1. A habitual colaboração semanal do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) com estes belíssimos poemas, enviados, entre outros, ao nosso blogue durante esta semana:
O bem que faz
O bem que faz
Uma palavra fugaz.
Um jesto atento.
A cada um que passa,
Pode causar a falta que sente
E preenchê-lo de paz.
Todos temos horas carentes.
Como a chuvinha que veio
Na hora seca de sede.
Pode reacender para sempre
A esperança que se suponha perdida.
Por isso, sempre se perde e se ganha,
Se nega ou se dê
A quem à nossa porta bater.
Ouvindo Schubert
Berlim, 1 de Dezembro de 2020
11h21m
Jlmg
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A vida é uma lição
Nossos erros são a aprendizagem.
Quem os desperdiça despreza a vida
E as lições que ela nos dá.
Eles são nosso caminho
Que os pés aprendem bem.
Não importa voltar para trás.
É maior o bem que o que custa.
Para é perder tempo.
Para ganhar há que perder.
Não haveria grandes obras
Se seus autores tivessem desistido.
Não importa o tempo que falta.
Enquanto há vida há que viver.
Ouvindo "Liebestraum" de Lizt
Berlim, 3 de Novembro de 2020
18h27m
Jlmg
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Se deu certo
Se depois do esforço veio o resultado certo e bom,
Dá por bem empregado o tempo.
Aquilo que não custa a alcançar, depressa perde o valor e se despreza.
Tempo perdido e esforço.
Não é racional.
Viver é um privilégio.
É preciso merecê-lo.
Cada um tem seus talentos.
Daí vem a riqueza e a variedade.
Se, por cima, se se opera, com sentido de solidariedade,
Aí surge a nobreza de alma e a união.
A dignidade e nota específica do ser humano.
Com sentido do divino.
Berlim, 5 de Dezembro de 2020
8h36m
Jlmg
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Notas do editor:
Último poste de J. L. Mendes Gomes de 29 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21592: Blogpoesia (707): "Hecatombe de estrelas", "A Criação" e "A sobriedade dos gestos", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 728
Último poste da série de 1 de dezembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21600: Blogpoesia (708): Prosema "Novembro neste ano de pandemia" (Paulo Salgado, ex-Alf Mil Inf Op Esp)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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4 comentários:
Obrigado ao nosso poeta melómano, pela partilha... A "Serenade" [, Serenata,] do austríaco Franz Schubert (1797 - 1828), é música eterna, ao alcance de todas as pessoas, independentemente de terem cultura musical ou não. E fica muito bem com o teu poema, "O bem que faz/ Uma palavra fugaz"... Às vezes é isso que muitos de nós precisamos, uma palavrinha amiga de um amigo ou camarada, "just in time"... Ou um tema musical como este que nos traga nostalgia mas também esperança, para ouvir à hora certa...
Boas festas, Joaquim! LG
Caro Mendes Gomes
Faz tempo que não comento os teus poemas, sempre com a regularidade semanal.
Mas não quer dizer que não os leia a aprecie.
Já disse (escrevi) que não me sinto com capacidade para tecer critica "literária", apenas posso dizer se gostei ou não gostei e algumas vezes o porquê.
Desta vez apeteceu-me fazê-lo (as observações).
E porquê?
Porque no primeiro poema dás ênfase ao "bem". Ao bem que faz. E isso é uma coisa que nos tempos correntes estamos com muita deficiência. Falta o "bem". Abunda o "mal". Em tudo.
No segundo poema, além da esperança que transmites, falas da vida, dos percalços do caminho, da necessidade de não desistir e isso consubstanciado no que se pode dizer ser uma consigna de "Não importa o tempo que falta. Enquanto há vida há que viver."
No terceiro poema sobressai o sentido de "recompensa", a alegria da mesma, pelo esforço desempenhado e do êxitos (nem que sejam relativos) alcançados.
Abraço e "Boas Festas".
Hélder Sousa
Hélder, ainda dizes, com modéstia, que és engenheiro, não és crítico literário!... Gostei, posso ser o "primeiro passo"... Bem precisamos de mais "críticos literários" e sobretudo bons leitores de poesia... Afianl, sempre fomos (ou não ?) um país de poetas... LG
Também há muito tempo que não comento os poemas do Mendes Gomes, que sempre leio e muito aprecio. Eles enriquecem, e muito, esta Tabanca Grande. Venham mais. A poesia de qualidade faz sempre falta às nossas vidas.
Como o último poema ficou sem música, sugiro que ele seja acompanhado por Beethoven, cujo talento superou a luta que travou contra a surdez. Um pouco na linha das peças musicais anteriores, proponho a Bagatela n.º 25, "Für Elise", por um dos maiores pianistas da atualidade, o chinês Lang Lang: https://www.youtube.com/watch?v=FW_KCau2iTI.
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