"A MINHA IDA À GUERRA"
João Moreira
INCÊNDIO NA TABANCA
1970/MAIO/08 - CERCA DAS 15 HORAS
Depois do almoço deste dia, estava o pessoal da Companhia nos quartos ou nos bares, ou onde houvesse ventoinhas, para se proteger do calor insuportável naquela hora, quando fomos surpreendidos por barulhos estranhos provenientes da tabanca.
Todo este alarido era muito surpreendente para os nós, militares, pois só tínhamos chegado havia 4 semanas.
O que se passa? Ninguém sabia responder.
Tivemos que fazer como o S. Tomé; "Ver para crer", ou se quisermos "ver como era para contar como foi".
Metemos os pés ao caminho em direcção ao local donde vinha toda aquela algazarra.
Deparamos com várias moranças a arder e os nativos a correr de um lado para o outro e a fazerem e entoarem rituais totalmente estranhos para nós.
Não conseguindo demovê-los a acabarem com aquele comportamento e passarem a ser activos para apagar o fogo e salvarem os bens e animais que tinham nas moranças. Teve que ser o pessoal militar a arranjar vasilhas e ir buscar água ao rio Olossato que corre a cerca de 50 metros do local do incêndio.
Este foi a primeiro "choque" que tive(mos) no lidar com a população local.
Era o início do "choque de culturas".
Guiné > Região do Oio > Olossato > 1966 > Vista aérea do aquartelamento, pista de aviação e povoação.
Foto: © Rui Silva (ex-Fur Mil, CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67).
(continua)
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Nota do editor
Último post da série de 20 de Junho de 2024 > Guiné 61/74 - P25666: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (48): Coincidências II - Furriel Moreira e os ataques ao quartel do Olossato
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