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quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27202: Facebook...ando (93): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte X: Fortaleza da Amura, hoje Museu Militar da Luta de Libertação Nacional e sede do Quartel General das Forças Armadas da Guiné-Bissau.



Foto nº 1 > Bissau >  Fortaleza da Amura > Área envolvente dos mausoléus


Foto nº 2 > Bissau > Fortaleza da Amura > Parada do antigo QG/CCFAG (Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné).. Dos lados esquerdo e direito, eram as famosas 4 Rep (Repartições)...


Foto nº 3 > Bissau > Fortaleza da Amura > Ao fundo, e sob os centenários poilões, os mausoléus dos heróis da liberdade da Pátria...


Foto nº 4 > Bissau > Fortaleza da Amura > Trecho de muralha exterior, um velho canhão e um poilão


Foto nº 5 > Bissau > Fortaleza da Amura > Mausoléu de Amílcar Cabral (1924-1973)


Foto nº 6 > Bissau > Fortaleza da Amura > Placa alusiva à inauguração, depois de reabilitada, da "nova" Fortaleza da Amura, sede atual  do EMGFA.


Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura >  Maio de 2025

Fotos (e legendas): © João de Melo (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




João Melo (ou João Reis de Melo), ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74):

(i) é profissional de seguros, vive em Alquerubim, Albergaria-a-Velha;

(ii) viaja regularmente, desde 2017, para a Guiné-Bissau, em "turismo de saudade e de solidariedade" (em que distribui material pelas escolas de Cumbijã, e apoia também, mais recentemente, o clube de futebol local);

(iii) regressou, há pouco mais de 3 meses,  da sua viagem deste ano de 2025;

(iv) tem página no Facebook (João Reis Melo);

(vi) tem mais de duas dezenas e meia de referências no nosso blogue para o qual entrou em 1 de março de 2009.

1. Na sua viagem, em maio passado, de Bissau a Cumbijã, no sul, na região de Tombali, o nosso grão-tabanqueiro João Melo, passou por várias das nossas geografias emocionais... E fotografou esses lugares (Bissau, Quinhamel, Bula, Susana, Cacheu, Bambadinca, Saltinho, Buba, Mampatá, Cumbijã...).

Temos procurado, com a sua autorização, fazer uma seleção das suas melhores imagens. Ele tornou-se um grande conhecedor e um excelente cicerone da atual Guiné-Bissau.

Uma das visitas (demoradas) que fez,  foi  à Fortaleza de São José da Amura  


2. Excerto da página do Facebook do João Reis Melo, postagem de 18 de agosto de 2025, 13:14 (*):

"Retalhos de uma passagem pela Guiné.

Ainda, e sempre, a bela Fortaleza de São José de Amura em Bissau  (**). Hoje, Museu Militar da Luta de Libertação Nacional e também sede do Quartel General das Forças Armadas da Guiné-Bissau.

Esta minha última visita em Maio passado, ficou registada com mais de duas centenas de fotos e vídeos. 

Hoje, destaco a parte envolvente aos mausoléus que veneram os seus heróis nacionais da luta de libertação que têm como seu primeiro representante Amílcar Cabral."

(Revisão / fixação de texto: LG)

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Notas do editor LG:

(*) Último poste da série > 7 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27098: Facebook...ando (92): João de Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351 (1972/74): um "Tigre de Cumbijã", de corpo e alma - Parte IX: Praça Che Guevara (antiga Praça Honório Barreto)

 (**)  Sinopse da história da fortaleza da Amura:


(i) Origens e construção inicial

No final do século XVII, a presença francesa na Guine (hoje Guiné-Bissau)  intensificou-se com a Companhia do Senegal, especializada no tráfico de escravos. Face á ameaça, o capitão-mor do Cacheu, António de Barros Bezerra, informou o rei português, em 1687, sobre as pretensões francesas de erguer uma fortificação em Bissau. Com apoio local, conseguiu impedir esse avanço.

Em 1696, sob comando do capitão-mor José Pinheiro, começou-se a erguer uma fortificação portuguesa. O projeto encontrava-se em dificuldades, pelo que teve de negociar com o rei local para assegurar o terreno.

No entanto, após a não renovação do contrato da Companhia de Cabo Verde e Cacheu em 1703, a capitania foi abandonada em 1707 e a fortificação anterior acabou por ser foi destruída. 

(ii) Reconstruções e remodelações

A fortaleza atual foi reconstruída em novembro de 1753, baseada num projeto de Frei Manuel de Vinhais Sarmento. 

Posteriormente, em 1766, o Coronel Manuel Germano da Mota introduziu alterações no traçado.

Entre 1858 e 1860, houve novos reparos sob a liderança do capitão e engenheiro militar Januário Correia de Almeida .

No século XX, a partir da década de 1970, foi restaurada pelo arquiteto Luís Benavente; a estrutura que vemos hoje é fruto dessa intervenção.
 
(iii) Funções atuais e valor simbólico

A fortaleza possui planta quadrangular em estilo Vauban, com baluartes pentagonais e 38 aberturas para canhões.

 Internamente, albergava a Casa de Comando, quartéis e armazéns;  além disso, havia uma paliçada que ligava a fortaleza a um pequeno forte costeiro com duas peças de artilharia.

Após a independência, em 1974, a Fortaleza passou a ser sede das forças armadas guineenses. Acolhe, além disso,  o Museu Militar da Luta de Libertação Nacional e o Mausoléu de Amílcar Cabral.
 
Diversos heróis da independência nacional estão lá sepultados incluindo Amílcar Cabral (1975), Francisco Mendes, Osvaldo Vieira, Titina Silá, entre outros.

A DW também confirma que ali se encontram os restos mortais de nomes emblemáticos como Amílcar Cabral, Francisco Mendes, Osvaldo Vieira e Titina Silá.
  
(iv) Em resumo:
 
Ontem (ou seja, em termos históricos): a fortaleza foi edificada como defesa contra potências coloniais rivais (principalmente francesas), reconstruída várias vezes ao longo dos séculos XVIII a XX, desempenhando um papel militar e estratégico desde as origens da colonização portuguesa.

Hoje, já na Guiné-Bissau independente: a  fortificação está em boas condições e aberta ao público.
 
Serve como símbolo nacional tanto na preservação da memória militar quanto na homenagem aos fundadores da independência, através do museu e do mausoléu.

Além do caráter memorial, é uma ponte com o passado colonial português e um marco patrimonial a ser preservado.

Fontes: 
Ang |  commons.m.wikimedia.org | Deutsche Welle | TripGrab | Wikipedia (en) | Wikipedia (es) |  Wikipédia  (pt) | 

(Pesquisa: LG | Assistente de IA / ChatGPT)

(Revisão / fixação de texto: LG)

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27201: Agenda Cultural (899): Ciclo de Cinema - Imagens da Guiné-Bissau: Memória, Consciência e Futuro, a levar a efeito entre 23 de Setembro e 18 de Outubro de 2025, no Museu Nacional de Etnologia, Lisboa


De 23 de setembro a 18 de outubro, o Museu Nacional de Etnologia recebe, em parceria com a Casa da Cultura da Guiné-Bissau, o Ciclo de Cinema “Imagens da Guiné-Bissau: Memória, Consciência e Futuro” com uma seleção de filmes que refletem essencialmente sobre a História da Guiné Bissau. A seleção de filmes teve a curadoria de Onésio Soda e Welket Bungé e inclui filmes realizados por Flora Gomes, Sana Na N’Hada, José Magro, José Bolama, Djalma Fettermann e Josefina Lopes Crato.

Em cada sessão, para além das exibições, haverá também um momento de conversa com convidados especiais, com espaço para reflexão e partilha de memórias, consciência e futuros possíveis.

Entrada Livre

Sessões:

23.09.25

- 18h30 “A Pegada de Todos os Tempos”, Flora Gomes, 2009, 5’;
“A República di Mininus”, Flora Gomes, 2012, 78’
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27.09.25

- 16h00 “NOME”, Sana Na N’Hada, 2023, 118’
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04.10.25

- 15h00 “Nha fala”, Flora Gomes, 2002, 112’;
“Bissau d’Isabel, Sana Na N’Hada, 2005, 55’
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11.10.25

- 16h00 “Kadjike”, Sana Na N’Hada, 2013, 115’
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18.10.25

- 16h00 “Nha Sunhu”, José Magro, 2021, 21’ ;
“O Regresso de Cabral”, Sana Na N’Hada, Flora Gomes, José Bolama, Djalma Fettermann, Josefina Lopes Crato, 1976, 33’

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Nota do editor

Último post da série de 10 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27106: Agenda Cultural (898): Foi lançada em Julho a 2.ª edição do livro "Dados Biográficos do coronel Henrique Manuel Gonçalves Vaz - Último Chefe do Estado-Maior do CTIG/CCFAG", da autoria do nosso Grã-Tabanqueiro Luís Gonçalves Vaz, filho do biografado

Guiné 63/74 – P27200: Filatelia(s) (10): Selos da Guiné Portuguesa da colecção do Alf Mil João Rodrigues Lobo (1)

1. Mensagem do nosso camarada João Rodrigues Lobo, ex-Alf Mil, CMDT do Pelotão de Transportes Especiais / BENG 447 (Bissau, Brá, 1968/71) com data de 29 de Agosto de 2025:

Boa noite,
Por ter visto alguns selos da Guiné (então da República Portuguesa) no nosso blog, anexo alguns novos da minha pequena colecção.
Talvez seja uma temática interessante para o "nosso" blog.

Grande abraço.
João Rodrigues Lobo






(continua)
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Nota do editor

Último post da série de 31 de outubro de 2009 > Guiné 63/74 – P5186: Filatelia(s) (9): Envelopes comemorativos do Dia do Selo, de 1 de Dezembro dos anos de 1963, 1968, 1970 e 1971 (Eduardo Ribeiro)

Guiné 61/74 - P27199: (in)citações (278): Dos nossos “males” sabemos, pelo visto. E dos “males” dos outros? (Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Operações Especiais)

1. Mensagem do nosso camarigo Joaquim Mexia Alves (ex-Alf Mil Op Especiais da CART 3492/BART 3873, Xitole/Ponte dos Fulas; Pel Caç Nat 52, Ponte Rio Undunduma, Mato Cão e CCAÇ 15, Mansoa, 1971/73) com data de hoje, 9 de Setembro de 2025:


Dos nossos “males” sabemos, pelo visto. E dos “males” dos outros?

Vejo e leio muitas vezes aqui na Tabanca Grande textos sobre os “os males” provocados pelas Forças Armadas Portuguesas na Guiné, e não só, (como recentemente o uso do napalm), mas raramente, ou nunca, se encontram por aqui textos relatando “os males” que o PAIGC, e não só, provocou nos militares portugueses e nas populações durante a guerra, porque sobre o acontecido depois do 25 de Abril até há alguns textos sobre o que então se passou.

Escreve-se sobre coisas que uma grande parte das vezes apenas se ouviu falar, histórias contadas e que terão sido praticadas pelos militares portugueses, mas sobre coisas semelhantes praticadas pelos militares do PAIGC, pouco ou nada se diz.

Eu, por exemplo, ouvi contar várias histórias que terão acontecido durante e depois de emboscadas feitas pelo PAIGC, mormente no conhecido “carreiro da morte”, mas, porque de tal não sou testemunha presencial e são histórias muitas vezes repetidas, evito falar ou escrever sobre as mesmas.

Mas com tanta gente que aqui vem todos os dias, não haverá ninguém que escreva e dê testemunho sobre isso?

Calculo que não seja politicamente correcto, como hoje em dia se diz, mas se este espaço se quer considerar um repositório mais ou menos fiel dos acontecimentos da guerra na Guiné, não deveria também ter essas histórias do “outro lado” aqui contadas?

É uma espécie de desafio que aqui deixo, para que a verdade não exista só para um dos lados, mas para ambos, pois a paz só se constrói verdadeiramente na verdade.

Marinha Grande, 9 de Setembro de 2025
Joaquim Mexia Alves

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Nota do editor

Último post da série de 4 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27091: (in)citações (277): O cérebro também pode apodrecer (Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)

Guiné 61/74 - P27198: Álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) - Parte XXVII: a igreja de Santa Ana, em Mansoa

Foto nº 1 > Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71)  >  A avenida da igreja... À esquerda,  a igreja de Santa Ana (há quem lhe chame apenas capela, mas há diferenças do ponto de vista arquitetónico e litúrgico engre capela e igreja); e o edifício dos CTT à direita.


Foto nº 1A >Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71)  >  A avenida principal: à esquerda, ficava a igreja, e à direita, visível na foto, a, o edifício dos CTT (que era "chapa um", igual em todo lado)... A avenida  tinha postos de iluminação pública (pelo menos desde o início dos anos 60, a avalora por fotos mais antigas ... Ao fundo, há edifícios, presumivelmente de comerciantes. Mansoa era sede de cirunscrição.



Foto nº 1B > Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71)  > Em primeiro plano, um militar, um 1º cabo (?), muito provavelmente da CCS/
BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71).



Foto nº 2 > Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Interior da igreja de Santa Ana, de uma só nave, O edifício deve ser dos anos 50, desenhado pelo Gabinete de Urbanização Ultramarina (1951-1957), designado anteriormente por Gabinete de Urbanização Colonial (1944-1974), e a que sucedeu, a partir de 1857, a Direcção de Serviços de Urbanismo e Habitação do Ministério do Ultramar, tudo sempre centralizado em Lisboa.



Foto nº 3 > Guiné > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71)  > Igreja da paróquia de Santa Ana: pormenor do altar-mor, e da imagem da Santa Ana e da Virgem Maria. O pároco na época era o padre José Patrocínio. 


Foto nº 4 > Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Ábside e torre sineira da capela... Não sabemos como era a orientação geográfica do edifício, mas em princípio a ábside (onde fica o altar-mor) nas  igrejas católicas é virada para leste, enquanto a fachada (ou entrada principal) é para ponte.  Esta orientação  do altar-mor para o leste, era tradicionalmente uma prática da arquitetura religiosa cristão chamada   ad orientem, simbolizando a espera pelo retorno de Cristo pela “luz” do nascer do sol.



Foto nº 4A > Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Se esta foto foi tirada, como parece pela vegetação, no tempo das chuvas (maio / outubro), o galo (/catavento) na torre sineira indicaria que o ventio estava a soprar predominantemente no sentido Sudoeste / Nordeste, vindo do Oceano Atlântics (esstes ventos, conhecidos como monções, são quentes e carregados de humidade, sendo os responsáveis pela elevada pluviosidade que caracteriza esta época do ano naquela parte de África). Sendo assim, a ijreja foi construída "ad orientem".



Foto nº 4B > Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > 
BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Igreja católica de Santa Ana (pormenor): parte da ábside e da torre sineira; ao fundo, do lado esquerdo, o edifício dos CTT; em primeiro plano, o capelão, sentado no muro exterior.



Foto nº 5 > Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > 
BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) >  Igreja de Santa Ana: vista do muro exterior, da ábise, da torre sinera e parte do corpo principal de uma só nave; pela luz, parece a que disposição do edifício é "ad orientem", isto é, com a ábside orientada para leste.  Em 1971/72, a torre sineira terá sido  danificada por um ataque do  PAIGC (facto a confirmar ou documentar).



Foto nº 6 > Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > 
BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Igreja de Santa Ana: fachada (entrada principal); grupo de cinco jovens sentados no muro circundante, exterior.



Foto nº 6A> Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > 
BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) >  Igreja de Santa Ana: grupo de jovens,
 sentados no muro circundante, exterior; pareecem ser "assimilados" (pelo vestuário), e provavelmente  ligadis à paróquia.
  


Foto nº 7> Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > 
BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Outra vista da entrada principal (fachada), que dava para a "avenida da igreja"... Em frente, do lado direito, ficava o edifício dos CTT.



Foto nº 7A > Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > 
BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Igreja de Santa Ana, poormenor da fachada (1)



Foto nº 7B> Guiné  > Zona Oeste > Região do Oio > Mansoa > 
BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) > Igreja de Santa Ana, poormenor da fachada (2)

Fotos do álbum do Padre José Torres Neves, antigo capelão militar.

Fotos (e legendas): © José Torres Neves (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

 


 1. Mais um conjunto de fotos (17) enviadas no passado dia passado dia 2 de agosto pelo nosso  camarada e amigo Ernestino Caniço;

(i) ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa; Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, Bissau, fev 1970/fev 1971, hoje médico, a residir em Tomar; o Ernestino Caniço fez amizade com o Zé Neves, e este confiou-lhe o seu álbum fotográfico da Guiné, que temos vindo a publicar desde março de 2022; são cerca de duas centenas de imagens, provenientes dos seus diapositivos, digitalizados; uma coleção única, preciosa;

(ii) o Ernestino Caniço tem sido o zeloso e diligente guardião do álbum fotográfico da

O capelão José Torres Neves,
missionário da Consolata

 Guiné, deste padre missionário da Consolata, José Torres Neves, natural de Meimoa,  Penamacor,  merecendo os dois os nossos melhores elogios e saudações.

(iii) o Padre Neves, nosso grão-tabanqueiro, reformou-se recentemente de uma vida inteira, generosa,  abnegada, dedicada às missões católicas, nomeadamente em África; tm já cerca de 4 dezenas de referências no nosso blogue


2. Neste poste, selecionámos apenas fotos da igrejade Santa Ana. 

Mansoa, localizada na região de Oio, foi um centro de resistência balanta contra a colonização portuguesa até o início do século XX, quando os portugueses estabeleceram um posto militar permanente em 1913 após várias "campanhas de pacificação", onde se destacou o "capitão-diabo" (Teixeira Pinto). (1913-1915). A povoação balanta pertencia ao regulado de Braia.

A missão católica em Mansoa foi fundada oficialmente apenas em 1953, quando monsenhor José Ribeiro criou a missão de Santa Ana de Mansoa e a confiou ao padre franciscano Júlio do Patrocínio. Isso mostra que a presença missionária católica institucional em Mansoa é relativamente recente e só se tornou possível depois do controle colonial efetivo. Até então a presença da igreja católica estava circunscrita ao Cacheu e a Bissau.

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Nota do editor LG:

Último poste da série > 15 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P27017: Álbum fotográfico do Padre José Torres Neves, ex-alf graduado capelão, CCS/BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) - Parte XXVI: a presença da Igreja Católica em Mansoa

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27197: Notas de leitura (1836): O uso do napalm na guerra da Guiné, na Revista de Relações Internacionais de Junho de 2009 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Outubro de 2024:

Queridos amigos,
Não encontro somente na Feira da Ladra correspondência que já devia estar guardada no Arquivo Histórico-Militar, os vendedores de espólios permitem-nos adquirir pequenos tesouros informativos, obras desconhecidas, artigos inseridos em publicações onde não era imaginável encontrar um artigo como este, como o uso de napalm na Guiné. De 2009 à presente década, têm surgido relatos, sobretudo de oficiais da Força Aérea, que sugerem o uso de tais bombas e desfolhantes. Há que aguardar com expectativa o derradeiro livro que o José Matos está a escrever sobre o Santuário Perdido (história da Força Aérea na Guiné, falta o período 1973-1974) para saber se esta questão das bombas de napalm é pelos autores equacionada.

Um abraço do
Mário



O uso do napalm na guerra da Guiné

Mário Beja Santos

Na revista Relações Internacionais R:I, n.º 22, junho de 2009, António Araújo e António Duarte Silva publicaram o artigo intitulado O uso de napalm na guerra colonial. O ponto de partida foi o conjunto de quatro documentos localizados no Arquivo da Defesa Nacional: 

  • um documento datilografado, classificado “muito secreto”, com a assinatura do Tenente-Coronel José Luís Ferreira da Cunha, do Gabinete do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, de 9 páginas, com a data aproximada de 9 de maio de 1973; 
  • um documento em papel timbrado do Comando-chefe das Forças Armadas da Guiné, classificado “secreto”, datado de Bissau, 27 de maio de 1974 e assinado pelo Comandante-Chefe Carlos Fabião; 
  • um documento com indicação “Comando-chefe das Forças Armadas da Guiné – Quartel General, 3.ª Repartição”, datado de 28 de maio de 1974;
  • documento datado de 19 de junho de 1974, não assinado, classificado como “secreto”, do Chefe do Gabinete do Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, Tenente-Coronel Ferreira da Cunha, destinado ao Chefe do Gabinete do Chefe de Estado-Maior da Força Aérea, o assunto é “bombas napalm”.

Da análise interna feita por estes autores, pode apurar-se: um documento anterior ao 25 de abril, muito provavelmente do início de maio de 1973, que justifica a posse e utilização de napalm e outras armas incendiárias pelas Forças Armadas Portuguesas nos três teatros de operações; um ofício, de 27 de maio de 1974, do Comandante-Chefe Carlos Fabião, solicitando instruções quanto ao destino a dar às bombas napalm existentes naquele território, quantificadas em 1170 bombas NAP de 350 litros e 790 bombas NAP de 100 litros, sugere-se a sua transferência para a Ilha do Sal. Documentos de incontestável valor histórico, com o condão de exigir uma reflexão mais aprofundada quanto ao uso de bombas incendiárias em combate por parte das Forças Armadas portuguesas.

À data da publicação deste artigo dizia-se não existirem estudos especificamente dedicados ao tema. Havia algumas menções como, por exemplo, num artigo de Mário Canongia Lopes publicado na revista Mais Alto, e o livro de Luís Alves Fraga intitulado A Força Aérea na Guerra em África – Angola, Guiné e Moçambique, Prefácio, 2004. 

Estas referências aludem a napalm utilizado contra objetivos militares bem definidos, tais como posições de artilharia antiaérea, napalm carregado em depósitos de origem norte-americana havendo combustível fornecido por Israel. Adiantam os autores que era reconhecido o uso de bombas de 50 quilos de 60 litros de napalm em certas operações de destruição de meios antiaéreos do PAIGC, caso das operações Resgate e Estoque.

Parece claro, aceitando o depoimento do Marechal Costa Gomes, que no seu tempo de Comandante-Chefe em Angola nunca se utilizou napalm, embora reconhecendo que havia napalm e desfolhantes no território, que tais desfolhantes foram usados só no Leste. Publicadas estas declarações, vários oficiais vieram negar veementemente que as nossas tropas algum dia tivessem utilizado napalm. E os autores voltam a observar que, pelo menos até meados de 1973, as Forças Armadas portuguesas utilizaram napalm e outras bombas incendiárias nos três teatros de operações em África.

Napalm e bombas incendiárias são uma das matérias mais controversas quanto ao seu uso durante as guerras, daí o silêncio quase absoluto do assunto. A Guiné era o território onde mais se recorria a este tipo de armamento. O consumo médio mensal era de 42 bombas incendiárias de 300 kg, de 72 bombas incendiárias de 80 kg e de 273 granadas incendiárias M64. 

O napalm foi utilizado na Guiné desde 1965, nomeadamente na operação Resgate, realizada na Península do Cantanhez, e tudo indicia que as bombas incendiárias foram usadas até ao 25 de Abril de 1974.

Voltando ao indisfarçável incómodo que se traduzia no uso destas armas, sabia-se que a opinião pública tinha um horror visceral pelo uso destes líquidos inflamáveis à base de gasolina gelificada. E os autores adiantam um elemento histórico informativo sobre o uso do napalm e o pavor da opinião pública, referindo que a partir da guerra do Vietname os seus efeitos sobre os seres humanos apareceram ilustrados em imagens crudelíssimas, divulgadas por todo o mundo. 

É o caso da célebre fotografia de uma rapariga sul-vietnamita de 9 anos, gravemente queimada pelo napalm, a fugir dos bombardeamentos, publicada em 1972. De acordo com a informação disponível não foram captadas imagens deste teor.

Igualmente os autores recordam os preceitos do direito internacional, ao tempo ainda não se podia falar rigorosamente de interdição das armas bacteriológicas (ou biológicas) e, muito menos, das armas químicas. Seja como for, em agosto de 1968, Amílcar Cabral enviara uma petição à Comissão de Descolonização da ONU, assinalando que as forças portuguesas bombardeavam intensamente o território com napalm e fósforo branco e se preparavam para recorrer a produtos químicos desfolhantes e tóxicos contra as populações locais, uma matéria que levou à resolução condenando Portugal. 

No ano seguinte, Cabral voltou a denunciar o uso de napalm pelas forças militares da Guiné, na sua intervenção oral o líder do PAIGC denunciou tais bombardeamentos, estavam comprovados com testemunhos.

Voltando à análise dos quatro documentos constantes do Arquivo da Defesa Nacional, o marechal Costa Gomes despachou favoravelmente a proposta de Fabião para a retiradas das bombas da Guiné, o que não deixa de nos provocar uma certa estupefação já que Costa Gomes tinha afirmado nada saber contra o uso de napalm na Guiné. 

Quanto a António de Spínola, apesar de nunca se ter pronunciado expressamente sobre o tema, podem citar-se alguns testemunhos inequívocos constantes no livro sobre a guerra da Guiné publicado em 1973 na África do Sul, foi seu autor Al Venter, o uso de bombas napalm armazenadas no aeroporto de Bissau, não correspondiam a marcas da NATO ou dos Estados Unidos, alguns dados sugeriam que Portugal se encontrava a produzir as suas próprias bombas. Também da leitura à informação do Tenente Manuel Ferreira da Cunha se pode depreender que havia justificação para a continuação do recurso àquele tipo de armamento.

No termo do seu artigo, os autores realçam um ponto: até ao 25 de Abril uma quantidade apreciável de bombas incendiárias permaneceu em África – ou, pelo menos, na Guiné. Se continuaram a ser utilizadas após a informação de Ferreira da Cunha, é algo que se desconhece. Mas estes documentos revelam que a incómoda e desconfortável presença do napalm em África se prolongou, pelo menos, até maio de 1974.

Napalm montadas em T6, na BA 12. Foto de Arnaldo Sousa
Guiné 1969, T6 com bombas de napalm. Foto de Alberto Cruz
BA 12 - Fiat armado com bomba de Napalm.
Imagens retiradas do blogue Clube de Especialistas do AB4
Imagens retiradas de um artigo do Major General Piloto Aviador Krus Abecasis sobre o uso do napalm em operações para destruição de sistemas antiaéreos do PAIGC, publicado na Revista Militar, dezembro de 2008

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Nota do editor CV:

Por pura coincidência, e uma vez que as recensões do nosso confrade Mário Beja Santos, são publicadas, normalmente, por ordem de chegada, o assunto de hoje tem a ver com o que andamos a discutir actualmente no Blogue, o uso de bombas incendiárias/napalm na Guiné.
Fica a justificação, mesmo que desnecessária.

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Nota do editor

Último post da série de 5 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27188: Notas de leitura (1835): Para melhor entender o início da presença portuguesa na Senegâmbia (século XV) – 10 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P27196: Manuscrito(s) (Luís Graça) (272). Erguemos a taça à tua, / Que a saúde está primeiro, / Sete sete é capicua, / Viva o nosso Zé Carneiro!


Marco de Canveses > Candoz > s/d > José Ferreira Carneiro, nascido em 8 de setembro de 1948, dia da festa de Nossa Senhora do Castelinho,  na quinta de Candoz, Paredes de pedra, Marco de Canaveses. Entre Douro e Minho, Portugal. Produtor-engarrafador de vinho verde.  Membro da Tabanca de Candoz... 



Lourinhã > Praia da Areia Branca > 18 de agosto de 2025 > O Zé na festa de aniversário da mana Chita (que fez 80). São agora os manos mais novos da família Ferreira Carneiro,



Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Quinta de Candoz > 1 de setembro de 2025 > O Zé é um dos trabalhadores da "vinha do Senhor"... A 13 é já a primeira vindima. Claro que ele vai cá estar, mas só para super...visionar.



Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Quinta de Candoz > 1 de setembro de 2025 > Rio Douro, a albufeira da barragem do Carrapatelo, Porto Antigo, serra de Montemuro, já no distrito de Viseu...

Fotos (e legendas): © Luís Graça 2025). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




É o nosso mano querido, José Ferreira Carneiro, o nosso Zé, 
faz anos hoje, 8 de setembro,
 77 anos, uma capicua. 

Nasceu em 1948, na festa da Senhora do Castelinho (padroeira da cidade, hoje é feriado no Marco).
Tem um filho, Pedro, e um neto, Diogo.  
A primeira esposa morreu, cedo, 
Carmen, mãe do Pedro. 

Voltou a casar, agora com a Teresa Mesquita.
Vive com ela (e a sogra, a Dona Olinda, e o enteado Luís) em Matosinhos.
São Mamede de Infesta, Padrão da Légua.

Trabalhou nos seguros. 
Está agora reformado. 
Também foi técnico de gás, como trabalhador independente. 
É um jeitosinho, um homem dos sete ofícios.
Ainda aprendeu, com o pai, a arte de ramadeiro.
Mas não ficou na terra, 
o apelo da cidade, a Invita, o Porto, era maior.
Lá podia estudar e fazer-se homem.
Hoje já tem Gmail, 
como qualquer português que se preze.
Mas não faz parte da Tabanca Grande,
até porque não esteve na Guiné.

Foi às sortes,  fez a tropa.
Foi parar ao Norte de Angola, em 1970/72, 
como 1º cabo de transmissões, 
numa companhia mista, de metropolitanos e angolanos. 

Não fala da guerra colonial. 
Não fala com emoção. 
Passou, passou, o tempo da tropa e da guerra.

Gostou de Camabatela e de Luanda. 
Andou na região do café, com a sua companhia 
a guardar as costas dos grandes fazendeiros do café. Se

O que ele mais adora é vir trabalhar na Quinta de Candoz, 
onde nasceu.
Duas vezes por semana.
Trabalhar é limpar bordas,
é podar videiras,
é sulfatar,
é aparar carvalhos e castanheiros,
é sachar, é cavar, 
é tratar da horta, dos tomates aos pimentos,
é regar,
é rachar lenha,
é abrir buracos,
é limpar as minas,
é manter o sistema de rega,
é fazer o vinho,
é cuidar das cubas de inox,
é engarrafar,
é pôr, com muito carinho, o rótulo "Nita" nas garrafas...
é tudo isto e mais outras mil e uma coisas,
que ele não é de home de capinar sentado.
E é legalmente o produtor-engarrafador do nosso vinho "Nita".


Adora os manos (Tó e Manel, mais velhos,
o Tó, o "brasileiro", DAF - Deficiente das Forças Armadas),
e as manas, Rosa (a mais velha), Chita e Nita (que já faleceu). 
Ele é o mais novo de seis.  
O caçula.
É trabalhador, é leal, é alegre, é efusivo, é generoso. 
Tem às vezes azar com o "esqueleto". 
É "accident-prone", 
propenso a videntes...
Já foi operado à coluna. 
Devia ter mais cuidado com os trabalhos pesados... 
Mas é um "mouro de trabalho". 
Não pode estar parado. 
Anda agora com um colete, porque partiu uma vértebra. 
Estar parado não é com ele. 
Está infeliz porque agora vão ser as vindimas, 
e o médico não o deixa fazer disparates. 
Os mais novos que trabalhem, resigna-se ele.
Daqui as duas semanas estará pronto para outra. 

Fizemos  umas quadras, uns versinhos. 
De parabéns. 
Que ele bem precisa,  para levantar o ânimo. 
E bem merece. 
Afinal, ele é o melhor de todos nós.
 
Aqui vai, com todo o carinho, umas quadras para o nosso Zé,
que tem direito a festa, alegria, rancho melhorado
... e ânimo no dia dos seus 77 anos 
(para mais,   uma capicua!):


José Ferreira Carneiro,
setenta e sete a contar,
és mano, és companheiro,
sempre pronto a ajudar.

Na guerra foste valente,
calhou-te Camabatela,
nunca estiveste doente,
nem lá partiste a costela.

Homem bom, leal e forte,
não querias ser lavrador,
não te podes queixar da sorte,
tens família, tens amor.

Rebento da melhor casta,
dos Ferreira e Carneiro,
um dia passas a pasta
ao teu Pedro, "engenheiro".
 
Agora estás no estaleiro,
com o colete a apertar,
logo voltas ao terreiro,
ainda há muito p'ra vindimar.

Responde, contente, o Zé,
com o seu jeito brincalhão:
“Hei de morrer de  pé,
sou um mouro dum c*brão!"

Mouro só a trabalhar,
que no resto é azul e branco,
passa o tempo a chorar
por andar agora manco.

"Com a vindima mesmo à porta, 
e eu não me posso agaitchar,
com esta coluna torta,
nada faço, nem cantar."

Ao médico, obedece,
não nasceste p´ra morrer,
nada de freima ou stresse,
quem trabalha quer  viver.

Esta idade ninguém ta dá,
nem com brancas no cabelo,
sê feliz, agora e já,
sê Carneiro, e não... Camelo!

Erguemos a taça à tua,
que a saúde está primeiro,
sete sete é capicua,
viva o nosso Zé Carneiro!
 
 
Brinde:

Setenta e sete anos,
 uma vida cheia de trabalho, de generosidade e de amor.
De amor  à  sua família, 
e à nossa família alargada, de Candoz.

É o mais novo dos nossos manos,
mas sempre foi um exemplo de força, de alegria e de companheirismo.

Mesmo quando a saúde lhe prega partidas, 
nunca perde o sorriso  nem a vontade de ajudar.
Por isso, ao Zé e aos manos, 
mas também  ao Pedro, ao Diogo, à Teresa, à Dona Olinda, 
e a todos nós, aqui presentes,   levantemos  o copo!...

Ao nosso Zém afinal, não falta nada:
tem anos, tem família, tem alegria… 
só às vezes lhe falta juízo, 
porque o médico mandou-o descansar, por quatro semanas,
e ele já quer é ir para vindimas!

Brindemos a ele, 
que descanse muito por agora, 
que recupere a saúde, 
que beba um copo do nosso vinho
 e que dure... pelo menos até aos aos cem!

 Viva o nosso Zé!

Candoz e Matosinhos, 8 de setembro de 2025, Alice e Luís
 
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Nota do editor LG:

Guiné 61/74 - P27195: Memórias da tropa e da guerra (Joaquim Caldeira, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 2314 / BCAÇ 2834, Tite e Fulacunda, 1968/69) (10): Ataque à Tabanca de Feninquê

1. Mensagem do nosso camarada do Joaquim Caldeira, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2314 / BCAÇ 2834 (Tite e Fulacunda, 1968/69), com data de 5 de Setembro de 2025:

Boa tarde, caro Luís
Desta vez vai uma das noites que marcaram a minha presença em Tite.

Um abraço e bom fim de semana.
J.Caldeira



TABANCA DE FENINQUÊ

Quem ainda se lembra de uma tabanca a sul de Tite, composta por meia dúzia de palhotas e habitada por uma população que era fiel à nossa bandeira? Pelo menos assim parecia e pareceu. Chamava-se Feninquê.
Localização da tabanca de Feninquê a sudoeste de Tite
Infogravura: © Luís Graça & Camaradas da Guiné. Carta de Tite 1:50.000

Mais uma noite de muita chuva. Onze na noite. A aldeia estava a ser atacada e pelo que se ouvia, tínhamos a certeza de que estava a ser dizimada.

O já Coronel Hélio Felgas manda que a 15.ª Companhia de Comandos, nessa noite em passagem por TITE, vá em socorro da aldeia. Não sei o que se passou para que o seu comandante se escusasse e, ironia, não foi a Companhia de Caçadores 2314 que saiu em defesa daqueles pobres? Nunca percebi porquê, mas de uma companhia, foi resolvido que quem iria era o 2.º pelotão. E, como não podia deixar de ser, fui eu a comandar.

Acertadas as logísticas de aproximação, havia que evitar um campo de minas colocado na picada, foi-me entregue um mapa com as coordenadas rigorosas para eu seguir e, após avistar a tabanca, informar a sede do batalhão para onde deveria ser feito fogo de obus para neutralizar o IN e possibilitar-me o resgate da população.

Cheguei tarde. Só encontrei morte e destruição à minha chegada. Ainda assim, pressentindo que o IN estivesse em fuga pela margem esquerda do rio, pedi fogo nessa direção, o que não resultou em nada.

Reuni os habitantes que sobreviveram e, com a ajuda dos homens válidos, improvisámos umas macas para transportar os feridos que seriam tratados pelo médico do Batalhão de Tite. Encetámos o regresso já de dia bem alto e sem chuva. À chegada foi como se nada se tivesse passado. Apenas me ordenaram que elaborasse um relatório da operação.

Afinal, as companhias de Comandos, bem formadas e bem equipadas, também se escusavam a cumprir tarefas que pudessem comportar algum perigo. Será que ainda alguém se lembra deste episódio?
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Nota do editor

Último post da série de 31 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27170: Memórias da tropa e da guerra (Joaquim Caldeira, ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 2314 / BCAÇ 2834, Tite e Fulacunda, 1968/69) (9): O perfume da Enfermeira Paraquedista

domingo, 7 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27194: Efemérides (466): Homenagem do povo de Vila do Conde ao Padre Bártolo Paiva Gonçalves Pereira, Capelão Militar em Angola, Guiné e Moçambique, a levar a efeito hoje, dia 7 de setembro (Virgílio Teixeira, ex-Alf Mil SAM)

Virgílio Teixeira 
1. Mensagem do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM , CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), com data de hoje, 7 de setembro de 2025:

Boa noite, Luís:
Lembrei-me agora desta homenagem que o povo de Vila do Conde vai fazer, hoje domingo, dia 7 de setembro, a uma figura ligada ao sacerdócio e nesta época em Vila do Conde.

O povo juntou-se e angariou 150 convivas para a sua homenagem, como homem bom, de fé, culto e amigo.

Fez 90 anos no dia 3 de setembro e hoje, dia 7, vai celebrar o seu aniversário e em especial uma homenagem ao padre em si.

É do concelho de Santo Tirso, foi incorporado no serviço militar como capelão. Passou 30 anos na tropa e 13 dos quais nos cenários de guerra. Está reformado como major graduado. É do meu tempo na Guiné embora nunca o tenha conhecido lá .Era capelão-mor no QG. Passou por Angola, Guiné e Moçambique, onde deixou obra feita.

Depois de 30 anos de tropa, reformou-se e esteve na Suíça outros 30 anos como sacerdote onde aprendeu muita coisa das vidas. É homem sem pergaminhos, aberto, conversado e de uma enorme cultura geral.

É nosso amigo, dá missa ainda aqui na Igreja do Desterro e é ele que preside a todas as cerimónias militares. Não se lhe conhecem convicções.

Vive sozinho aqui perto em zona de primeira, vive bem com boas reformas. Uma irmã vem fazer a sua sopa e ajudar na casa.

Tornámo-nos amigos de café onde passamos as tardes de domingo. Agora juntou-se outro casal amigo, o ex-alferes Alberto Leite,  da CHERET, de que já aqui foram publicados alguns excertos da sua vida.

Podemos falar à vontade de tudo,  ele sabe mais que nós todos.

Não há tempo para dizer muito mais, dos livros que escreve oferece sempre um exemplar com dedicatória, como este que junto umas fotos. O próximo a sair é sobre a mulher.

Os festejos começam com missa às 11h na Igreja Matriz, depois almoço no hotel Santana.
Seguidamente as celebrações na Matriz.

Não há nada de política, são causas espontâneas do povo. Nem apoio religioso. Embora esteja também inscrito, o padre da paróquia, por sinal não se dão bem. São gerações com 45 anos de diferença. O padre mestre é um pretensioso que ninguém vai à sua bola, as pessoas fogem dele, de origem burguesa que só usa tudo de marca e luxo.

Caso interesse, esta referência no blogue fica ao teu cuidado.
Boas vindimas.

Um abraço
Virgílio

2. Comentário do editor LG:

O padre Bártolo Paiva Pereira é o n.º 28 da lista dos 102 capelães que serviram o exército, no CTIG, entre 1961 e 1974. (Houve mais 7 na Força Aérea e 4 na Marinha; no total, 113.) E foi um dos quatro que exerceu funções de capelão-chefe. 

Esteve no CTIG em 1966/67. Aproveitamos para lhe mandar um "balaio" de parabéns e votos de saúde e alegria, por ocasião do seu 90º aniversário, em nome dos editores e dos demais amigos e camaradas da Guiné.  

Fica convidado a integrar a nossa Tabanca Grande, tendo como padrinho o seu amigo, vizinho e camarada Virgílio Teixeira. Gostaríamos de poder reproduzir alguns excertos do seu livro. E, se possível, ter acesso a um exemplar. Que Deus, Alá e os bons irãs o protejam!
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Nota do editor

Último post da série de 19 de agosto de 2025 > Guiné 61/74 - P27133: Efemérides (465): 21 de Julho, Dia da Arma de Cavalaria, comemorado em 1970, em Nova Sintra, com rabanadas (Aníbal José da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)