sábado, 22 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24497: Facebook..ando (31): Heróis dos anos 50 (António Reis, ex-1º cabo aux enf, HM 241, Bissau, 1966/68; natural de Avintes, V. N. Gaia)

1. O António Reis não integra formalmente a nossa Tabanca Grande. Tem apenas quatro referências no nosso blogue. Mas é um dos nossos, um  camarada da Guiné: foi 1º cabo aux enf, HM 241, Bissau, 1966-68. 

Tem pelo menos dois livros publicados com as suas histórias e memórias, incluindo0 aquelc cuja capa se reproduz abaixo (3ª edição agora aumentada e melhorada: "A minha jornada em África", Vila Nova de Gaia, Palavras & Rimas, 2015, 110 pp.). 

Teve a gentileza de, na altura.  nos mandar 3 exemplares do seu livro (*)

Da sua página do seu Facebook, sabemos que o António Ramalho da Silva Reis, de seu nome completo:

(i) trabalhou como Eletrotécnico na empresa TLP - Telefones de Lisboa e Porto; 

(i) andou na escola Escola Industrial e Comercial de Vila Nova de Gaia; 

(iii) vive em Vila Nova de Gaia;

(iv) nasceu em 28 de fevereiro de 1944, em Avintes, V. N. Gaia (a terra da famosa broa);
(v) é casado;

(vi) é seguido por 106 pessoas;

(vii) tem 18 amigos em comum com a Tabanca Grande Luís Graça.

Fica aqui o  convite para ele se sentar à sombra do poilão da Tabanca Grande, convite que já na devida altura foi feito por nós. Basta-nos uma foto atual e o seu endereço de e-mail.


Cápa do livro de António Reis, "A minha jornada em África" , 3ª ed. 
(Vila Nova de Gaia, Palavras & Rimas, 2015, 110 pp.). (*)


Com a devida vénia reproduzimos aqui duas postagens da sua pãgina do Facebook: 



Porto, rio Douro, ponte Dom Luís I.
Foto da página do facebook
 do António Reis (2023).
Com a devida vénia,,,
2. OS HERÓIS DOS ANOS 50

por António Reis (Facebook, quinta feira, 20 de julho de 2023, 11:15)


Em 1954, a minha escola tinha cerca de 40 alunos (só rapazes). Dois conseguiram chegar à 4ª classe, o Mário Sancho e o Isabelino.
 
Em 1955 éramos 4, eu, o Zé Bombeiro, o António Guedes e o Oliveira Santos.
 
Em 1956, centenas de miúdos com 12, 13 e 14 anos atravessavam a pé o tabuleiro de cima desta ponte, uns calçados, outros descalços. Um deles era eu.

Com as soletas enfiadas 
na cintura, só as calçava depois de ter 
atravessado a ponte, porque era proibido 
andar descalço no Porto, dava multa.

Profissão: moço de bate-chapas. | Local de trabalho: Campo 24 de Agosto. | Transporte: a pé, sempre a pé, cerca de 10 km, porque os moços ganhavam 5$00 diários e o meu transporte custava 3$30 para cada lado. Quer dizer que o que eu ganhava, não chegava para o transporte.

Horário: de segunda a sábado, das 8h às 17h. | O pior dia: sábado. Os moços não recebiam os 30$00  [ em meados de 1956, valeriam cerca de 16, 30 euros a preços atuais] e sem a limpeza feita, o que acontecia por volta das 19h (ainda conseguíamos chegar a casa antes da meia noite).
 
Quem não aguentava ia para moço de trolha. Eu fui para moço do Sr. Joaquim Bitangolo ganhar 11$00 diários
[ cerca de 6 euros a preços atuais, valor reportado a meados de 1956] e tive sorte, porque nunca o vi bater nos moços, o que era anormal.
 
E dizem que éramos alegres, felizes e contentes. Uma ova! Heróis e humildes sim, ou o Cardeal Cerejeira não tivesse dito a Salazar que o povo para ser humilde tinha que passar fome. (**)





Facebool > António Reis > Postagem de 21 de maio de 2023 > 

Antigamente havia uma canção que tinha na letra: "Ó Tono, ó Quim, ó Zé, se queres ser amigo vem à romaria". E então o Tono, o Quim e o Zé lá iam. Mas esta foto é de outra "romaria", e ai de nós que não fossemos a ela. Aqui os "foguetes" eram outros. Eu só os via e ouvia de longe, o Zé via-os em São Domingos, o Quim estava em Bissau mas ia a muitas "festas" destas (era Comando). Éramos 3 meninos a quem roubaram três ou quatro anos da nossa vida.

Saudades,  grande amigo Zé! Descansa em paz.

 

3 comentários:

Fernando Ribeiro disse...

A fotografia da Ponte Luís I, entre o Porto e V. N. Gaia, tem muito mais de cem anos! Pelo menos 136 anos! Ao lado dela, vê-se a ponte pênsil (chamada Ponte D. Maria II), que foi demolida em 1887, ainda a ser utilizada, enquanto a Ponte Luís I estava praticamente vazia. Pode-se verificar com nitidez que o tabuleiro inferior desta ponte ainda não tinha saída nenhuma do lado do Porto, desembocando diretamente numa escarpa quase vertical, enquanto o tabuleiro superior também ainda não tinha saída, mas do lado de Gaia (não aparece na imagem). Naquele tempo, não só ainda não existia a Av. Gustavo Eiffel ao longo da margem direita do Rio Douro, como também não existia o Túnel da Ribeira, que só foi inaugurado em 1952 para ligar o tabuleiro inferior ao centro do Porto. A fotografia é um verdadeiro retrato do Porto no séc. XIX!

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Seria interessante pubkicarmos aqui no blogue as histórias do Reis. O livro já tem cerca de 20 anos (a 1ª edição). Aqui as histórias do HM 241 chegarima a muito mais gente. Vamos ver se o António Reis concorda com: (i) a ideia de integrar a Tabanca Grande; e (ii) autorizar a publicação aqui das suas histórias... Um grande abraço para ele. Luis

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Tonho, o Quim e o Zé... Todos somados foram um milhão!... (Entre combatentyes, faltos e refractários... Os desertores não contam, para a estatística...)