sexta-feira, 4 de julho de 2008

Guiné 63/74 - P3019: Blogoterapia (60): O arco-íris é lindo por que tem sete cores diferentes (João Dias da Silva)

1. Mensagem, com data de ontem, enviada pelo nosso camarada João Dias da Silva, ex-Alf Mil Op Esp, CCAÇ 4150, Cumeré, Bigene e Guidaje, 1973/74 (1):

Luís, co-editores e restantes camaradas, em especial o Alberto Branquinho e o Henrique Cerqueira (2).

Os postes P3011 (do Branquinho, com fotos de despojos humanos) e P3017 (em que o Henrique discorda da sua publicação), bem como os teus (Luís Graça) comentários, levam-me a tecer algumas considerações, sem o mínimo propósito, adianto já, de iniciar ou alimentar qualquer polémica:

Não concordo com a maior parte do que o Henrique escreveu e não posso estar mais de acordo com a opinião do Luís, sem maniqueísmos, até porque, como em tudo na vida, as coisas não são tão lineares assim. E não concordo porque não se limpa uma casa varrendo o lixo para debaixo dos tapetes ou, dito de outro modo, porque uma catarse só se faz se "agarrarmos o touro pelos cornos", se enfrentarmos tudo e todos sem deixar de fora ou esquecer nada nem ninguém.

Aliás, já o escrevi aqui, a propósito de uma outra troca de opiniões, que estava convencido que 34 anos constituiriam um período de tempo suficiente para que as questões fossem abordadas de forma mais racional. Verifico, como então tinha verificado, que assim não é e que muitos de nós ainda não conseguiram enterrar muitos dos seus fantasmas, infelizmente para eles, penso eu, porque isso deve ser muito doloroso. Atrevo-me mesmo a dizer que dificilmente poderão desfrutar em pleno de muito do que é dito/escrito/mostrado no nosso blogue. E digo isto sem quaisquer moralismos ou numa posição de sobranceria e muito menos de recriminação, porque percebo e entendo muito bem a situação, pois passei por ela (neste aspecto os meus primeiros anos pós-regresso da Guiné foram complicados, mas felizmente ultrapassados).

Por outro lado, não há meias verdades nem meias informações: ou se diz tudo ou não se levanta apenas a ponta do véu. A informação correcta e total nunca fez mal a ninguém. Estou convencido que muitos dos problemas por que passam as gerações mais novas prendem-se com o facto de não tendo quem as informe (alguns dos que têm a obrigação de informar, formando, retraem-se por convicção ou... por incompetência), vão procurá-la onde não devem e, sobretudo, às escondidas. E isto é válido para qualquer área.

Já que falei em jovens, e mesmo parecendo que está fora de contexto, acrescento que a minha (nossa, no fim de contas) geração tem muito de que se penalizar por ter "dourado a pílula" em relação à educação dos filhos, o que lhes trouxe ou tem trazido problemas de vária ordem para encarar e ultrapassar as dificuldades que a vida lhes (nos) vai pondo à frente.

Por último, e digo-o com a maior das sinceridades, o que mais me chocou foi a última frase do Henrique – "... se ainda estiver admitido neste blogue ..." –, porque o direito a discordar e a manifestar, de forma elevada, obviamente, a discordância é inalienável e intocável e confunde-se com a própria dignidade da pessoa humana.

Se, por mera hipótese, tal acontecesse neste blogue, nada mais era necessário para que de um momento para o outro toda a credibilidade, consideração, respeitabilidade e transparência iriam por água abaixo. O arco-íris é bonito porque é composto por sete cores diferentes!...

Um abraço para todos

João Dias da Silva

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Notas dos editores:

(1) Vd. poste de 6 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2812: Tabanca Grande (66): João Dias da Silva, ex-Alf Mil Op Esp da CCAÇ 4150 (Guiné 1973/74)

(2) Vd. poste de 3 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3017: Blogoterapia (59): Fotos chocantes de "despojos humanos" (Henrique Cerqueira)

1 comentário:

Anónimo disse...

Não vejo razão para tanta recriminação por causa da frase "se ainda estiver admitido neste blogue", que foi com certeza uma frase infeliz, mas que não representa seguramente aquilo que o seu autor pensa ou queria dizer.
Quantos de nós no calor de uma resposta a algo que nos incomodou, dizemos ou escrevemos coisas que afinal se tivessemos relido e repensado não diriamos ou teriamos escrito desse modo.
Recentemente, num texto que enviei sobre a polémica da "guerra perdida ou ganha", e que ainda não foi publicado, dizia isso precisamente, que não respondi de imediato como era minha vontade, mas deixei passar uma noite para o fazer depois de pensado e repensado.
Abraço camarigo do
Joaquim Mexia Alves