Bilhetes postais da coleção do nosso camarada Agostinho Gaspar / Digitalização, legenda e edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)
A tropa portuguesa via o desenvolvimento das cidades de uma maneira, o PAIGC via de outra maneira.
Então o caso de Dacar ser melhor que Bissau, era coisa que eles nem ambicionavam imitar porque para eles era Conacri o bom, pois era o Sekou [Touré] que mandava, em Dacar eram os franceses que continuavam a pôr e dispor, uma vergonha.
E quem pensa que a Guiné estava muito atrasada, não conheceu em Angola territórios do tamanho da Guiné, que eram atravessados por uma ou duas picadas onde podia haver um ou dois chefes de posto e um administrador e 4 ou 5 comerciantres de permuta. (Por exemplo, em 1966, Cuando Cubango).
Em Moçambique nunca lá pus os pés, tenho pena, diziam que estava muito mais desenvolvido a imitar os ingleses que os rodeavam. (Ponto de vista de colon, o que era bom para branco ver.)
Mas uma coisa é certa: o PAIGC e os outros movimentos onde imperavam os "estudantes do império", eles não queriam saber, antes pelo contrário, de qualquer benefício vindo de Portugal, quer na educação, na agricultura ou industria..., "porque eles queriam fazer tudo à maneira deles".
E foi exactamente o que aconteceu.
Agora, desenvolver as cidades africanas, de que maneira (Europeia? Asiática? Árabe?...), quando as ajudas, os conselheiros e os projectos vêm de onde calha?!
O melhor para a Guiné ainda era à maneira portuguesa ou cabo-verdeana, mas isso era impossível, as rédeas ficaram à solta, com aquele tipo de 25 de Abril... Com o 24 de Setembro o PAIGC ainda se aguentou, depois perdeu a cabeça.
Mas Bissau era uma cidade porreirinha, os guineenses, o povo, gostavam, apreciavam muito a Bissau portuguesa.
Havia um jardim no Alto Crim, onde hoje está a Assembleia da República, jardim lindíssimo, com guardas e jardineiros, em que, a mando de Luís Cabral, eu, moi, a Tecnil, mandei avançar um bulldozer... Isto em 1980, e vi, desde jovens que estudavam lá nos bancos à sombra das árvores até velhotes que lá descansavam, tudo revoltado... Mas, passados umas semanas, o Luís foi-se.
Eu penso que, pelo povo, se lhe perguntassem sobre as estátuas... Sei não!
Só que o povo perdeu a voz.
A História como resultado de dinâmicas em entrechoques sempre dramáticos para os apanhados nos seus “redemoinhos”.
Por muito profundos e sinceros nos seus valores humanos, nas suas criativas leituras políticas das situações, fazem-no sempre.... de fora!
Mas o António Rosinha...NÃO ATIRA estas pedras. Procura antes construir com elas o edifício de uma realidade por ele experimentada.
E acabamos por cair nas verdades do poeta de alguns favorito: “O que vemos não é o que vemos mas sim o que somos “ [Bernardo Soares / Fernando Pessoa]. (**)
Um abraço do J.Belo
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(*) Vd. poste de 26 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21199: Da Suécia com saudade (78): “O que teria sido se....?” ... A propósito da Bissau dos anos 60/70, recordados por Carlos Pinheiro... (José Belo)
(**) Último poste da série > 12 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21162: (Ex)citações (361): Lendas e narrativas: nós, os víquingues e os suecos (Manuel Luís Lomba / José Belo)
7 comentários:
Por certo alguns dos nossos leitores conhecem "O Papalagui: Discursos de Tuiavii Chefe de Tribo de Tiavéa nos Mares do Sul", de Tuiavii de Tiavea; Tradução: Luiza Neto Jorge; Ilustração: Joost Swarte; edição: Antígona, dezembro de 2009 ‧ isbn: 9789726080343.
É, resto, um livro recomendado pelo programa LER+ Plano Nacional de Leitura. Ilustra admiravelmente esse pensamento do nosso Bernardo Soares / Fernando Pessoa, "O que vemos não é o que vemos mas sim o que somos"...E nós somos, todos,"etnocêntricos"...
SINOPSE
O "Papalagui" - ou seja o Branco, o Senhor - é este o nome dados aos discursos do chefe de tribo de Tuiavii de Tiavéa, nos mares do Sul.
Tuiavii nunca teve intenção de publicar esses discursos na Europa, nem sequer de os mandar imprimir; destinavam-se unicamente aos seus compatriotas polinésios. Se eu, apesar disso, transmito aos leitores europeus os discursos desse indígena, sem que ele o saiba e certamente contra sua vontade, é porque estou convencido de que nos vale a pena, a nós, homens brancos e esclarecidos, ter conhecimento do modo como um indivíduo ainda intimamente ligado à natureza nos vê a nós e à nossa cultura. Através dos seus olhos descobrimos a nossa própria imagem, e isso com uma simplicidade que já perdemos. Os leitores particularmente fanáticos da nossa civilização irão decerto achar a sua maneira ver ingénua, e até mesmo pueril, ou parva; no entanto, mais do que uma frase de Tuiavii deixará pensativo o leitor mais modesto, pois a sabedoria de Tuiavii não emana de um saber erudito, mas é mais uma inocência de fonte divina."
Erich Scheurmann, Intodução
E onde estão hoje esses doutores e engenheiros formados no Leste, com bolsas dos partidos irmãos, desertaram para outras paragens (Portugal, França, Senegal)? e deixaram cair a Guiné-Bissau na cauda dos países mais pobres do Mundo e refém do narco-tráfico!? Quem te salvará!
Albertino Ferreira
“...... é mais uma inocência de fonte divina “.
O rapaz Erich Scheurmann certamente que se está a referir a mim.
Abusivamente.
Muito abusivamente !
(Lá vou ter que voltar a ler o velho amigo...Vade Mecum)
J.Belo
O José Belo ,simples Lapão das Renas,em epitáfio amigo.
Encontrei-te mais uma vez,em inesperada conversa com um “conhecido” comum que vive nos Estados Unidos.
Conhecido comum que,por razões de trabalho,acabou por “tropeçar” na América numa empresa de imobiliários que por lá prospera em vários Estados.
Empresa com origem e grandes actividades na Escandinávia.
Quantos saberão que o nosso lapão das renas muito tem a ver com ela!
Muito fica pelo meio quando ,a modos do Belo,se joga sempre com o baralho de cartas bem apertado contra o peito.
Manuel Teixeira.
Senhor Manuel Teixeira
Para me pedir dinheiro emprestado este é local totalmente....errado!
J.Belo
José: esse "Manuel Teixeira" cheira-me a "provocador"... Não, não é membro da nossa Tabanca Grande, mas pode ser um anigo da onça, isto é, "amigo do Facebook"...
Se é esse que eu penso, tenho ideia que em tempos retirei-o da lista dos amigos da Tabanca Grande Luís Graça...
Este espaço é não foi criado devassas da vida privada de cada de um de nós, camaradas da Guiné, muito menos insinuações ou perseguições... O "ciberbulling" é, de resto, crime...
Sabes que a mentalidade "inquisitorial" e "pidesca" sobreviveu em Portugal à extinção do Santo Ofício (em 1821) e à extinção da PIDE/ DGS (em 1974).
Cuida-te, um abração, Luís...
PS - Praftaseando o Voltaire, "que Deus me proteja dos meus amigos, que dos inimigos cuido eu.“
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