1. Comentário do Valdemar Queiroz (*):
A fotografia em que aparecem policias e corpos de mortos pelo chão, não tem nada a ver com o
massacre do Pidjiquiti em Bissau.
É fácil de verificar tratar-se de polícias e ambiente da África Sul racista.
Valdemar Queiroz 20 de março de 2023 às 21:58
Valdemar Queiroz 20 de março de 2023 às 21:58
2. Comentários posteriores do editor LG:
(i) Valdemar, obrigado pelo teu olho clínico. A foto em questão é um embuste. Não tem nada a haver com Bissau. Temos de ter mais cuidado com a escolha das fotos que andam por aí nas redes sociais com falsas legendas... Vamos continuar a investigar melhor... a sua origem e autoria.
(ii) A imagem, polémica, deve ter sido retirada da entrada da Wikipedia, em português, sobre o "massacre do Pidjiguiti" (sic).
Lamentavelmente não se indica a fonte.
Lamentavelmente não se indica a fonte.
(iii) Na Wikipedia em inglês essa falsa imagem não aparece...
https://en.wikipedia.org/wiki/Pidjiguiti_massacre
A sua origem pode ser portuguesa... Creio que é da Esquerda Net, ilustrando um artigo, de 3/8/2021, da Sílvia Roque, uma jovem investigadora da Universidade de Coimbra que não deve ter idade para (mas tem a obrigação de, como académica, historiadora, doutorada...) saber distinguir a PSP, colonial, de Bissau, em 1959, e a polícia do regime sul-africano do tempo do "apartheid".
https://www.esquerda.net/dossier/3-de-agosto-de-1959-massacre-de-pindjiguiti-bissau/63784
A imagem, sem indicação de fonte e de créditos fotográficos, tem a seguinte legenda: "Massacre de Pindjiguiti, Bissau. Reprodução" (sic).
Não sabemos de quem é a responsabilidade por este dislate: se dos editores da Esquerda Net, se da Sílvia Roque.
https://en.wikipedia.org/wiki/Pidjiguiti_massacre
A sua origem pode ser portuguesa... Creio que é da Esquerda Net, ilustrando um artigo, de 3/8/2021, da Sílvia Roque, uma jovem investigadora da Universidade de Coimbra que não deve ter idade para (mas tem a obrigação de, como académica, historiadora, doutorada...) saber distinguir a PSP, colonial, de Bissau, em 1959, e a polícia do regime sul-africano do tempo do "apartheid".
https://www.esquerda.net/dossier/3-de-agosto-de-1959-massacre-de-pindjiguiti-bissau/63784
A imagem, sem indicação de fonte e de créditos fotográficos, tem a seguinte legenda: "Massacre de Pindjiguiti, Bissau. Reprodução" (sic).
Não sabemos de quem é a responsabilidade por este dislate: se dos editores da Esquerda Net, se da Sílvia Roque.
Sugestão (**): confira-se esta imagem, que reproduzimos acima, com outras em que aparece a antiga polícia do regime sul-africano do apartheid (cujo equipamento incluía as "shortguns"...). As fardas dos oficiais não condizem com as da nossa PSP... Os agentes nativos usam "capacete colonial"... O fundo, com estruturas edificadas ao fundo, também não parece condizer com o cais do Pijiguiti que todos nós conhecemos nos anos 60 e 70... Enfim, os corpos não parecem ser de marinheiros e trabalhadores portuários...
De qualquer modo, não queremos ignorar ou branquear o hediondo crime que foi a repressão brutal da greve de 3 de agosto de 1959, trágicos acontecimentos que o partido de Amílcar Cabral (na altura um grupúsculo) "cavalgou", aproveitando-se para fazer deles a sua propaganda... Mas a luta política é assim, em todo o lado e em todos os tempos. As autoridades portugueses, o Grupo CUF, a Casa Gouveia e o António Carreira, por seu turno, ficarão sempre mal na foto da História...
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Notas do editor:
(i) Vd. poste de 20 de março de 2023 > Guiné 61/74 - P24156: Notas de leitura (1565): Pidjiquiti, 3 de agosto de 1959: Mais bibliografia disponível (Mário Beja Santos)
10 comentários:
Já encontrei origem da foto na net.
Pode ser vista aqui: https://www.bbc.co.uk/worldservice/africa/features/storyofafrica/12chapter7.shtml.
Normalmente a escolha das fotos é da responsabilidade dos autores dos textos, como foi o caso. Os editores nem sempre estão atentos e podem deixar passar estas aberrações. Felizmente há sempre alguém que nos vai alertando.
Mudando de assunto. Parece-me que ali para os lados da UC, esquerdas nets, etc, etc, etc, há muitos doutores e aprendizes que usam todos os meios para a qualquer preço denegrir o Portugal e as gentes de antes do 25 de Abril, como se as pessoas desse tempo fossem muito diferentes das de hoje. Não são, é tudo uma questão de época, de regime e de oportunidade. Mas alegrem-se os puros do pós 25 de Abril, morrendo os velhos combatentes, Portugal vai ser um país de gente fora de série.
E os doutores, e aprendizes, até poderão publicar as fotografias que quiserem a ilustrar os assassínios de outros tempos, inventados ou não, que não haverá ninguém para repor a verdade.
Carlos Vinhal
A fotografia em questão deve ter sido feita no dia 21 de março de 1960 em Sharpeville, África do Sul, por ocasião de um protesto contra a obrigatoriedade imposta aos negros do uso de um passe, que eles tinham que apresentar sempre que entrassem em território considerado "branco".
https://sites.google.com/a/oxy.edu/tes/home/the-struggle/the-sharpeville-massacre
A falsa atribuição da fotografia ao massacre de Pidjiguiti tem vindo a ser publicada em várias páginas da internet e acriticamente repetida por outras. Este é um exemplo da forma como se propagam as "fake news", de que tanto se fala nos dias que correm.
https://www.lawyersgunsmoneyblog.com/2021/08/this-day-in-labor-history-august-3-1959
Até já houve quem atribuísse esta fotografia ao massacre de Batepá, em S. Tomé e Príncipe!
https://www.stp-press.st/2018/02/02/sao-tome-principe-um-3-fevereiro-65o-aniversario-do-massacre-1953/
Infelizmente, é a internet que temos. Mais do que nunca, temos que estar atentos e manter sempre o espírito crítico.
Sim, amigos, nem tudo o que luz é ouro... E isto é um caso de falsificação da História.
Aproveito para rectificar: a Silvia Roque não é historiadora mas sim especialista em relações internacionais... Peço desculpa. LG
Falta aqui o importante depoimento do nosso camarada Mário Dias, já publicado no nosso blogue.
Não haverá muita gente viva que possa falar, como testemunha ocular (parcial) desses acontecimentos...
Vamos republicar os seus postes. LG
Grandes mentiras e grandes verdades ao sabor do anti-colonialismo e anti-salazarismo eram manuseadas livremente confiante que as consciências aceitavam tudo que servisse para denegrir o Estado Novo.
E devido à censura crónica e propaganda do regime sem Antonio Ferro... estava o caldinho feito.
Fui dar ao Forte da Amura 5 anos a pós a crise do Pijiquiti. Num prédio oposto à sua porta serviço viam-se impactos de balas, já havia o café Bento, e as pessoas comentavam a sarrafuscada, mas sem a dimensão que alguns "especialistas" se esforçam por lhe conferir.
Luís:
Permito-me chamar a atenção ao último parágrafo.
A autoria moral da agitação pertencerá ao MLG, o PAI ainda era o "grupusculo" do Rafael Barbosa em reformulação e Amilcar Cabral só ascenderá a seu secretario-geral em setembro seguinte. Constava ter sido apanhado de surpresa.
Que o seu irmão Luís Cabral, à data o técnico de contas da Casa Gouveia e membro do MLG, tenha algo a ver com o caso será plausível.
Abr.
Realmente, a grande questão é ser utilizado fake news, neste caso fake photos, para testemunho duma notícia. Só não sabemos se por ignorância mas com convicção ou de propósito do 'põe esta que vai dar ao mesmo'.
Admira-me o autor do poste não ter observado que aqueles militares e polícias estavam com fardamento bem diferente do das forças portuguesas daquela época.
Ainda bem que o Luís Lomba ouviu testemunhos do que se teria passado, embora com menos mortos e feridos, e melhores conhecedores que alguns especialistas, embora de sarrafuscada não faltou pra ser contada.
Valdemar Queiroz
Temos que combater e prevenir a fraude intelectual, seja académica, literária, jornalistica ou digital... Bom trabalho, Valdemar. LG
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22 mar 2023 15:48
Esta foto é do massacre de Sharpeville, Vereeniging, arredores de
Johannesburg na África do Sul, em 21MAR1960.
Cumprimentos,
E. Esteves de Oliveira
Exatamente
"Remembering the Sharpeville massacre"
Assim está identificada a fotografia, das muitas deste massacre na África do Sul racista.
Valdemar Queiroz
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