quarta-feira, 12 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24472: Historiografia da presença portuguesa em África (376): O General Craveiro Lopes na Guiné, maio de 1955 (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Dezembro de 2022:

Queridos amigos,
Há momentos nesta viagem presidencial em que se pressente, que mesmo discretamente na retaguarda, é o ministro do Ultramar que regozija com o legado deixado em cerca de 3 anos de governação. Onde quer que chegue a comitiva presidencial, Sarmento Rodrigues é recebido com a maior cordialidade, tanto pelos agentes coloniais, empresários, administrativos, como pelas autoridades gentílicas e o povo que desassombradamente o saúda. O que se passou em Bissau é flagrante, está tudo marcado pela gestão de Sarmento Rodrigues, dos equipamentos de saúde à educação, às infraestruturas desportivas, às melhorias da ponte do cais de Pidjiquiti. A viagem a Bolama de certo modo deixa o jornalista consternado, fala nas populações em delírio, mas não esconde a dor e a melancolia que aquela cidade ao abandono provoca, houve manifesta incapacidade de gerir com equilíbrio a transferência da capital, Sarmento Rodrigues ainda tentou um acordo com os potentados económicos para estes se manterem firmes naquela região agrícola tão exuberante, mas os negócios foram-se transferindo para Bissau, inexoravelmente Bolama caiu no esquecimento, o que assombra quando o seu património era tão interessante.

Um abraço do
Mário



O General Craveiro Lopes na Guiné, maio de 1955 (2)

Mário Beja Santos

Salazar não viajava, mas pôs os seus presidentes da República a visitar parcelas do império. Eleito em 1951, o general, a sua mulher, o ministro do Ultramar e a sua mulher, partem do aeroporto da Portela em 2 de maio de 1955, pelas 7h30 e aterram em Bissalanca pelas 15h locais. É governador da Guiné Diogo de Melo e Alvim. O jornalista de serviço tece laudas à comitiva e ao séquito político que se vai despedir do presidente da República para esta viagem que não será curta. Fizeram-se obras em Bissalanca para haver uma pista capaz de receber uma aeronave daquele tamanho.

Já estamos a 5 de maio, Craveiro Lopes começa o dia visitando o Dispensário do Mal de Hansen, percorreu três exposições que o jornalista (presume-se Rodrigues Matias, ele aparece como coordenador dos dois volumes a que aqui se faz referência do diário da viagem) classifica a primeira como consoladora, a segunda como banal (à primeira vista) e a terceira macabra. O ilustre visitante recebe uma lembrança, um bordado com as palavras “Seja bem-vindo”, trabalhado a linhas encarnadas sobre linho branco. Das três mulheres doentes que haviam bordado aquele pano, uma não tinha dedos nem mãos. O jornalista foi ao seu encontro e dá-nos um quadro comovente. Enquanto Craveiro Lopes se mantém no Dispensário, o jornalista visita a Cumura, povoação do posto de Prábis, escolhida em tempos pelo comandante Sarmento Rodrigues para local de isolamento dos leprosos contagiosos. E diz-nos o jornalista que ali vivem, num mundo reduzido em pouco, mais de duas centenas de infelizes de ambos os sexos.

Bor, onde Craveiro Lopes se dirigiu após a visita ao Dispensário, é um desconhecido éden da ilha de Bissau, a 6 km da cidade. Ali foi criado um Reformatório de Menores e Asilo de Infância Desvalida, a cargo das Missões Católicas. A designação foi mudada para Asilo de Infância Desvalida de Bor. O ilustre visitante distribui a cada criança um pacote de rebuçados. Craveiro Lopes foi inesperadamente visitar o posto de Prábis. No caminho passou sob um maravilhoso túnel de cajueiros, e diz-nos o jornalista que se tratava de um pormenor que iria ter ocasião de apreciar largamente pelo interior: milhões de cajueiros plantados ao longo de todas as estradas da Guiné.

Findo o programa da manhã, vamos ao da tarde. Craveiro Lopes comparece ao grande festival militar, escolar e desportivo no Estádio de Bissau. Ao centro do campo de futebol formavam a tropa, a mocidade portuguesa, uma companhia de caçadores indígenas, 60 filiados do Centro de Milícias; atrás deste contingente, estão centenas de alunos das escolas oficiais e missionárias, 200 atletas dos clubes desportivos e uma coluna de tropa de segunda linha. Depois do desfile, realizou-se a final de um torneio de futebol entre o Sport Lisboa e Bissau (o Benfica local) e o Clube Futebol Os Balantas (o Belenenses local), ganhou o primeiro. Seguidamente, foram agraciados clubes desportivos e 17 chefes indígenas do concelho de Bissau. Craveiro Lopes sai do estádio em apoteose.

É nesta circunstância que o jornalista aproveita para descrever o concelho de Bissau lembrando que da sua população de 30 mil habitantes, há 22 mil da etnia Papel e 5 mil da etnia Balanta. A 6 de maio, a ilustre comitiva parte para Bolama no aviso Bartolomeu Dias, sem, porém, o jornalista nos ter descrito ao pormenor a nova ponte do cais do Pidjiquiti. Ele trata Bolama como a capital que foi, a visita presidencial é um tanto apresentada como uma romagem de saudade, um misto de peregrinação e desagravo. Faz-se a história da ocupação da primeira capital da Guiné e subitamente surge-nos uma referência a Silva Gouveia, o homem que criou um potentado económico na Guiné: “Silva Gouveia, que chegara à Guiné tão moço como pobre, dedicava-se à pesca; depois abrira padaria e casa de comidas para as praças da guarnição, na rua Marquês d’Ávila; em seguida, arranjara-se a construir edifícios de pedra e cal e requerera licença para lançar um muro-cais em frente da sua maior instalação. Era o colosso a desferir o voo para o grande triunfo que o esperava.”

Há laivos de melancolia nas descrições que se seguem. Bissau, em crise de crescimento repentino, comprava, para cobrir mais casas, as telhas que os proprietários bolamenses arrancavam das suas moradias abandonadas. Mas o jornalista está ali para pintar a cena em cores triunfais, temos a população em massa a acompanhar a viagem de Craveiro Lopes até aos Paços do Concelho, este o edifício da mais elevada categoria arquitetónica. Seguem-se os discursos do presidente da autarquia e do representante do comércio local – todos sonham com o revigoramento de Bolama. No final da sessão, foi lida a portaria que concede escudo de armas e bandeira própria à cidade de Bolama, Craveiro Lopes entregou nas mãos do presidente de autarquia a bandeira já com brasão, entre os calorosos aplausos de toda a assistência.

Segue-se um curioso desfile regional de gentes congregadas no largo Teixeira Pinto, não vai faltar dança frenética. Depois ficamos a saber que no concelho de Bolama não predominam em número os Bijagós, mas sim os Mancanhas. Por entre os dançarinos, um velho exótico passeava despreocupadamente um crocodilo pela arreata de um cordel de juta, o bicho arrastado pela trela dava sinais evidentes de um aborrecimento quase mortal.

Depois do almoço, um trepidante programa de visitas: ao quarte da Companhia Indígena de Engenhos; ao Hospital Regional de Bolama; à Missão Católica e à Igreja de S. José. E vem um encómio do jornalista: “Deixou esta visita ao sr. general Craveiro Lopes a impressão de que a cidade de Bolama se não resigna à condição de vencida pelo facto de ter deixado de ser a capital.”

Segue-se a visita à propriedade Gã Moriá, da firma Silva Gouveia, Craveiro Lopes é recebido pelo administrador D. Diogo de Melo. A Câmara de Bolama ofereceu um Porto de Honra no salão de festas da sede dos Bombeiros Voluntários, a que estiveram presentes todas as autoridades e “a melhor sociedade de Bolama”. À noite, da varanda do Palácio, Craveiro Lopes assistiu às danças Bijagós. O jornalista esmera-se a descrever tais danças, diz que é quase um teatro, logo na intenção do bailado, o bailarino, ajudado pelo corpo de baile que o acompanha, descreve as fases do seu envolvimento com a mulher pretendida, vê-se que esteve atento e que sentiu a densidade daquele processo cultural e artístico.

A 7 de maio, a ilustre comitiva reembarca de regresso às terras do continente. Antes, o jornalista refere que se avista o plano de água em que desciam as grandes aeronaves das primeiras travessias, pista maravilhosa de 6 km de comprimento e 1,8 de largura, no braço de mar chamado Gã Pessoa. Fala-se do desastre aéreo que vitimou os aviadores italianos. Estamos agora a caminho de Fulacunda.


Os dois volumes respeitantes à viagem de Craveiro Lopes à Guiné e Cabo Verde, Agência Geral do Ultramar, 1956
Retrato oficial de Craveiro Lopes no Museu da Presidência, pintura de Eduardo Malta
Dispensário do Mal de Hansen, Guiné Portuguesa
Imagem de uma reportagem da RTP na Guiné no tempo do governador Peixoto Correia
Paços do Concelho de Bolama, já em adiantado estado de ruína
Igreja de S. José, Bolama
Uma das mais admiráveis fotografias de Bolama, publicada no livro "Bijagós: Património Arquitetónico", pelos arquitectos Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade e o fotógrafo Francisco Nogueira; Edições Tinta-da-China, 2016

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 5 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24452: Historiografia da presença portuguesa em África (375): O General Craveiro Lopes na Guiné, maio de 1955 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24471: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte III: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas ZA de Catió e Cabedu: descrição do terreno (relevo e hidrografia, solo, cobertura vegetal, clima, agricultura)

 

Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (Catió 1967/69) > Álbum fotográfico de Victor Condeço, ex-fur mil mec armamento  (1943-2010) > Catió -Ganjola > Rio Ganjola visto da margem esquerda, junto da cambança para o Destacamento de Ganjola Porto. Distava cerca de 5 Km do centro de Catió para Norte.

Foto (e legenda): © Victor Condeço (2010).Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 

Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Sector de Cacine > Cacine, na margem esquerda do Rio Cacine > 2 de Março de 2008 > Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1-7 de Março de 2008) > Visita ao Cantanhez dos participantes do Simpósio > Rio Cacine, perto do cais de Cacine: Tarrafo...

Fotos  (e legendas): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação de alguns  alguns excertos da história da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedu, 1970/72). É mais uma das subunidades, que estiveram no CTIG, e que não têm até à data nenhum representante (formal) na Tabanca Grande.

Recorde-se que embarcou, no T/T Carvalho Araújo, em 19 de setembro de 1970, desfalcada de 3 dos seus oficiais subalternos. Acabou a IAO, em 31 de outubro de 1970, no CIM de Bolama, sem qualquer alferes, sendo os pelotões comandados provisoriamente por furriéis, uam situação anómala e talvez inédita no CTIG. O comandante de companhia era o cap inf op esp Augusto José  Monteiro Valente (1944-2012) (*)

Com base nos elementos de que dispomos (cópia parcial da história da unidade), vamos hoje fazer uma breve caracterização do terreno corresponde à sua Zona d4e Acção (ZA), na realidade duas zonas, e distintas: Catió e Cabedú, na região de Tombali (*)



História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte III:

Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas  ZA de Catió e Cabedu: descrição do terreno  (relevo e hidrografia,  solo,  cobertura vegetal, clima, agricultura)


(22) Caracterização das ZA de Catió e Cabedú:

(222) D
escrição do Terreno:

1. Relevo e hidrografia

As regiões  atribuídas à Companhia (Catió e Cabedú, no Sector S3) caracterizam-se pelo seguinte:

(i) são ambas zonas baixas, planas e praticamente sem relevo;

(ii) corespondem a planícies aluviais,cortadas por muitos rios onde a maré penetra profundamente;

(iii) estes divagam  através de lodos muito espessos, formando uma apertada malha e tornando em consequència extremamemte penosos e fatigantes  todos os deslocamentos apeados;

(iv) determinadas partes das ZA (Zonas de Acção) só são possíveis de atingir através do recurso a meios de navegação fluvial;

(v) merece especial referència pelo valor que representa como obstáculo o rio Ganjola.

2. Natureza do solo

O solo, normalmenmte lodoso e pouco permeável, na época das chuvas alaga com bastante facilidade, em especial nas áreas mais baixas e junto aos tios, agravando a dificuldade de movimentação das NT.

3. Cobertura vegetal

Constituindo como que colunas vertebrais dos compartimentos de terreno definidos pelos vários cursos de água, exitem manchas de floresta densa com árvores de grande porte à mistura com arbustos de 3 a 5 metros.

Todas as margens de água salobra são cobertas  por tarrafo, tipo de vegetação que penetra até onde chega a maré.

4. Clima

Esta zona sofre a influencia de um clima  de monção com;

(i)  temperaturas médias elevadas; (ii) grande pluviosidade; e (iii) excessiva humidade relativa da atmosfera que chega a atingir quase o ponto de saturação durante os meses de chuva.

Existem  diuas estçóes: (i) a das chuvas, de  junho a outubro; e (ii) a época seca, de novembro   a maio em que a chuva é muito rara.

5. Agricultura e pecuária

A  cultura do arroz é a principal riqueza da região. Outras culturas de menor valor: c0la, mancarra, fruta, etc.

O arroz é normalmente cultivado pelos balantas: transformam as lalas (planícias pantanosas) em bolanhas (extensos arrozais).

As bolanhas são delimitadas com diques (ouriques), construídos pelos agricultores com barro. Fazem  os seus viveir0s juntos às casas de onde transferem o plantio para as bolanhas.

A época das chuvas corresponde a um período de intenso labor agrícola para o antivo que nessa altura faz as suas sementeiras. Aproveitam a época seca para a preparação de novas áreas de cultura (derrube de ãrvores e queimadas)

Na sector da pecuária, tem expressõa significtiva apenas a existència de gado bovino.

(Excertos das pp.  3/II e 4/II, História da Unidade)

(Seleção / revisão e fixação de texto / substítulos / negritos: LG)

(Continua)

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 6 de julho de 023 > Guiné 61/74 - P24455: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte II: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas zonas de acção de Catió e Cabedu

Guiné 61/74 - P24470: Parabéns a você (2186): SMor Paraquedista Ref António Dâmaso da CCP 121 e 123/BCP 12 (Guiné, 1969/70 e 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 9 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24463: Parabéns a você (2185): Adriano Moreira, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70) e Arménio Estorninho, 1.º Cabo Mec Auto Rodas da CCAÇ 2381 (Ingoré, Buba, Aldeia Formosa e Empada, 1968/70)

terça-feira, 11 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24469: Memória dos lugares (449): "Chez Toi" / "Gato Negro", uma das referências da "noite de Bissau" (Nelson Herberto / Mário Serra de Oliveira / José Diniz de Sousa Faro)

Guiné > Bissau > s/d > "Aspecto parcial e Câmara Municipal"... Bilhete postal, nº 133, Edição "Foto Serra" (Colecção Guiné Portuguesa")... Ao fundo, do lado direito vè-se a ilha de Rei,

Colecção de postais ilustrados: Agostinho Gaspar / Digitalizações: Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).



Guiné- Bissau > Bissau > c. 1975 > Novo mapa, pós-colonial, da capital da nova república, já com as novas designações das ruas, avenidas e praças, que vieram substituir o roteiro português: av 3 de Agosto, av Pansau Na Isna, etc. Veja-se a localização do porto do Pidjiguiti (para os barcos de pesca e de cabotagem), à esquerda do porto de Bissau (para os navios da marinha mercante). (*)

A av da Unidade Africana separava a antiga Bissau Colonial dos bairros mais populosos como o Cupelon (de Cima e de Baixo), mais conhecfido pelas NT como "Pilão".

Por exemplo, a rua Eduardo Mondlane (assiinalada com um traço a zul) era antiga rua Engenheiro Sá Carneiro:,  parte do Chão de Papel (av. do Brasil), atravessa a av. Amílcar Cabral, a artéria central ( a antiga av. da República,) e vai até ao Hospital Simão Mendes, ao cemitério municipal e à antiga zona industrial...

Era a rua dos Serviços Meteorológicos e da messe de sargentos da FAP (com a independência, foi a primeira chancelaria da embaixada da China.). Em frente aos Serviços Metereolgicos ficava o "Chez Toi" (restaurante, pensão, bar e "boite", mais tarde "Gato Negro").

 
Foto: © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Segundo o nosso amigo guineense, de origem cabo-verdiana, Nelson Herbert,  jornalista que trabalhou na VOA - Voice of America, e viveu nos EUA, estando hoje reformado no Mindelo, São Vicente, a casa de duas moradias que se vê à direita  na primeira imagem acima,  foi a antiga "boite" ou "cabaret" "Chez Toi" (mais tarde "Gato Negro", como antes terá sido "O Nazareno", restaurante e casa de fados)... 

Em frente era a "Estação Meterológica de Bissau".. Antes da independência, esta rua, que era perpendicular à avenida da República (que partia da praça do Império até ao cais do Pidjiguiti) chamava-se rua do engº Sá Carneiro (antigo subsecretário de Estado das Colónias que visitou o território em 1947, sendo governador-geral Sarmento Rodrigues). (***)

2. Mário Serra de Oliveira é outro dos nossos amigos (e camaradas) que conheceu este e outros estabelecimentos da noite  da velha Bissau Colonial, quer como empregado quer depois como empresário do ramo da restauração coletiva.

[Foto à direita: Mário Serra de Oliveira, ex-1.º cabo escriturário, nº 262/66, BA 12, Bissalanca, 1967/68; esteve destacado na messe de oficiais em Bissau, entre maio de 1967 e dezembro de 1968; depois, já como civil, entre janeiro de 1968 e agosto de 1981, como empregado e como emtrsário passou por diversos estebelcimentos: Café Restaurante Solmar, Grande Hotel, Pelicano,  Ninho de Santa Luzia (uma casa sua, que abriu em 14/11/1972), Tabanca, Casa Santos, Abel Moreira, José D’Amura e Oásis; trabalharia ainda  na embaixada dos EUA; é autor, entre outros, do livro "Palavras de um Defunto... Antes de o Ser"(Lisboa: Chiado Editora, 2012, 542 pp, preço de capa 16€]

 
Num extenso texto, reproduzido na Net,  ele fala da “boate” Gato Negro, que antes se chamava "Chez Toi" (**):

(...) "O dono era um locutor de rádio cujo nome creio que era Soares Duarte, uma figura avultada cuja mulher não sei se o suportaria em cima, na exclusividade!" (...)

Mudou de nome e de d0no:

(...) passou a chamar-se... "Gato Negro", cujo dono era o Chico Fernandes. E, aí, ele foi a Portugal de propósito a contratar gado novo – todas com um “Gato Negro” um pouco mais abaixo do umbigo... Algumas vinte, aptas para todo o serviço.

Recordo aqui, já eu com "O Ninho de Santa Luzia" aberto, principalmente às sextas- feiras, me telefonava – sim, tinha telefone naquela ocasião, podia era não trabalhar mas que tinha, tinha… para um almoço para 22 ou 23, depois das 3 da tarde. A ideia, era tentar afugentar os 'mirones'. (...)

(...) Que inocència, a do Chico!... O problema era que...havia tantos esfomeados de 'carne fresca' – mesmo que besuntada de outros  – que até parece que lhes dava o cheiro!...

Então, após já estarem a almoçar, vinham aqueles tipos que só faltava 'comerem-nas com os olhos'...  Ainda tive problemas com alguns, porque se sentavam mesmo em frente da registadora – local do meu trabalho mais assiduamente , e...a comentarem ' olha p’rá aquelas trancas,  caralho!'

 (...) Claro que eu não permitia provocações diretas! O respeitinho era muito bonito e eu tratava de fazer vingar o mesmo!... Enfim...longa estória." (...) (**)



3. Outro depoimento (há mais no blogue), este do nosso tabanqueiro José Diniz Carneiro de Souza e Faro, ex-fur mil art, 7.º Pel Art (Cameconde, Piche, Pelundo e Binar, 1968/70), em comentário ao poste P18910 (***)

(...) De facto no início de 1970 (março a  a junho) existia o Chez Toi onde eu e os meus camaradas da BAC 1 nos untávamos para umas bebidas, era o tempo de partida para a Metrópole (17 de junho no Carvalho Araújo).

 Nessa altura,  creio, foi quando mudou de nome e o gerente era um locutor da Emissora Nacional que esteve na Índia (Goa),  de nome Oliveira Duarte (?), ex-sargento.

 Era um local simpático, com bailarinas recrutadas nas "boites" de Lisboa. Um dos fadistas era o Marco Paulo, já com muito sucesso. Uma das bailarinas era a Luísa,  uma mocinha atraente que encontrei em Lisboa,  na "Cova da Onça" (Av da Liberdade). 

Como estávamos no fim da comissão (com 27 meses), não ficávamos muito tempo nesses locais de risco, passando o resto da noite no Bar do Biafra (QG-Stª Luzia) ouvindo as aventuras e desventuras dos 'Piriquitos' (era só cheiro a pólvora) em trânsito de e para o mato. (...)  (****)

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Notas do editor:

(**) Blogue A Guerra Nunca Acaba Para Quem Se Bateu em Combate > segunda-feira, 21 de novembro de 2011 > Guiné, Bissau, Pelicano, Solmar, Nino de Santa Luzia, Tabanca, Meta, Chez Toi (Gato Negro) e a longa e atribulada missão de serviço do 'camarada' Mário de Oliveira, de 1967 a 1981

(***) Vd. poste de 10 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18910: Memória dos lugares (378): Restaurante, pensão e "boite", o Chez Toi fazia parte do roteiro de "Bissau, by night"... O estabelecimento situava-se na rua engº Sá Carneiro... Desdobrável publicitário: cortesia de Carlos Vinhal.

(****) Último poste da série  > 25 de janeiro de 2023 > Guiné 61/74 - P24009: Memória dos lugares (448): a "Esnoga", a sinagoga portuguesa de Amesterdão (séc. XVII) e a história incrível da sua comunidade

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24468: Notas de leitura (1596): "O Capitão Nemo e Eu, Crónica das Horas Aparentes", por Álvaro Guerra; Editorial Estampa, 1973 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Maio de 2021:

Queridos amigos,
O comentário é óbvio, talvez uma banalidade: não há nada como revisitar um bom livro e descobrir nele outra dimensão de luminosidade e inspiração; ou no caso vertente, apreciar com outros olhos aquele, na ótica de quem aqui está a escrever, é o mais belo parágrafo da literatura da guerra da Guiné. O Capitão Nemo e Eu, publicado em 1973, encerra um ciclo em que é indisfarçável a atração de álvaro Guerra pela técnica do Noveau Roman, um movimento literário que fez furor a partir do final da década de 1950 e que teve cultores que ainda hoje são classificados como gigantes da Literatura, caso de Claude Simon ou Nathalie Sarraute ou Alain Robbe-Grillet. A partir de agora, o estilo de guerra altera-se e para meu pesar os temários guineenses desaparecem. Este livro é profundamente autobiográfico, Guerra foi ferido em combate, recomposto partiu para Paris, dessas andanças aqui faz registo. Lastimável é que esta obra permaneça no limbo, terrível imerecimento. E fico feliz de a ela voltar e de vos dar a reler o tal parágrafo cimeiro da literatura que a nós diz respeito.

Um abraço do
Mário



O mais belo parágrafo da Literatura da Guerra da Guiné

Mário Beja Santos

"O Capitão Nemo e Eu, Crónica das Horas Aparentes", por Álvaro Guerra, Editorial Estampa, 1973, representa a despedida do escritor das temáticas da guerra da Guiné, território onde combateu e foi ferido.

É uma obra injustamente esquecida, muito provavelmente porque ainda está marcada pela corrente do Noveau Roman, que tanto seduziu o escritor na primeira fase da sua carreira, hoje atrai mais os estudiosos, continua a desorientar profundamente o leigo que nela mergulha.
Álvaro Guerra despede-se e sai pela porta grande, vamos encontrar neste seu romance páginas admiráveis, logo a abertura:
“Que perdi a memória – dizem. E logo dão o nome a esta imunidade que pretendem retirar-me. Dizem isso com precaução e manha como se quisessem disfarçar o despeito. Defendo-me. Só agora, na metade do tempo em que a droga do sono se esgota e sei que é meu o que me circula nas veias, só agora me visito: primeiro, o estojo duro e branco que esconde o grande golpe na coxa direita, as ligaduras que encontro ao passar a mão pela testa. Também procuro os resíduos invisíveis das anestesias e só me revelo um estranho gosto na boca. É uma visita tosca e breve, que se cansa de mim ou me recusa para repousar nas quatro paredes brancas e no teto branco e nos brancos panos da cama, simetria nem ao de leve desfeita pelos retângulos da porta e da janela velada por cortinas de cassa tão leves que, constantemente ondulantes, me repetem existência do ar em movimento, ar sossegado, filtrado, prisioneiro e puro, e não com partículas de sal lançadas em bátegas por um vento furioso varrendo as duríssimas arestas das rochas...”.

É o ferido que retoma consciência em ambiente hospitalar, e logo acrescenta: “Devo sujeitar-me aos horários dos remédios, às injeções, a ser colocado sob as placas de vidro dos aparelhos de radiografia e ao emaranhado de fios presos à cabeça, através dos quais é possível ler o meu cérebro…”. E vemo-lo na Guiné, fala na língua Fula, há por ali crianças acocoradas à nossa frente, ventres inchados entre pernas cruzadas, isto passava-se sobre o cheiro adocicado da terra da Guiné, e tudo se articula com outras histórias, num cosmopolitismo parisiense, que Álvaro Guerra conheceu, pois ali estudou e trabalhou antes de vir professar o jornalismo em Lisboa, no jornal República. Há reminiscências da infância, um pouco à semelhança do que o escritor praticou em obras anteriores, um carrossel de imagens que podem meter cenas taurinas, vida agrícola, a imensidão da lezíria.

A memória anda à solta naquele hospital onde o ferido se trata, e o autor lembra um capelão militar que lhes procura incutir denodo e lançar para o bom combate: “Irmãos, longe dos vossos lares, das vossas famílias, das vossas noivas, de todos os entes-queridos, tendes por consolo e por razão o amor da Pátria e a fé em Cristo que aqui vos trouxeram para defender a terra dos vossos antepassados que vieram oferecer ao gentio selvagem, com suor e sangue, a verdade, a justiça e a fé em Deus Nosso Senhor. Vós sois os soldados de Cristo que combatem os infiéis, os ímpios. Vencereis, tal como São Jorge venceu o dragão. Que Deus seja convosco, meus bem-amados irmãos”. Depois, suportando mal os 47ºC à sombra, inundado num suor incrivelmente espesso, o capelão almoçava carne de vaca com molho picante, na messe. “Aplicado, ruidoso, tasquinhando o bife, sem se distrair do apetite, lutava com a mão sapuda contra o permanente ataque dos mosquitos”.

O doente já se passeia de muleta, no jardim, à sombra de castanheiros e chorões, volta ao Forreá, a Contabane, de novo conversa na língua Fula, o espírito anda num vaivém, as feridas se hão de curar, há talvez feridas que nunca passem, e de novo o passado entremeado com tudo o que se passou naquele Sul da Guiné que levou Álvaro Guerra ao hospital, por ali ciranda também um anjo branco que serve de ponte entre o passado e aquele encaracolado presente.

Estamos a caminho do parágrafo mais admirável de toda a literatura da guerra da Guiné. O alferes recorda a viagem de avião para a Guiné, tudo começou com uma manhã fustigada por vento gelado. “De tudo o que espreitei lá de cima, nas longas horas desse voo, se devem referir três pontos cruciais: a linha de espuma branca que separava o deserto do mar, uma ilha cor de ferrugem, sem vegetação nem água, onde o avião pousou e levantou; e o pântano onde o verde escuro do mato alternava com o quadriculado dos arrozais e os minúsculos círculos das moranças. Foi no meio desse pântano que o avião desceu e me deixou. Durante dois anos, por mais de uma vez, amaldiçoei os fidelíssimos enviados do Infante que se aventuraram até à foz do Geba.
Por lá chafurdei na lama das lalas, debati-me no turbilhão dos tornados, derreti-me na fornalha de um sol quase invisível, dissolvi-me na chuva vertical, e amei como um danado aquela terra que me injetou a febre, me secou, me expulsou a tiro. Mas nunca o preço do amor é excessivo, nem a presença da morte o pode aniquilar”
.

Naquele hospital ele sabe que a tudo o que se passou e foi arrancado, entre a vida e a morte, e desabafa a alguém: “Ao princípio, tinha medo de adormecer, porque chegavam os fantasmas, as explosões, os tiros, o sangue, o sorriso de Safi, uma aldeia a arder e os gritos das pessoas. Por fim, consegui olhar para a cicatriz, sem me lembrar de muitos pormenores. Pois é. Tudo passa. Por fim, pensei que tinha perdido definitivamente qualquer coisa que só agora julgo saber o que é”.

E segue-se a viagem a bordo do Nautilus, com o Capitão Nemo. Nem tudo ficou para trás esquecido, como o autor adiantará:
“Desmontar uma pistola metralhadora foi a tarefa mais complexa e inquietante que até hoje executei, talvez apenas superada pelo trabalho de a montar com correção. Experimentava depois uma falsa sensação de consciência em paz, ao verificar que a culatra oleada deslizava impecavelmente. Até ao último momento nunca me convenci que teria de puxar o gatilho, visando um homem, porque nunca o instinto foi tão feroz como quando tudo isso aconteceu, ao cair sobre mim uma chuva de balas. Se nenhuma delas me matou, alguma coisa ficou liquidada para sempre, e nunca mais um dever cumprido trouxe paz à minha consciência”.

E o Nautilus prossegue viagem, mas o poder da memória é mais forte, e de novo se regressa à Guiné por uma outra viagem que até pode ser de caravela, e onde se guardam aspetos que maravilharam os primeiros descobridores ou aventureiros, como o voo fulvo do faisão, os grous emigrantes sobre as bolanhas, a gesticulação do macaco cão, e cruza-se com Mariama, à cabeça a roupa de lavar – Tanaala? No pindá? E como se estivesse profundamente angustiado, como criatura de Shakespeare, Álvaro Guerra interroga-se: “Se não é esta a minha terra, para que me fizeram aqui vir?”.

Aqui se fecha o livro da memória guineense, ou quase, porque somos forçados a interpelar o que ali se passou, como ele o faz e descaradamente naquele ano de 1973 em que pontificava a censura:
“Perguntando nós que guerra era aquela, sempre ouvimos como resposta grandes palavras ocas e, muitos anos depois de termos escapado do pântano, quando tínhamos começado, há muito, a comer refeições quentes a horas certas, a fazer filhos legítimos, a pagar prestações, a passear de automóvel aos domingos, a ir ao Jardim Zoológico, ao cinema, a casa uns dos outros, muitos anos depois, dizia, a guerra ainda lá estava, feroz e persistente, perante o nosso absurdo esquecimento”.

E tanto quanto me é dado saber, para meu pesar, este escritor vila-franquense a quem a sua terra natal lhe dedicou uma bela escultura perto da nova biblioteca à beira-rio, como se contrariasse as recordações dessa guerra feroz e persistente, não voltou à Guiné, pelo menos em literatura, ficou aquele parágrafo que é ímpar e tudo leva a crer que jamais será ultrapassado.

Álvaro Guerra na Guiné, em 1962, imagem do Museu do Neorrealismo, com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 7 DE JULHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24458: Notas de leitura (1595): "Mariazinha em África, o bestseller de Fernanda de Castro com ilustrações de Ofélia Marques (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24467: Direito à indignação (16): Senhores da RTP, retirem dos arquivos aquelas provocatórias, hipócritas e desajustadas imagens da visita de 'Nino' Vieira ao marechal António de Spínola, no Hospital Militar Principal (António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71)


RTP Arquivos : Vídeo (1' 28'') > 1996-08-13 > Evocação da visita de Nino Vieira a António de Spínola > RTP 1 > Telejornal > 'Nino' Vieira, Presidente da Guiné Bissau, visita o Marechal Spínola, Primeiro Presidente da República pós-25 de Abril, internado no Hospital Militar Prinicipal. 'Nino' Vieira na qualidade de Presidente da Guiné-Bissau estava a fazer uma visita de Estado a Portugal (que decorreu entre 1 a 4 de julho de 1996. Spíbola, já muito debilitado, viria a morrer, em Lisboa, um mês depois, em 13 de agosto de 1996, aos 86 anos.

Resumo analítico do vídeo: "Imagens de arquivo; Spínola, entubado, a conversar com Nino Vieira e a dar-lhe a mão; imagens a preto e branco, militares a consultar um mapa; Spínola a caminhar no mato; Spínola, vestido à civil, a visitar aldeias guineenses na qualidade de Governador da Guiné; 00H19M41, Nino Vieira conta como a sua mãe admirava Spínola; Spínola e Nino Vieira a dar as mãos."

Imagem, legenda e resumo analítico: RTP Arquivos 

Fotograma do vídeo (com a devida vénia...) | Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2023)


1. Mensagem de António Ramalho  [natural da Vila de Fernando, Elvas, a viver em Vila Franca de Xira, foi fur mil at da CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71), membro da Tabanca Grande, com o nº 757: tem 36 referências no nosso blogue]

Data - sábado, 8/07/2023, 15:53 

Assunto - Programa - Sociedade Civil, RTP2,  semana de 3 a 7/6/2023

Exmo. Senhor Luís Castro.

Apresento-lhe os meus mais respeitosos cumprimentos.

Atento aos seus programas, elegendo aqueles que me parecem ter interesse para a minha pessoa, por força das circunstâncias elegi os da semana que termina hoje, sobre as figuras em apreço: António de Spínola, Álvaro Cunhal, Mário Soares, Sá Carneiro e Freitas do Amaral.

António de Spínola: retirem dos arquivos da RTP aquelas provocatórias, hipócritas e desajustadas imagens da visita de 'Nino' Vieira a Spínola, no HMP (Hospital Militar Principal), destruam-nas ou no mínimo retirem-lhe o áudio!

Respeitem a memória das famílias daqueles que tombaram às suas mãos, onde inclúo e não esqueço os nossos queridos três majores e um alferes, nas célebres tréguas fingidas, em Abril de 1970.

Veja-se o triste final de Nino Vieira, assassinado pelos seus...

Também consta dos vossos arquivos, o célebre Capitão Peralta, um cubano, ferido e capturado numa operação que visava capturar 'Nino' Vieira, em 1969, fazendo a mesma farsa, procedam da mesma maneira!

Faltou um apontamento da Operação Mar Verde, em 1970, onde foram libertados alguns camaradas das prisões, na Guiné Conacri, de Sékou Touré.

Sobre Sá Carneiro e seus acompanhantes, continuo a crer que se tratou de um acidente, pela descrição feita por um investigador, em quem acredito: arranjar à pressa como co-piloto um Controlador Aéreo que estava de folga, num avião que aguardava reparação, não me parece uma solução acertada, muito menos segura. Além do famoso Cozido que todos apreciamos, mais uma solução à Portuguesa, esta com sabor bastante amargo!

Passei por uma situação parecida, na Guiné, mais propriamente em Teixeira Pinto, que se ajusta e me ajuda a acreditar na tese de acidente.

Às outras personalidades não me refiro por só as conhecer pelo seu percurso político e por aquilo que os historiadores nos relatam, tendo simpatia e respeito por todos, pelo seu passado.
Renovo mais uma vez os meus respeitosos cumprimentos.

António Ramalho
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Guiné 61/74 - P24466: De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos). Parte III: 1 e 2 de abril de 2023


Timor Leste > Posição relativa de Boebau e da Escola de São Francisco de Assis, nas montanhas de Liquiç
á. Liquiçá é a sede do munícipio, com cerca de 20 mil habitantes. Recorde-se que em Abril de 1999, na sequência da campanha de terror que antecedeu o referendo sobre a independência, mais de 200 pessoas foram mortas na igreja católica de Liquiçá, quando membros da milícia Besi Merah Putih, apoiados por soldados e polícias indonésias, atacaram a igreja. De Dili a Boebau, em plena montanha, são cerca de 50 km, que em viatura podem demorar a percorrer 4 ou 5 horas na época da monção...

Fotografia: página do Facebook da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste (com a devdia vénia...)



1. Continuação da publicação de alguns excertos das crónicas que o  nosso amigo Rui Chamusco (professor de educação musical reformado, do Agrupamento de Escolas de Ribamar, Lourinhã, natural de Malcata, concelho de Sabugal, cofundador e líder da ASTIL - Associação dos Amigos Solidários com Timor Leste) nos mandou, na sequència da sua 4º viagem àquele país lusófono, e no âmbito do projeto ". (Esteve lá já 4 vezes, em 2016, 2018, 2019 e agora em 2023, de março a maio; é juntamente com a família Sobral um dos grandes pilares deste projeto de solidariedade com o povo timorense.)


De volta às montanhas de Liquiçá, Timor Leste, por mor da Escola de São Francisco de Assis, em Boebau (4.ª estadia, 2023): crónicas de Rui Chamusco / ASTIL (excertos)  (*)

Parte III - 1 e 2 de abril de 2023

01.04.2023, sábado - Cobras: receios, medos e preocupações

Logo de manhã, enquanto nos deleitávamos com as lindas paisagens que se avistam, aparece o Nico (Joanico) com uma ceira às costas carregando plantas de abacate para plantação. É então que ele conta: “quando ia pôr às costas vi uma 'somodo' (cobra venenosa) nestas plantas.”  De repente se desenvacilhou dela, evitando ser mordido.

Desta cobra já eu sabia que mora por aqui. Só que o Ti António Bahasa (com certeza por falar a língua dos indonésios) contou que agora aparecem cobras novas diferentes. Uma é toda branca, e a outra é vermellha no ventre e castanha no dorso. Ele a contar e a gente a arrepiar-se. Pelo sim e pelo não, vale mais estar atento e precaver-se, não vá algum bichinho deste fazer-nos uma visita. 

E porque será que todos temos alguma repugnância e algum receio de falar destas criaturas?

01.04, 2023, sábado - Lista de prioridades

Quase sempre que vimos à Boebau trazemos na mente de passar em revista a ESFA para ver o que faz falta e quais são as prioridades. Desta vez também não fugiu à regra.

E, vai daí, em reunião com as pessoas responsávéis, toca a anotar o que vimos e ouvimos:

(i) Construção da cozinha: é uma exigência da Direção Escolar Municipal para que seja prestado o apoio à merenda escolar dos quatro anos do 1.º ciclo. Vamos a ver aonde iremos buscar ajudas para isso.

(ii) Substituição de lâmpadas no edifício escolar (16) e na casa dos professores (4).

(iii) Substituição de vidro na sala São Francisco.

(iv) Pintura de metade da fachada da escola. A pintura das paredes e das colunas está muito desgastada. Falta implantar nesta gente hábitos de higiene que preservem mais estes bens.

(v) Elemento identificativo (pintura, recorte?) na parede lateral direita, com o dizer “ESCOLA SÃO FRANCISCO DE ASSIS”.

(vi) Construção de muro ao longo do caminho que suporte o desabamento de terras.

(vii) Substituição do triplex nas salas de aula.

Como vemos, há sempre coisas a fazer para a manutenção e conservação da ESFA. Que a vontade e os meios para tal não nos faltem, e que Deus não nos desampare.

Há que referir também que há uma lista de material escolar necessário mas que, felizmente, vai havendo pessoas e entidades que nos vão ajudando nestas necessidades

01.04.2023 - “Loro mono / Loro sa’e”

Vale a pena subir às montanhas, vale a pena vir a Boebau para contemplar esta luxuriante natureza, onde o astro rei se mostra com todo o seu esplendor. “Louvado meu Senhor pelo irmão sol que faz o dia e nos iluminas. Ele é belo e radiante com todo  seu esplendor. De Ti Altíssimo nos dá a imagem”. (Francisco de Assis)

O “loro mono” de ontem à chegada, estendendo-se e sumindo pelo vale até Atabai e pelas montanhas do ocidente, e o “loro sa’e” no dia seguinte, vindo dos lados do oriente. Impressionante o seu esplendor!... 

Entretanto, o dia que decorre com mais encontros, mais reuniões, com mais decisões. Tanta coisa há que fazer ainda!... Para já, e por exigência da direção geral, há que construir uma cozinha fora do edifício escolar, para preparar a “merenda”, oferta deste organismo. Vamos a isso, que alguém há-de ajudar!... 

Depois, a lista de material escolar necessário, pintura de espaços, frontespício lateral, muro de proteção de estrada, substituição de lâmpadas (quase todos fundidas), estantes e armários para arrumação de material, etc, etc... Há sempre coisas a fazer.

E, tal e qual como o sol, há mar e mar, há ir e voltar. Uma decisão de momento: vamos voltar para Dili. Ou seja, mais uma vez o caminho do calvário a percorrer. Eu até já nem sei se é melhor a subir ou a descer. O que importa é que tudo corra bem. 

Com a comitiva aumentada (Fátima mais as duas crianças) e alguns presentes de Boebau (aidilas de 5 Kg e feijão foré), bamboleando até Hepu onde fizemos uma pequena paragem para visitar esta grande família Galocho (mais de 20 pessoas) e entregar o saco de prendas que a madrinha Rosa Henriques enviou de New York para a afilhada Tessa. Um  oásis em meio da viagem!


01.04.2023, sábado - “Basok” ao jantar

Eu sei lá o que a gente come por aqui! Perguntaram-me se queria comer “Basolok”. 

  O que é isso?  − perguntei. 
− Comida da China  − diz a Adobe.

 Vamos experimentar. Soube-me bem? Soube. O que comi? Não sei. Tinha carne, que diziam ser de vaca mas também poderia ser de cão. É comer, fechar os olhos e saborear. O resto pouco importa. E só assim conseguiremos sobreviver, seja onde for, em qualquer parte de mundo. Como diz o ditado latino: “De gustibus non est disputantibus” (de gostos não se discute).


02.04.2023, domingo - Fé, cultura e religião

Hoje é Domingo de Ramos. Também em Timor, país de maioria católica, se vibra com as celebrações religiosas desta festividade. Já ontem se via muita gente com ramos de palmeira nas motos, pois tinham ido a apanhar os ramos para a procissão  dos ramos de amanhã. 

Acredito na fé de toda esta gente, mas dou comigo a pensar que há muita falta de esclarecimento, de “dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César”. Eu sei que todos estes acontecimentos mobilizam e dão atividade a quem dispõe de muito tempo livre. E, na falta de melhor, é preferível fazer alguma coisa que não fazer nada. Mas, a mistura de valores e a confusão que daí vem, questionam-nos muitas vezes sobre os nossos comportamentos e os comportamentos dos outros. Fé ou fezada? Rituais religiosos ou folclore? Religião ou cerimónias?...

Com todo o respeito para quem acredita e pratica à risca tais atos, penso que há uma 
grande caminhada a fazer.

(Continua)

(Seleção / revisão e fixação de texto / negritos / subtítulos: LG)

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Nota do editor:

( *) Postes anteriores da série:

domingo, 9 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24465: Blogpoesia (793): "Um apenas", por Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)



UM APENAS

Faço por ser um apenas…
quando tenho na frente
alguma nata de gente
a dizer o que diz
que a gente não sente.
Mas eu sou eu
e sei o que penso
quando estou sozinho
sem ter pela frente
esta nata de gente
que diz o que mente
e que a gente não diz.
Quando estou sozinho
em silêncio feliz
tal nata de gente
que diz o que diz
sem saber o que penso
não sabe o que rio…
quando não tenho na frente
esta nata de gente.


adão cruz

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Nota do editor

Último poste da série de > Guiné 61/74 - P24386: Blogpoesia (792): "Soneto", por Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)

Guiné 61/74 - P24464: (De) Caras (201): Crónica pícara de uma noite de copos no Chez Toi e no Pilão, que meteu alguns dos nossos melhores e que até chegou, truncada e pirateada, à terra de um deles, Melgaço (Paulo Santiago, ex-alf mil, cmdt Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72)


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Sinchã Sambel > Fevereiro de 2005 > A viagem de todas as emoções, o regresso de Paulo Santiago à Guiné, em Fevereiro de 2005.

Foto (e legenda): © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Esta história merece ser "revisitada" (*) por várias razões: 

(i) é escrita pelo Paulo Santiago (um "histórico" do nosso blogue, está connosco desde meados de 2006, e tem 183 referências); 

(ii) tem umas cenas "pícaras", passadas em finais de março de 1972, na "nossa Bissau", longe de Saigão (que ficava no Vietname); 

(iii) e depois envolve alguns dos nossos "melhores" (incluindo a nossa marinha e até um "ajudante de campo" do nosso Com-Chefe (que estava no 4.º ano do seu "consulado"), além do Julião Martins (outro dos nossos tabanqueiros, outro "histórico");

(iv) e, "the last but not the least", foi reproduzida no blogue da terra de um deles, Melgaço, sem que fosse citado o autor (Paulo Santiago) e a fonte (Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)...

Dezenas de anos depois, o Paulo Santigao reconstituía aqui um "raide nocturno ao Pilão"... Uma noite de copos em Bissau era um dos poucos luxos que um "tuga", a caminho do mato (ou "desenfiado" do mato), se podia permitir: afinal, não éramos santos nem heróis, mas também não éramos meninos de coro nem escuteiros... Tínhamos vinte e poucos anos, muita adrenalina, muita vontade de viver e nenhuma de morrer... Em Bissau, longe do Vietname, como eu costumava escrever... (**) 


Uma ida ao Pilão

por Paulo Santiago (*)

Foi aí por volta de 30 ou 31 de Março de 1972 que os acontecimentos se passaram. Estava eu em Bissau, de passagem, para mais um mês de férias na Metrópole, embarcava no avião da TAP em 2 de Abril.

O NRP "Orion"  foi onde jantei naquela noite, a convite do comandante Rita, sendo também convidado o ten RN [reserva naval] Alves da Silva, conhecido entre nós pelo petit-nom de Eduardinho. Não me lembro da ementa, mas foi excelentemente acompanhada pelos belíssimos néctares existentes na garrafeira daquele navio.

O [alf mil] Martins Julião estava em Bissau a chefiar a comissão liquidatária da CCAÇ 2701 [Saltinho, 1970/72]: sabendo que me encontrava a bordo da "Orion", apareceu no fim de jantar, ainda a tempo de beber uns uísques.

Por volta da meia-noite, ou ainda mais tarde, resolvemos ir ao Chez Toi, um cabaré chungoso, o que se chama agora casa de alterne. Apanhámos um táxi no porto e lá seguimos para a má vida. O Rita, como habitualmente, ainda poderia beber mais uma garrafa nas calmas, eu, o Alves da Silva e o Julião já estávamos um pouco mal tratados. 

O cabaré estava repleto, já não cabia mais ninguém. Convencemos o empregado a trazer-nos uma "Old Parr", mais quatro copos e ali ficámos encostados ao muro a dar conta da garrafa.

Subitamente chega um carro em alta velocidade, Peugeot 404 preto, que faz uma travagem maluca ali em frente, e donde sai o cap Tomás, ajudante [de campo] do Caco [Baldé].  Vinha bastante encharcado, mas deitou a mão à nossa garrafa,  bebendo uma boa golada. A única pessoa que ele conhecia bem era o Rita. Queria ir para as gaijas, não sei fazer o quê, naquele estado. Convenceu o Comandante e lá entrámos os quatro para o 404, era o carro da D. Helena [Spínola], onde o único meio sóbrio era o meu amigo Rita.

Seguimos em direcção ao Pilão, com o Tomás a fazer uma condução à maluca. Falou numa cabo-verdiana que nenhum de nós conhecia, que ficaria perto da casa da Eugénia, essa conhecia eu bem. Corremos imensas ruas e ruelas do Pilão, eram tantos os saltos que o carro dava que o Rita já dizia estar a apanhar mais pancada que numa tempestade no mar. A determinada altura, uma das rodas do carro cai num buraco com grande violência, ouve-se um barulho de latas e ficamos com menos luz. O Tomás pára o Peugeot e saímos para verificar o sucedido. Com a pancada, um dos faróis saltara do encaixe, ficando virado para o solo, preso pelos fios de ligação.

Nenhum problema, continuamos às voltas, à procura das gaijas que nenhum conseguia dizer onde ficavam e o farol acabou por cair, ninguém soube onde. Aí pelas três da manhã, chegamos a um local do Pilão onde se encontrava um grande aglomerado de pessoas, em estado de grande exaltação. Paramos, saímos do carro e vemos no meio daquele maralhal o alf mil Domingos, de braço engessado ao peito, prestes a levar, na melhor das hipóteses, uma grande carga de pancada.

O Comandante Rita, graças à sua estatura, vai furando, connosco atrás até chegarmos ao Domingos, também de cabeça perdida. O que se passara?

– O caralho do Oliveira trouxe-me para aqui, bateu à porta daquela gaja, ela diz que está ocupada, o cabrão manda um pontapé na porta, rebenta-a, a tipa grita, começa a juntar-se este maralhal e o gajo deixou-me sozinho.
 
Foi complicado acalmar aquela gente mas conseguiu-se. Foi mais um passageiro para o maltratado 404. O Tomás ficou no Palácio e, nós os cinco, viemos beber mais um copo ao "Orion". O Domingos embarcava nessa manhã para Lisboa, em fim de comissão.

PS - O Oliveira era tenente dos Comandos. Pertencera à 26.ª   [CCmds] e estivera em Fá com o Miquelina Simões a formar a 2.ª CCA [Companhia de Comandos Africanos]. O Domingos fora fur mil na 4.ª CCmds em Moçambique e alf na 26.ª, até apanhar uma porrada e ser transferido para Teixeira Pinto onde teve um acidente do qual resultou um braço partido. Tive com ele várias histórias.

Paulo Santiago (***)


Guiné > Zona Leste > Regiáo de Bafatá >  Sector L1 > CIM de Bambadinca > Campo de futebol > 1971 > "Na foto junta, eu e o Tomás estamos bem direitinhos... era de manhã"... O Cap Tomás, de pingalim, está atrás de Spínola, a quem o Paulo Santiago bate a pala.


Guiné > Zona Leste > Regiáo de Bafatá > Sector L1 > CIM de Bambadinca > Campo de futebol > 24 de Dezembro de 1971, vésperas de Natal > O Caco - alcunha por que era conhecido o Com-Chefe - passa revista aos novos milícias. O alf mil Santiago segue atrás com o Cap Tomás, ajudante de campo do general Spínola.

Fotos (e legendas): © Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Tombali > Rio Cacine > c. 1971/72 > NRP Orion > O comandante Rita, "um grande homem, um grande comandante", na opinião de Pedro Lauret, oficial imediato da LFG Orion (1971/73). Na foto, vemos os dois na ponta do navio, a navegar no rio Cacine. O Cmdt Rita está em segundo plano. O Lauret segura os binóculos.

Foto (e legenda); © Pedro Lauret (2006) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]


2. Mensagem que enviei ao Paulo Santiago, depois o avisar, por telemóvel, de que a história dele, "Uma ida ao pilão" tinha sido "pirateado":

Data - 07/06/2023, 12:32
Assunto - Um melgacense na guerra colonial...

Paulo: O blogue é este: "Melgaço, do Monte à Ribeira" (administrador. Ilídio Costa)

https://blogs.sapo.pt/profile?blog=iasousa


O texto em que apareces "truncado" e "pirateado" é este:

O PEUGEOT DA D. HELENA OU RELATOS DA GUERRA COLONIAL
melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

https://iasousa.blogs.sapo.pt/78088.html

Não é citado o autor nem a fonte... "Textos retirados da Net por Camborio Refugiado" (sic)  

Um abraço, Luís

3. Mensagem que o Paulo Santiago mandou ao administrador do blogue "Melgaço, do Monte à Ribeira":

Data: sex., 9 de jun. de 2023 às 12:43
Assunto: "Melgaço, do Monte à Ribeira"

Bom dia

Um camarada, há dias, chamou-me a atenção para um post publicado, em 08/03/13, nesse blogue.

O post "O Peugeot da D. Helena ou relatos da guerra colonial" estranhamente, não cita as fontes de onde "sacou" as histórias, e também não diz onde foi retirar uma foto, minha, que acompanha o texto.

Seria correcto, indicar as fontes, que serão duas, uma do Peugeot e foto, e outra para a das granadas.

Cumprimentos, Paulo Santiago.

4. Comentário do editor LG: 

Paulo, fizeste bem... Esta malta (das "redes sociais"...) não tem o mais elementar princípio de respeito pela "propriedade intelectual"... Há, no mínimo, uma grande ligeireza ou, antes,  uma grande lata na maneira como se "sacam" coisas da Net sem citar a(s) fonte(s)... 

Vou fazer um poste para o blogue sobre este assunto, de modo a ajudar a prevenir outras situações, recorrentes, de "uso e abuso" dos nossos materiais... 

Gostamos que nos divulguem, somos a favor do "open access", mas também exigimos que nos citem (e, portanto, respeitem).

Um alfabravo. Luis
09/06/2023, 13:28

5. Comentário final do editor LG:

Paulo, o administrador do blogue "Melgaço, do Monte à Ribeira" eliminou o poste, na sequência do teu "reparo"... Nem um pedido de desculpas te mandou?!... Nem a ti nem a nós, editores do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné...

De facto, já não está lá desde a data do teu "puxáo de orelhas"...


Mas o meu "Big Brother" sabe que ele existiu... Tudo o que publicas na Net deixa "rasto"... Vê aqui:


O Arquivo.pt foi criado (e é mantido) pela FCT - Fundação para a Ciència e Tecnologia,  como uma espécie de Torre do Tombo Digital. Daqui a 50 anos os teus netos e bisnetos podem ler o teu poste no nosso blogue (mesmo que eu o quisesse eliminar)...


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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1314: Estórias de Bissau (8): Roteiro da noite: NPR Orion, Chez Toi, Pilão (Paulo Santiago)

(**) Vd. poste de 8 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24459: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (3): Um tiro de misericórdia!