1. Mensagem de Idálio Reis (1), ex-Alf Mil da CCAÇ 2317/BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana , 1968/69, com data de 25 de Abril de 2009:
Meus caros Luís, Carlos, Virgínio e demais companheiros Tertulianos.
Só ontem pela tarde, me foi possível reaver o último volume desta colecção que o «Correio da Manhã» vem apensando às quartas-feiras.
E o Blogue, traz à liça uma mensagem do Alberto Branquinho (P4241) (2), em que com uma firme veemência sublinha que sobre Gandembel se expressam apenas referências avulsas, que apenas conseguem transmitir de uma forma bastante mitigada, os múltiplos acontecimentos passados naquele infernal palco de guerra. Corroboro inteiramente com tal asserção.
No dia 16 de Fevereiro de 2007, em que inicio a publicação (P1530) (3) da História da minha Companhia – a CCaç 2317 -, refiro a determinada altura com base numa interrogação que a mim próprio formulei “Quem tramou a Companhia?”, o seguinte:
Ao fim de 2 meses, o treino operacional findava. A tropa da Companhia, parecia estar, em definitivo, inteiramente apta para enfrentar qualquer situação de guerra, fosse onde fosse. Tantos enganos!
Para o atestar, não houve qualquer rebuço em nos meterem numa LDG, rio Geba abaixo, rumo ao Sul da Província. Em Cacine apeámos, e a 20 de Março chegávamos a Guileje, e ninguém pressagiava a sinistra e fatídica odisseia que doravante estava reservada à CCaç 2317.
Ao mandar construir um destacamento fixo, em zona onde o PAIGC detinha um quase inteiro domínio territorial, o Estado-Maior do Comando Militar da Província cismou numa táctica militar imprudente, reveladora de uma grosseira insânia, destituída de qualquer preconceito, tanto mais que assentava no propósito de minimizar o poderio militar do adversário. Quem ousou pensar nesta decisão?
Parece que, para os toldados mentores desta ultrajante aventura, o valor da conveniência estava exactamente a par do valor da vida humana, tentando de qualquer modo, atingir-se um putativo fim, sem minimamente se olharem aos meios.
Não o haviam conseguido até então, e compelia-se uma Companhia sem qualquer experiência, a desempenhar um papel de protagonismo em permanente risco de vida, o de desamparados peões de briga, quais meros joguetes de uma estratégia insolente, e que vai precisar de uma ajuda constante, para não vir a ser dizimada.
Eu que vivi esses tempos tão sofridos, sem hiatos, ao tentar procurar entender esta resolução, não a descortino. E julgo que se cometeu uma ignóbil e hedionda manobra estratégica, que se viria a revelar desastrosa para todas as tropas que estiveram envolvidas nessa infinda operação.
Ainda que esta eventual operação de acantonamento, obrigasse o PAIGC a alterar a sua conduta militar de forma acentuada, este nunca deu mostras de soçobrar. Ao contrário, quase sempre demonstrou apresentar uma organização à altura das circunstâncias que as NT lhe tentavam mover. Apesar de reconhecer que tiveram que reforçar o seu poderio militar, bem atestado na forma como veio a agir, o abandono de Gandembel só pode apresentar uma leitura consequente: mais uma vez, as NT soçobraram naquela zona.
E se o desaire não é de todo gorado, tal deve-se ao preponderante papel desenvolvido pelas tropas pára-quedistas, que se cruzaram connosco nesta aventura, pela forma extremamente meritória como o souberam assumir. Foram as verdadeiras tropas de elite, que num momento particularmente conturbado para nós, apearam em Gandembel, e coube-lhes a ousadia de conseguirem suster quase radicalmente as acções do PAIGC.
Mas, no deve e haver, ficaram a perdurar para sempre, os resultados de uma sentença muito pesada. E estes, sem margem para quaisquer dúvidas, vieram a redundar num rotundo e plangente fracasso, pela quantidade de mortos e estropiados, dos feridos graves, e dos evacuados com maleitas várias, estas doenças que nos vêm chagando no nosso quotidiano.
Já alguém apontou no nosso blogue, o número de 52 mortos e muitos feridos graves. Torna-se-nos muito difícil atestar este valor, mas do que me foi dado a observar e conhecer, considero que as tropas que estiveram mais ou menos envolvidas com a odisseia de Gandembel, entre mortos e evacuados para Lisboa (feridos e doentes), atingem seguramente a centena de homens.
Os custos materiais, não contam para mim, mas mesmo aqui, quantas razões de queixa a lamentar, onde à falta de tantos meios, até a fome chegou a pairar, não por falta de comida, mas porque houve um longo tempo que se tornou difícil de tragar por manifesta má qualidade.
Oxalá que não seja por este conjunto de razões, que os factos bélicos que atravessaram as vivências de Gandembel/Ponte Balana, estejam praticamente omissos nos arquivos histórico-militares, e que acabarão fatalmente por se apagarem, pelo inexorável determinismo da lei da vida. E por isso, sinto-me profundamente chocado com este procedimento, que em nada enobrece a Instituição Militar.
Assim, trair-me-ia, se deixasse perder o passado, de uma parte fundamental das vidas destes deserdados filhos de um deus menor.
Em seu nome, dos que tiveram a desdita de me acompanharem neste longo pesadelo, que se prolongou principalmente entre os meados de Março de 1968 a Maio de 1969, e mormente dos que vimos afastaram-se precoce e compulsivamente do nosso seio, procurarei dar sinal dos amargos momentos vividos, que o denegrido baú das minhas memórias, ainda não arrumou de todo, apesar das poeiras de 4 décadas.
E no presente momento, em que estão a ser divulgadas 2 séries documentais de enorme valor para dar a saber o que foi a Guerra Colonial, obviamente fundamentadas em várias fontes, porventura chegou o momento de dar conhecimento do Historial da CCaç 2317, cujo original se encontra no Arquivo Histórico Militar, para tornar bem evidente que se trata do único documento oficial que conheço. E julgo que não há outro…
No que ele se exara, é uma arrepiante análise redutora do quotidiano da Companhia. O fautor desse Historial tão distorcido, que o houve, branqueou uma grande parte dos factos que efectivamente ocorreram, e para os que o lêem, muito pouco deixa transparecer do que essa negregada odisseia de Gandembel contextualiza.
Eis o que encontrei e que transcrevo na íntegra.
Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > 17 de Maio de 2008 > III Encontro Nacional da Nossa Tertúlia > Idálio Reis, o homem-toupeira e o herói de Gandembel CCAÇ 2317, 1968/69), trocando impressões com o nosso anfitrião, o calmeirão do Joaquim Mexia Alves...
Foto e legenda: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.
HISTORIAL DA CCAÇ 2317
Depois da chegada a BISSAU, no navio “QUANZA” em 24JAN68, no dia 14 FEV68 dirigiu-se a Companhia de BISSAU para MANSABÁ, a fim de realizar o Treino Operacional, ficando deste modo a depender operacionalmente do BCAÇ 1897. Durante este período, a Companhia, além de patrulhamentos diários, efectuou também variadíssimas operações. Aquando da Chegada desta CCAÇ a MANSABÁ, foi recebida a directiva operacional para que 1 GCOMB da mesma, fosse destacado para OLOSSATO.
Uma das acções primordiais desta Companhia pode dizer-se, contudo, que foi na região do OLOSSATO em 05MAR68, durante a operação “ALMA FORTE”, da qual resultou a captura de 2 elementos IN, à parte de 59 elementos (FULAS, MANDINGAS e BALANTAS) da população.
No dia 17MAR68, regressou esta CCAÇ de MANSABÁ, dirigindo-se em seguida para BISSAU.
Em fins de MAR68, verificou-se a partida da Companhia para o SUL, mais propriamente para GUILEGE, onde chegou a 23Mar68.
Em 28MAR68, foi a Companhia empenhada em manter a segurança a uma coluna de reabastecimentos GUILEGE – GADAMAEL e vice-versa. Tendo havido contacto com o IN, dele resultaram 2 mortos para as NT e 4 mortos confirmados para o IN.
Com o dia 08ABR68, chegou então a data da partida desta CCAÇ para GANDEMBEL, integrada na operação “BOLA DE FOGO” a fim de lá construir o Aquartelamento, onde ficaria instalada a Companhia. Nessa noite sofreram 5 flagelações no itinerário GUILEGE – GANDEMBEL, a cerca de 3 Km de GANDEMBEL, mais propriamente junto ao RIO BUNDO – BODO. As NT reagiram pelo fogo, tendo infligido uma baixa confirmada ao IN.
Quando a CCAÇ chegou a GANDEMBEL em 09ABR68, pelas 09H30, começaram imediata e intensamente a construir abrigos para todo o pessoal, procedendo-se em seguida à capinagem e desmatação do local do Aquartelamento. Vir-se-ia a verificar posteriormente que o Aquartelamento seria flagelado e atacado em média 3 a 4 vezes por dia o que, prejudicou o ritmo das obras de instalação neste novo quartel. No entanto, todo o pessoal “COM A PICARETA NUMA MÃO E NA OUTRA A ARMA”, manteve sempre elevado moral que é da maior justiça salientar.
Deste modo, se foi edificando o quartel de GANDEMBEL, com a completa ausência de máquinas, bastante reduzido o número de ferramentas, até mesmo por vezes com falta de materiais e, diariamente sujeitos às flagelações do IN, podendo-se afirmar que dificilmente se poderia fazer melhor.
No dia 05JUN68, durante a operação “BOA FARPA”, numa coluna GUILEGE – GANDEMBEL, verificou-se um forte accionamento de fornilhos, causando deste modo a morte de um Oficial desta Companhia.
No dia 15JUL68, sofreu esta CCAÇ um grande ataque ao seu Aquartelamento, ataque esse com elevado potencial de fogo, 11 Canhões S/R, 9 Morteiros 82, além de variado armamento pesado e ligeiro. O referido ataque, que foi bastante duro, durou cerca de 00H20, tendo-se instalado o IN a cerca de 150 metros deste Aquartelamento. As NT sofreram 1 morto e 14 feridos.
No dia 28 JUL68, quando um “FIAT” da FAP, efectuava um reconhecimento sobre a zona de GANDEMBEL, foi atingido pelas anti-aéreas do IN, o qual se encontrava instalado junto à fronteira, tendo-se todo o pessoal da Companhia apercebido do facto, em virtude de previamente se terem ouvido os tiros disparados pelas anti-aéreas, e em seguida se ter verificado um incêndio na cauda do avião, após o que o Piloto saltou do Aparelho, caindo a cerca de 3 Km do Aquartelamento desta Companhia. Perante a ocorrência, o Comando deu imediatamente ordem para que 2 GCOMB fossem socorrer o Piloto, Exm.º Tenente-Coronel Piloto-Aviador COSTA CAMPOS.
Em 04AGO68, foi esta CCAÇ empenhada em manter a segurança a uma coluna no itinerário ALDEIA FORMOSA – GANDEMBEL e vice-versa, verificando-se junto ao pontão CHANGUE-IAIA, o rebentamento de um fornilho e desaparecimento de 1 soldado nativo do PEL CAÇ NAT 69, o qual era um dos elementos que efectuava a picagem do itinerário. Em seguida a este incidente, as NT dirigiram-se imediatamente para o local onde tinha sido projectada a referida praça, tendo-se verificado de novo vários rebentamentos que provocaram mortos, desaparecidos e feridos às NT. Dias após, a Companhia colaborou no levantamento de 68 minas A/P neste mesmo local.
Entre os numerosos ataques sofridos por esta CCAÇ, todos eles com elevado potencial de fogo, evidencia-se o de 07SET08, em que o IN usou pela primeira vez o MORTEIRO 120, além de 9 Canhões S/R, 8 MORTEIROS 82 e, vário armamento ligeiro e pesado.
De entre os ataques a que esta CCAÇ se vinha a habituar, desde a edificação do seu Aquartelamento em GANDEMBEL, merece especial relevo o da noite de 11/12SET68, em que o IN se apresentou com numeroso armamento, mais propriamente 2 Morteiros 120, 4 Canhões S/R, 6 Morteiros 82, além de vários Lança-Granadas Foguete, e armas pesadas e ligeiras. Passado cerca de 00H30 de ter terminado o ataque, o IN aproximou-se novamente do arame farpado exterior deste Aquartelamento, fazendo rebentar junto do mesmo, 5 Torpedos-Bengalórios e algumas granadas de fumo, desencadeando ao mesmo tempo um grande potencial de fogo. Durante este segundo ataque, de modo algum se poderia deixar despercebido a táctica que o IN utilizou pois, comandou todo o seu fogo, da retaguarda através de telefones colocados a 300 metros deste Aquartelamento, tendo contudo, utilizado megafones no grupo de assalto. Efectuada uma batida ao amanhecer por forças desta CCAÇ, constatou-se que o IN sofreu 2 mortos confirmados, e variadíssimos feridos.
Na noite de 07NOV68, pelas 22H15, verificou-se o ataque ao Aquartelamento de GANDEMBEL. O tempo de duração deste ataque foi de cerca de 00H20, tendo-se verificado numerosas saídas de Canhão S/R, Morteiro 82, e as tão características e inconfundíveis explosões à boca dos Morteiros 120. Esta flagelação causou 1 morto e 1 ferido às NT, provocado por estilhaços de Morteiro 82.
Pelas 00H15 do dia 08NOV68, o IN desencadeou, provavelmente das mesmas posições, nova flagelação com as características da antecedente, isto é, duro fogo de Canhão S/R, Morteiro 120 e 82. A acção durou 00H30, mostrando-se o tiro mais preciso. Às 02H15 nova flagelação se registou, esta no Aquartelamento de GANDEMBEL e Destacamento de PONTE BALANA, simultaneamente. Na acção sobre GANDEMBEL, o IN empregou Morteiro 120 e 82, enquanto actuava em PONTE BALANA com Canhão S/R (em tiro directo) e Morteiro 82, provocando danos materiais. EM PONTE BALANA, o IN retirou ao fim de 00H20, sob violento fogo das NT. Feita uma batida ao amanhecer localizaram-se 5 posições de Canhão S/R, e 2 de Morteiro 82, constatando-se que o IN havia sofrido 3 feridos confirmados. Foram recolhidas 3 granadas de Canhão S/R, além de variado material. Foi impressionante o elevado número de granadas de Morteiro 120 consumidas pelo IN.
Um aquartelamento finalizado, que acaba por ser abandonado com pouco mais de 10 meses de construção. E no seu último período, foi possível propiciar alguns momentos de lazer, mercê de alguns melhoramentos complementares.
Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (1968/69) > Janeiro de 1969 > Foto 415 > "Uns dias antes do abandono de Gandembel/Balana [, em 28 de Janeiro de 1969,] Spínola também viria cá despedir-se"
Foto e legendas: © Idálio Reis (2007). Direitos reservados.
Entretanto, é chegado o dia 28JAN69, e com ele a evacuação do Aquartelamento de GANDEMBEL. A Companhia seguiu para ALDEIA FORMOSA onde ficou a aguardar transporte para BUBA.
No dia 06FEV69, esta CCAÇ deslocou-se para BUBA, por via terrestre.
Chegada a Companhia a BUBA, ficou temporariamente em intervenção. Além das actividades operacionais, esta CCAÇ foi empenhada em manter a segurança aos trabalhos de Engenharia na nova estrada BUBA – ALDEIA FORMOSA. Esta missão foi frequentemente contrariada pelo IN, que aproveitava as condições de terreno para tirar delas o máximo de rendimento, colocando minas. É de salientar o levantamento de 38 minas A/P detectadas e levantadas por um Sargento desta CCAÇ, junto à “CURVA do VILAÇA”.
Em 06MAR69, a Companhia foi empenhada em montar uma emboscada, conjugada com instalação de engenhos explosivos, na região de XITOLE 2D-2, com o fim de interceptar uma coluna IN. Cerca das 19H15 as NT foram alertadas por ruídos nítidos de aproximação do IN. Depois da maior parte do IN ter entrado na zona de morte, foi aberto fogo, rebentando-se ao mesmo tempo um fornilho eléctrico instalado no trilho IN. O IN sofreu várias baixas, e após uma batida, capturou-se uma pasta de cabedal com importantes documentos.
É de salientar as PALAVRAS ELOGIOSAS dirigidas pelo Comandante do COP 4, ao Comandante desta Companhia, à partida para NOVA LAMEGO: “EXECUTANDO AS ORDENS DO COMANDO COM O MELHOR DO SEU ESFORÇO, COM UMA VONTADE INQUEBRANTÁVEL E FIRME DE BEM SERVIR, COM UM ELEVADO ESPÍRITO DE MORAL E SACRIFÍCIO, ESSA VONTADE E ESSA FIRMEZA, ENCONTREI-A SEMPRE NOS OFICIAIS, SARGENTOS E PRAÇAS DA CCAÇ 2317”.
Após 3 meses de permanência em BUBA, no dia 14MAI69, esta CCAÇ foi transferida e deslocada por via aérea para NOVA LAMEGO.
Chegada a Companhia a NOVA LAMEGO, foi-lhe imposta a missão da defesa da Pista Nova, Instalações da Força Aérea e Maquinaria da TECNIL.
No dia 14JUL69, foi destacado 1 GCOMB desta CCAÇ para a povoação de CANSISSÉ, a fim de manter a defesa da mesma povoação.
No Aquartelamento em NOVA LAMEGO, a Companhia continuou sempre activa dedicando-se a melhorar as instalações do seu quartel e a defesa do mesmo, além de colaborar na defesa da vila de NOVA LAMEGO, e realizar as patrulhas, escoltas e outras acções consideradas de rotina.
Assim, aproveitando os conhecimentos que algumas praças tinham da vida civil, para trabalharem como pedreiros, trolhas, carpinteiros, electricistas e pintores, lançou-se “MÃOS à OBRA”. Cumprindo as ordens do seu Comando, com entusiasmo e abnegação, a CCAÇ 2317, orgulha-se de no seu Aquartelamento ter deixado muito do seu esforço. Contribuiu decididamente para a construção da Messe e Bar para Oficiais e Sargentos, para a construção de Edifício para Refeitório das Praças e Sala do Soldado, melhoria da Secretaria, com caiação e instalação eléctrica, etc. Quanto à defesa do Aquartelamento foi aberta uma vala com espaldões para armas pesadas, a toda a volta do Aquartelamento, feita a montagem da instalação eléctrica, com luz para o exterior, a instalação do Morteiro 82 e a capinagem e desmatação do Aquartelamento e seus arredores.
É de salientar na Pista Nova, a construção de nível de secção, valas, fiadas de arame farpado e instalação de telefone, tudo isto feito com a finalidade de uma perfeita defesa e segurança da Nova Pista de NOVA LAMEGO instalações da Força Aérea e Maquinaria da TECNIL.
Ao meditarmos sobre as campas dos nossos camaradas caídos no CAMPO DA HONRA E DO DEVER, o nosso espírito enaltece-se por nunca termos hesitado na frente.
Vinca bem fundo na consciência desta Companhia, os reflexos do seu trabalho, a responsabilidade da sua acção, a nobreza firme dos seus fins. Os seus elementos demonstraram serem possuidores de raras e preciosas qualidades de generosidade, valentia, coragem física e moral, sangue-frio, desprezo pelo perigo e sublime abnegação e altruísmo, definindo no mais apurado sentido as virtudes incomparáveis dos SOLDADOS DE PORTUGAL. Sempre animados de generosidade, bateram-se galhardamente pela PÁTRIA com o mais puro entusiasmo.
Aos que ousem levar a propósito essa nobre acção, de divulgar os factos da guerra colonial, como este exemplo de Gandembel/Ponte Balana, só conseguem obtê-lo se dispuserem de fontes fidedignas. E daí, o surgimento das tais referências avulsas, que de tão redutoras, perdem significado e identidade, não restando senão a opacidade e talvez por isso, essa guerra tremenda que sofremos na Guiné, seja hoje pouco entendível por aqueles que tiveram a felicidade de não a ousar enfrentar.
Neste dia 25 de Abril, que chegou tão tarde para o pessoal da Tabanca Grande, um cordial abraço do Idálio Reis.
__________
Notas de CV:
(1) Vd. poste de 9 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4165: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (13): As afirmações de Almeida Bruno em A Guerra (idálio Reis)
(2) Vd. poste de 24 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4241: Os Anos da Guerra de C. Matos Gomes e A. Afonso (1): Uma visão redutora do inferno de Gandembel (Alberto Branquinho)
(3) Vd. poste 16 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1530: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (1): Aclimatização: Bissau, Olossato e Mansabá
Vd. postes da série Fotobiografia da CCAÇ 2317 de:
16 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1530: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (1): Aclimatização: Bissau, Olossato e Mansabá
9 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1576: Fotobiografia da CAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (2): os heróis também têm medo
12 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1654: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (3): De pá e pica, construindo Gandembel
2 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1723: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (4): A epopeia dos homens-toupeiras
9 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1743: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (Idálio Reis) (5): A gesta heróica dos construtores de abrigos-toupeira em Gandembel
23 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1779: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (6): Maio de 1968, Spínola em Gandembel, a terra dos homens de nervos de aço
21 de Junho de 2007 > Guiné 63/74 - P1864: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (7): do ataque aterrador de 15 de Julho de 1968 ao Fiat G-91 abatido a 28
8 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1935: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (8): Pára-quedistas em Gandembel massacram bigrupo do PAIGC, em Set 1968
19 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1971: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (9): Janeiro de 1969, o abandono de Gandembel/Balana ao fim de 372 ataques
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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2 comentários:
Idálio Reis,
Simplesmente obrigado pela reposição da verdade.
É a nossa obrigação, dar valor a quem o teve!
Para ti e para todos os que tenham coragem de escrever a verdade, o abraço do tamanho do Cumbijã.
Mário Fitas
Idálio
Para ti e todos os que contigo viveram aqueles horríveis dias, com a arma numa mão e a pá ou picareta na outra, esgueirando-se ao mesmo tempo entre os rebentamentos que teimavam em querer atingir-vos, a minha solidariedade pela mágoa de não reconhecerem os sacrifícios que, em vão, vos obrigaram a sofrer.
Abraços do "duplo" camarada
Jorge Picado
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