segunda-feira, 17 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25650: Elementos para a história do Pel Caç Nat 51 - Parte VI: A propósito do assassino do alf mil Nuno Gonçalves da Costa, o soldado Mutaro Djaló, que já em Cufar tinha má reputação, e que chegou a viver na Venda Nova, Amadora (Luís Mourato Oliveira, último cmdt do Pel Caç Nat 52, Mato Cão e Missirá, 1973/74)

Foto à direita: Luís Mourato Oliveira, o último comandante do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74); veio  da CCAÇ 4740 (Cufar, 1973). Tem cerca de 75 referências no nosso blogue.. É autor da notável série "Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira".

1. Mensagem de Luís Mourato Oliveira, com data de ontem, domingo, 16 de junho, às 19:57:

Olá, Luis

Tenho recebido por email, e por essa razão respondo na mesma via, alguma informação relativa à história dos Pelotões de Caçadores Nativos, uma delas deixa-me sempre alguma triesteza porque se trata do assassinato do Costa, comandante do Pel Caç Nat 51 com quem convivi em Cufar quando este pelotão estava ali colocado antes de se deslocar para Jumbembem. (*)

O Nuno Gonçalves da Costa era um companheiro pacato, sincero e alguém que podemos classificar como um homem bom, título que considero o mais ilustre para um ser humano.

Foi assassinado por um soldado que já em Cufar tinha má reputação e que se chama, se ainda viver, Mutaro Djaló. 

Num encontro que tive há cerca de um ano para entregar uma encomenda com destino à Guiné Bissau, encontrei-me com o portador nas Portas de Benfica e tivemos uma longa conversa sobre o passado colonial e falámos nas tropas africanas de que o guineense tinha feito parte e do assassinato do Costa.

Fiquei a saber que o assassino viveu na Venda Nova, Amadora, e que regressou à Guiné Bissau, não posso precisar quando.

Pela narrativa, o crime não foi devidamente punido e um assassino de um homem bom, oficial do exército português, viveu com impunidade e com as regalias que os antigos combatentes foram privados e muitos foram executados criminosamente pelo novo regime instaurado após a independência.

Portugal e PAIGC ficaram mal na fotografia que há-de ser um testemunho da História. 

Também, não sei se por coincidência porque muitos nomes há iguais em todo o Mundo, existe na Guiné Bissau pelo menos um Mutaro Djaló que deve ter a idade do assassino e que foi ministro do interior e posteriormente director geral da imigração e fronteiras. Há crimes com recompensa e, neste caso, quem sabe?

Grande abraço

Luís Oliveira
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3 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, Luís, és sempre bem vindo. Presumo que tenhas estado recentemente em Bissau...não ? Como vão as tuas equipas de andebol ?

Olha, é mais uma história do nosso "nacional-porreirismo". O assassino do Costa terá sido levado para a "ilha das Cobras", nos Bijagós...depois do seu crime frio e premeditado, em Jumbembem, 16 de julho de 1973 (se não erro). A justiça militar era lenta. O assassino nunca terá ido a julgamento. E depois aconteceu o fim da guerra. Se calhar, o PAIGC ainda o considerou um "herói da liberdade da Pátria" por ter morto um oficial dos "tugas"...E o gajo ainda teve lata de pôr os pés em Portugal!... Enfim, falta-nos alguns elementos mais para saber o resto deste triste processo.

Um alfabravo fraterno para ti... E até à Lourinhã, um dia destes. Luís Graça

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

Para que não hajam equivocos sobre a pessoa em causa devo esclarecer que, tendo em conta a sua idade, o Mutaro Djaló, ex-director da migração e actual conselheiro do ministro do interior, não pode ser o mesmo da história que aqui é relatada, pois ele deve ser da nossa idade, ou seja entre 60/64 anos, sendo improvável que tivesse servido no exército português na época que é referida.

Cdte,

Cherno Baldé

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Peço desculpa, o Luís Mourato Oliveira foi último cmdt do Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, 1973/74), e não do Pel Caç Nat 51... Já corrigi.

Obrigado, também ao contributo do Cherno Baldé, que vai fazer 64 ou 65 aninhos por estes dias...