segunda-feira, 25 de março de 2024

Guiné 61/74 - P25305: Notas de leitura (1678): "Lay Yong, Bernardo e outros poemas", de António Graça de Abreu (Lua de Marfim Editora, 2018, 90 pp.) (Luís Graça)


Capa do livro "Lay-Yong, Bernardo e outros poemas", de Antónioo Graça de Abreu (Póvoa de Santa Iria,  Lua de Marfim Editora, 2019, 91 pp.)

Email do autor: abreuchina@netcabo.pt


Exemlar autografado com dedicatória ao nosso editor, Luís Graça






Excerto do livro,  poemas de 52 a 70, em que o poeta evoca Hong-Kong e Macau, revisitadas nas viagens à China, de abril de 2017 e março de 2018.

1. O António Graça de Abreu, um histórico do nosso blogue, é de há muito também conhecido dos nossos leitores como sinólogo, tradutor dos maiores poetas chineses clássicos... Mas também é,  ele próprio,  poeta em que "a poesia do velho Império do Meio e do Japão aparece, de quando em quando, como descoberta e inspiração (...) para criar os seus próprios poemas " (lê-se na badana da capa). 

(...) "Neste novo livro, os ecos extremo-orientais ressoam na magia do instante e do eterno, em pequenos haikus ou em poemas mais longos,  ou mesmo numa prosa excitantemente depurada"...

É o caso, por exemplo, do conto, " Lai Yong e Bernardo, uma História Simples" (pp. 36-57), uma história de encontro e separação de duas culturas,  e de amores efémeros se um homem (portuguès, já na casa dos 30 e tal) e uma jovem chinesa de Macau, de 24 anos. Estamos em 1981 e em Macau (ainda sob administração portuguesa,  até 1999).

Neste livrinho de 90 páginas o autor oferece-nos uma mão cheia de textos poéticos, onde não falta a evocação de três grandes portugueses, orientalistas,  que, como ele, alimentaram uma grande paixão pela  China e/ou pelo Japão, e que ele retrata na secção "Très amigos" (pp. 85-89): o  grande poeta Camilo Pessanha (Coimbra,  1867 - Ma1cau, 1926), o missionário   e historiador Manuel Teixeira (Freixo de Espada à Cinta, 1912 - Chaves, 2003),  e  o diplomata e escritor Armando Martins Janeira (Felgueiras, 1914 - Estoril, 1988).

Enquanto leio (e toma notas  sobre) o livro, na paz bucólica de Candoz e com as "cerdeiras" em flor,  para uma próxima recensão, mais completa, aqui com fica, com a devida vénia, a reprodução do que ele escreceu sobre Hong-Kong e Macau revisitadas (ver acima) .

Evocação essa que, com referência Macau, acaba assim:

(...) 70

Pequenas as Portas do Cerco,
abertas para a imensidão do Guangdong.
Estranhos portugueses,
há quase cinco séculos,
lusitanos em sinuosa viagem,
aqui, parados, circunspectos,
diante dos enigmas do império.
Gravado, a encimar o arco:
"A Pátria honrai
Que a Pátria vos contemplka."  (pág. 21)

3 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O António autorizou.e a publicar o belíssimo conto "Lai Yong e Bernardo, uma História Simples" (pp. 36-57)... Aguardo que ele me mande o ficheiro em word ou pdf. Fico-lhe grato pela atenção. LG

Joaquim Luis Fernandes disse...

Sinto alguma dificuldade em compreender o que levou o camarada António Graça de Abreu a aventurar-se, em finais do século passado, (segundo consta, há mais de 40 anos) a imergir na China continental, a partir de Macau, e por lá viver anos seguidos, em busca de conhecimentos. (e aventuras?)

Tinha objetivos bem definidos? Tinha recursos financeiros para suportar os custos dessa aventura?

Pelos vistos, foi bem sucedido, numa China repleta de tradição e contradições.

A grandeza da China, fascina! Mas as contradições assustam.

Quanto vale a vida do Homem na China, num estado que tudo controla e domina, sob a alçada do PCC?

Atentamente
JLFernandes

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Joaquim, pode esclarecer as tuas dúvidas. Sei apenas, do seu currículo, que viveu em Pequim e Xangai, de 1977 a 1983, tendo sido tradutor das Edições Pequim em Línguas Estrangeiras.

É em Portugal um conceituado sinólogo e um notavel tradutor da poesia clássica chinesã, justamente premiado. Tem mais de 20 titulos publicados.