhar 
desde o princípio da vida.

Agora é rigorosamente proibido apanhar ostras e conquilhas,
bem como montar minas e armadilhas
no troço da ponte Caium entre Piche e Buruntuma,
na lagoa de Óbidos e na ilha de Tavira.
E isso não é metafísica, de modo nenhum,
é rigorosamente política, pura e dura.
Ou é um simples caso de polícia sanitária ?

- Meus senhores, estamos em guerra, 
quem é que manda aqui,  nesta merda ?!
-  grita o pobre do meu vizinho, à varanda,
à beira de um ataque de nervos.
Desliguei-lhe a televisão... que não é ventilador.

Todavia a efeméride não tira o sono a ninguém,
muito menos o sono de má qualidade
dos ex-combatentes da ex-guerra colonial.
O Dia Mundial da Poesia ?

Não, não foi notícia de jornal,
muito menos  título de caixa alta.

A verdade é que os fluídos do corpo matam,
o sangue, o suor, as lágrimas,
a saliva, a merda, o vomitado,
as secreções gástricas, o sémen,

o azeite de dendém,
o sangue, suor e lágrimas de Buruntuma,
em fim de tarde,
em final de filme de guerra a preto e branco.

Estou em casa.

De quarentena.
Como qualquer bom cidadão, certificado,  
acreditado, homologado,
avaliado, testado,
co-penetrado,respeitador,
respeitado,recenseado
vigiado, usado e abusado....
Ah!, com Cartão Único
e as contas da Segurança Social em dia,

sem dívidas ao Fisco nem branqueamento de capitais.
- Mas com a saúde em risco! - avisa-me a médica de família.

Agora que eu faço o meu exame de consciência,
à hora mortal do deitar,
como qualquer menino bem comportado,
falando com o seu anjo da guarda,
vejo que o Dia Mundial da Poesia
passou, mais uma vez,  ao meu lado, 

como em 2010, quando ia eu na rua,
a caminho do metro da Falagueira,

que na altura não era desinfestado.


No bairro do meu burgo,
onde os polícias se deixavam matar
por balas de aço de calibre de 9 milímetros.
Mortíferas, tão mortíferas,
como as febres hemorrágicas do Ébola e do Marburgo.
Ou os estilhaços do morteiro 120 em Buruntuma.
Ou o aço outrora bem temperado
da Sorefame e depois da Bombardier,
onde fui Prometeu Agrilhoado.

Pobre corpo, o meu, de intervenção
que não é imune aos vírus e às bactérias,
nem às balas, nem aos estilhaços,
nem aos quatro humores dos deuses,
os irãs bons e os maus.
Nem às ordens de despejo.


E, ao passar rente ao muro,

não já de lancheira na mão,
do trabalho para casa, e de casa para o trabalho,

mas com o kit de sobrevivência,
para a quarentena que aí vem,
não pude deixar de reler o grafito,
ainda visível, ao fim destes anos todos, 

a vermelho, já muito comido do sol:
"Lembra-te, ó Bófia, da Cova Moura!"...


Agora, há um polícia, com máscara de proteção,

de megafone em punho 
e um cartaz em grandes parangonas:
"Vizinho, cara casa, xixi e cama".

Não me adianta saber, como os doutores
que são pagos para pensar e para saber,
que os maiores poetas do mundo andam distraídos
com a parte nebulosa do centro do planeta,
donde brota a água, o fogo,  a terra e o ar.
E o ciclone dos Açores.
E quiçá o Ébola e o Marburgo e o Covid-19.
E a violência dita urbana.
E os rappers.
E os grafiteiros da minha rua.
E o lobo mau travestido de velhinha
a atravessar a passadeira  da segunda circular ou da 5ª avenida.
E o tsunami das entranhas da terra.
Da terra, a ferro e fogo em Buruntuma.
Dos novos ideogramas da ética  confuciana do trabalho.


Espantoso: nada mudou em Buruntuma.

Minto:  chegou lá o telemóvel e o xador.

Não adianta saber que  os densímetros dos poetas
não captam a essência da coisa
e dos seus pormenores acidentais.
Ou das coisas que estão a acontecer
na subcapa do planeta

e a Amazónia a arder.
É a própria existência da falta de água
que alimenta a vida
e rega o horto, seco, dos poetas menores,
que constitui o âmago do problema,
não o seu alfa e o seu omega.


Nada mudou em Buruntuma,
continuam a ser as mulheres as aguadeiras.

É por isso que a poesia, sem âmago, não se vende,
nem chega às esquadras da polícia,
nem à Cova da Moura,
nem às escolas, nem às igrejas, muito menos evangélicas,
nem aos locais de trabalho,
nem aos campos de refugiados,
nem aos bares de alterne,
nem à tabancas dos fulas,
nem à fonte de Buruntuma,
nem às casernas dos tugas,
nem às tendas dos beduínos,

nem às tristes putas da minha rua triste
que tem nome de poeta que ninguém leu.

Nem aos oásis aprazíveis  da tua árida civilização,
nem à Casa Branca, nem ao Kremlin,
nem à Cidade Proibida de Tianamen,

nem a Wuan onde, dizem, tudo começou,
nem às crianças do meu país
que são vítimas da violência ideológica
dos manuais escolares,
nem aos agentes patogénicos de Pasteur,
nem às dores do coma induzido...


Nem ao destacamento de Caium
onde matavas peixes à granada.

Nem ao soro a correr aos borbotões
na fronteira entre Buruntuma e o inferno,
ainda a guerra estava para durar.

É uma segunda pele, que, por muito que te laves,
não te sai do corpo:
Buruntuma é uma tatuagem,
feita a ferro em brasa.
Ou talvez uma miragem.
Buruntuma ? Nunca mais.

A poesia, mesmo sem âmago nem alma,
mesmo a saldo na junta de freguesia da Falagueira,
simplesmente não chega a Buruntuma,
que foi outrora a minha casa,

e onde também estive em quarentena.
Tal como a água do Alqueva não chega ao monte
onde o meu velho se enforcou.
Não chega à boca do corpo nem à boca de incêndio.
Nem a poesia nem a água nem a carta a Garcia 

chegam ao seu destinatário.
Ou se calhar ficam apenas nas mãos
do seu fiel depositário ou de algum relé parasita.
Do quarteleiro, do porteiro, do escriturário.
Do básico, do trolha, do canalizador do intestino....

Entre a angústia e o esófago  e o aperto mitral,
havia ao menos um vago vagomestre 

que nos enfartava de arroz e cavalas de conserva.
Ou chegam e eu não conheço o aqueduto das Águas Livres
nestes tempos da poesia de sobrevivência

e da água  a conta-gotas na torneira,
por causa da seca e das alterações climáticas
e da caixinha de Pandora com os velhos e os novos coronovírus.

A poesia e a água não chegam, juntas,
através dos canais de irrigação,
das condutas do gás, das grandes cloacas,
dos cabos de fibra óptica, ou até das correntes submarinas.

Muito menos dos fluxos financeiros das Bolsas Sem Valores.
Não chegam nem por ar nem por mar.
Nem por meio do SPAM do terror, em Buruntuma.


Quem leva a carta a Garcia
a dizer que a poesia caiu na rua ou foi apanhada à unha?
Ou que o pombo-correio foi abatido por um Strela ?
Inútil Álvaro de Campos, inútil Ode Triunfal,
pobre Fernando Pessoa, menino de sua mãe,

pobre Camilo Pessanha, opiómano, 
mais a sua chinesa concubina de Macau,
pobre camarada de Crestuma,
morto no tabuleiro da ponte de Caium,
entre Piche e Buruntuma.

Há a poesia da punição, da inanição,
da oração, da expiação,
da desidratação, dos espamos,
dos orgasmos, da masturbação.
Há a poesia da baixa pressão diastólica
que nos entra pelos vasos sanguíneos
da fábrica do corpo humano
desde os tempos mais recuados da Santa Inquisição.
Há a poesia mais terrorista, 

a de conquista da Terra Santa,
a das Palavras Cruzadas,
a da paz e da guerra,

e das madrassas.
E aquela que é mais hedonista, 

a existencialista  e a essencialista.
E há, enfim, a poesia-poesia,  sem adjectivos.

Para mim, a poesia quer-se livre, de liberdade,
sem maiúscula, sem cinto de castidade,
sem algemas, sem gemas de ovos
por causa das salmonelas,

sem vírus nem bactérias.
A solução é desalfandegá-la,
desembrulhá-la, descongelá-la,
pô-la viva, esquartejá-la,
comprá-la, cozê-la viva como a lagosta!...
Podem metralhá-la até com o helicanhão,
comê-la viva,  violá-la, canibalizá-la,
digeri-la,  degluti-la, arrotá-la.

Podem comê-la e defecá-la.
Podem passá-la por gel alcoólico ou lixívia...
E proclamá-la artigo de primeira necessidade,
isenta de IVA e de qualquer outra alcavala.
Sirvam-na com as tripas... à mostra, se for preciso.

Sirvam-na depois, acompanhada ao menos com um sorriso...
Mas, por favor não a ponham de quarentena!

A verdade é que
a poesia não se vende, nem se trapaceia,
nem se come, nem se defeca,
nos bairros ditos problemáticos
onde homicidas e suicidários
se acoitam na anomia do Durkheim.
Poesia é homicídio, é droga, é suicídio,
é parassuicídio, é etnocídio, é logocídio, 

é crime contra a ordem pública,
é golpe de misericórdia,
é tiro atrás da nuca da vil humanidade.

Ao poeta, ao boi e ao doido, dêem-lhe o curro!,
diz o comissário.
Político ? Ou de cabo de esquadra ?

Confesso que já em 2010, não dei por nada,
por ser Dia, Mundial, e para mais da Poesia.
Não dei por nada.
Não houve rancho melhorado na fábrica.
Nem alvoroço do povo da Falagueira.
Nem fogo de artifício à beira rio.
Nem uivei à lua como um cão com cio.
Ou com raiva.
Que a raiva de cão também pode matar.
Tal como o cio e a xenofobia.
E as balas de borracha da polícia
na secção J do bairro de Chelas.
E o morteiro 120 em Buruntuma.
E a anomia do Durkheim.
E o HIV/Sida.
E a overdose.
E as febres hemorrágicas.
E a falta de fé, esperança e caridade nos lares de idosos.
E as dores menstruais do PIB do nosso descontentamento.
E as águas barrentas
do Rio Geba que escondiam a bilharziose.

Ia caminho, em 2010, dizia, da Falagueira,
deitando contas à vida e ao passe social
do metro de Lisboa, da CP, da Carris e do Barraqueiro.
E ao que me restava, do mês, do subsídio de desemprego,
do orçamento para o ano inteiro,
do deve-e-haver do cidadão,
mais que imperfeito, periférico,
marginal-secante da lei e da ordem,
chutado do comboio da vida em andamento.

Ironia:
com louvor na caderneta militar,

"por atos de bravura em combate ao serviço da Pátria",
que te há de ser de algum proveito
em tu passando à peluda, dizia-me o meu primeiro.
- Meu rapaz, Deus manda ser bom,
mas não manda ser parvo...

Ainda podes chegar a ser cabo da GNR.

Não sou homem de pôr os pontos nos is,
nem as vírgulas entre o sujeito passivo
e o predicado pró-activo.
Nem muito menos os libertar,

aos resíduos reactivos da Pátria 
agora e sempre em perigo.
Não sei fazer poesia, mas gosto de dizê-la,
não sei cozinhá-la, nem muito menos prová-la, 

mas sei cheirá-la-
Alto: que  o primeiro sintoma da infeção é a perda do olfato.
Não sei conjugar o verbo existir
quanto mais soletrar o difícil verbo  sobreviver,

quando, lá ao longe, se descortina ou teme 
o fim da picada da vida.

Em tempos, em Buruntuma, sabia de cor
alguns duros versos do Aleixo,
poeta maior,  popular, marafado,
algarvio, cauteleiro, analfabeto,
guardador de rebanhos
como Alberto, o  Caeiro,
cantor ambulante de feira em feira,
como o "didjiu" do Gabu,
o Aleixo lírico, irónico, às vezes cáustico, sarcástico.
Hoje seguramente info-excluído,
por que não teria email
nem seria subscritor da rede social do Facebook,

nem saberia o que era isso do teletrabalho.
Ajudou-me a sonhar e a sobreviver em Buruntuma:
"O homem sonha acordado,
Sonhando a vida percorre,
E desse sonho dourado
Só acorda, quando morre!"

E eu aqui estava,  em 2010, de vigília,
à massa falida da fábrica
à espera do camartelo camarário.
Desempregado, supranumerário, 

ex-soldado da guerra do ultramar,
ex-soldador, miseravelmente despedido por um robô.
Ou trocado, posto a um canto,
na lixeira social da Falagueira.
Por estar fora do prazo de  validade.

O meu currículo, senhor diretor dos recursos humanos ?
Uma merda,  com a sua licença, de operário,
ou ex-operário industrial,

4ª classe mal feita na universidade da vida.
Alentejano de nascença, por sinal, pouco esperto.
Corre, espermatozóide, corre,
que a cegonha ainda te confunde
com um lagostim americano da barragem do Alqueva!

Estado civil ? Casado, mal encarado.
Situação no trabalho ?
Trabalhador, descartável, sem lugar
na Eurolândia da excelência prometida.
Qualificações ?
Soube em tempos a arte de matar & morrer,

e desmontar e montar uma G3
em tempo recorde.
Expectativas ?
Pensava que me restava o punho,  erguido,
à espera da luta,
à espera que a luta continue,
mesmo devagar, sem esmorecer.
Da luta por causas perdidas.

Motivações ?
O direito de viver e morrer no meu país...

E ao fim destes anos todos, qual o prognóstico?
Continua reservado...

Mas já não importa: fui reformatado, estou reformado.

Se ontem foi Dia Mundial da Poesia,
devo dizer que o dia foi mal escolhido.

Mas ninguém previa esta coisa a que chamam a pandemia...
Já em tempos o disse aos senhores do mundo
e aos catedráticos das letras por protestar no banco.
Digo-o hoje com pena e com mágoa,
mas sem raiva nenhuma,
apontando, em jeito de adenda,
e para fingir que não tenho Alzheimer,

nem vou voltar a esquecer,
... apontando, dizia,  no que me resta da velha agenda:
22 de Março de 2010
"Dia Mundial da Água.

Ontem foi Dia Mundial da Poesia.
Que tempo fará em Buruntuma ?"


Lourinhã, 22/3/2020

Revis(i)tando o poema "Da Falagueira a Buruntuna" (**)

______________________


Notas do editor:




(*) Último poste da série >8 de março de 2020 > Guiné 61/74 - P20712: Manuscrito(s) (Luís Graça) (179): Poema de circum-navegação ou o fado dos amantes no Dia Internacional da Mulher

12 comentários:

José Saúde disse...

Luís,

Gostei e nada tenho para acrescentar. Vale a pena ler e repensar o conteúdo das palavras.

Parabéns e um forte abraço!

Zé Saúde

Anónimo disse...

Em Buruntuma nada mudou
É o mesmo sol, chuva e vento quente
Tal qual foi entregue aos turras, dizem
Para proteger a saida dos tugas, amigos
Cansados da guerra, dos piolhos e arames farpados.


Cherno AB

Valdemar Silva disse...

A poesia, ou a canção, não gostam de quarentenas.
Basta um saudoso pontapé certeiro
E, só eu sei porque não fico em casa.
Que chatice.
Fecharam os estádios.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Buruntuma é com o Jorge Ferreira... O que é feito, meu grandalhão e camarada ? Buruntuma, um dia seras grande, disse o Jorge... Já chegou o teu livro de fotografia ao régulo ? ... Cuida-te. Luís (e Alice)

Anónimo disse...

E o LIVRO com os poemas?
Por onde anda?

"É Tempo!"

Os livros podem ser publicados a título "póstumo".
Pederäo os interessados lê-los...postumamente?

PS/Idades já quase bíblicas+coronavirus+ETC,ETC,ETC.

Um abraco do J.Belo





Tabanca Grande Luís Graça disse...

Caro José, aqui vai uma "entrada" da Wikipédia:

Karesuando (finlandês Kaaresuvanto, lapônico Karesuanto, Gárasavvon ou Karasavvon) é a localidade mais a norte da Suécia, localizada na margem direita do rio Muonio, que constitui a fronteira com a Finlândia. Pertence ao município de Kiruna, condado de Bótnia Setentrional. A população em 2016 era de 280 habitantes. (...)

Do lado finlandês, Kaaresuvanto tem cerca de 140 habitantes. As duas localidades irmãs estão ligadas por uma ponte, construída em 1980. A zona circundante foi palco de violentos combates entre alemães e finlandeses em Dezembro de 1944, na Segunda Guerra Mundial. (...)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Karesuando

DE Abisco a Karesuando, são 271 km... De carro leva 3 horas e 28 minutos... Como diz um amigo meu, já não vale a pena viajar, "está tudo na Net"...

Fonte:

https://www.google.com/maps/

José Teixeira disse...

Luís. Apreciei a tua arte e engenho que admiro em todos os teus poemas, mas desta vez tenho de te dizer algo sobre o que senti.

Mergulhas em 69 quando partista para a guerra. Sobes à tona em 2010 para respirar a poesia que te vai na alma e te morde lá por dentro. Mergulhas de novo no tempo e tal como um saltimbanco, saltas de terra em terra; de acontecimento em acontecimento, de cena em cena. marcas na vida que provocam gritos. E gritas… ódios e esperanças, alegrias e dores. Temperanças.
Pegas no pincel e salpicas o poema com as cores do raio da vida. Por vezes surge o negro negro da mágoa, da ansiedade, do medo. Das perguntas sem resposta e das respostas sem perguntas e sem soluções. O Lilás espalha-se por todo o poema dando-lhe um toque de esperança.
No fim de tudo és tu mesmo, ali, o Luís Graça, o meu bom e querido amigo.
Zé Teixeira.

Anónimo disse...

Meu Amigo José Teixeira , Camarada de tanta aventura/desventura.

(E de 1969 até 2020 já tanta água correu sob as nossas pontes!)

Muito interessante a tua análise do poema do Luís Graca.
Gostei do teu poema-no-poema.

Quanto ao comentário do Luís...a geografia virtual é sempre pedagógica e interessante.... mas quanto à resposta sobre a publicacäo do *Livro* em tempo útil de vida dos possíveis leitores???

Caro Luís,como muito bem dizem ,na sua sabedoria milenária,os Lusitanos/Lapöes:
-Para se atravessar o rio há que molhar os pés!

Um abraco do J.Belo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, Zé (Teixeira), és um homem de valor e de valores... É muito importante para quem escreve (, e tu também és poeta e contista) o "feedback" do leitor, que muitas vezes nos lê em silêncio...

O crítico também se expõe, daí que muitas vezes a gente se acanhe de comentar, de fazer comentários uns aos outros... E dá trabalho (, se dá!) escrever um comentário, por pequeno que seja... O teu é um pequeno-grande comentário, e inspirador, que eu vou guardar.

PS - Reconheço que o Facebook é mais "giro", "interativo", mas também é mais superficial... É como o pudim instantâneo... Espero que, com esta "quarentena", o nosso blogue possa voltar a recuperar leitores, autores, comentários e críticos com tu ou o Zé Belo.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé Belo:

Obrigado pelo provérbio "sami" (ou é "lusitano" ? não importa, é sábio):

"Para se atravessar o rio há que molhar os pés"...

... É o que se passa com o "livro"; tenho que continuar a fazer contactos com editores... Não adianta arranjar desculpas... Mas confesso que um dos meus piores defeitos é o "perfeccionismo"...e o outro a dispersão.

Tenho "n" versões dos meus poemas, que vou "aprimorando" ou, se calhar, "estragando"... (Na verdade, acho que as versões vão melhorando...). Agora que tenho "mais tempo" (será ?) vou levar a sério o teu conselho e aproveitar a o teu incentivo positivo.

Estou-te grato. Prometo "prestar-te contas". Luís

PS - Há um provérbio lusitano que não tem o mesmo sentido, mas tem algum alcance socioantropológico, é brejeiro, jocoso e sobretudo sexista, e não sei se é válido noutros contextos, fora da Lusitãnia: "Só rio e a puta é que trabalham a vida deitados"...

Miguel Rocha disse...

Caro Luís
PARABÉNS|! VIGOROSO,PROFUNDO E ABRANGENTE!
ABRAÇO

Anónimo disse...

Caro Luís.

Quanto ao teu provérbio lusitano (para adultos com sérias reservas!) mas desculpado pelo seu profundo alcance socioantropológico;deve ser lembrado que tanto os rios como as meninas trabalhadoras do sexo nem sempre estäo...deitados/as.
De vez em quando lá surgem as...quedas de água!

(Pelo menos na selvagem Lapónia)

Um respeitoso abraco do J.Belo