quinta-feira, 31 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23128: Notas de leitura (1432): "Os Velhotes: Contos Eróticos" (Alcochete, Alfarroba, 184 pp.), do nosso camarada António J. Pereira da Costa, Tó Zé, para os amigos... Uma pedrada no charco da nossa educação judaico-cristã...


Capa do livro do nosso camarada António José Pereira da Costa, cor art ref, "Os Velhotes: Contos Eróticos" (Alcochete, Alfarroba, 2020, 184 pp.)



Feira do Livro de Lisboa > Lisboa > Feira do Livro > 6 de Setembro de 2020 > O autor, António José Pereira da Costa, e a representante da editora Alfarroba, na apresentação do livro "Os Velhotes" (*).

Na altura, o autor comentoum no poste P21133, de 7/9/2020 (*):

Olá Camaradas. Efectivamente, se não fossem os ex-combatentes tudo teria sido um fracasso. O Armando Pereira e a esposa são meus colegas na "Associação dos Velhos" onde eu milito e até já aprendi como se encaderna um livro.

O livro é perigoso. Falar de erotismo na 3.ª idade não é fácil e é extremamente difícil penetrar nas atitudes farisaicas e hipócritas de quem varre para baixo do tapete e consequência da nossa educação judaico-cristã. Mas isso já são outros mitos, outras lendas e futuros assuntos para debate para que para tal tiver coragem..



Foto (e legenda): © Carlos Silva (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. C
omentário do autor, inserido no poste P23117 (**)


Olá, Camaradas: Pelo rumo dos "debates", parece que estou entre os meus.

Quem quer comprar o meu livro badalhoco "Os Velhotes", sexo na 3.ª Idade ?!

Na impossibilidade de o exibir aqui (capa e foto do lançamento da obra, na Feira do Livro de Lisboa, em 6 de setebro de 2020),  peço aos editores autorização para fazer um anúncio nos posts do blog.
Dado o tema,  não me atrevi a tentar divulgá-lo. Aqui vai um "método de ataque":

1. Começar pelo prefácio. Ler atentamente. É a parte séria do livro e ela permitirá desembaraçarmo-nos de ideias a que teremos de chamar preconcebidas, à falta de um termo melhor. Na nossa idade, não temos contas a prestar a ninguém. Podemos ser "amorais" à nossa vontade. Se calhar nem a nós mesmos teremos de as prestar. Com os mais novos será diferente? Talvez...

2. Ler devagar. Um conto de cada vez e, depois... uma pausa, para o analisar e pensar. É um rico exercício mental. Nada de exploração do sucesso, a menos que… se proporcione.

3. Poderá haver alguns contos que firam a sensibilidade, dadas as situações pouco ortodoxas que descrevo. Se tal suceder, é abrir a mentalidade e a tolerância e ler com mais cuidado, mas não deixar de os ler.

4. No início de cada conto, está desenhada uma combinação dos símbolos, masculino e feminino, que permite ter uma ideia do teor do conto que se segue. Assim, o leitor não corre o risco de ser surpreendido.

5. Como se vê, não há violência no livro e nas situações que imaginei.

6. Só os personagens – às vezes – usam linguagem desbragada, mas o leitor não ouve o que eles dizem... e, além disso, é/são sempre a/as senhora(s) que toma/m a iniciativa e controlam as situações mais embaraçosas. E assim é que deve ser. São mais sensíveis, digo eu, claro.

7. Chamo a especial atenção para os contos que mais me marcaram: "Os Velhotes" (inspirado num casal com quem nunca falei, mas que decorre numa praia que bem conheço), "Velhos e Libertinos" (dois velhotes suburbanos reservados q. b. mas...) e "Aqueles Dois" (um acto de resistência num sítio onde, como se vai vendo, é cada vez mais necessário resistir). Parece-me o mais bem conseguido, embora com poucas possibilidade de acontecer. Não conheço nenhum conto deste tipo em que um dos personagens morra e o outro o chore, com saudades dos tempos passados juntos. Claro que há "A Viúva" que escrevi de um fôlego e à medida que as ideias surgiam. Só o reli, depois de "pronto". Creio que será um dos mais realistas.

8. Todas as personagens derivam de um trabalho de colagem de características físicas e pessoais(?) de pessoas que conheço. As situações provêm, como não poderia deixar de ser, da experiência da vida, da imaginação à solta e de "histórias" que ouvi contar. Falsas, normalmente ou nem tanto…

9. Está autorizado o açambarcamento para revenda. É possível dizer bem ou mal e eu agradeço uma coisa ou outra. A crítica, mesmo destrutiva é bem-vinda!...

10. Depois, é divulgar no Facebook, Twitter, Instagram, e entre o pessoal cujos e-mails, eu não tenho, mas tu tens.

Um Ab.
António J. P. Costa 

29 de março de 2022 às 23:13

II. Sinopse do livro (***):


Dália é viúva. Casada durante quase cinquenta anos, a perda do marido foi um golpe […] que a vida lhe vibrou. Há umas noites sucedeu o inevitável: sentiu vontade de sexo. Já tinha sentido umas sensações, mas recusara, esmagando a necessidade e reprimindo o desejo. Porém, ontem, ao fim da tarde, aconteceu…

Maria ganhou coragem e foi procurar a bancada de carpinteiro. O coração bateu‑lhe fortemente quando a encontrou. Passou as mãos pelo tampo bem liso [...]. Então, não pôde conter‑se e chorou, chorou muito. Soluçou mesmo. Era ali que se possuíam num abraço violentamente delicioso. Num exercício de forças combinadas, Adriano sentava‑a na bancada e […] penetrava‑a com aquela gentileza que ela sempre tinha apreciado. Depois, vinha o abraço, bem apertado, e o beijo terno e constante…

Ao acordar, olharam‑se bem nos olhos e Pikenina não se conteve e beijou os lábios da amiga, ao de leve, mas de modo a senti‑los bem. Fofa pegou‑lhe nas faces e retribuiu. Não, não eram nenhuns devassos.

Eram um vulgar casal de sexagenários.

(Fonte: Alfarroba editora)


O livro pode ser adquiro diretamente através de pedido ao autor:

email: toze.pereiradacosta@gmail.com

Preço de capa  (inclindo portes do correio):
12,78 €

O leitor interessado terá de indicar a morada para onde enviar a obra. O autor, por sua vez,  comunicará depois a conta bancária para efeitos do pagamento.



III. Sobre o Autor 
(foto à direita, cortesia da editora

(i) é natural da Amadora (1947);

(ii) cor art ref; terminou  a sua carreira activa como Director da Biblioteca do Exército, em Dezembro de 2011;

(iii) ex-alf art, na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-cap art e cmd das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74); 

(iv) é um histórico do nosso blogue, tem 175 referências;

(v)  é membro da Tabanca Grande  desde 13/12/2007; 

(vi) é autor da série "A minha guerra a petróleo"(, depois transformada em livro, editado pela Chiado Books, Lisboa, 2019, 192 pp.) tem um belíssima e valiosa colecão de arte e artesanato guineenses (fula, mandinda, bijagó...) e tem-na partilhado connosco (*): base para copos, bases para copos, pratos e terrina, cachimbos, "cirans", "cafalas", chapéu fula, cinto fula, garrafas forradas a couro, tabuinha com caracteres árabes...

(vii) é autor de vários livros sobre história e arquitetura militares, de um modo geral, indisponíveis no mercado:  A cidadela de Cascais (2003); O Palacete do Camarista Real (2011); Castro Marim: Dos Forets não reza a história (2012)... Os dois primeiros são edições do Estado Maior do Exército.



9 comentários:

antonio graça de abreu disse...

Da Jin Ping Mei, livro erótico do século XVI, as maravilhas do "viagra" chinês, na minha tradução:

"A pílula mágica, o sexo quase perfeito

Ximen estava encantado com as notícias que o velho monge lhe dava e com a montanha de pílulas que lhe oferecia, que prometiam ainda maiores vitórias nas lutas e batalhas no quarto de dormir.
“Posso perguntar-lhe, venerável mestre, até que ponto, com esse medicamento, se registarão melhoras no meu corpo?”
As palavras do monge, meio ébrio, clarificaram-se e, de súbito, apareceram como uma canção, ou um poema:

O remédio tem a forma de um ovo de galinha,
amarelo como penas de perú.
Foi inventado, num depurado processo,
pelos imperadores do passado
e pela Deusa dos Sublimes Prazeres.
Passou de geração em geração,
pode saber a terra ou a estrume,
mas tem o valor de jóias preciosas.
É mais desejado do que pepitas de ouro,
ou do que delicados pedaços de jade.
Trocam-no por casacões de seda púrpura
ou por abafos da mais pura zibelina.
Mastigar este afrodisíaco
transforma uma noite de Inverno
numa manhã de Primavera.
Depois, a tempestade no quarto de dormir
varre tudo à sua frente.
Duas ou doze mulheres, cinco ou cinquenta,
nenhuma delas ficará insatisfeita.
E tu, alimentado o fígado, incansáveis os testículos,
permanecerás potente e forte,
o Caule de Jade sempre rígido,
o tesão aprumado.
Ao fim de cem dias,
os cabelos brancos outra vez escuros,
a juventude a regressar a mil velhos,
homens encanecidos
desejando, de novo, a Deusa da Alegria.
Talvez não acredites no que vou contando,
experimenta a pílula no velho gato da tua casa.
Ao fim de três dias o gato só pensa em foder,
no quarto dia corre atrás de cadelas e coelhos.
Acaba por cair, morre de estoiro,
esqueceu-se de cagar.
Considera o destino, o entusiasmo do teu gato,
cuida dos teus intestinos.
No Inverno, não olvides os ventos gelados,
no Verão afasta o calor asfixiante.
Para retomares fôlego,
após tão intensos trabalhos
bebe gotas e gotas de água fresca da montanha.
Com estas pílulas, os campos floridos
iluminar-se-ão na escuridão da noite.
As mulheres, mesmo envelhecidas,
irão tremer de encanto e pasmo,
as rameiras de ocasião estranharão tanto vigor.
Usa esta centena de pílulas,
com semelhante ajuda viverás todos os prazeres
que os deuses nos concedem."

Tradução António Graça de Abreu

Valdemar Silva disse...

Peru (Meleagris gallopavo) ave galiforme, da família dos Meleagridídeos, nativa da América do Norte mas largamente distribuída como ave doméstica, apresenta plumagem preta, chegando pela primeira vez a Espanha em 1511.

Mas a poesia tem destas coisas, e os poetas chineses até arranjavam perus, no séc. XVI, com penas amarelas para dar a volta ao texto.
Bem podiam ter arranjado uma desculpa daquelas como a do busto do Napoleão na mesinha de cabeceira....mas a moda só apareceu no séc. XIX.

Valdemar Queiroz

JB disse...

Perus americanos de penas pretas ou perus chineses,obviamente de penas amarelas?

E lá estamos frente a mais um problema existencial,dos muitos surgidos neste blogue sempre por culpa de Graça de Abreu.

Porque em verdade perus só há uns….O restaurante-cervejaria “Os Perus” situado na minha Lisboa,Avenida Almirante de Réis 151/A
na zona de Arroios.
Conhecido e (reconhecido) pelos seus frangos grelhados na brasa.
Os franguinhos não eram maiores que um pombo correio mas o bom molho de piri-piri lá ajudava.
Era uma alternativa para quando a Alga da Rua Conde de Sabugosa estava cheia até à porta.
Na NET dizem alguns “velhos do Restelo” que Os Perus terão encerrado.
A assim ser lá desapareceu mais um Clássico da Lisboa Antiga.

Mas o assunto do texto publicado são…..os velhinhos e a sua vida sexual….e não vamos fugir a ele.

Mas se o Camarada P.daCosta apresenta no seu livro algum capítulo de relações sexuais entre um velhinho (ou velhinha depravada!)e um peru……estamos dentro da interessante jogada!

Um abraço do JBelo


Valdemar Silva disse...

J. Belo
Isso não se faz, a quem ontem fez 77 anos.
Então os Perus, a Minerva, a Luso-Americana, a Corinto, a Sereia e a Portugália dos meus 18-26 anos, que tempos fantásticos. Era na zona de fronteira, a seguir vinham os finórios de casaco de cabedal e gravata escocesa.
A Alga era de passagem a recolher a casa na Trav. Henrique Cardoso, se ainda houvesse licença para entrar que por lá cabia toda a gente.
Há 18 anos que não passo por aquelas bandas, que já tudo fechou, abriu e voltou a fechar. Julgo nunca mais por lá passar...
Os franguinhos dos Perus faziam lembrar umas cópias bem boas dos na Guia, que era proibido comer de faca e garfo.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

antonio graça de abreu disse...

Vi agora numa enciclopédia chinesa que as penas amarelas dos perús da China envolvem-lhes os testículos e protegem-nos das lambidelas das peruas.

Abraço,

António Graça de Abreu

JB disse...

E eu,com uma longa vida de aviários variegados,sempre a julgar que as penas amarelas só existiam nos testículos dos perus…………..transvestidos!
Por eles cuidadosamente perfumadas para as noitadas no lisboeta Parque Eduardo Sétimo.

Será melhor que um especialista destas coisas,como o é o Camarada autor do poste acima publicado aqui venha “separar o trigo do joio “.

Mas clarinho,clarinho ……para militar entender.

Ao aqui escrever “ autor do poste especialista nestas coisas” quero dizer…. destas coisa sexuais .
O que ,na abrangedora generalidade , obviamente que o não torna especialista centrado na rapaziada TRANS.

Mas essa subtileza oriental quanto às penas amarelas nos tomates das alimárias……. nem se lembraram os autores da letra da Marcha de Campo de Ourique, nas lisboetas festas do Santos António!

Qualquer coisa como:
***Lá vai a marcha de Campo de Ourique… Panela ao ombro até à soupa do Barroso…não digas sim! não digas não!….com tomates ao léu…..bem emplumados!*

E para os que tanto apreciam notas de rodapé, a soupa do Barroso incluída na letra desta Marcha Popular do início dos anos sessenta,referia-se ao benemérito Senhor Barroso que,todos os dias fornecia soupa quente aos habitantes mais necessitados do Bairro do Casal Ventoso que fazia fronteira com Campo de Ourique onde o Barroso vivia.

E já que estamos n’uma de curiosidades históricas……este benemérito Senhor Barroso era o pai de Maria Barroso posteriormente casada com o Dr.Mário Soares.

Um abraço do JBelo

Valdemar Silva disse...

Há registos de portugueses, espanhóis e holandeses, cerca de 1560, a comercializar batata, milho, amendoim com os chineses e também perus.
Aparecem relatos dos chineses abastados comer perus de tenra idade ainda com penas amarelas, que por serem macias eram utlizadas para limpar o rabinho dos bebés.

Valdemar Queiroz

antonio graça de abreu disse...

Agora sem a prazenteira brejeirice, o erotismo suave na grande poesia chinesa:

Os teus dois montes

Os teus dois montes, como lótus cor-de-rosa,
iluminam o teu corpo, na limpidez da tarde.
Rodeia-os uma planície de jade, nem uma sombra.
Como um pássaro numa gaiola dourada
aprendeste as lições da arte de amar.
O teu pequeno pavilhão de cereja
abriu-se para mim, como um livro.
Ensinei-te tudo o que não vem nos tratados de outrora,
o mistério deslumbrante, a tão difícil união a dois.
Entre as tuas irmãs, celestiais, divinas,
nenhuma como tu.
O ano passado, despedimo-nos nos arredores da capital.
Reencontro-te hoje, de pé, pintada, diante das cortinas de gaze,
caminhando sobre mil pétalas de flores.

Wang Shizhen (1634-1711)

tradução de António Graça de Abreu



JB disse...
Este comentário foi removido pelo autor.