quarta-feira, 26 de junho de 2024

Guiné 61/74 - P25683: Timor-Leste, passado e presente (9): Notas de leitura do livro do médico José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial" (1972, 208 pp.) - Parte I






Mapa de Timor em 1940. In: José dos Santos Carvalho: "Vida e Morte em Timor Durante a Segunda Guerra Mundial", Lisboa: Livraria Portugal, 1972, pág. 11. (Com a devida vénia).



1. José dos Santos Carvalho foi médico de saúde pública, no território português de Timor, ao tempo da ocupação estrangeira da ilha (primeiro da parte dos australianos e holandeses, e depois dos japoneses). Médico de 2ª classe, exerceu as funções de chefe interino da Repartição Técnica de Saúde e Higiene, em Lahane, 

O nosso amigo e camarada, membro da Tabanca Grande,  cor art ref Morais da Silva, descobriu, na Internet Archive, uma cópia, em formato digital, do  livro do médico José dos Santos Carvalho, "Vida e Morte em Timor durante a Segunda Guerra Mundial". originalmente reproduzida  em;

https://archive.org/stream/VidaEMorteEmTimorDuranteASegundaGuerraMundial/VidaMorteTimor_djvu.txt 

O livro foi digitalizado e carregado, em 2010, no Archive.org,  por um sobrinho do autor ("Fernando in Lisbon"). Na dedicatória  lê-se: "Ao Fernando, com um abraço, muito amigo, do tio, José. Lisboa, 2/v/72".

A obra está disponível no Archive.org em vários formatos e  é apresentada como sendo do "domínio público". 

(Imagem à direita: Capa do livro de José dos Santos Carvalho: "Vida e Morte em Timor Durante a Segunda Guerra Mundial", Lisboa: Livraria Portugal, 1972,  208 pp. , il... Livro raro, só possível de encontrar em alfarrabistas, ou então no Internet Archive, em formato digital; está registado na Porbase - Base Nacional de Dados Bibliográficos, podendo ser enconttrado na Biblioteca Nacional de Portugal e no Instituto Científico d
de Investigação Tropical.)

 
Sinopse:

(...) Testemunho de um médico que se encontrava a prestar serviço em Timor quando se deu a invasão japonesa durante a segunda guerra mundial. Além de ser uma descrição emocionada das atrocidades alí­ cometidas, este livro é também uma homenagem a todos aqueles, Portugueses e Timorenses, que resistiram à ocupação, muitas vezes com o sacrifí­cio da própria vida, unidos numa causa comum - a libertação de Timor. Como médico, o autor incluiu também as suas notas sobre a situação sanitária no território, durante e após a invasão.

Outros livros deste autor que podem ser encontrados no archive.org: 

  • "A Santa Bárbara de Cimbres (1959)"; 
  • "Iconografia e Simbólica do Polí­ptico de São Vicente de Fora (1965)"; 
  • "Os Painéis da Confraria de São Roque Expostos no Museu de São Roque em Lisboa (1974)"; 
  • "O Retábulo da Conceição (Benção Nupcial a D. Manuel e D. Leonor) Exposto no Museu de São Roque em Lisboa"; 
  • "O Tríptico da Santa Casa da Misericórdia do Funchal - A Tapeçaria do Templo de Latona do Museu de Lamego"; 
  • "Quatro Painéis da Confraria do Salvador Provenientes do Mosteiro de São Bento Expostos no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa". (...)
É escassa a informação, na Net, sobre este português que teve o azar de estar em Timor, em 1942... Julgamos que ele fosse beirão (talvez de Lamego, distrito de Viseu), devendo ter nascido no início da República. 

Outros trabalhos do autor (que descobri na PorBase):

  • O políptico de S. Vicente de Fora e a Iconografia Médica Portuguesa do século XV / por José dos Santos Carvalho. Lisboa : [s.n., 1968.
  • A Sé Catedral de Lamego / José dos Santos Carvalho. Lamego : Paroquial da Sé : Gráf. de Lamego, 1966.

O livro que escreveu sobre Timor,  baseia-se nas suas recordaçõe e registos  pessoais bem como nas memórias de outros portugueses, seus companheiros de infortúnio.

Em anexo, o autor publica também os relatórios anuais do serviço de saúde (pp. 142-194), que têm igualmente interesse documental para  a historiografia da presença portuguesa em Timor, relatórios esses que ele nunca deixou de fazer, anualmente, apesar das dramáticas circunstâncias em que teve de exercer as suas funções de médico de 2ª classe, chefe interino da Repartição Técnica de Saúde e Higiene.

O livro, de 208 pp.,  ilustrado com algumas fotografias, foi escrito, em 1970, quando passavam  já 25 anos sobre o fim da ocupação japonesa do território de Timor e a libertação dos prisioneiros portugueses, timorenses e outros. Foi composto e impresso na Gráfica Lamego e publicado pela Livraria Portugal, 1972, editora que já não existe. 




2. Vamos publicando notas de leitura e excertos do livro, de modo a permitir conhecer melhor este período da história de Portugal, em que Timor foi o único pedaço do Império que foi invadido e esteve ocupado por forças estrangeiras, na altura da II Guerra Mundial (entre dezembro de 1942 e setembro de 1945).


(...) Explicação Prévia (pp. 3-9)

 Todos os portugueses que então aí viviam, fossem eles timorenses, metropolitanos, goeses, madeirenses, africanos ou macaenses, estiveram sujeitos a prolongado e pertinaz suplício que estóica e patrioticamente suportaram, apesar de terem sido despojados de qualquer meio de comunicação com o mundo e de defesa contra a doença e, os que foram obrigados a reunir-se numa zona de concentração, submetidos a privações extremas de alimentos, medicamentos, artigos de vestuário, de higienee de conforto ,etc, numa palavra, de quase todo o essencial a uma via saudável e decente.


O autor esclarece que não foi apenas uma invasão estrangeira mas duas, as que vieram perturbar "a perfeita ordem e a serena paz" (sic)  em que até então ali se vivia:

(...) Duas invasões por tropas estrangeiras vieram destruir a perfeita ordem e serena paz que em Timor desfrutavam portugueses de diversas naturalidades e crenças, mas unidos fraternalmente num mesmo ideal patriótico e de amor pela fascinante terra em que haviam nascido ou trabalhavam.

Deram o exemplo de desprezo pela soberania de Portugal as forças australiano-holandesas que desembarcaram em Díli a 11 de Dezembro de 1941, não obstante a firme e decidida oposição do governador Ferreira de Carvalho, esse português de ouro do mais puro quilate, que, sem possibilidade de se impor pelas armas, energicamente protestou contra tão aleivosa afronta a um país neutral, aliado de Inglaterra, ainda mais!

Mas, não ficou por aí o atropelo à autoridade portuguesa. Já instalado em Díli, o tenente-coronel holandês Van Stratten, comandante das forças aliadas, impôs ao Governador a deslocação para longe da cidade do aquartelamento da Companhia de Caçadores de Timor, única força válida de que os portugueses dispunham, com a ameaça de a mandar desarmar, se assim não fosse, dando como motivo de tão vexatória decisão, o ter recebido informação de que a companhia se preparava para as atacar! (...)

Apesar de tudo, o comportamento das duas tropas invasoras não são comparáveis, sendo o autor muito mais  crítico do projeto imperalista e totalitário dos japoneses, ao mesmo tempo que não perde a oportunidade de exaltar o portuguesismo das gentes de Timor e marcar o seu alinhamento pela política de "neutralidade" do país face ao conflito mundial: 


(...) Não teve esta invasão efeitos maléficos de monta sobre a vida material da população, porém, da levada a efeito pelos japoneses resultaram inúmeras e variadas consequências funestas pois certamente se aperceberam de que o desenvolvimento em Timor da ideia da Grande Ásia Oriental (eufemismo com que encobriam o seu desígnio de se tornarem senhores de toda ela) somente poderia realizar-se na condição de serem profundamente abaladas a fé patriótica, assim como a amizade e a confiança dos naturais timorenses nos seus irmãos de álém-mar.

Para atingirem esse objectivo dedicaram-se os nipões a vexar duramente estes últimos e a procurar desprestigiá-los perante os nativos da ilha, servindo-se dos meios mais desleais e hipócritas.

A propaganda contra Portugal era prática sistemática dos segundos invasores que não escondiam o desprezo do «Império Imperial do Grande Japão» pelos europeus que tão fácil e surpreendentemente até então haviam conseguido derrotar e quase aniquilar.


 (...) Sabiam bem que os soldados australianos e holandeses refugiados no interior da ilha e que seriamente os molestavam e dizimavam quando saíam de Díli, somente podiam aguentar-se na guerrilha que faziam por serem fornecidos de alimentos e ajudados por todos os meios não só pelos timorenses como por todos os nativos doutras terras, havendo somente a diferença de que a maior parte o faziacom as devidas cautelas, aparentando neutralidade, ao passo que alguns outros tomavam atitudes tão abertamente parciais que nos comprometiam, sem necessidade, perante os japoneses. (...)

 
A estratégia dos japoneses  era claramente a de segregar e separar timorenses e não-timorenses, se não a bem, a mal, pelo terror.  Sabe-se, por outro lado, que a guarnição militar de Timor tinha um efetivo total de três oficiais, sete sargentos e cerca de 3 dezenas de  cabos metropolitanos, mestiços e nativos;  e não mais de 3 centenas de soldados do recrutamento local, mal treinados e pior equipados.

(...) Continuando na sua obra demolidora, recrutaram no Timor Holandês centenas de indígenas com os quais, enquadrados por árabes e chineses, constituíram as famigeradas "colunas negras". Ora, esses timorenses da parte ocidental da ilha odiavam francamente os europeus, avaliados pelo padrão holandês que nunca conseguira, nem provavelmente pretendera, captar a sua amizade, o que bem fácil seria, a exemplo da parte portuguesa, se os considerassem, em tudo, como seres humanos seus iguaise não como espécimes duma raça inferior.

Lançadas as "colunas negras" pelo interior da ilha, sempre veladamente amparadas pela tropa nipónica que punha todo o cuidado em não se misturar com elas, por toda a parte se registaram assassinatos de pessoas indefesas, violências e depredações de toda a espécie.

As autoridades portuguesas prontamente reagiram, seguindo para as regiões afectadas expedições constituídas por militares e por voluntários civis, com o fim de castigar os culpados e restabelecer a ordem. Heroicamente se comportaram esses valentes e destemidos homens, tendo morrido em combate o cabo Paulo Moreira, o soldado Abel Soares dos Santos e o civil, António Fernão Magalhães, porém a sua missão foi integralmente cumprida. (...)

E aqui se conta como uma dessas "colunas negras", oriunda de Atambua,  atacou à traição o aquartelamento da Companhia de Caçadores de Timor, em 1 de outubro de 1942, provocando aquilo a ques e chamou a "chacina de Aileu" (Aileu ficava a sul de Dili, vd. mapa):

 (...) Uma "coluna negra" formada por timorenses da cidade de Atambua, na parte holandesa, assaltou o aquartelamento da Companhia de Caçadores de Timor, então situado em Aileu. Ataque traiçoeiro, a coberto do escuro da noite, não permitiu uma defesa eficaz, morrendo, combatendo, os cabos Evaristo Madeira e Júlio António da Costa, os soldados Álvaro Henrique Maher e João Florindo e vários soldados timorenses.

O comandante da companhia, capitão Freire da Costa, que com sua esposa, o médico dr. Arriarte Pedroso, o secretário de circunscrição Gouveia Leite e o chefe de posto auxiliar António Afonso, se encontravam reunidos na residência do comandante, suicidaram-se para não caírem nas mãos dos selvagens que atacavam a casa e lançavam fogo às suas dependências, os quais, certamente, os torturariam e sujeitariam aos piores vexames. (...) 


O antigo palácio dos governadores, em Lahane
datando de 1933, em estilo art déco, colonial. 
Restaurado.
Foto: cortesia de Wikimedia Commons

Na impossibilidade comunicar com 
o  Governo central (cuja política , de resto, era a da "estrita neutralidade" 
e de não-confrontação  com as tropas nipónicas de modo a garantir a "manutenção da soberania portuguesa", a todo o custpo), enfim, com a certeza de que nunca viriam  reforços de Lisboa (via Moçambique ou de Macau), e face ao número crescente de acções hostis contra os portugueses e a populução autóctone,  o Governador, o capitão Manuel Abreu Ferreira de Carvalho (1940- 1945) não teve outra solução se não aceitar a vontade do ocupante, que era a de separar e concentrar os não-timorenses nas povoações de Lahane  (na encosta sobranceira a Dili),  Liquiçá  e Maubara (a oeste de Dili) (vd. mapa). 

(...)  Foi nestes campos de detenção que "se passaram três infindáveis anos de permanente terror, fome e extrema miséria em que nos tornámos 'esqueléticos, quase irreconhecíveis à primeira vista', tal como nos encontrou o Dr. Cal Brandão, no fim da guerra, voltando da Austrália." (...)

 Mas foram esses esqueletos ambulantes, verdadeiros fantasmas de si próprios, que seguiram impavidamente para o interior da ilha onde, desde há anos, os nipões faziam, certamente, propaganda assassina contra eles! (...)

Refira-se que o dr. Carlos Cal Brandão (1906-1973) era um advogado do Porto, deportado para Timor em 1931, que se irá mais tarde juntar aos australianos na resistência ao ocupante japonês.

Na hora da libertação, três anos e meio depois, "as bandeiras verde-rubras logo surgiram por toda a parte, retiradas dos esconderijos onde ciosamente haviam sido resguardadas pelos timorenses":

(...) No dia 19 de setembro de 1945, data a todos os títulos memorável na nossa história, a bandeira da Pátria desfraldava-se orgulhosamente em todas as localidades importantes eem muitas povoações timorenses enfim libertadas da opressão estrangeira.

Três dias depois amarou na baía de Díli um hidroavião australiano transportando um representante do brigadeiro Dyke que em Koepang já havia recebido a rendição das tropas japonesas. (..:)

(...) A 27 de Setembro ancoraram na baía de Díu os avisos Bartolomeu Dias e Gonçalves Zarco, com tropas vindas de Lourenço Marques. (..)

O autor, nesta síntese dos anos que passou em Timor, faz o balanço das vítimas (subestimado em relação aos timorenses):

(... ) Contaram-se muitas centenas de timorenses assassinados, mortos em combate ou falecidos na prisão e, entre os não-nativos de Timor, pelo menos, trinta e sete assassinados, dez mortos em combate, seis mortos por suicídio, vinte falecidos ao abandono no interior da ilha onde andavam foragidos e oito que miseravelmente acabaram os seus dias no cárcere japonês, vítimas de violências e, sobretudo, da privação de alimentos e da falta de condições higiénicas e de qualquer espécie de assistência na doença. (...)

 Único sobrevivente dos quatro médicos que estavam ao serviço da administração colonial (dois morreram de morte violenta), o dr. José dos Santos Carvalho vai começar a sua narrativa com a sua história de vida, quando em meados de 1940 é colocado em Timor como médico de 2ª classe, do "quadro comum colonial". 

Muito resumidamente, descreve-se aqui a verdadeira odisseia que era, para um funcionário colonial,  em plena II Guerra Mundial, chegar, a partir de Lisboa, a um território tão longínquo como Timor, no Sudoeste Asiático:

(i)  o autor não pôde, obviamente,  fazer  a viagem pelo canal de Suez, mas seguir peçla rota o Cabo (cerca de 19,5 mil km até Dili);

(ii) viajou até Lourenço Marques, transportado no vapor "Niassa".

 (iii) na capital de Moçambique teve de  aguardar dois meses (!) até poder embarcar,  num vapor holandês, o "Tasmam",  com destino a Singapura;

(iv) a bordo encontrou outros compatriotas que iam para Timor: o coronel de aeronáutica Jorge Castilho, e o engenheiro Canto Resende, chefe e adjunto da Missão Geográfica de Timor, respetivamente; o dr. Tarroso Gomes, funcionário do serviço da Fazenda;  os funcionários administrativos Botelho Torresão e Silva Marques e o sargento da marinha Luís de Sousa, auxiliar da referida missão geográfica.

 (v) passados dias , embarcaram num "grande e luxuoso navio", o "Op Tèn Noort" que os transportou a Malaca, a Batávia (atual Jacarta) e a Soerabaja:

 (...) Pelas Índias Holandesas notava-se um ambiente febril de preparação guerreira, sendo frequente o encontro de campos de treino onde militares holandeses exercitavam recrutas javaneses. De facto, sentia-se evidente e iminente a ameaça nipónica a Singapura, à Insulíndia e à Austrália, pois os japoneses que há três anos se encontravam em guerra com a China, haviam aproveitado o facto de a França se encontrar manietada pelos alemães e conseguido dos governadores militares da Indochina a sua ocupação militar e levado, logo depois, as suas tropas, de setembro a novembro de 1940, à Indochina do Sul, à Tailândia e ao Cambodja.(...).

 Em Soerabaja estiveram três dias...

(vi) embarcando depois  num pequeno navio, o "Valentijn", que tocou em vários portos das pequenas ilhas de Sonda entre as quais a capital de Bali;

 (vii) em  21 de dezembro de 1940 chegam a Koepang, capital da parte holandesa da ilha de Timor;

 (viii) na noite de 29 fundeavam, finalmente, na baía de Díli; 

(ix) em Timor o autor iria ter apenas um ano de paz.

 (Continua)

(Excertos, revisão / fixação de texto, itálicos e negritos: MS/LG)

 ____________

Nota do editor:

Último poste da série > 19 de junho de  2024 > Guiné 61/74 - P25661: Timor Leste: passado e presente (8): Os últimos soldados do império que estiveram prisioneiros do IN, na Indonésia (de setembro de 1975 a julho de 1976): tiramos o quico, o chapéu, a boina, o barrete, o boné... à Ephemera - Biblioteca e Arquivo do José Pacheco Pereira

8 comentários:

Anónimo disse...

Sobre Timor durante a II Guerra Mundial eu tenho um livrinho que era do meu pai intitulado FUNO- Guerra em Timor 3ª edição de 1946, da autoria de Carlos Cal Brandão, que ao tempo estava exilado em Timor.
Albertino Ferreira

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Albertino, obrigado pela referência... Se quiseres mandar algum excerto e/ou fotos, digitalizadas, agradeço. Não tenho o livro, mas sei que há já uma 3ª edição. Possivelmente só se deve encontrar em alfarrabistas. Ab, LG

Morais Silva disse...

Há em Lamego uma família Santos Carvalho. Vou averiguar se o autor do livro será familiar dos meus conterrâneos(as) e amigos(as) Santos Carvalho. Darei notícias.

Valdemar Silva disse...

No Monumento aos Combatentes do Ultramar, em Belém, erigido em honra dos que combateram no ultramar, quer os mobilizados da metrópole ou locais, estão os nomes dos combatentes desde 1954 até 1977(?) para incluir os mais de 30 mortos na Índia entre 1954 e 1962.
Estranhamente não foram incluídos estes mortos mencionados em Timor, em 1945, mas incluíram de Macau, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde, calhando por desastre ou doença visto não ter havido naquelas datas combates naqueles territórios.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tudo indica que sim, o dr. José dos Santos Carvalho, fosse natural de Lamego:

(i) tem um trabalho erudito, na área da história da arte, relacionado com Lamego: "A Tapeçaria do Templo de Latona do Museu de Lamego";

(ii) o livro sobre Timor foi composto e impresso na Gráfica Lamego...

Vou também ver também se o descubro na lista dos médicos que fizeram o curso de medicina sanitária / saúde pública e/ou o curso de medicina tropical, nos anos 30.

O curso de medicina tropical dava acesso à carreira médica nas colónias, numa época em que na metrópole não havia carreiras médicas (só foram criadas em 1971)...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O livro chama-se: "O Tríptico da Santa Casa da Misericórdia do Funchal - A Tapeçaria do Templo de Latona do Museu de Lamego"...

Tem outro dedicado à Sé de Lamego... E utilizava muito a Gráfica de Lamego para essas publicações... Não temos dúvidas, Morais da Silva, que o nosso médico era seu conterrâneo...

João Carlos Abreu dos Santos disse...

Boa tarde.
A propósito de um comentário supra, pretextado no lapidário do Monumento Nacional "Aos Combatentes do Ultramar", cumpre esclarecer: desde finais de Set1999 estão gravados - apenas - 9274 nomes de Militares Portugueses falecidos em campanha nos territórios da Índia (1954-1961), de Angola (1959-1975), da Guiné (1962-1974) e de Moçambique (1961-1975); ali ainda ausentes 140 de Angola, 2 de Cabo Verde, 817 da Guiné, 9 da Índia, 3 de Macau, 445 de Moçambique, 5 de São Tomé e Príncipe, e 7 de Timor. Quanto a honrosas baixas mortais de militares ocorridas durante a 2ªGM em território português de Timor, o escopo da missão - desde 16Ou1998 por despacho ministerial atribuída à comissão organizadora e executiva daquele Lapidário Nominal -, por motivos não explicitados excluiu um tal desiderato.
Nesta oportunidade, cumpre informar que "Todos os Nomes" desde 10Jun2020 se encontram disponíveis 'online' em formato pdf no sítio do Portal UltramarTerraweb; e mais me atrevo a chamar v/atenção, tb, para todo o conteúdo de um outro anterior pdf publicado sob a epígrafe "FBS-09Nov2013_opinioes", naquele mesmo portal.
Saudações.

Morais Silva disse...

Família Santos Carvalho, originária de Cimbres (município de Armamar). Em Lamego viveram o irmão, dr Joaquim Carvalho (acompanhou a gravidez da minha mulher) e a irmã, dra. Maria Adelaide, ambos médicos da Casa de Saúde de Lamego já falecidos. Família prestigiada tem descendência a viver em Lamego.