1. Mensagem de José Marques Ferreira, que foi Soldado Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré 1963/65, com data de 13 de Julho de 2009:
Meus Caros Camaradas;
Estive ontem a tentar reler um livro de um ex-camarada, insigne escritor bairradino, meu particular amigo, que já foi convidado a fazer parte da Tertúlia, com o título abaixo descrito.
A certo momento na sua prosa encontrei uma definição de uma terra (em áreas mais ou menos longas), conhecida de todos nós. Não aceito que esta descrição esteja apenas “depositada” no livro, sem ver a luz internauta, imensa e sem fim.
Nela está o que podemos chamar de definição da GUINÉ, muito bem retratada pela óptica daquele camarada.
Assim:
GUINÉ, SOL E SANGUE
Do livro «Guiné, Sol e Sangue», de Armor Pires Mota, ex-combatente na Guiné, 1963-1965, CCAV 488 do BCAV 490, respigamos, com a devida vénia ao autor e amigo, da página 62 daquele seu livro, Editora Pax, 1968, esta passagem, que admiro:
“Guiné, misteriosa com rondas de feitiços e magias, terra de cruz, sonho e glória, céu liso e tardes de sol em brasa calcinando o chão, as almas.Terra de irãs e vertigens, hoje sou um pouco de ti e da tua gente: tenho no sangue as tuas veias, porque amoldei tanta vez o meu corpo, a tremer, à poeira dos caminhos avermelhados ou às algas dos pântanos doentios. Tenho no sangue o sangue da tua gente: carreguei com um negro ferido, dei pão ao garotio, admirei o ébano das raparigas, tenho, para recordação, uma tábua de marabú, um terço de mandinga e uma ligeira cicatriz.
Porque será que, embora, sofrendo, hoje te adoro, terra de sol e azul em fogo?”
Um dos que foi dos mais belos edifícios da Guiné, o Palácio do Governador
Para todos um abraço,
J.M. Ferreira
Foto: © José Marques Ferreira (2009). Direitos reservados.
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Notas de M.R.:
(**) Vd. último poste da série em:
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