sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3568: Em 10 Setembro de 1974 nas bancas de Bissau, "A Voz da Guiné" com outros dizeres...(Eduardo Magalhães Ribeiro)





Voz da Guiné

Propriedade Sociedade Editora da Guiné, SARL

Ano III
Especial
Terça Feira, 10 de Setembro de 1974
1$00
Director: Duran Clemente

REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU

Ao mais jovem País Africano a homenagem do Povo Português
Dois Povos e um objectivo comum: VERDADEIRA LIBERTAÇÃO

Repetimos o que muitas vezes temos afirmado: nós queremos libertar a nossa terra para criar nela uma vida nova de trabalho, justiça, paz e progresso em colaboração com todos os povos do Mundo e muito particularmente com o povo português.

(Cartum, Janeiro de 1969)

AMÍLCAR CABRAL




O CAMINHO DA VITÓRIA

A criação do PAIGC

(…)
“No quadro da evolução histórica dos nossos dias, o povo da Guiné e Cabo-Verde soube encontrar a forma necessária de forjar um instrumento poderoso que tornasse possível, no contexto de um conjunto de circunstâncias favoráveis no plano mundial, a sua marcha irreversível para a completa liberdade e independência.”
(…)

O PAIGC instrumento de luta de libertação nacional

(…)
“Depois de 8 anos de luta armada o PAIGC, de sucesso em sucesso, conseguiu libertar mais de 2/3 do território nacional na Guiné e fazer progredir grandemente a situação política em Cabo Verde por meio da mobilização e organização do povo cabo-verdiano, criando as condições para um próximo desencadeamento da luta armada. Nas regiões libertadas da Guiné, surgiu uma vida nova, onde o povo é soberano e é já senhor do seu destino, pois se governa a si mesmo, administra, organiza e decide livremente sobre os problemas da vida colectiva, sob a direcção do seu Partido de vanguarda – o PAIGC.”
(…)

O PAIGC na luta dos povos do mundo inteiro contra o imperialismo

(…)
“ O PAIGC apoia na África do Sul o ANC (African National Congress); no Zimbabwe, a ZAPU (Zimbabwe African People’s Union); na Namíbia a SWAPO (South West African People’s Organization); o PAIGC apoia o movimento da Costa da Somália ‘Francesa’ (Território dos Afares) e as reivindicações feitas pelos povos das Comores e da Reunião. Para o seu apoio o PAIGC põe uma outra condição: é que lutem também no interior do seu país.”
(…)

Os princípios revolucionários do PAIGC

(…)
“Quem são os aliados do PAIGC no mundo? Em primeiro lugar, os países socialistas. Nos países capitalistas, há gente que é contra o colonialismo português e que portanto é aliado do PAIGC e que forma mesmo organizações de apoio e solidariedade para com a luta dos movimentos de libertação das colónias portuguesas e, em particular do PAIGC.”
(…)



O CAMINHO DA VITÓRIA

(Cont. pág. 2)

(…)
“ De acordo com o seu programa que realiza progressivamente nas regiões já libertadas da Guiné, o PAIGC prossegue, alarga e desenvolve a sua acção vitoriosa contra os colonialistas portugueses. Para o PAIGC não há, nem poderá haver nunca qualquer diferença entre Guineenses e Caboverdianos, trata-se de um só, de um mesmo povo, que circunstâncias históricas, fora e além da sua vontade, obrigaram a viver, em geral, em dois territórios distantes um do outro.”

A organização Económica e Política nas regiões Libertadas



Proclamação da República da Guiné-Bissau

Reconhecimento pelo Estado Português

Reunidas em Argel, a 26 de Agosto de 1974, as representações do Governo Português e do PAIGC após negociações bilaterais que decorreram num clima de grande cordialidade, em Londres e em Argel, anunciaram terem chegado a um acordo total. Deste acordo, entre outros pontos fundamentais, destaca-se o reconhecimento de jure da República da Guiné-Bissau como Estado soberano pelo Estado português, hoje, dia 10 de Setembro de 1974.

A organização Económica e política nas regiões Libertadas

Conclusão da pág. 3. Citações da “História da Guiné e Cabo Verde, Edição do PAIGC).
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Notas de vb:

1. Documentos para a História da Guiné-Bissau. Cópia do Jornal "Voz da Guiné" (4 págs) enviado pelo Eduardo Magalhães Ribeiro (ex-furriel miliciano O. E. da CCS do BCAÇ 4612). Recordamos que, em 9 de Setembro de 1974, o então Furr Mil Magalhães Ribeiro arreou a última bandeira portuguesa, no quartel de Mansoa, na presença de representantes do PAIGC que, por sua vez, hastearam a bandeira da nova República da Guiné-Bissau.
2. Título do artigo da responsabilidade do editor. Quase todos os artigos são extractos da "História da Guiné e Cabo Verde", Edição do PAIGC.
3. artigo relacionado em

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